Dando continuidade à publicação anterior, apresento o desenvolvimento e detalhes do trabalho que continuo realizando:
A presença da comunidade judaica em São Paulo pode ser verificada desde 1578,
através de Atas da Câmara de S. Paulo que citam perseguições a
"judaizantes”, assim como nos séculos seguintes, através do Tratado de
Amizade e Paz (1810), em que se conferiu liberdade religiosa, possibilitando a
imigração judaica de ingleses, alemães, franceses, ou da presença do Dr. Samuel
Edouard da Costa Mesquita como o primeiro rabino em São Paulo (1860). A
imigração judaica à capital e interior paulista ganhou força, porém, a partir
do início do século XX. Como exemplo podem ser citados os imigrantes judeus de
origem russa que seguiram para os núcleos coloniais paulistas como Nova Odessa,
Jorge Tibiriça ou Campos Salles, os sefaradim
originários do Império Otomano, os sírio-libaneses que se encaminharam para o
bairro de Mooca (SP), e os que aqui chegaram a partir do leste europeu (Polônia,
Bessarabia, Lituânia, Letônia), fruto das perseguições e situação econômica
precária em seus países de origem. No período “Entre Guerras”, ocorreu a entrada
maciça de imigrantes judeus da Europa (perseguição), porém durante a Segunda
Guerra Mundial, a imigração judaica diminuiu, tanto pelas leis restritivas do
país, como pela dificuldade de saída da Europa. Uma nova onda imigratória
ocorreu no período de 1952 -1962, de judeus provenientes do Oriente Médio e da
Hungria. Dados puderam ser observados em consultas de arquivos no Museu da
Imigração.
A partir do porto de Santos, de trem, para São Paulo,
imigrantes judeus desembarcaram ao longo das estações ferroviárias e se
estabeleceram, em um mesmo período, em diversos bairros da capital paulista.
Fixaram residências no Brás, Ipiranga, Cambuci, Vila Mariana, Penha, São Miguel
Paulista, Lapa, Pinheiros, e em diversas outras regiões, e ali, muitas vezes,
formaram suas sinagogas.
Organizar um roteiro turístico-cultural temático, para que se conheçam os locais em que os judeus se estabeleceram ao chegarem à capital paulista, é a proposta da publicação, impressa ou digital para o “Guia das Sinagogas em São Paulo”. Apresentar não só a história de cada comunidade judaica, em textos, documentos e fotos, mas principalmente as respectivas sinagogas, nos bairros em que se fixaram, possibilita refletir sobre a inserção destas no contexto urbano, inclusive em relação à tipologia das edificações do entorno e no uso do espaço pelo homem.
Indicar
caminhos e percursos, interligados ou setorizados por regiões, promovendo
visitas guiadas, descobrindo os usos e destinos atuais que o então edifício
sinagogal recebeu ao ser desativado ou demolido, faz parte da proposta. No caso
do edifício ter sido demolido, um marco ou uma exposição de rua em uma praça do
entorno, em museus de rua, torna-se uma opção. É possível uma interação entre a
população local e os potenciais turistas, mas se faz necessário analisar as
possíveis consequências de um fluxo turístico a estes bairros, caso ocorra.
Vale destacar os pontos apresentados por Vitor Belanciano, relacionados aos
bairros como um ecossistema complexo, sujeitos às mudanças na paisagem urbana ao absorverem um número (elevado) de
turistas. Como afirma Belanciano, “o turismo gera receitas e por vezes
reabilita zonas urbanas. Mas também pode contribuir para a diminuição da
qualidade de vida local” (Belanciano, Vitor. Todos somos
turistas, Revista 2, 2015, site: https://www.publico.pt/2015/12/20/economia/noticia/todos-somos-turistas-1717829).
Para conhecer o trabalho e estudo que vem sendo
realizado, entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com
. E acompanhe as próximas
postagens neste blog.
Faça parte do resgate das memórias familiares,
compartilhando fotos, documentos e objetos, tanto das sinagogas e comunidade
judaica da Mooca, como dos demais bairros da capital e cidades do interior
paulista.