quarta-feira, 29 de julho de 2020

Bate-papo na "Sala de Estar da Hebraica" - Sinagogas de São Paulo, um resgate de memórias e muitas histórias.


Participem do bate-papo, na "Sala de Estar" da Hebraica, sobre as Sinagogas de São Paulo, um resgate de memórias e muitas histórias.

No zoom da "Sala de Estar" da Hebraica,

Anotem na agenda: Terça-feira, dia 04 de agosto 2020, às 16h00.

Não percam!!!


segunda-feira, 27 de julho de 2020

A imigração judaica ao interior paulista no início do século XX - núcleos coloniais


Mapa da Província de São Paulo
(Sociedade Promotora de Immigração de S. Paulo)
linhas ferroviárias do Estado de São Paulo
Império do Brasil - 1886.
Domínio público
Podemos verificar no site do Arquivo do Estado de São Paulo que o desenvolvimento da política de núcleos coloniais ocorreu a partir do final do Império, passando a ocorrer, no decorrer do tempo, variações de acordo com as políticas em vigor. Teve início a partir de 1854, quando se criou a “Repartição Geral de Terras Públicas”, responsável pelo estabelecimento dos núcleos coloniais e seu desenvolvimento. O primeiro regulamento, de 1867, estabeleceu as normas para a criação destes núcleos, que foram estabelecidos em locais de difícil acesso, gerando diversas dificuldades para os produtores. Como consequência, em 1871, foi fundada a Associação Auxiliadora de Colonização e Imigração, para que pudessem os imigrantes se estabelecerem em melhores locais, e em 1884 estabeleceu-se uma lei que possibilitasse subsídios a estes imigrantes. Desta forma, o governo provincial pode "criar" até cinco núcleos coloniais próximos às estradas de ferro. 

Mappa da Província de São Paulo
(Escritório Técnico da Companhia Mogyana)
Criação entre 1800 e 1889
Domínio público/ Acervo Arquivo Naciaonal
Podemos ver, neste mesmo site que na administração do presidente da província, sr. Carlos Botelho, entre 1904 e 1908, foram criados núcleos coloniais que contaram com o auxílio de iniciativa particular. Cita-se que nos anos de 1885 e 1911 foram criados 25 núcleos coloniais no estado de São Paulo, possibilitando a fixação dos imigrantes como mão-de-obra para as fazendas de café. Ao imigrante recém-chegado na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo, a ida a um Núcleo Colonial passava a ser uma opção possível. Podia escolher o Núcleo a que iria se dirigir, preenchendo um requerimento de comprar de um lote de terra, de subsídios e ajuda. Informações registradas em livros da administração do núcleo colonial permitem conhecer um pouco mais sobre o cotidiano dos colonos, como os registros de matrícula com dados pessoais dos colonos e suas famílias. 

Mappa das Linhas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
Domínio público/Acervo do Museu Paulista da USP
Coleção João Baptista de Campos Aguirra
Em relação aos Núcleos Coloniais, o site do Arquivo do Estado de São Paulo também dispõe de um banco de dados, com documentação sobre imigração, reunida pela “Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, que, desde 1891,  zelava por assuntos relativos à agricultura, aos serviços de imigração e colonização, às terras públicas e particulares e aos núcleos coloniais. Como citam, há conjuntos documentais, do final do século XIX aos primeiros anos do século XX, relativos aos Núcleos Coloniais da região de Campinas – Campos Sales, Nova Odessa e Nova Veneza: há ofícios, requerimentos, processos, mapas, levantamentos de vias fluviais, relação de despesas, de lotes vagos, designação de lotes provisórios, demarcações, guias de pagamento de lotes, livros de registro civil de nascimentos, relação de casamentos e de óbitos, matrícula de colonos, recenseamentos, livros-caixa, etc. Como o site indica, é possível realizar a consulta por: "nome", "nacionalidade", "colônia" ou "localidade". Veja mais  no site do Arquivo do Estado de São Paulo: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/repositorio_digital/nucleos_coloniais

A história de Nova Odessa, em relação ao período citado acima está registrada no site http://www.novaodessa.sp.gov.br/Historia.aspx , onde podemos ler que  As propriedades que originaram a formação do Núcleo Colonial Nova Odessa, foram: a Fazenda Pombal, comprada pelo governo em 1905, a Fazenda Velha, comprada poucos meses depois e o "engenho velho", da antiga Fazenda São Francisco. Outras propriedades foram compradas pelo governo, entre 1909 e 1911, para fazerem parte do núcleo colonial, cujas terras estão hoje no vizinho município de Sumaré. Eram as fazendas Pinheiro, Paraíso e Sertãozinho.  Cada uma dessas fazendas passou a ser uma das seis seções do Núcleo Colonial Nova Odessa... Em 2 de agosto, desembarcaram em Santos, procedentes de Southampton, trazidos pelo vapor Aragon, mais 379 judeus russos. Foram enviados para vários núcleos, entre eles o de Campos Salles e o de Nova Odessa. Em fins de 1905, poucas famílias russas permaneciam no núcleo e o governo começou a fazer diligências para a vinda de imigrantes letos, enviando João Gutmann a riga, capital da Letônia, então província da Rússia. Datados de 8 de janeiro de 1906, encontramos ainda os processos de compra de lotes, em Nova Odessa, de lvas Zuk (lote 24), Marck Pipman (lote 30), Mendel Bendernsky (lote 13) e Mark Shwarzman (lote 31) ...”

O site relacionado a Corumbataí, no interior de São Paulo, também cita os núcleos coloniais: “Durante o Mandato do governador Jorge Tibiriçá entre os anos de 1904 e 1908, teve como meta a criação de núcleos coloniais para fixação dos imigrantes estrangeiros em solo paulista , com a finalidade de aumentar a produção agrícola, esta finalidade coincidia plenamente com os planos e propósitos da Companhia da Pequena Propriedade...Dando continuidade a implantação do Núcleo Colonial o Governo do Estado adquire metade da Companhia da Pequena Propriedade, metade da Fazenda São José e dá início a processo de loteamento e colonização da fazenda citada acima, sob o nome de “Núcleo Colonial Dr. Jorge Tibiriçá”. Fonte: Oscar de Arruda Penteado - "Corumbataí - Subsídio para sua história."

Vamos divulgar esta história pouco conhecida sobre a imigração judaica no interior paulista, nos primeiros anos do século XX??? Você faz parte desta história?? Escreva para mim... myrirs@hotmail.com

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Sua família, ao chegar ao Estado de São Paulo, morou nas colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Salles?

Site do AHJB - atual Centro de Memória
Museu Judaico de São Paulo

Questionei, em alguns momentos, se a sua família, ao chegar ao Estado de São Paulo, morou nas colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Sales.

Podemos verificar no antigo site do AHJB, atual Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo, informações relativas à cronologia da imigração judaica no Brasil, onde lemos: “A periodização aqui adotada foi extraída do livro “Estudos sobre a Comunidade Judaica no Brasil”, de Nachman Falbel. A divisão é baseada em três grandes períodos: colonial, imperial e republicano”. No período republicano, de 1889 até nossos dias, vemos o detalhe: “1904-1914 - compreendendo os inícios da colonização J.C.A., em 1904, em Philippson; a colonização agrícola no interior promovida pelo governo do Estado de São Paulo em Nova Odessa, Jorge Tibiriçá e Campos Salles em 1905, e a imigração da Europa Oriental.”

No livro “Judeus no Brasil: estudos e notas”, o Prof. Dr. Nachman Falbel (Humanitas, Edusp, 2008) cita tais núcleos, e o estabelecimento de imigrantes judeus nestes locais, como vemos à página 196, com o título “Uma colonização judaica no interior paulista”. Este trecho do livro inicia-se com a informação de que a sra. Cecilia e o sr. Jorge Karacik, foram os primeiros colonos judeus contratados pelo governo para a colonização do interior do paulista, morando no núcleo de Nova Odessa. E relata que os imigrantes chegaram ao interior, desde o ano de 1905, não somente à Nova Odessa, mas também a Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá, na região de Rio Claro, (fundação – 1905) e Funil - Colônia Campos Salles, na região de Campinas, (fundação – 1897). Esta leva imigratória teve como pano de fundo a onda de pogroms promovida pelo governo russo, época em que imigrantes chegaram ao Brasil e dirigiram-se à colônia da Estação Vila Americana - Núcleo Nova Odessa, criada pelo decreto do Presidente do Estado de São Paulo, em 1900, na fazenda “Pombal”, de propriedade do Estado. Era formada por terras adquiridas de particulares, da fazenda Pombal, situada à margem da Estrada de Ferro Paulista, e de terras pertencentes à fazenda Velha. 

DECRETO N. 1.324 DE 23 DE OUTUBRO DE 1905
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
Secretaria Geral Parlamentar - Depto de Documentação e Informação
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1905/decreto-1324-23.10.1905.html
Prof. Dr. Nachman Falbel escreve que um levantamento dos nomes das famílias que chegaram, “mostra que as primeiras levas de colonos, em sua quase totalidade, eram formadas por judeus e que somente à partir do final de 1905, isto é, dos últimos dias de dezembro daquele ano, começaram a chegar alemães, austríacos, russos-letos, que professavam outras religiões”. E continua: “em 1905, Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá (criado em 1905, em contrato estabelecido com a Companhia Pequena Propriedade) e Nova Odessa recebem os imigrantes judeus que chegam nos navios da Royal Mail Steam Packet Company, especialmente contratada, em 3 de abril de 1905, pelo Governo do Estado para trazer da Rússia, via Inglaterra, tais colonos. O fretamento dos navios, que saem em sua absoluta maioria de Southampton e excepcionalmente de Cherbourg, com um grande número de imigrantes que serão posteriormente levados às colônias, e também à Capital, nos leva a crer que o governo do Estado, através de seus agentes, tinha ciência da precária situação em que se encontravam os judeus da Rússia...” 

A partir de maio de 1905, os imigrantes puderam optar em se estabelecerem em um dos três núcleos coloniais ou na capital paulista. O livro observa que parte dos filhos dos imigrantes vieram com a cidadania inglesa, “indicando que muitas dessas famílias já se encontravam na Inglaterra há vários anos, isto é, desde o século passado” (século XIX). Muitas famílias de imigrantes abandonaram tais colônias, e os lotes que adquiriram, em curto espaço de tempo, por não se adaptarem ao trabalho agrícola, ou às condições e clima locais. Rumaram, assim, para os centros urbanos daquela região, ou para São Paulo, ou para outros Estados do país. 

Estação de Corumbatai - Autor desconhecido
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1884-1966)
Fonte: https://www.estacoesferroviarias.com.br/c/corumbatai.htm
Este foi o questionamento que fiz no início deste texto, em que pergunto se sua família morou em um destes núcleos. Como vemos, o autor enfatiza: “Os núcleos populacionais judaicos de Rio Claro, de Limeira, Campinas, São Paulo, receberiam imigrantes egressos daquelas colônias, como podemos verificar pela trajetória particular da família de Benjamim Golovaty, que de Corumbatahy - Jorge Tibiriçá acabaria por se estabelecer em Rio Claro, vindo, mais tarde, seus descendentes à viver em São Paulo”. Sr. Benjamim Golovaty, citado por sr. Blima Asnis, aportou em Santos no decorrer do ano 1905, vindos da Rússia, via Inglaterra. Prof. Dr. Nachman Falbel nos conta: “Ele chegou com sua família no navio Danube, que saíra de Cherbourg, e entrou em Santos em 30 de agosto de 1905, ficando hospedado na Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo, para ser encaminhado à colônia Jorge Tibiriçá. Pelo processo de 9 de agosto de 1906, no qual ele pede permutar seu lote 68 por outro, de número 54, que pertencera a Jacob Viener , sabemos que ele fora diretamente àquele Núcleo. Sua solicitação é justificada pela dificuldade de ir ao local de trabalho naquele lote, por se encontrar muito afastado, o que dificulta aos seus filhos, que são pequenos, chegarem até lá e ajudarem-no no trabalho. Além do mais, ele pedia para morar ainda mais um ano na casa do Governo...”

Muitos, ainda hoje, na comunidade judaica, desconhecem esta leva imigratória significativa e numerosa, no ano de 1905, proveniente da Rússia, e destinada à colonização agrícola do estado de São Paulo. Desta forma, podemos afirmar que uma parte dos imigrantes da comunidade judaica que chegaram à capital paulista rumou inicialmente às colônias agrícolas acima citadas. A partir destas colônias mudaram-se para cidades do interior de São Paulo, e muitos, posteriormente chegaram à capital. Você gostaria de conhecer a listagem destes imigrantes? Consulte o Apêndice 1: “Lista dos imigrantes judeus nas colônias do interior de São Paulo e na cidade de São Paulo”, no livro acima citado.

Como venho divulgando nos posts deste blog, compartilho as mensagens escritas nas páginas do Facebook, relacionadas às comunidades judaicas do interior paulista. Na página da FAUUSP, Deborah Matt contou: “Sou de Rio Claro. Lembro desta casa (a Loja Golovaty). Não sei se ainda existe. Compartilhei no grupo de Rio Claro, para ver se alguém pode agregar alguma informação. Achei sobre a casa Golovaty, no grupo de Rio Claro: Segunda loja de moveis Golovaty, na rua 4 esquina com avenida 2, centro de Rio Claro. Funcionou até 1945 neste local quando se mudou para o local atual na rua 4, entre avenidas 6 e 8. A primeira funcionou na avenida 5 com rua 9.” E inseriu o link https://www.facebook.com/.../a.6810875719.../681087581974941

Em Jewish Brasil, Sami Raicher escreveu: “Tenho uma tia que morou lá ... deve saber! Chama-se Ilda Zaideman Azar, ela morou em Araraquara salvo engano!!!” Na página Pletzale, Jayme Brener comentou: “Rio Claro. Família Sadcovsky, da minha tia Anna Sara. E tem Novo Horizonte, família do José Luiz Godlfarb. Minha tia Anna Sarah Brener, née Sadcovski, é de Rio Claro. Mas ela mora no Rio de Janeiro desde pequena. Acho que não se lembra de nada, mas pode dar dicas. Você pode dizer a ambos que eu passei os telefones. A família de Gizelda Katz, que é médica, era de Tatuí.”

Já em Guisheft, Nicola Nisim Pelosof contou que o sr. Carlos Graicer é de São José do Rio Pardo, ao lado de Araraquara. Israel Flank escreveu: “Sou Araraquarense e posso passar algumas informações.” Conversei com dr. Israel Flank, pediatra, em 15 de julho de 2020, que contou que o pai, sr. Mauricio Flank, chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, em 1925, proveniente da Galícia. Mudou-se mais tarde para São Paulo, trabalhou em São Carlos, e, em cidades como Pinhal, trabalhou com klientelchik. A mãe do dr. Israel, sra. Sheva(Julia), chegou ao Brasil, proveniente da Rússia. Casaram-se em São Paulo, estabelecendo-se em Araraquara. Dr. Israel e as 3 irmãs nasceram em Araraquara e estudaram no Grupo Escolar. A família residia na Rua 9 de julho, como a maioria dos que faziam parte da comunidade, tinham um comércio, uma loja de móveis e armarinhos. Comentou que na cidade não havia sinagoga. Como estavam próximos de São Carlos(40km), reuniam-se, para comemorar as Grandes Festas, uma vez em cada cidade, a estrada, de terra batida, tornava a viagem difícil. Geralmente alugavam um salão para Rosh Hashanah e Yom Kipur, alojando-se nas casas das famílias da comunidade. Pelo que lembra, a Torah que possuíam foi para o Shil da Rua da Graça. A família mudou-se para a capital em 1952, para evitar a assimilação, e possibilitar a continuidade dos estudos.

Sua família, ou você, fez ou faz parte ads comuniaddes judaicas do interior paulista??? Compartilhe e resgate as suas histórias, memórias, fotos e documentos! Escreva para mim... myrirs@hotmail.com

sexta-feira, 17 de julho de 2020

A Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob e os comentários de julho de 2020


Venho divulgando histórias, durante este período de isolamento social, memórias, fotos e documentos sobre as comunidades judaicas do interior paulista. E, ao mesmo tempo, continuo buscando informações sobre as sinagogas da capital paulista. Caso vocês, ou seus familiares, tenham feito parte, ou ainda façam parte, de alguma destas sinagogas, escrevam para mim. Neste sentido, novas mensagens com mais detalhes sobre a Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob foram escritas no Facebook, na página do NetShuk, em julho de 2020. Dêem uma olhada:

Sima Halpern comentou: “Eduardo Csasznik , doces lembranças de Pinheiros! A sinagoga foi a escola Bialik, e também o Hanoar Hatzioni, que frequentei no início dos anos 60. Eduardo Csasznik , nós! Meus pais: Jayme Fejguelman e Rywka (Regina) Fejguelman. Também lembrei que meus primeiros bailinhos foram na sinagoga, no andar térreo! Quem se lembra? Começo dos anos 60... Eu estudei no Bialik, infantil, na sinagoga! Primeiro ano já fui para a Cardeal Arcoverde. Eu vou procurar em casa se tenho fotos. Este mês estou na praia...” 

E Eliana Cohen Rutman contou “Fiquei muito emocionada ao ler esse artigo. Pois o meu avô paterno, Pedro Perlow Z’L’, também foi um dos fundadores. Ele tinha uma loja de roupas na Rua Teodoro Sampaio. Frequentei por muitos anos essa sinagoga.” 

Marcio Kramer escreveu: “A minha mae Berta Kramer, e meu tio irmão dela, Felipe Tajtelbaum estudaram no heder e depois na Cardeal Arcoverde. Eu comecei no jardim da infância já na Cardeal Arcoverde...Pinheiros era um núcleo judaico bem ativo, e nas festas e barmitzvas íamos à sinagoga na Artur de Azevedo...me lembro dos móveis pesados que pareciam enormes. e do Aron Hakodesh com dois leões musculosos, e entre eles uma frase que meu pai sempre falava para eu guardar, "saiba na frente de quem você está”, ״דע ליפני מי אתה עומד״...ele me falava para eu sempre lembrar desta frase em qualquer coisa na vida...falava com doçura e respeito, e não para atemorizar... é assim a primeira lição de moral judaica que eu me lembro ter aprendido ...o resto é história! Ah...o nome dos meus avós eram Abrão e Shaindale Tajtelbaum...Delicia ter lido esta história que me encheu de saudades daquele bairro de pinheiros, dos anos 60, sem trânsito, seguro e provinciano onde a comunidade judaica de lá tinha só um objetivo, educar, educar e educar, por isso construiu só com doações a escola Bialik na Simão Alvares ....o resto é história, valeu Milton e Judy!!! 

Ruth Solon também contou que o sogro, Benjamin Solon, e o marido, Hélio Solon, foram presidentes da sinagoga. Silvia Solon Wurcelman relatou: “Meu pai, Jacob Solon, foi um frequentador assíduo da Sinagoga de Pinheiros, em companhia de toda a família. Fez parte de nosso passado e ainda vive na nossa memória.

Mira Tafla comentou: “Tenho lembranças maravilhosas da Sinagoga de Pinheiros, a Sucá no corredor lateral, a bandeira de Israel com uma maçã na haste em Simchá Torá, além do infindável sobe e desce das escadas durante o Yom Kipur. Agradeço muito a você, Myriam Szwarcbart por manter viva a história das sinagogas, e, para mim, esta em especial, frequentada pelos meus netos, quinta geração e tataranetos do José Rososchansky. 

Cid Schubsky Levy escreveu: “Joice Marcovits lembro dos pequenos na saída para da escola na Simão. O Milton manteve a tradição da família e seguiu na direção da nossa Vó Celine Levy, que, juntamente com o rabino Pinkus, fundaram a Abolição, além de ter participado da CIP desde 1936. Orgulho de você primo. 

Sandra Lea Zitune também comentou: “Adorei, hoje em dia frequentamos esta sinagoga...”

Compatilhem vocês também suas memórias das sinagogas e comunidades judaicas, daqui da capital de São Paulo, ou do interior paulista!!!

domingo, 12 de julho de 2020

Resgate de memórias das comunidades judaicas de Araraquara e Rio Claro

 "Móveis Golovaty" - Rio Claro
Foto do site da empresa

Os familiares de vocês, ao chegarem ao Estado de São Paulo, moraram em Araraquara, Rio Claro, Botucatu, em Barretos, nas colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Sales? Fizeram parte de alguma comunidade judaica, em alguma cidade do interior paulista?

Débora Schwartz Oliveira pelo Facebook comentou que sobre Araraquara a família tem muitas histórias, personagens. Escreveu: “minha mãe Clara Lainer Schwartz nasceu lá, e minha sogra, Riva Nimitz z’l morou lá também! Vou pedir para o Ricardo Nimitz de Souza Oliveira escrever. Entre em contato com a minha mãe! Ela terá muito prazer em te ajudar!”

Conversei com sra. Clara Lainer Schwartz, no final de junho de 2020, que contou que nasceu em Araraquara. O pai, sr. Benjamin Lainer, veio sozinho da Russia, morou na Argentina, onde tinha uma irmã. Ao chegar a São Paulo, morou na casa da família Tarandach, trabalhando como Klientelchik, em Araraquara. Sra. Clara comentou que residiram à Rua Duque de Caxias, e que na cidade não havia sinagoga. A comunidade reunia-se em uma casa.

A família de sra. Clara saiu da cidade quando ela tinha 5 anos e a irmã Izabel, somente 1 ano. Moraram também, por uns meses em Rio Claro, onde residia a bisavó materna de sra. Clara. Sua avó era irmã do sr. Abrão Golovaty, pai de sra. Blima, cuja história relato na sequência. Em São Paulo moraram em no bairro do Ipiranga.

Ainda sobre Araraquara, nas páginas do Facebook foram feitos alguns comentários...Em Pletzale, Sérgio Waissmann  contou que o tio, sr. Abraão Waissmann, morava com a família em Bebedouro, perto de Araraquara. E em Hasbara&Sionismo, Diana Charatz Zimbarg escreveu que os avós paternos vieram para Taquaritinga, região de Araraquara. 

Na página de Jewish Brasil, Haroldo Petlik relatou sua história: “Eu cheguei em Araraquara em 1974, eu me lembro da Casa Ari.  Quando cheguei em Araraquara havia poucos judeus. E eles se foram. Fiquei eu e minha família. Os poucos que vieram foram fazer faculdade. Meus filhos nasceram aqui. Eu ia para São Paulo para as festas. Ainda moro aqui. O filho mais velho também. A filha e o mais novo moram em São Paulo. Nunca houve uma coletividade aqui. Havia antes de eu chegar. O Sr. Ari foi embora pouco depois de eu chegar. Sou médico. Judeu. Nenhum outro médico judeu além do meu filho. Eu sei que tem uma pequena sinagoga em São Carlos que fica a 45 km daqui. Ribeirão Preto tem coletividade. 85 km. Tem uma empresa de ônibus aqui, Paraty, cujo dono é judeu e frequenta a Hebraica nas Grandes Festas. Ele se senta perto de mim. Mas não tenho contato. Gustav Herschkovitz.”

Aguardo mais detalhes sobre a comunidade judaica de Araraquara e aqui compartilho o que sra. Blima Golovaty Asnis, filha de sr. Abrão Golovaty e sra. Enia Prist Golovaty, contou sobre Rio Claro. Conversamos também em junho de 2020, por indicação de Marcia Asnis, filha de sra. Blima...

Sra. Blima nasceu em Rio Claro, estudou em colégio de Freiras, formando-se no curso Normal. Veio a São Paulo para cursar pedagogia, tendo trabalhado por 30 anos no Colégio I. L. Peretz como coordenadora. Cursou também a Faculdade de Direito. Os avós paternos, sra. Berta e sr. Benjamin Golovaty saíram da Russia, estiveram na Inglaterra e chegaram ao Brasil em 1905. Fundaram a Casa Golovaty, de móveis e roupas. A loja e a residência ficavam em mesmo edifício. 

O pai de sra. Blima nasceu em 1910, e, sra. Blima lembra, já em 1928 possuía um carro. A Sinagoga em Rio Claro ficava na casa dos avós, como conta, uma casa grande, onde, em uma sala ampla, com Aron Hakodesh e Torah, comemorava-se Rosh Hashanah, e reunia famílias de Mogi Mirim, Campinas e região. Funcionou posteriormente na casa do tio, sr. Samuel. A Torah, pelo que comentou, foi para Limeira, onde a comunidade se reunia em um salão pequeno. A loja, em Rio Claro, existe ainda hoje, como "Móveis Golovaty", "há mais de 90 anos no mercado", como lemos no site da empresa, e está situada à Rua 4, n.1428, no Centro da cidade, tendo como responsável sr. Jacob David, irmão de sra. Blima.

Aqui pergunto novamente... os familiares de vocês fizeram parte de alguma comunidade judaica, em alguma cidade do interior paulista? Vamos compartilhar histórias, resgatar nossas raízes e divulgá-las... Escrevam para mim... myrirs@hotmail.com

quarta-feira, 1 de julho de 2020

O estudo das Sinagogas em São Paulo em época de isolamento social


Resolvi compartilhar o que vem sendo feito atualmente, em relação ao estudo e pesquisa que desenvolvo sobre as Sinagogas em São Paulo.

Como muitos de vocês já sabem, sou arquiteta e pesquisadora, formei-me na FAUUSP em 1983, e desde a época da faculdade tenho mantido meu interesse no Patrimônio Histórico e Cultural que possuímos, principalmente no que se relaciona à arquitetura e às artes. Realizo, há  um tempo, uma pesquisa e estudo sobre a comunidade judaica e as sinagogas em São Paulo, considerando suas raízes, imigrações, preservação e perpetuação das memórias, do patrimônio histórico, artístico, cultural e arquitetônico que possuímos.

Este estudo não tem, até o momento, nenhum patrocínio, nem apoio financeiro. Desde 2016 escrevo em um Blog (https://artejudaicasaopaulo.blogspot.com/), tenho compartilhado as informações nas redes sociais (Facebook, Instagram), e também no site sobre as sinagogas (https://sinagogasemsaopaulo.wordpress.com/ ), o que colabora em muito o desenrolar do estudo. O Blog, até o momento, teve 231.532 visualizações, no mundo todo. 

Faço visitas, as entrevistas e as fotografias. Realizei, nos últimos 2 anos, "rodas de conversas" e palestra sobre o assunto, de forma voluntária, assim como já encaminhei material para o Bezalel Narkiss Index of Jewish Art, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Iniciei este estudo com a comunidade da Vila Mariana, onde nasci e cresci, e a partir disto, escrevi sobre as diversas comunidades, incluindo Penha, Ipiranga, Cambuci, São Miguel Paulista, Lapa, Mooca, Pinheiros, entre outras. 

Live Unibes 20 de maio de 2020
Atualmente, com o isolamento social, realizei 2 "lives" na Internet, e venho escrevendo sobre as comunidades judaicas do interior paulista, hoje praticamente extintas. Tenho entrevistado por telefone os familiares das pessoas que fizeram parte destas comunidades, e divulgado fotos antigas que recebo. Juntamente com 2 colegas, aprovamos um projeto para um Guia das Sinagogas em São Paulo, porém não conseguimos, ainda, captar recursos.

Inscrevi-me para o Sesc ConVIDA! com uma proposta de oficina com o tema "Resgate de memórias, raízes e muitas histórias - O caso das comunidade judaicas do interior paulista".


Palestra no Centro de Memória
Museu Judaico em São Paulo
21 de agosto de 2019
O objetivo neste caso, seria o de apresentar, divulgar e refletir sobre a importância das diversas memórias na construção do patrimônio cultural material e imaterial de uma comunidade, assim como na construção de sua identidade em um país novo e que, em um primeiro momento, é desconhecido aos imigrantes.

A justificativa do tema relacionava-se, nesta proposta, com a proteção às expressões culturais de grupos formadores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional, estimulando a produção, construção e difusão de bens culturais de valor universal, e desenvolvendo a consciência e o respeito aos valores culturais de outros povos.

A proposta apresentada não foi uma das selecionadas, mas acredito que ainda haverá a oportunidade de realizar tal oficina, ou uma roda de conversa relacionada a tal proposta.

Este estudo (e sua divulgação) é uma oportunidade para a população, como um todo, conhecer uma história cujo legado, em perspectiva mais ampla, é parte importante na construção da diversidade cultural, que caracteriza, não só a cidade e o Estado de São Paulo, como todo o país. 


Sinagoga União Israelita Paulista-Moóca
Desenho-lápis de cor-Myriam R. Szwarcbart
Também é uma oportunidade para orientar, de maneira sucinta, e incentivar o desenvolvimento de novas pesquisas relacionadas à construção e registro das memórias de pequenas comunidades, imigrantes ou não.

Em relação à situação atual de isolamento social e à proposta do Sesc ConVIDA! poder-se-ia apresentar as diversas possibilidades na condução de um estudo focado na memória e patrimônio neste momento, como a realização de "lives", entrevistas virtuais e bate-papos, focando também nas redes sociais, sites, orientação nas buscas de internet e acervos virtuais.

Conheçam os dois vídeos já realizados: