quinta-feira, 26 de março de 2020

As Sinagogas e a comunidade judaica no Estado de São Paulo


Ao compartilhar, esta semana, a atualização do site sobre as Sinagogas em São Paulo, alguns comentários e conversas aconteceram no Facebook. Uma das conversas ocorreu com Josebel Rubin, na página “Rubin Editores” Josebel acompanha o trabalho que realizo, relacionado ao estudo das sinagogas na capital. E sugeriu que algum dia comecemos a pensar nas primeiras sinagogas do interior do estado de São Paulo, entre elas a primeira sinagoga de Sorocaba, cujo primeiro prédio está, infelizmente, abandonado.

Comentei que não precisamos aguardar a pesquisa e divulgação das sinagogas da cidade de São Paulo para buscarmos informações e resgatarmos a memória, as histórias das comunidades judaicas do interior e de suas sinagogas, para conhecermos quem foram seus fundadores, seus frequentadores, os que construíram estas sinagogas, qual era a configuração de cada uma, suas fachadas e disposição interna. E se tais edifícios ainda existem ou foram demolidos, quais os motivos que levaram a isto.

Sendo assim, proponho a sua participação e de quem mais puder indicar para este resgate. Para participar também na busca de detalhes do caminho percorrido pela comunidade judaica em direção ao interior de São Paulo, quando da chegada ao Brasil.

Sabemos que muitos imigrantes seguiram para diversas cidades, trabalhando como “klientelchiks” ou não, em busca de oportunidades e mercado de trabalho. Imigrantes que aqui chegaram a partir do final do século XIX, provenientes inicialmente da Alsácia-Lorena após a Guerra Franco-Prussiana, ou vindos da Bessarábia, Polônia, Alemanha, Lituânia, Letônia, Bélgica, Turquia, Itália, Bulgária, de países do Oriente Médio e tantos outros locais nas mais diferentes épocas...
Seguiram para diversas cidades além de São Paulo, fundando e promovendo o desenvolvimento inclusive de algumas destas. Cidades como Sorocaba, Piracicaba, Franca, Catanduva, Barretos, Jaboticabal. E aqui, claro, incluímos as cidades de Santos, São Bernardo, São Caetano, Santo André.

Ao lado vocês podem ver uma foto de meu avô materno, José Rosenblit...

A busca de informações sobre as sinagogas da capital prossegue em paralelo.

Conto contigo nesta empreitada, a sua participação é importante, faça parte desta busca!

Escreva para mim... myrirs@hotmail.com  

terça-feira, 24 de março de 2020

Sinagoga Centro Israelita de São Paulo - Knesset Israel - Ten Yad


Bairro: Bom Retiro – São Paulo – SP – Brasil
Localização: Rua Capitão Matarazzo, 18, atual Rua Newton Prado/ Avenida Angélica/ Rua Brasílio Machado (veja mais detalhes nas sinagogas em Higienópolis)
Fundação: Assim que a sociedade foi fundada, com a denominação de “Synagoga Centro Israelita”, efetivou-se a aquisição, por escritura lavrada em 19 de dezembro de 1916, de um terreno de 7,50m de frente.
Projeto do edifício: arquiteto Olavo Franco Caiuby, Mauricio Tuck Scneider. Há um projeto, não executado, do arquiteto Gregori Warchavchik .
Descrição do edifício, um pouco de história:  O edifício de fachada neoclássica, absorveu imigrantes europeus durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e também os sobreviventes do Holocausto no pós-Guerra, que chegavam ao Brasil. Estes recebiam moradia, empregos, educação, cultura judaica e ajuda financeira. A fundação ocorreu em 1916, porém a Sinagoga ficou pronta somente em 1918, contando com 300 sócios. 
No ano 1929, o edifício já não comportava o aumento do número de imigrantes. Agregou-se ao terreno e edifício existente um novo terreno, também de 7,50m de frente, por aquisição feita em 03 de abril de 1929. Durante muitos anos, esta área permaneceu como jardim e área de lazer da Sinagoga. Pretendia-se demolir o edifício existente, visando a construção de um novo. O projeto do novo edifício, que não foi executado, previa comportar mais de 500 sócios, seria em concreto armado, possuiria uma biblioteca, salão, e variados espaços. 
Uma ampla reforma ocorreu em 1936,: uma pequena sinagoga para as orações diárias e um salão para festas e reuniões foram adicionados ao espaço existente. Nesta época passou a ser conhecida como “Groisse Shil”. Em Assembléia de 08 de novembro de 1966 confirmou-se a necessidade de ampliar as dependências, pra atender seus sócios, famílias e outros membros da coletividade. O edifício antigo foi demolido, dando lugar à nova sinagoga, com amplo salão e vitrais, passando a oferecer lugar para mais de mil pessoas, além de outras espaços, projeto encomendado a Mauricio Tuck Scneider. 
A inauguração oficial deste novo edifício deu-se em 1981, edifício este que seguia a configuração das sinagogas à época, sendo a ala masculina no piso térreo, uma galeria feminina no piso superior e um salão de festas no piso inferior.
Chazan: Oswie Solon, Carlos Slivskin, Jaime Szabo,  Sami Cytman, Simon Amar
Situação atual: A nova sede do Centro Cultural Israelita Knesset Israel foi inaugurada à Rua Brasílio Machado no dia 07 de setembro de 2018, ano em que esta sinagoga comemorou os 102 anos de sua fundação. A antiga sede da Sinagoga Knesset Israel, à Rua Newton Prado, foi adquirida pela instituição beneficente Ten Yad, fundada em 1992. A antiga sinagoga, também reformada, e ao mesmo tempo preservada, inclusive em seus bancos de madeira, permanece ativa nos dias de hoje. As placas que homenageiam antigos fundadores, presidentes e diretores estão afixadas nas paredes laterais, que receberam novas pinturas, assim como o teto desta Sinagoga. O edifício foi adaptado e adequado às novas funções.
District: Bom Retiro – São Paulo – SP – Brazil
Location:  Capitão Matarazzo Street -Newton Prado Street/ Angelica Avenue/ Brasilio Machado Street
Founded: 1916: “Synagoga Centro Israelita”
Project: Olavo Franco Caiuby, Mauricio Tuck Scneider. Gregori Warchavchik
Description of the building and history: The building with a neoclassical façade, absorbed European immigrants during the First and Second World War and also the post-war Holocaust survivors who arrived in Brazil. 
They received housing, jobs, education, Jewish culture and financial aid. The foundation took place in 1916, but the Synagogue was only completed in 1918, with 300 members. In 1929, the building no longer supported the increase in the number of immigrants. A new piece of land, with the dimensions of 7.50m in front, was added to the existing building and land, by acquisition made on April 3, 1929. For many years, this area remained as a garden and leisure area for the Synagogue. The intention was to demolish the existing building, aiming at the construction of a new one. 
The project for the new building, which was not carried out, envisaged having more than 500 members, would be in reinforced concrete, would have a library, lounge, and various spaces. A major renovation took place in 1936: a small synagogue for daily prayers and a hall for parties and meetings were added to the existing space. At this time it became known as “Groisse Shil”. At the Assembly of November 8, 1966, the need to expand the premises was confirmed, to serve its partners, families and other members of the community. 
The old building was demolished, giving way to the new synagogue, with a large hall and stained glass, offering space for more than a thousand people, in addition to other spaces, a project commissioned by Mauricio Tuck Scneider. The official inauguration of this new building took place in 1981, which followed the configuration of the synagogues at the time, with the male wing on the ground floor, a female gallery on the upper floor and a lounge on the lower floor.
Chazan: Oswie Solon, Carlos Slivskin, Jaime Szabo, Sami Cytman, Simon Amar
Current state: The new headquarters of the Centro Cultural Israelita Knesset Israel was inaugurated at Brasílio Machado Street on September 7, 2018, the year in which this synagogue celebrated the 102nd anniversary of its foundation. The former headquarters of the Knesset Israel Synagogue, at Newton Prado Street, was acquired by the charity Ten Yad, founded in 1992. The old synagogue, also renovated, and at the same time preserved, including in its wooden benches, remains active in the days of today. The plaques that honor former founders, presidents and directors are affixed to the side walls, which have received new paintings, as well as the roof of this Synagogue. The building was adapted to the new functions.


quarta-feira, 18 de março de 2020

Publicações e internet – O Centro Judaico Bait

Mapa Digital da Cidade de São Paulo
GeoSampa - Ortofoto 2004 - MDC
Prefeitura de São Paulo
Rua Baronesa de Itu
http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx

Em tempo de nos protegermos e ficarmos em casa por causa do coronavírus, compartilho algumas informações disponíveis em publicações e na internet relacionadas às Sinagogas em São Paulo. Neste momento, sobre o Centro Judaico Bait.

Quando divulguei detalhes relacionados à Sinagoga Israelita da Penha, sr. Helio Pilnik comentou que conheceu, no final da década de 1990, o arquiteto Michel Gorski e o fotógrafo Salomão. Estes tinham um projeto semelhante ao que desenvolvo, sobre as sinagogas do Bom Retiro. Como escreveu, “Faz mais de 15 anos que não tenho contato com ambos. Se houver interesse em sinergizar o projeto, talvez eles possam colaborar...”  Realmente, é uma ótima sugestão. Vamos colaborar?

No site do Centro Judaico Bait encontramos informações sobre o Rabino Isaac Michaan, assim como sobre o rabino Shalom Bar Kochva, e Rabino Abi Michaan: Sobre o rabino Isaac Michaan lemos: “Um homem de visão, experiência e erudição. Após dezenas de anos exercendo o rabinato e promovendo o trabalho comunitário na cidade de São Paulo, o rabino Isaac Michaan identificou uma demanda real na comunidade judaica e, assim, desenvolveu e levou a cabo a ideia central do Centro Judaico Bait para construir um lugar onde todos tenham a oportunidade de aprender sobre o judaísmo, vivenciá-lo e praticá-lo. Graças à sua visão e idealismo, o estudo do judaísmo, as atividades judaicas, as orações diárias, o Shabat e as grandes festividades haveriam de ganhar no Bait uma forma viva, vibrante e atrativa para o grande público. Tal sonho foi perseguido e conquistado no Bait, dia após dia, desde sua fundação, em 2005”. 

Rachel Mizrahi, em seu livro “Imigrantes Judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro” (Atelier Editorial, 2003- Coleção Brasil Judaico;1 dirigida por maria Luiza Tucci Carneiro), cita Rabino Michaan: “De origem síria, nascido em São Paulo”, chegou a  “ocupar o cargo de chefe espiritual da Congregação Monte Sinai...os Michaan, naturais da cidade de Alepo, emigraram em 1965. Estudante da Escola Judaica Beit Chinuch, ligado ao movimento Chabad, Isaac Michaan formou-se na primeira turma da Yeshiva de Petropolis, no Rio de Janeiro, centro pioneiro brasileiro na formação rabínica. ...”

No Jornal “Folha de São Paulo”, de 19 de setembro de 2005, no caderno “Cotidiano”, por Daniela Tófoli, vemos a notícia relacionada ao evento de inauguração o Centro Judaico Bait, onde todos dançaram e cantaram pelas ruas, conduzindo uma Torah, para divulgar a sede em Higienópolis. Utilizando inclusive um trio elétrico e animados por um grupo de música judaica, cerca de 1.500 pessoas participaram do evento, que começou às 11horas, durando cerca de uma hora. Na ocasião, rabino Isaac Michaan enfatizou que a missão deste Centro Judaico é atrair cada vez mais frequentadores. O artigo rssalta que com projeto de Michel Gorski, a sinagoga é iluminada por luz natural e rodeada de vitrais. O Aron Hakodesh foi construído com pedras trazidas de Jerusalém, assim como na entrada, mas em seu estado bruto. Na inauguração, o então prefeito de São Paulo, Sr. José Serra, acompanhou a entrada da Torah na sinagoga, e visitou os salões, e demais recintos. Naquele dia foi aberta a exposição sobre os “150 anos do judaísmo no Brasil”. Veja mais em https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1909200525.htm

Você frequenta o Centro Judaico Bait? Os cursos, os demais espaços? Gostaria de contar a sua história sobre esta sinagoga? Escreva para mim...envie um e-mail para myrirs@hotmail.com .

sexta-feira, 13 de março de 2020

A palestra do dia 14 de março 2020, na A Hebraica, foi cancelada.


Considerando a situação atual, a palestra do dia 14/03/2020, no clube A Hebraica, foi cancelada...esperamos que seja remarcada em breve. Anunciaremos a nova data!!!!

segunda-feira, 9 de março de 2020

O Centro de Memória do Museu Judaico e o Centro Judaico Bait

Capa da encadernação com o projeto do Centro Judaico Bait
Material disponível no CDM do Museu Judaico de S. Paulo
(necessária autorização para compartilhar a foto)

Por mais uma vez estive no Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo, agora em busca de material relacionado ao Centro Judaico Bait. A mapoteca dispõe de uma encadernação com o projeto do escritório BarbieriGorski, cujo edifício foi inaugurado em 18 de setembro de 2005, sendo a capa desta encadernação uma ilustração da fachada proposta, que aqui compartilho.

Como o site da sinagoga informa, o Centro Judaico Bait foi fundado em 1991, com o objetivo de integrar a comunidade judaica, atendendo em vários aspectos e tornando-se um centro comunitário. “Foi criado a partir de um projeto longo e minucioso, baseado em estudos e pesquisa acerca das necessidades e demandas da comunidade judaica de São Paulo, particularmente dos residentes do bairro de Higienópolis” Em relação a missão e visão, podemos ler no site: “MISSÃO: Promover, fomentar, desenvolver e difundir os valores judaicos em suas diferentes expressões e adaptações em nossa sociedade. VISÃO: Ser um Centro Judaico que proporciona a cada indíviduo a possibilidade de encontrar o seu lugar e aprender e vivenciar o judaísmo no âmbito comunitário.” A equipe é composrta pelos rabinos Isaac Michaan, Shalom Bar Kochva e Abi Michaan. A sinagoga “também promove continuamente diversas atividades religiosas, culturais e sociais, como aulas, cursos, palestras e eventos de temática judaica, que contam com um público crescente e diversificado”.

Hoje, o Bait, como as demais sinagogas de São Paulo festejarão Purim, celebrada todo ano em 14 de Adar, quando se comemora a salvação do povo judeu na antiga Pérsia...

quinta-feira, 5 de março de 2020

Alguns detalhes do projeto do Centro Judaico Bait

Centro Judaico Bait
Foto Google StreetView- jan.2019

No site de BarbieriGorski vemos informações relativas ao projeto do Centro Judaico Bait, quanto à arquitetura e paisagismo: ano de construção 2005, autores do projeto Arqº. Michel Todel Gorski e  Arqª. Maria Cecília Barbieri Gorski, e parte da equipe Desª Deise Corrêa Francisco.  Sobre este assunto, a página indica as publicações Revista AU de março de 2006Revista com Shalom nº265 vol. VI pg.34 e 35 Abr/03 e Revista Finestra nº33 Ano 8 pg.23 Jun/03. Há uma breve descrição sobre o projeto: “Memorial Descritivo: Templo Judaico que mantém a função não só de sinagoga, mas também de centro de convivência da comunidade. O projeto, com extrema riqueza de detalhes, é baseado na simbologia da doutrina hebraica”. Disponibilizam diversas fotos também. http://www.barbierigorski.com.br/Centro-Judaico-Bait-Higienopolis-SP

Em relação à Revista AU(Arquitetura&Urbanismo) de março de 2006,  no artigo “Simbologia das Formas”, de Ledy Valporto Leal e com fotos de Marcelo Scandaroli, o projeto(plantas e cortes) é apresentado, informando que "em projetos religiosos, cabe ao arquiteto conciliar preceitos e tradições às questões técnicas e arquitetônicas". Como podemos ler, o Centro Judaico Bait pretende resgatar a tradição e a espiritualidade judaicas e foi uma iniciativa do Rabino Isaac Michaan. 

Em um terreno irregular de 691m² (18,60mx45m), o projeto acomodou não só uma sinagoga no piso térreo, como também um centro de convivência e de estudos, em um total de 2000m² de área construída distribuídos em seis pavimentos. 

A sinagoga possui um ponto retrátil para que, nos casamentos, a luz da lua possa incidir diretamente nos noivos. O piso principal pertence ao setor masculino, cabendo o mezanino, uma galeria em formato curvo e com “arquibancada” protegida por mureta, ao setor feminino. O vazio resultante, de seis metros, possui em sua parte superior uma cúpula invertida. A estrutura em concreto protendido permitiu um espaço interno livre de apoios. Uma segunda sinagoga, menor, localiza-se no segundo pavimento. Os demais pavimentos, incluindo o sub-solo e a cobertura, abrigam a administração, biblioteca, quadra, churrasqueira, forno de pizza, café, jardim, saleta, auditório. Na área ao fundo estão as três mikvaót. Em relação às obras dos artistas que fazem parte desta obra, dê uma olhada no post anterior. A construção do edifício coube à Elias Victor Nigri, coordenação geral de Carlos Kibrit, curadoria artística e adaptação das obras de Lasar Segall por Ricardo Ribenboim. Vejam mais detalhes em:

Você frequenta o Centro Judaico Bait? Gostaria de compartilhar histórias, memórias, fotos, documentos? Então escreva para myrirs@hotmail.com ou deixe um comentário aqui...