terça-feira, 29 de novembro de 2016

Sinagogas e um pouco sobre o Patrimonio Arquitetonico


Aqui faço uma pausa para falar um pouquinho sobre a questão relacionada a patrimônio histórico e arquitetônico, que postei há um tempo... 

Gostaria de comentar alguns pontos que estão sendo considerados e pensados, no andamento das pesquisas e levantamentos que tenho feito e, tambem, nas postagens das contribuições que voces leitores tem encaminhado:

Podemos perceber que aprender com o nosso passado, nossas memórias e raízes é fundamental para respeitamos e resgatarmos a nossa história, e indispensável para construirmos nosso presente e projetarmos o futuro.

A nossa memória depende da capacidade de conservarmos o nosso patrimônio. Não somente os elementos fabricados pelo homem, mas também o conjunto de conhecimentos produzidos e acumulados... Este conjunto, o físico, social e econômico constitui-se de espaços urbanos de importância e significado destacado na leitura da cidade, independente de época ou “qualidade” histórica.

Para a preservação e revitalização do patrimônio histórico e ambiental urbano como um todo, abordamos o caráter representativo, e não só os elementos excepcionais ou de monumentalidade, nos seus aspectos históricos, sociais, culturais, formais, técnicos ou afetivos.

Esta ação de preservação dos edifícios, dos seus espaços internos, externos, de seus objetos, seus documentos, considerados patrimônio de nossa comunidade, contribui para a nossa memória e identidade...

Em relação às sinagogas, podemos considerar principalmente a manutenção destas através do uso para a qual foi construída. Muitas vezes faz-se necessário o restauro e conservação do edifício, ou a recuperação através de um retrofit, de uma reforma.

Por outro lado, considerando-se a sociedade em constante transformação, podemos pensar em revitalizar os edifícios, através de mudanças de uso ou de rearquitetura... Exemplos destes estão presentes hoje no Museu Judaico que sediava a Sinagoga Beth-El, no Memorial da Imigração Judaica que sediava a Sinagoga Kehilat Israel, no TenYad , que sediava a Sinagoga Centro Israelita de São Paulo(Knesset Israel).

Retrofit, revitalização, rearquitetura, restauro...voce pode estar se pensando e se perguntando...como assim???


Bem, acompanhem os próximos posts...

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Lembranças da Sinagoga do Cambuci

Muitas lembranças e memórias estão sendo compartilhadas tanto sobre a Sinagoga do Cambuci, como sobre a Escola Israelita do Cambuci, como já pudemos ver, inclusive, em posts anteriores.

Suely Starobinas Chusyd, cujos comentários já publiquei, encaminhou as fotos abaixo: foto do tefilim do filho André, na Sinagoga do Cambuci.  E da família Chusyd, vizinhos e frequentadores da sinagoga desde pequenos...
A sra. Sara Dahis Royzen escreveu que "é forte a ligação com a Sinagoga do Cambucy" pois os pais a frequentavam em sua primeira infância, o irmão, hoje com 80 anos, estudou na "Escola do Cambucy". Mais tarde, os filhos da sra. Sara tambem lá estudaram. A Sinagoga, como comentou, ficou fechada por muito tempo, e agora, quando reabriu para as cerimônias de Kabalót Shabat, esteve com os filhos, sendo “tomados de uma emoção indescritível”. Realmente a iniciativa da Chavurá Boker de reiniciar os Kabalót Shabat é muito importante... e muito bonita. Sra. Sara relatou, também, que teve um elo de amizade muito grande com a minha mãe, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart Z´I. E conta... “tratávamos uma à outra com nomes no diminutivo, desde os tempos da V. Mariana, onde eu e Dorinha morávamos, até bem mais tarde, nos encontrando no clube aos finais de semana.”

Como podemos ler nos comentários deste blog, Saulo Levy escreveu: “Minha avó, Rachel Krasilchik Levy foi professora de música na Escola do Cambuci, meu pai e meus tios fizeram o primário lá. Quando criança frequentei muito a Sinagoga no Shabat com meu Zeide Jafim Levy. Meu irmão mais velho fez bar-mitzva na Sinagoga. Enfim....Ótimas recordações desse lugar". 

domingo, 13 de novembro de 2016

A Sinagoga e a Escola Israelita Brasileira do Cambuci


O projeto da Sinagoga do Cambuci, “conforme consta do seu processo de aprovação Proc.52.062/40PMSP foi assinado pelo engenheiro Leo Bonfim Dei Vegni Neri, tendo como responsável pela construção David Biase...” Esta é uma informação que podemos ler no interessante artigo “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira (Salmos,137,4)”, escrito pela Dra. Anat Falbel (UNICAMP/IFCH) e publicado no Boletim Informativo Arquivo Histórico Judaico Brasileiro 35, Ano IX-Janeiro/Abril 2006, páginas 10-18

Os projetos das sinagogas da primeira metade do século XX, como já comentado, refletiam o partido arquitetônico presente nas comunidades de origem dos imigrantes que as construíram.

A construção da Escola do Cambuci foi feita pelo sr. Samuel Belk, como já postado, e iniciou seu funcionamento em 1945. Francisco Moreno comenta que os pais trabalharam como zeladores desta, de 1954 a 1960, e lembra que fizeram parte professores como moré Levin, morá Sara Dingot (que na Polônia frequentava os círculos literários de Varsóvia) e mora Golda. A escola também absorveu refugiados judeus do Oriente Médio, chegados a partir de 56.


Francisco Moreno também nos conta também que "o Cambuci abrigou o movimento juvenil Kadima, do qual fez parte Iara Iavelberg, cuja família era do bairro do Ipiranga". 


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Pinturas no Centro Israelita do Cambuci

No Centro Israelita do Cambuci, além das pinturas dos Mazalót, diversos outros temas constantes em diversas sinagogas estão presentes, em uma profusão de cores: 

                                Kotel Hamaaravi, Monte Sinai, Sarça Ardente, Dez Mandamentos, Shofar, 
                                              Rolos da Torá, CandelabrosKever Rachel, Maguen David, 


Interessante notar que a cor azul está presente, predominando em grande parte destes temas, como podemos observar nas fotos.

Assim como na Sinagoga Mordechai Guertzenstein, dois leões ladeiam as Tábuas com os Dez Mandamentos, situados sobre o Aron Hakodesh. A Bimá, em piso elevado em madeira escura, é cercada por uma balaustrada, também em madeira. Luminárias antigas e candelabros em prata foram preservados.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

As pinturas dos Mazalot na Sinagoga do Cambuci

Na Sinagoga do Cambuci, as pinturas dos Mazalot, ou dos signos do zodíaco, nos chamam a atenção. Nesta sinagoga, estes signos estão inseridos em pinturas murais, delimitadas por molduras, ao longo de toda a “mureta”, azul, que serve de proteção ao piso superior, ou melhor, ao “lugar das mulheres”. Cada símbolo corresponde a um mês do calendário judaico, como pode ser visualizado nas fotos ao lado.

Mazalót, zodíaco...como assim? Veja o interessante site http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/zodiaco/home.html  "o zodíaco é um cinturão imaginário no firmamento celeste, representando doze grupos de estrelas (constelações), através do qual o sol e os planetas principais se movem no decurso do ano. Cada constelação é representada por um signo. Quase todos os signos do zodíaco são chamados pelo nome de um animal, daí o nome "zodíaco", do grego "zoon", uma criatura viva... em lashón hakódesh eles não são chamados de zodíaco, mas simplesmente mazalot”. Vejam mais neste site sobre a relação do mês, o mazal-constelação deste, o símbolo/signo, e o significado de cada um...

Em relação aos desenhos dos Mazalot, Francisco Moreno, que freqüentou a sinagoga do Cambuci nos anos 80-90, nos conta que foram feitos por um artista-arquiteto judeu polonês, o mesmo que, segundo ele, também decorou a sinagoga do Brás. Este artista voltou para a Polônia antes da II Guerra Mundial.

Como comenta, a representação do zodíaco era um tema artístico e motivo decorativo comum a várias sinagogas da Polônia e do leste europeu como um todo.

Podemos ler um artigo interessante que cita os símbolos do zodíaco em sinagogas da Polonia na Revista Morasha,  Edição n.53, de junho de 2006, “Sinagogas em Madeira”. 

Sinagoga de Chodorov-foto Yad Vashem
No artigo vemos que: “...Construídas por todo aquele território, especialmente na Polônia, Rússia, Lituânia, Ucrânia, durante os séculos 17 e 18, as sinagogas de madeira se tornaram um marco na arquitetura judaica e na arte litúrgica...No século 18, Israel Lissnicki pintou o interior da sinagoga de Chodoróv...Destacam-se, retratados com grande maestria, pavões e leões, flores, peixes e pássaros, aliados aos doze símbolos do zodíaco e aos principais do judaísmo, como a menorá, as Tábuas da Lei e objetos de culto do Templo de Salomão. Além disso, inscrições bíblicas e paisagens, com destaque para a de Jerusalém. Tudo isto, mesclando-se e entrelaçando-se, delicadamente, em ornamentos em folhas, volutas e medalhões, que recobriam todo o primoroso conjunto. As cores usadas na pintura eram âmbar-perolado com raios em vermelho-tijolo.


Este tema também estava presente em algumas sinagogas em Israel e realizados em mosaicos, a exemplo de Beith Alfa, proximo a Beith Shean, como podemos ver na foto ao lado (foto do site https://en.wikipedia.org/wiki/Beth_Alpha )


Aguarde os próximos posts, aonde poderá conhecer mais sobre as demais pinturas murais desta sinagoga...