sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Atividades no entorno do Bom Retiro e ações já realizadas no bairro

Jardim da Luz

Além das atividades e roteiros específicos para o Bom Retiro, em São Paulo, citadas no post anterior, há a possibilidade de serem incluídas atividades e visitas ao entorno deste bairro, como pontos de interesse, instituições e variedade de organizações culturais, ondenovas territorialidades estão emergindo nestas áreas refuncionalizadas que tiveram restauradas as formas tangíveis do patrimônio, mas excluíram os conteúdos sociais indesejáveis” (Paes-Luchiari, 2006).


Pinacoteca
Neste sentido, considera-se a Pinacoteca/Pina Contemporânea, Jardim da Luz, Sala São Paulo, Museu da Língua Portuguesa, Estação da Luz, Pina estação/Museu da Resistência, Museu de Arte Sacra, Arquivo Histórico Municipal, Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, Museu da Obra Salesiana, Memorial do Holocausto, Casa do Povo, Sesc Bom Retiro, Museu das Favelas, Museu da Energia de São Paulo, Instituto Liceu Coração de Jesus, Jardim da Luz. Escola Marechal Deodoro, Colégio Santa Inês, Centro Paula Souza, Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, Instituto Dom Bosco, Escola Senai, Faculdades Oswaldo Cruz.

Ações anteriores já foram realizadas, vinculadas ao Bom Retiro, desde inventários, publicações, artigos, e iniciativas de políticas públicas. Como exemplos, tem-se:

1) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) - Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) : Inventário do Bairro do Bom Retiro, considerado um modelo de miscigenação e variedade étnica. Técnica do Iphan responsável pelo projeto, Simone Toji.

2) “Renovando, revitalizando e imaterializando: ações de reconhecimento cultural na região do Bom Retiro e Luz” - Simone Toji e Flávia Brito do Nascimento / IPHAN-SP

3) Bom Retiro de muitas etnias- Marcelo Spomberg – Estação TV - Vídeo produzido, para finalizar o trabalho de registro do bairro Bom Retiro, como Patrimônio Cultural Imaterial do País.

4) Koreatown: Entre a cidade de enclaves e a urbe cosmopolita – artigo de Simone Toji (2021)

5) “Little Seul” (2017), projeto de revitalização em parceria entre empresas sul-coreanas e a prefeitura de São Paulo

6) “Luz Cultural” (1984) privilegiou a instalação bens imóveis restaurados e reconvertidos.

7) Nos anos 2000, a prefeitura de São Paulo, propôs o programa de concessão pública “Nova Luz”.

8) VII Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo 20 e 21 de setembro de 2010 – Universidade Anhembi Morumbi – UAM/ São Paulo/SP O Patrimônio Cultural Imaterial dos Imigrantes Coreanos no Bom Retiro/SP Rafael Galvão Monteiro                                          

9) MulticulturalBom Retiro tem 215 opções de patrimônio - 16/05/2009 - Folha de S. Paulo.

Como opção para se efetivarem as ações e propostas aqui apresentadas ressalta-se que existem Leis de Incentivo à cultura (incentivos fiscais), como instrumentos que podem induzir a população como um todo, e empresas privadas em particular, a utilizarem mecanismos de renúncia fiscal, por parte do Poder Executivo. Isto significa que recursos de pessoas físicas e empresas passam a ser destinados à proteção e ao estímulo e produção cultural e artística. Leis como Rouanet, Proac, Promac e de fomento, como as Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. Ambos os projetos, o Guia das Sinagogas em São Paulo e a exposição das Sinagogas do Bom Retiro foram aprovados em Leis de Incentivo. O Guia das Sinagogas em São Paulo foi aprovado em Lei Federal (Lei Rouanet). Como complemento e particularização para uma região, o projeto de exposição das Sinagogas do Bom Retiro foi aprovado na Lei de Incentivo Municipal PROMAC - Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais instituído pela Lei nº 15.948/2013, regulamentado pelo Decreto nº 59.119/2019. O Projeto, aprovação e período de execução restringiu-se aos anos de  2021 e 2022.

Para conhecer o trabalho e estudo que vem sendo realizado, entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com . E acompanhe as próximas postagens neste blog.

Faça parte do resgate das memórias familiares, compartilhando fotos, documentos e objetos, tanto das sinagogas e comunidade judaica da Mooca, como dos demais bairros da capital e cidades do interior paulista.

Referência:

PAES-LUCHIARI, Maria Tereza Duarte. Centros Históricos, Mercantilização e Territorialidades do Patrimônio Cultural Urbano. Revista GEOgraphia, ano 7, n. 14, 2006. Disponível em: https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/13490/8690

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Bom Retiro, diversas origens, diversas nacionalidades

Como publicado anteriormente, a proposta de realização de um roteiro cultural relacionado à comunidade judaica, em particular às sinagogas, engloba a elaboração de um guia, impresso e digital, além de uma exposição no bairro do Bom Retiro, de forma a revalorizar o patrimônio e bens culturais existentes. 

O perfil do Bom Retiro, formado por origens, nacionalidades e religiosidades diversas, permanece, hoje em dia, multicultural, evidenciando-se na convivência de famílias de imigrantes de variadas origens: espanhola, portuguesa, italiana, grega, armênia, coreana, boliviana, húngara, paraguaia, e judaica (provenientes do leste europeu). 

As potencialidades turísticas do bairro do Bom Retiro podem ser consideradas, principalmente, na proposta de execução da exposição. Um ponto de partida que pode ser replicado para cada comunidade, deste bairro ou não, independente de sua origem, imigrante ou não. Uma maneira de divulgar conhecimentos e saberes, partindo do ponto de vista de Belanciano, em que afirma: “Somos todos turistas. Mesmo os que não se sentem forçosamente identificados com aquilo que chamamos de turismo.” (Belanciano, 2015).  

Multicultural é o bairro, e diversas possibilidades de turismo se evidenciam. Como afirma Richards (2009) Junto com o patrimônio arquitetônico e das artes, alguns países incluem em sua definição, por exemplo, a gastronomia, o esporte, a educação, as peregrinações, o artesanato, a contação de estórias, e a vida na cidade”. O bairro, com sua diversidade de identidades de imigrantes, possibilita um percurso de turismo cultural, de experiências, criativo, de forma a relacionar os espaços com seus territórios e roteiros culturais, identificando “motivações culturais” e o “fazer contato com moradores do local e aprender mais sobre a sua cultura” (Richards, 2009).

É possível propor para o Bom Retiro, além da exposição citada, roteiros diversos. Alguns exemplos:

1) Gastronômico: cafés, armazéns e restaurantes coreanos, italianos, gregos, judaicos, colombianos, entre outros. Acrópoles, Prato Grego, Shoshana Delishop, Ten Yad (Viena Kosher), Café Colombiano, La Bolivianita, Cantina Ouro Branco, Monte Verde, Tembi’u(paraguaia), Casa do Norte, Emporium Brasil Israel, Otugui, WaBar, etc.

2) Religioso: locais de culto cristão, judaico, umbandista, muçulmano, budista, espírita, etc.

3) Memória: Memorial do Holocausto, Memorial da Resistência, Rua Itaboca/Dr.Cesare Lombroso.

4) Turismo criativo: Casa do Povo, Oficina Cultura Oswald de Andrade. Justifica-se considerando o “Desenvolvimento distanciado de formas tradicionalmente passivas, direcionado para um envolvimento mais ativo dos turistas em termos da vida cultural dos lugares que estão visitando, ou o que se chama de “turismo criativo.” (Richards, 2009)”.

5) Arquitetônico: Arquivo Histórico Municipal, Casa do Povo, Oficina Cultura Oswald de Andrade, casas antigas até hoje existentes. Considera-se, neste tópico a “Refuncionalização, requalificação, revitalização, enobrecimento de patrimônios edificados, novas territorialidades urbanas centrais, revitalização, inclusão social, respeitando os usos tradicionais das populações locais, e o direito destas”. (Paes-Luchiari, 2006)

6) Atividades diversas: dança tradicional coreana, feira boliviana, procissão grega, palestras, exposições relacionadas às origens dos imigrantes, rodas de samba da Rua Mamoré, atividades sazonais dos barracões das escolas de samba Gaviões da Fiel e Tom Maior, ações artísticas do Teatro Popular União e Olho Vivo, da Cia. Pessoal do Faroeste, Casa do Povo, Cia. De Teatro Mugunzá.

Para conhecer o trabalho e estudo que vem sendo realizado, entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com . E acompanhe as próximas postagens neste blog.

Faça parte do resgate das memórias familiares, compartilhando fotos, documentos e objetos, tanto das sinagogas e comunidade judaica da Mooca, como dos demais bairros da capital e cidades do interior paulista.

Referências:

BELANCIANO, Vitor. Todos somos Turistas. Revista 2, 2015. Disponível em: https://www.publico.pt/2015/12/20/economia/noticia/todos-somos-turistas-1717829

PAES-LUCHIARI, Maria Tereza Duarte. Centros Históricos, Mercantilização e Territorialidades do Patrimônio Cultural Urbano. Revista GEOgraphia, ano 7, n. 14, 2006. Disponível em: https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/13490/8690

 

RICHARDS, Greg. Turismo Cultural: padrões e implicações. In Turismo cultural: estratégias sustentabilidade e tendências. CAMARGO, Patricia e CRUZ, Gustavo (orgs). Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC: Ilhéus, 2009, pp. 25-48

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Bom Retiro, “bons retiros”

Bom Retiro(SP) e sinagogas do bairro

Particularizar e exemplificar roteiros turístico-culturais, indicar caminhos e percursos, interligados, a meu ver, torna-se possível no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, considerando-se que uma boa parcela da comunidade judaica ali se estabeleceu a partir dos anos de 1910/1920, à época um bairro fabril e proletário, por facilidade de transporte, aluguel barato, na busca ou não de parentes ou amigos. 

A dificuldade com o idioma, e de se conseguir emprego, resultaram na escolha da profissão como mascates, ou Klientelchik, além das possibilidades de trabalhos em confecções têxteis. Os que aqui chegaram, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, acreditaram ser conveniente morar numa região onde já estava instalada parte da comunidade, com suas escolas, sinagogas, moradia e crédito. Organizaram-se, abriram lojas, fundaram sociedades de auxílio mútuo, organizações religiosas, sinagogas, escolas, publicaram jornais e revistas, construíram o cemitério. 

Muitas famílias da coletividade judaica que moravam no Bom Retiro, a partir da década de 1960, começaram a migrar para bairros como Higienópolis e Jardins. Várias instituições judaicas permanecem em funcionamento (Ten-Yad, Memorial do Holocausto, Unibes, Escola Gani-Lubavitch, Yeshivót, Casa do Povo, diversas sinagogas), e outras encerraram suas atividades no bairro (Escola Talmud Thorá, Escola Scholem Aleichem, Taib, Linath Hatzedek, Cooperativa de Crédito Popular, Habonim Dror, Hashomer Hatzair, Bnei Akiva).

Bom Retiro, ou “bons retiros”, um bairro da região central da cidade de São Paulo, surgiu nos anos 1820, uma área nobre de sítios e chácaras de veraneio, como “Dulley”, “Sítio do Carvalho”, Chácara do Marquês de Três Rios, Solar do Marquês, e sr. Joaquim Egídio de Sousa Aranha

O Jardim da Luz data de 1825. A Estação da Luz, de 1867, foi ampliada em 1901. A partir de 1870 a mudança na paisagem tornou-se evidente, com a primeira leva de imigrantes, e a presença de operários italianos. A proximidade com a estação ferroviária, indústrias, oferta de emprego, moradia barata, presente em todas as levas de estrangeiros no local, mudaram a paisagem local. 

Com a urbanização, arruamentos e loteamentos das chácaras, o bairro saiu de seu isolamento: depósitos e olarias, como a Olaria de Manfred Meyer, forneceram tijolos para a transformação da cidade. Naquele momento, o bairro tornou-se um polo de indústrias, entre elas a Fábrica Anhaia (tecidos de algodão), a Cervejaria Germânia e a Ford do Brasil (1921). 

A primeira Hospedaria de Imigrantes, situada no sobrado Bom Retiro, de 1882 a 1887, atendeu levas de imigrantes. Naquela data mudou-se para o Brás, ali permanecendo até a década de 1970. O sobrado, demolido, foi substituído pelo edifício do Desinfectório Central, à Rua Tenente Pena, 100, hoje Museu de Saúde Pública Emílio Ribas. Apesar das mudanças ocorridas no bairro, o Bom Retiro manteve, de uma maneira geral, suas edificações construídas ao longo de sua história.

Para conhecer o trabalho e estudo que vem sendo realizado, entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com . E acompanhe as próximas postagens neste blog.

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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Comunidade judaica paulista e roteiro turístico cultural temático






Dando continuidade à publicação anterior, apresento o desenvolvimento e detalhes do trabalho que continuo realizando:

A presença da comunidade judaica em São Paulo pode ser verificada desde 1578, através de Atas da Câmara de S. Paulo que citam perseguições a "judaizantes”, assim como nos séculos seguintes, através do Tratado de Amizade e Paz (1810), em que se conferiu liberdade religiosa, possibilitando a imigração judaica de ingleses, alemães, franceses, ou da presença do Dr. Samuel Edouard da Costa Mesquita como o primeiro rabino em São Paulo (1860). A imigração judaica à capital e interior paulista ganhou força, porém, a partir do início do século XX. Como exemplo podem ser citados os imigrantes judeus de origem russa que seguiram para os núcleos coloniais paulistas como Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Salles, os sefaradim originários do Império Otomano, os sírio-libaneses que se encaminharam para o bairro de Mooca (SP), e os que aqui chegaram a partir do leste europeu (Polônia, Bessarabia, Lituânia, Letônia), fruto das perseguições e situação econômica precária em seus países de origem. No período “Entre Guerras”, ocorreu a entrada maciça de imigrantes judeus da Europa (perseguição), porém durante a Segunda Guerra Mundial, a imigração judaica diminuiu, tanto pelas leis restritivas do país, como pela dificuldade de saída da Europa. Uma nova onda imigratória ocorreu no período de 1952 -1962, de judeus provenientes do Oriente Médio e da Hungria. Dados puderam ser observados em consultas de arquivos no Museu da Imigração.

A partir do porto de Santos, de trem, para São Paulo, imigrantes judeus desembarcaram ao longo das estações ferroviárias e se estabeleceram, em um mesmo período, em diversos bairros da capital paulista. Fixaram residências no Brás, Ipiranga, Cambuci, Vila Mariana, Penha, São Miguel Paulista, Lapa, Pinheiros, e em diversas outras regiões, e ali, muitas vezes, formaram suas sinagogas.

Organizar um roteiro turístico-cultural temático, para que se conheçam os locais em que os judeus se estabeleceram ao chegarem à capital paulista, é a proposta da publicação, impressa ou digital para o “Guia das Sinagogas em São Paulo”. Apresentar não só a história de cada comunidade judaica, em textos, documentos e fotos, mas principalmente as respectivas sinagogas, nos bairros em que se fixaram, possibilita refletir sobre a inserção destas no contexto urbano, inclusive em relação à tipologia das edificações do entorno e no uso do espaço pelo homem.

Indicar caminhos e percursos, interligados ou setorizados por regiões, promovendo visitas guiadas, descobrindo os usos e destinos atuais que o então edifício sinagogal recebeu ao ser desativado ou demolido, faz parte da proposta. No caso do edifício ter sido demolido, um marco ou uma exposição de rua em uma praça do entorno, em museus de rua, torna-se uma opção. É possível uma interação entre a população local e os potenciais turistas, mas se faz necessário analisar as possíveis consequências de um fluxo turístico a estes bairros, caso ocorra. Vale destacar os pontos apresentados por Vitor Belanciano, relacionados aos bairros como um ecossistema complexo, sujeitos às mudanças na paisagem urbana ao absorverem um número (elevado) de turistas. Como afirma Belanciano, “o turismo gera receitas e por vezes reabilita zonas urbanas. Mas também pode contribuir para a diminuição da qualidade de vida local” (Belanciano, Vitor. Todos somos turistas, Revista 2, 2015, site: https://www.publico.pt/2015/12/20/economia/noticia/todos-somos-turistas-1717829).

Para conhecer o trabalho e estudo que vem sendo realizado, entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com . E acompanhe as próximas postagens neste blog.

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domingo, 23 de julho de 2023

Sinagogas, patrimônio cultural e roteiro turístico em São Paulo

Sinagogas e objetos sinagogais bairro da Vila Mariana (SP)

Como muitos de vocês já sabem, venho realizando uma pesquisa relacionada às sinagogas de São Paulo, tanto da capital como do interior paulista, tendo como foco o estudo das comunidades judaicas nos locais em que se estabeleceram. 

A percepção da existência de uma lacuna relativa ao conhecimento e compreensão destas comunidades judaicas por uma comunidade mais ampla possibilita a proposta de realização de um projeto de roteiro cultural com o objetivo de divulgar, difundir e resgatar o patrimônio material e imaterial desta coletividade em sua diversidade. A organização, catalogação e divulgação do material reunido até o momento, incluindo visitas às sinagogas e arquivos existentes, entrevistas relatando histórias de vida desta parcela de população imigrante, e a coleta de documentos, fotos e objetos que ainda estão por ser localizados, possibilitam, também, a continuidade desta pesquisa.

A comunidade judaica da Vila Mariana foi o ponto de partida para o levantamento de dados das diversas sinagogas paulistas, na busca por informações, histórias e memórias. Na cidade de São Paulo foram identificadas setenta sinagogas, que existiram ao longo do tempo, sendo que muitas delas foram desativadas ou tiveram seus usos alterados.

A proposta de realização de um roteiro cultural relacionado à comunidade judaica, em particular às sinagogas paulistanas nos diversos bairros da capital em que esta comunidade imigrante se estabeleceu, ao longo das estações das estradas de ferro, engloba a elaboração de um guia, impresso e digital, além de uma exposição no bairro do Bom Retiro, de forma a revalorizar o patrimônio e bens culturais existentes.

O Guia das Sinagogas em São Paulo possibilita o acesso à localização das edificações, mesmo as já demolidas, e o conhecimento de suas histórias, para a população como um todo, sejam os moradores da capital, ou turistas de outras localidades. Revalorizar, desta forma, este patrimônio como legado para as futuras gerações, considerando não só o passado e o presente, mas também olhando para o que esta por vir.

Este projeto está em concordância com o programa, justificativas e conteúdo da disciplina “Patrimônio Cultural e Turismo no Contexto Urbano Contemporâneo”, do programa PPGMus MAE USP oferecida pela Profa. Dra. Clarissa M.R. Gagliardi, e que cursei no primeiro semestre de 2023.

Relaciona-se à percepção das “potencialidades turísticas contidas na dimensão urbana dos museus e na dimensão museológica do espaço urbano a partir de experiências e metodologias inovadoras”, “ao avanço dos processos de refuncionalização do patrimônio e de requalificação de áreas urbanas que visam a inserir as cidades em circuitos turísticos mundiais, e “os usos do patrimônio cultural pelo turismo”, “o turismo fundamentado no território” (IMU5022 – Profa. Dra. Clarissa M. R. Gagliardi).

Sinagogas em diversos bairros da capital paulista

Os projetos, tanto do Guia das Sinagogas em São Paulo como da exposição das Sinagogas do Bom Retiro, foram aprovados em Leis de Incentivo, o primeiro em Lei Federal (Lei Rouanet), e o segundo em Lei Municipal (Promac), porém ainda não foram efetivados.

Gostariam de conhecê-los em detalhes?

Entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com . E acompanhe as próximas postagens neste blog.

Faça parte do resgate das memórias familiares, compartilhando fotos, documentos e objetos, das sinagogas e comunidades judaicas dos bairros da capital como das  cidades do interior paulista.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Narrativas e memórias da comunidade judaica paulista e suas sinagogas

Sinagoga União Israelita Paulista

O resgate de raízes das comunidades judaicas que chegaram ao Estado de São Paulo, assim como detalhes das sinagogas, tanto da capital como do interior paulista, está sendo possível, em grande parte, através de narrativas e história oral de diversas famílias, imigrantes e migrantes, que tem se disposto a compartilhar suas memórias.

Compartilho aqui o relato inicial feito pelo Dr. Jaques Nigri, por indicação de sra. Esther Fuerte Wajman, ambas famílias frequentadoras das sinagogas do bairro da Mooca. Dr. Jaques morou à Rua Barão de Jaguara quando criança, aos noito e nove anos. A mãe, sra. Esther Nigri,  proveniente de Beirute, e o pai, sr. Carlos J. Nigri, proveniente de Seida, saíram do Líbano, já casados e chegaram ao Brasil, através do porto de Gênova, devido à Primeira Guerra Mundial, e à situação daquele momento, no Império Otomano. A família de Dr. Jaques frequentou ambas as sinagogas da Mooca, além da Sinagoga da Abolição e a do Brás. Dr. Jaques contou que estudou na Escola Israelita do Cambuci, estudou posteriormente odontologia, e formou-se na mesma turma do irmão de sra. Esther Fuerte Wajman, sua prima de segundo grau.

Atualmente aposentado, lembrou-se de diversas famílias da comunidade judaica do bairro da Mooca, entre elas as famílias Memran, Hadid, Politi e Simantob. Não possui fotos da época em que morou na Mooca, pois quem as guardava eram suas três irmãs mais velhas, hoje já falecidas.

Em breve uma visita à Sinagoga União Israelita Paulista será agendada, quando poderei revê-la, após alguns anos, e quem sabe, relatar novas histórias e compartilhar fotos.

Faça parte do resgate das memórias familiares, compartilhando fotos, documentos e objetos, tanto das sinagogas e comunidade judaica da Mooca, como dos demais bairros da capital e cidades do interior paulista.

Encaminhe um relato, ou entre em contato comigo, através dos e-mails myrirs@hotmail.com ou myrinhars@gmail.com

domingo, 4 de junho de 2023

Uma nova visita à Sinagoga Israelita Brasileira, na Mooca

No dia 04 de junho de 2023 foi realizada uma nova visita à Sinagoga Israelita Brasileira, situada no bairro da Mooca. Neste dia tive a oportunidade de perceber que, em seu interior, a sinagoga permanece praticamente igual à de cinco anos atrás, época em que realizei o desenho ao lado. 

A Bimah/Tevah, em madeira, onde se realizam as leituras da Torah (rolo com os primeiros cinco livros da Bíblia) e da Haftarah (Profetas) permanece conservada. Da mesma forma, o Aron Hakodesh/Hekhal, o armário que guarda em seu interior as Torot e a Haftarah acondicionadas em caixas de madeira, também está preservado. O mesmo pode ser verificado na cortina vermelha que protege o Aron Hakodesh (Parochet), nos rimonim (enfeites das Torot) apoiados na Bimah/Tevah, nas menorot (candelabros) fixos nas paredes, na pintura destas, no piso frio, nos tapetes ali presentes e nos mesmos bancos de plástico, e respectivas mesas.

A fachada desta sinagoga, e da Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista permanecem, de certa forma, inalteradas. Estas duas sinagogas, como já publicado anteriormente, fazem parte da história da comunidade judaica da Mooca.

Sobre a comunidade, sinagoga e histórias, conversei, em maio de 2023, com a sra. Esther Fuerte Wajman, por indicação de sra. Betti Epelbaum. Sra. Esther morou na Mooca, estudou na Escola Estadual Firmino de Proença e frequentou com a família a Sinagoga Israelita Brasileira. O pai, Yehudá Fuerte (Leon), nascido no Libano e a mãe, sra. Adelia, originária de Tzfat, conheceram-se no Rio de Janeiro, na Ilha de Paquetá, e rumaram, depois, para a capital paulista. Sra. Adelia era costureira, e chegou a costurar diversos vestidos de noiva para a comunidade judaica da Mooca. Sra. Esther, pianista, concertista e cantora, continua atuando.  E seus filhos, Luciano e Fabio, são médicos.

A Mooca também acolheu algumas famílias de origem ashkenazi, a exemplo da família de minha mãe, como divulgado na ultima postagem, assim como a de Leizer Susskind (Luiz) e sua esposa Raquel, que moravam no fundo de sua loja, na Rua da Moca 2292, a “Casa Ritz”. Esta informação foi encaminhada pelo sobrinho, sr. Marcos Susskind, em e-mail enviado em maio de 2023. Sr. Marcos contou que viveram dezenas de anos. Escreveu: “Meu outro tio, primo dele, Elias Susskind, viveu na Rua da Mooca esquina Rua Orville Derby. Também ele tinha uma loja: “Casa Jung”. Era casado com Caia Susskin (Clara) e lá viveram seus quatro filhos: Gerszin, Elusa, Zina e Débora”.

Nas páginas do Facebook podemos ler os comentários relacionados à comunidade judaica da Mooca. Alguns exemplos: 

Carlos Adissi: Linda historia, meus pais conheciam a família Chatah, que tinham uma loja na Mooca”.

Lili Muro: “Também estudei com a Dorinha no Grupo Escolar Eduardo Carlos Pereira. Era linda a construção, tinha acabado de se inaugurado, no ano de 1946. Passei por lá alguns anos atrás, nem parece o mesmo prédio. Feio e velho. Que pena!”

Regina Zeituna:Nós morávamos na Rua Coronel Cintra”

Leandro Brudniewski indicou Moyses Chatah e Carla Spach indicou Elia Chatah, deixando um comentário: “Conheci bem a familia há algumas décadas. O Elia é o filho do meio da dona Lorice Chatah, que, infelizmente, já faleceu. Encaminhei sua mensagem a ele”.

Suzete Scenegaglia Zeituna: “Eu conheci a tia Lorice, como eu a chamava, ela era tia de um grande amigo, muita saudades, e eu, às vezes, ia à sinagoga da Rua Odorico Mendes”.

Washington F. Londres: “O grupo é basicamente formado pelos mesmo que também inauguraram o Templo Sidon, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que está em atividade até hoje”.

Carlos Da Rosa: “A sinagoga do meu avô! Eu cheguei a conhecer”.

Você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram ou frequentam as sinagogas da Mooca, ou a Monte Sinai em Higienópolis, moraram na região da Mooca, ou em bairros próximos?

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos compartilhar as histórias, resgatando nossas raízes... 


terça-feira, 23 de maio de 2023

Famílias da comunidade judaica da Mooca

Minha mãe, Dora Dina, meus avós maternos Ida Rebeca e José Rosenblit, e minha bisavó Anna Sarah Bergman Lafer, moraram no bairro da Mooca, na Rua Dom Bosco, até 1948, quando se mudaram para a Vila Mariana, na época em que minha mãe completou nove anos. Pelo que minha mãe contava, na Mooca eles eram uma das poucas famílias de origem ashkenazi: Minha mãe nasceu no Brasil, minha avó também, mas até 1933 morou na Alemanha, local de nascimento de minha bisavó. Já meu avô nasceu na Bessarabia, chegando ao Brasil em 1928. Na Mooca, minha mãe frequentou a escola pública, como muitos da comunidade judaica originária de Tzfat, Seida(Sidon) e Beirute. Dividia a carteira, no grupo escolar, com sra. Lorice Chatah. Conheci sra. Lorice em uma cerimônia ocorrida em 2017, na Sinagoga União Israelita Paulista, uma das duas sinagogas localizadas na Rua Odorico Mendes. Apesar de não a conhecer anteriormente, sra. Lorice logo me perguntou se eu era a filha da “Dorinha”, e contou que dividiam sim a carteira escolar, mas nunca o lanche que traziam de casa. Cada uma carregava em seus lanches as tradições de suas origens, e, minha mãe, como sra. Lorice lembrou, trazia sempre um sanduíche de pão preto, pepino azedo e algo mais, que minha avó preparava.

Naquele ano de 2017 tive a oportunidade de caminhar um pouco pelo bairro e conhecer as duas sinagogas, a Sinagoga Israelita Brasileira e a Sinagoga União Israelita Paulista, e conversar com sr. Jamil Sayeg, sr. Isaac Jamil Sayeg, Rachel Mizrahi, Linda Zeitoune, Haim Zeitoune, Olga Clara Zeitune, Victoria Hadid e Cesar Serur. Conversei também com Lili Muro Zaitoune Muro, que comentou:Como já havia lhe contado, meu pai Ibrahim Zaitoune, assim como outros que conheciam bem a Torah, eram Chazanim na Sinagoga Monte Sinai na Mooca, pois não havia um Rabino na nossa Sinagoga. E quando o terreno da Rua Piauí foi comprado, infelizmente eles já haviam falecido”. Ao escrever sobre a Sinagoga Monte Sinai, localizada na Rua Piaui, e o Projeto Memória, ali criado, Tania Nigri entrou em contato. Tania escreveu: “Olá, parabéns pelo seu trabalho. Como conseguimos assistir aos vídeos? Meu avô Lázaro Setton foi chazan da Congregação Monte Sinai na Mooca e em Higienópolis. eu tenho algumas coisas sim. Vou mandar o link da árvore genealógica que estou fazendo, e se você clicar nele verá todos os documentos”. Mauricio Calderon também solicitou mais detalhes: “Também gostaria de ver os vídeos. Agradeço a indicação”.

 

Ao retomar, em 2023, a pesquisa sobre a imigração judaica ao bairro da Mooca, familiares de antigos moradores do bairro e que frequentavam uma das duas sinagogas, postaram observações tanto no Instagram com nas páginas do Facebook, e manifestaram interesse por mais detalhes, como Marcelo Mansur, que comentou:Saudades da minha infância nessa sinagoga (da Mooca)”.

Vejam mais alguns comentários publicados nas redes sociais:

Fabio Homsi: “Época mágica só existia alegria”.

Marcos S. Sayeg: “Meu Tuhur, ou Brit-Milah foram nessa sinagoga (União Israelita Paulista)”.

Waldir Jacob Rotband Marchtein:Meus tios moravam na Mooca. Eles moravam no número 2486 e tinha uma Loja de Moveis Chamada Casa Grande na Rua da Mooca”.

Betti Epelbaum:Tenho um documento de uma parente que morou na Mooca. Ela me mandou o documento. Como faço para enviar a você? Vou passar para ela os seus dados. Ela é uma pianista e foi cantora do Municipal. O nome dela é Esther Fuerte Waiman”. Acompanhem, na próxima postagem, detalhes da conversa que tivemos, em um primeiro momento, por telefone. E combinarei para conhecer este documento indicado por sra. Betti.

 

Pergunto aqui novamente: você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram ou frequentam as sinagogas da Mooca, ou a Monte Sinai em Higienópolis, moraram na região da Mooca, ou em bairros próximos?

 

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

 

Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes... 


terça-feira, 11 de abril de 2023

Congregação Monte Sinai em Higienópolis

Localizada à Rua Piauí, a Congregação Monte Sinai foi fundada em junho de 1971. Originou-se por uma migração dentro da capital paulista: seus membros, anteriormente nos bairros da Mooca e do Ipiranga, deslocaram-se para a região da Avenida Paulista e Higienópolis. Esta comunidade propôs manter os costumes e melodias das rezas da Sinagoga Israelita Brasileira. O nome da Congregação - Monte Sinai - remete ao Grêmio Monte Sinai, que existia na Mooca.

Para a construção da sinagoga, a aquisição de um terreno foi efetuada em julho de 1971, sendo a sinagoga inaugurada, ainda em obras, no Pessach de 1974. Joseph Meyer Nigri foi o engenheiro da construção. 

Como verificado em visita à sinagoga, o espaço interno do edifício é amplo e moderno, com bancos, na ala masculina, dispostos nas laterais e no mesmo piso da Teva/Bima e do Hekhal/Aron Hakodesh. Os amplos vitrais, na parte posterior ao Hekhal/Aron Hakodesh, e nas laterais, propiciam claridade e iluminação. Uma galeria feminina está situada em piso elevado, no mesmo espaço, e um salão e salas situam-se no subsolo da sinagoga. 

Os chazanim Jacoube Cohen, Lázaro Setton e Alberto Savoia chegaram  a conduzir os serviços religiosos. Em 1982, os trabalhos diretivos da Monte Sinai foram transmitidos aos filhos dos fundadores. Em junho de 1985, Isaac Michaan, de família de Alepo, ligado ao Chabad, assumiu como rabino. Em 2019, conduziam os serviços religiosos desta sinagoga os Rabinos David Azulay e Yossef Sisro. Importante destacar que o Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo dispõe de fotos desta sinagoga, além de três vídeos do “Projeto Memória”, iniciado em 1992. Espero em breve poder divulgar mais detalhes sobre este projeto.

Pergunto aqui, novamente: você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram ou frequentam as sinagogas da Mooca, ou a Monte Sinai em Higienópolis? Waldir Jacob Rotband Marchtein comentou que os tios moravam na Mooca. E você, ou familiares, moraram na região da Mooca, ou em bairros próximos?

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

Escreva para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...