segunda-feira, 29 de julho de 2019

Congregação Israelita Ortodoxa Kehal Chassidim - Kehal Chassidim Ratzfert


Rua Mamore- Google- Street View - fev.2018
A Congregação Israelita Ortodoxa Kehal Chassidim, ou Kehal Chassidim Ratzfert situa-se, ou estava situava, à Rua Mamoré, no Bom Retiro. De linha Chassidica Ashkenazi, há pouca informação disponível na internet, ou em livros consultados até o momento, relacionadas a esta sinagoga. Podemos verificar que a data de abertura, como Empresa/CNPJ, é 3 de fevereiro de 1970.
De acordo com a Lei 6904/90 | Lei nº 6.904, de 26 de junho de 1990, o Governador do Estado de São Paulo, fez saber que a “Assembléia Legislativa decreta e o Governador promulga a seguinte lei: Artigo 1º - Fica declarada de utilidade pública a "Congregação Israelita Ortodoxa Kehal Chasidim", com sede na Capital. Artigo 2º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.  Palácio dos Bandeirantes, 26 de junho de 1990. Orestes Quércia. Publicada na Assessoria Técnico - Legislativa, aos 26 de junho de 1990”.
Na Tese de Doutorado de Daniela Susana Segre Guertzenstein, “O uso do computador e da Internet pela comunidade judaica ortodoxa paulistana” apresentada para a FFLCH da USP, sendo Marta Topel a orientadora, registra que em 1958 chegou a São Paulo o Ratzferter Rebe Ioel Beher, nascido na Austria. De formação rabínica ultra-ortodoxa, estudou advocacia, e vários membros de sua comunidade estudaram em universidades brasileiras. Daniela escreve que a Congregação Israelita Ortodoxa Kehal Chassidim começou sob a liderança espiritual de Rebe Ioel Beher, e abriga uma ampla rede de serviços de assistência social, além de centro de estudos, o Kolel Shlomei Eliezer, tendo como responsável o Ruv Ytzchak David Horowitz e líder espiritual Zicha Beer.
Já o livro “Dialógos entre as Culturas Judaica e Contemporânea", do Instituto Cultural Interface, revisão de Miriam Schuartz, e de vários autores, podemos ler o texto a seguir: “No Brasil existem vários grupos de judeus ultra-ortodoxos, e ortodoxos, e São Paulo é a cidade que agrega o maior número destas comunidades. Havia no bairro do Bom Retiro, na cidade de São Paulo o Rebbe de Ratzfert, o Rebbe Beher...Hoje seu filho está com projeto de mudar-se para os Estados Unidos, e seu genro, que se mudou do Bom Retiro para a região de Higienópolis, é o rabino responsável por costumes judaicos rabínicos como tradições judaicas...”
Há a indicação de que o Rabino Itzhak D. Horowitz e o Rabino M. Z. Beer d’Ratzfert integram o Conselho Rabínico do Estado de São Paulo, composto também pelos Rabinos Jacob Begun, Henrique Begun, Eliahu B. Valt, Efraim Laniado, Meir A. Iliovits, Jacob Garzon, Isaac Dichi e David Weitman.
Você frequentou ou frequenta a Kehal Chassidim Ratzfert, ou conhece que fez parte desta sinagoga? Escreva para mim no e-mail myrirs@hotmail.com ou deixe seu comentário aqui...

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita - Alameda Ribeiro da Silva

Indicação da Al. Ribeiro da Silva em 1954
Mapa Digital da cidade de São Paulo - Mapeamento 1954 - Vasp Cruzeiro
 http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br

Durante uma conversa, em 08 de março de 2018, Rabino Shimon Brand, como já publicado numa postagem deste Blog, comentou sobre alguns minianim e/ou sinagogas em São Paulo, em que busco mais detalhes: Rua Cubatão (dos franceses, família Danek), Leyad (composta por judeus da Bahia, famílias Faintuch, Apsan, e situada na Barra Funda, ao lado da Casa de Cultura de Israel), Clube Luso (no Bom Retiro) e a “Sinagoga dos Tmeim” (Alameda Ribeiro da Silva). Sobre esta última sinagoga, encontramos algumas informações em livros publicados, em pesquisas, dissertação de Mestrado e também na internet, como vemos a seguir...

Rua Itaboca e Al. Ribeiro da Silva em 1930
Mapa Digital da cidade de São Paulo - Mapeamento 1930 - Sara
http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br
Beatriz Kushnir, em seu livro “Baile de Máscaras” procura resgatar a histórias das prostitutas polacas nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos. Cita a organização destas em sociedades beneficentes que providenciavam sinagoga, serviços religiosos, cemitério e ajuda, construindo um mundo judaico à parte do restante da comunidade judaica. Em São Paulo, fundaram a Sociedade Feminina Religiosa e Beneficente Israelita, em 30 de junho de 1924, adquirindo um terreno em 1926 para a construção do Cemitério Israelita de Santana (Chora Menino). Instalaram-se à Alameda Ribeiro da Silva, 44, em 1944, em um edifício em que passou a funcionar também uma sinagoga, edifício este já demolido. O prof. Nachman Falbel também se refere ao assunto no livro “Os Judeus no Brasil”, assim como sra. Eva Blay, em “Gênero, resistência e identidade: imigrantes judeus no Brasil”,  como nos mostra Enio Rechtman, em sua Dissertação de Mestrado “Itaboca, rua de triste memória: imigrantes judeus no bairro do Bom Retiro e o confinamento da zona do meretrício (1940-1953)”, Tese apresentada em 2015, ao Programa de Pós-Graduação do Centro de Estudos Árabes e Judaicos do Depto. de Letras Orientais da FFCLH da USP, sob orientação de Marta Topel. Enio Rechtman, em sua Tese, apresenta uma entrevista, citando que esta sinagoga à Alameda Ribeiro da Silva possuía um Chazan, seguia as rezas e possuía uma Torah em seu Aron Hakodesh. Quanto ao Cemitério de Santana/ Chora Menino, foi desativado e os restos mortais foram transferidos para o Cemitério Israelita do Butantã.  Em relação ao Cemitério Israelita de Santana (Chora Menino) o livro de Guilherme Fainguenboim, Paulo Valadares e Niels Andreas, “Os Primeiros Judeus de São Paulo - Uma breve história contada através de Cemitério Israelita da Vila Mariana” apresenta a abertura e o fim deste cemitério, e a relação dos transladados para o Butantã. A historiadora Paula Janovitch também refere-se ao assunto, tendo realizado, como podemos ver em matéria da Revista ZN de abril de 2017, um encontro/passeio em 29 de abril daquele ano, em que a proposta, em conjunto com o SPSafari, era a de apresentar o Bom Retiro, a antiga sinagoga nos Campos Eliseos, o Cemitério da Consolação e o do Chora Menino.

Você possui alguma informação sobre esta sinagoga? Poderia compartilhar, deixando um comentário aqui ou enviando para o e-mail myrirs@hotmail.com ?

segunda-feira, 8 de julho de 2019

“Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Talmud Torah” e site das sinagogas


Foto do site  
https://sinagogasemsaopaulo.wordpress.com/ 
Ao visitar o Centro de Memória do Museu Judaico em São Paulo, no dia 03 de julho de 2019, foi possível verificar diversas fotos de vários momentos da Sinagoga Talmud Thora. Aqui compartilho algumas delas. E, caso queiram divulga-las, e conhecer as demais, visitem o Centro de Memória e solicitem autorização. As informações abaixo foram inseridas no site https://sinagogasemsaopaulo.wordpress.com/ . Acompanhem o site também!

Bairro: Bom Retiro - São Paulo - Brasil 
Localização: Rua Talmud Thora, antiga Rua Tocantins

Fundação em 1933 e edifício inaugurado em 1946. A Sociedade Israelita Brasileira de Ensino Talmud Torah (ou Sociedade Brasileira de Instrução Religiosa Talmud Tora) recebeu o nome de Centro de Israel Talmud Torah Beth Jacob, segundo a Enciclopédia Judaica, vol.3, pág. 1118, e iniciou suas atividades em uma casa alugada na Rua Newton Prado. Posteriormente ocuparam uma casa alugada na Rua Tocantins

Escola: em 28 de setembro de 1934 foi adquirido o imóvel da Rua Tocantins, 296, onde foi construída a nova sede da Escola Talmud Thora, fundada em 1933 e ligada à Sociedade Israelita Brasileira de Ensino Talmud Thora.  O edifício da escola foi inaugurado em janeiro de 1937. E, em 1946, inaugurou-se a Sinagoga desta Sociedade, no mesmo endereço.
Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
Projeto: Bruno Cocianovitch

Descrição do edifício: Em sua sede projetada por Bruno Cocianovitch funcionavam além da sinagoga, um jardim de infância, uma escola primária, escola técnica de comércio, salão de festas e reuniões...” Uma escadaria conduz ao piso principal. Com a mesma disposição interna das demais edificações das sinagogas já apresentadas, os bancos em madeira permanecem alinhados, e um corredor central conduz à Bimah e ao Aron Hakodesh. Porém, o espaço era, e ainda é, muito mais amplo. Desta forma, há mais dois corredores laterais, um de cada lado em relação ao corredor central e, também, mais dois conjuntos de bancos alinhados. O aspecto dos bancos era semelhante às sinagogas já estudadas. É possível supor, mas não afirmar, que tenham sido executados por um mesmo marceneiro. 


Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
Ou seguiam o modelo de sinagogas europeias, das cidades de origem dos imigrantes judeus que aqui chegaram. A Bimah, em piso elevado, ocupava posição central no espaço da sinagoga, cercada por um gradil em madeira. Uma ampla luminária também se destaca no conjunto. O Aron Hakodesh à frente permanecia coberto por uma paróchet e na parede acima desta, leões ficavam ao lado dos Dez Mandamentos. Um arco emoldurava a parte superior, assim como uma Maguen David. O acesso ao setor feminino dava-se por uma escadaria e uma mureta, ou uma divisória, formada por uma meia-parede com moldura em relevo e por vidro, permitia que as mulheres acompanhassem as Tefilót. Havia, também, placa com os nomes dos fundadores, assim como as de homenagem aos frequentadores falecidos. Pode-se dizer que era uma sinagoga ampla, clara, pintada de azul com piso de madeira. Não tinha microfone, coral ou chazan residente. A cada ano se contratava um chazan profissional. Os bancos à frente, e que estavam ao lado do Aron Hakodesh, eram ocupados pelos Rabinos Valt e Munkatecher Rebe, e pelos fundadores da sinagoga.

Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
Situação atual: A Sinagoga Talmud Thora é a mais antiga sinagoga de São Paulo em funcionamento no mesmo local, aberta diariamente com dois horários de Shacharit, horário de Minchá e Maariv, aulas e estudos, e é claro, com muitos frequentadores nos Shabatót e Chaguim. Hoje em dia, esta sinagoga e a Escola Lubavitch-Gani ocupam um amplo espaço, permanecendo interligadas internamente. Esta situação teve início em 1997, quando a Sinagoga Lubavitch, localizada à rua Correa dos Santos (atual Rua Lubavitch) uniu-se à Sinagoga Talmud Thorá, passando a atuar em um único local. Mais tarde, uniu-se também a Escola Talmud Torá à Associação Beneficente Cultural Lubavitch “por intermediação do Sr. Samuel Klein, dando início à construção das novas instalações da nova sede do Gani Talmud Thorá. Em relação ao espaço interno, mantem-se na sua configuração original. Porém, o acesso ao espaço interno é feito pelo páteo da escola, tendo sido mantida, no entanto, a porta principal na fachada do edifício. Os bancos em madeira estão muito bem conservados, mas receberam um revestimento em tecido vermelho, oferecendo maior conforto aos frequentadores. 
Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
As plaquinhas antigas, com os nomes dos frequentadores, permanecem afixadas nos encostos dos bancos. Os vitros laterais, translúcidos, foram substituídos, mantendo, no entanto, o desenho e aparência originais, com bordas arredondadas na parte superior. A Bimah, em piso elevado, ocupa posição central no espaço da sinagoga, cercada por um gradil em madeira. Uma ampla luminária também se destaca no conjunto. O Aron Hakodesh à frente permanece coberto por uma paróchet azul bordada. Na parede acima desta, leões ladeiam os Dez Mandamentos. Um arco emoldura a parte superior, assim como uma Maguen David. O acesso ao setor feminino dá-se por uma escadaria. Uma mureta, ou uma divisória, formada por uma meia-parede com moldura em relevo e por vidro, permite que as mulheres acompanhem as Tefilót. A placa com os nomes dos fundadores, assim como as de homenagem aos frequentadores falecidos permanecem no hall de entrada da sinagoga.

Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
District: Bom Retiro - São Paulo Brazil

Location: Talmud Thora Street, former Tocantins Street

The Talmud Torah (or Brazilian Society of Religious Instruction Talmud Torah) was founded in 1933 and began his activities in a rented house on Newton Prado Street. Later they occupied a rented house in Tocantins Street.

On September 28, 1934, was acquired the property of Tocantins Street, where was built the new headquarters of the Talmud Thora School, founded in 1933 and linked to the Talmud Thora Teaching Society. The school building was inaugurated in January 1937. And in 1946, the Synagogue of this Society was inaugurated at the same address.

Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
Project: Bruno Cocianovitch

Description of the building: A synagogue, a kindergarten, an elementary school, a technical school of commerce, a ballroom and meetings were set up at its headquarters designed by Bruno Cocianovitch ... A staircase leads to the main floor. With the same internal arrangement of the other synagogue buildings already shown, the wooden benches remain aligned, and a central corridor leads to Bimah and Aron Hakodesh. But space was, and still is, much broader. In this way, there are two more lateral corridors, one on each side in relation to the central corridor and, also, two more sets of benches aligned. The benches' appearance was similar to the synagogues already studied. It is possible to suppose, but not to assert, that they have been executed by the same carpenter. Or they followed the model of European synagogues, the cities of origin of the Jewish immigrants who arrived here. Bimah, on a raised floor, occupied a central position in the space of the synagogue, surrounded by a wooden railing. A large luminaire also stands out in the set. The Aron Hakodesh in the front, was covered with a “parochet” and, on the wall above it, lions stood next to the “Ten Commandments”. An arch framed the top, just like a Magen David. Access to the women's section was through a staircase and a wall, or a partition, formed by a half-wall with a raised frame and glass, allowed the women to follow the Tefilót. There was also plaque with the names of the founders, as well as the names of the deceased patrons. It could be said that it was a broad, clear synagogue, painted blue with wooden floors. There was no resident microphone, choir or chazan. Each year a professional chazan was hired. The benches at the front, which were next to the Aron Hakodesh, were occupied by the Rabbis Valt and Munkatecher Rebbe, and by the founders of the synagogue.

Foto Sinagoga Talmud Thora-
Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo
Current situation: The Talmud Thora Synagogue is the oldest synagogue in São Paulo operating in the same place, open daily with two Shacharit schedules, Minchá and Maariv timetables, classes and studies, and of course, with many goers inShabbatot and Chaguim. Nowadays, this synagogue and the Lubavitch-Gani School occupy a large space, remaining interconnected internally. This situation began in 1997, when the Lubavitch Synagogue, located at Correa dos Santos Street (now Lubavitch Street), joined the Talmud Thorá Synagogue, and began to operate in only place. Later, the Talmud Torah School was also joined by the Lubavitch Cultural Benevolent Association "through the intermediary of Mr. Samuel Klein, beginning the construction of the new premises of the new headquarters of Gani Talmud Thorá. In relation to the internal space, it remains in its original configuration. However, access to the internal space is done by the school's courtyard, but the main door has been kept on the facade of the building. The wooden benches are very well maintained, but they have been red fabric covered, offering more comfort to the regulars. The old plaques, with the names of the patrons, remain on the back of the seats. The translucent side windows were replaced, while maintaining the original design and appearance, with rounded edges at the top. Bimah, on a raised floor, occupies a central position in the synagogue space, surrounded by a wooden railing. A large luminaire also stands out in the set. The Aron Hakodesh at the front remains covered with a blue embroidered parochet. On the wall above this, lions line the “Ten Commandments”. An arch frames the top, and also a Magen David. Access to the female sector is by a staircase. A wall, or a partition, formed by a half-wall with embossed frame and glass, allows the women to accompany the Tefilót. The plaque with the names of the founders, as well as those of homage to the deceased patrons, remain in the synagogue's foyer.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Engenharia com arte - texto de Gilberto Lerner - Sinagoga Beth-El e Museu Judaico


Engenharia com arte - Gilberto Lerner

Recebi o lindo texto abaixo, e, com a autorização do autor, Gilberto Lerner, compartilho-o neste espaço, agradecendo a oportunidade de divulga-lo...

“Ao chegar nesta época em que faço 30 anos de formado resolvi textualizar minhas reflexões. Estou ampliando e restaurando a antiga sinagoga Beth EI. Nesta mesma época há uns 10 anos atrás passei para visitar a sinagoga em Rosh Hashana. Era um hábito, com meu amigo e nossas famílias, de visitarmos a cada ano uma sinagoga diferente. Aqui, estava cheio e vibrante.

Anos depois entrei e um arrepio passou pelo meu corpo. Estava para iniciar os trabalhos onde meus pais se casaram ao final da década de 50. Um fruto cai perto da árvore, mas desta vez estava no pé perto da raiz.

Fazer engenharia com arte, um objetivo, e, mais que isto, envolvido com religião e história. Ao restaurarmos a fachada, no final de 2013, esta era uma cela enorme na minha frente. Pensar em desenhar, com as divisões de cada pano de fachada, fazendo alusões a pedras sobrepostas. Deixar claro, a quem estava executando, que as faces de encontro dos volumes existentes deveriam ser delineadas como se fossem traços sobre um desenho sobre papel. Restaurar os vitraux e acompanhar, com registro fotográfico, o trabalho de cada profissional artesão que, para minha surpresa, viraria um livro com todo este processo. O poder da luz que penetra pelos vidros, trazendo as cores através de sua transparência.

Encantador...

Estar andando por esta obra do arquiteto Samuel Roder e se deixar imaginar em uma arquitetura com vitroux que lembram uma árvore da vida, com seus desenhos no estanho e nas suas core. Não tem como descrever...tem que ver e sentir...Inclinar a cabeça e olhar para cima desta cupula apoiada em 7 pilares com seu lustre pendurado.

Ainda guardo uma foto da década de 50 no casamento dos meus pais, onde os lustres iluminavam a cerimônia, deixando os meus pais em seu reflexo. Um Museu, com certeza, onde encontramos a nossa própria história, e onde nos sentimos fazendo parte dela. E, ao mesmo tempo, restaurar as letras do portal de entrada do profeta Isaías em que anuciam: Kl VETí BÊT TEFILÁ YICARÊ LECHOL HAAMíM -
MINHA CASA SERÁ CHAMADA UMA CASA DE ORAÇÃO PARA TODAS AS NAÇÕES

Restaurar...na entrada, revitalizar as madeiras das portas, e descobrir o dourado das pilastras... Adentro a antiga sinagoga e deparo diariamente com o Aron HaKodesh e os Leões que, no lugar de anjos, seguram as Tábuas com Dez Mandamentos. Lembram-me do caminho a seguir.

Ano passado também tive o mesmo sentimento, ao arrumar o espaço para as Festas... estávamos pintando os tapumes. E este ano também melhoramos com a visita de autoridades brasileiras. Parece que faz parte do local estar se preparando para as Festas Judaicas. É como se tivesse uma vida, um ritmo próprio. Lugar onde várias cerimônias, várias festas ocorreram e, mais do que isto, muitas orações.

Mesmo estando aqui nos trópicos me sinto direcionado, sei, ao entrar, que estou olhando para Jerusalém e, mais do que nunca, unidos com quem está por lá querendo Shalom, Paz para Israel.

Outras etapas nos esperam. Ainda temos as cúpulas, que ao descobrirmos suas mantas, encontramos ladrilhos cerâmicos brancos com faixas azuis como se fossem grandes kipót.

Passo pela porta central e me deparo com o Profeta Daniel na escultura do Gershon Knispel, segurando um filhote de Leão para se salvar da alcova dos Leões.

Penso, às vezes, nas pessoas que passaram e estudaram este espaço. Informaram-me que o arquiteto modernista Warchavchik teria feito um estudo de um projeto. Tenho, em minha sala, um desenho de estudo da arquiteta Rosa Kliass, onde as grades externas da sinagoga acompanhariam o estilo das grades do viaduto da Rua Martinho Prado integrando com a cidade de São Paulo.
A oportunidade de encontrar o artista plástico Knispel, para ver para onde voaria sua pomba, escultura que aqui dentro estava, e o encontro com o Rab. David Weitman, ao aprovar que esta fosse para a sinagoga da Rua da Graça. Neste encontro, o Rabino dizia “fique firme, Gilberto”.

E aqui estou...

Um trabalho que faz sentido, nos faz ultrapassar uma série de obstáculos. mas com um grandioso propósito de construir um Museu Judaico com visibilidade internacional, para expor sobre a imigração de 500 anos do Brasil do qual faço parte. Tento estar presente e já me sentir no Museu, pois o tempo passa...
Como passou para todos, que aqui um dia oraram por uma vida melhor!

Elul 5774”

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Você frequenta, ou frequentou, qual sinagoga em São Paulo?


Antiga diretoria da Sociedade Brasileira de Ensino Talmud Thora - S.Paulo
Foto: Enciclopédia Judaica- Ed. Tradição- R.Janeiro

Você frequenta, ou frequentou, qual sinagoga em São Paulo? Quais suas memórias relacionadas a estas sinagogas das quais fez ou faz parte? Qual sinagoga? Em qual bairro morava? Como era esta sinagoga qda qual fazia parte? Lembra-se do aron Hakodesh, da Paróchet, da Bimah, bancos, janelas, pinturas, iluminação? Saberia dizer quem a construiu? Quem a frequentava? Você estudava na escola vinculada a esta sinagoga? E sobre a sinagoga da qual participa atualmente? Conte e compartilhe detalhes, fotos e histórias...

Venho, há um tempo, buscando informações sobre as sinagogas da cidade. E muitas pessoas tem contado o que sabem relacionadas ao tema, principalmente no Facebook, instagram e por e-mail...E aqui compartilho mais um pouco os comentários publicados relacionados a Sinagoga Talmud Thora e Sinagoga Lubavitch, e ao bairro do Bom Retiro.

Por exemplo, em “Memorias Paulistanas”, Wagner Daniel de Godoy contou que trabalhou na Rua Correia dos Santos, 34, entre 1979 e 1982: “A empresa situava-se de frente para a Sinagoga. Naquela época o local era muito tranquilo, não sei como é hoje. Ali perto tinha o "Restaurante da Tia Sara", como era conhecido, que servia pratos kosher. Era frequentado por não-judeus também. Tinha também uma boa padaria ali perto. Não sou judeu e eu trabalhava à noite, quando tudo já estava fechado...” Gilberto Fázzio escreveu: “O Bom Retiro foi aos poucos sendo substituído por Higienópolis e Jardins.  Que pena! Um bairro que me traz boas lembranças. Morava em Tucuruvi, as vezes frequentava a sinagoga azul da Rua da Graça. Trabalhava no Bom Retiro”. Maria Cristina Vargas Barbosa Dos Santos comentou: “Tivemos loja na Rua José Paulino durante 12 anos! Foi uma época cheia de aprendizados. Quando meus pais fecharam a loja em 1991, fui trabalhar numa multinacional aonde conheci meu marido. O relacionamento entre os moradores do bairro era amistoso Éramos os únicos "gois" na época! Tivemos bons vizinhos! Conhecemos grandes histórias de vida! Sou muito curiosa a respeito da históriado povo judeu! Inclusive estou lendo um livro a respeito!” E Alice Hofer comentou que trabalhou num escritório de contabilidade na Rua José Paulino. Adorava passear pelas lojas no horário de almoço. Bons tempos!”

Na página “Jewish Brasil” Duda Auerbach publicou: “Talmud Thorá...longa história no judaismo de São Paulo, na rua Tocantins, agora revivida com o pessoal do Lubavitch, que bom!!!! Eu frequentava "der groisse schil" na rua Newton Prado, os fundos davam para a rua Tocantins, o Knesset Israel, parece-me ter sido fundado em 1916, construção grandiosa...o schil propriamente dito era todo pintado com cenas do Tanach, o prédio original foi demolido e no lugar erguido um de concreto. A motivação? A diretoria achava que o schil não comportava muita gente, filhos, netos...O que aconteceu? Os filhos deixaram de ir à sinagoga (nem Rosh Hashná) e os netos desconheciam completamente. A coletividade perdeu, e quem ganhou? Passei a minha infância tendo ela como centro, fiz ali o meu Bar-Mitzvah...” Jaime Morgensztern comentou que estudou dos 3 anos até Bar Mitzvah ali no Talmud Thora...um patrimônio do judaísmo. “Segre Kdd” escreveu: “Faço shaccarit nela toda segunda e quinta. Muito bom!” Michele Rachel Ventura Danciger também participou dos comentários: “Na minha época de Renascença do Bom Retiro tive alguns colegas que chegaram a estudar no lendário Talmud Tora, que hoje em dia se chama Talmud Thora Gani!!!!! Josette Miriam Farber, você tem alguma foto do Reynan Farber, do Ivan Marc Farber ou até mesmo da sua sobrinha Daniela ou do seu sobrinho Dani no antigo Talmud Tora?” Reynan Farber respondeu a Michele Rachel Ventura Danciger: “Sim estudamos lá!! Não era uma escola!! Era uma família!! Muitas saudades!! Preciso procurar as fotos!! Histórias tem muitas para contar!!” Luiz Fernando Chimanovitch estudou no Lubavitch ainda na época da Correia dos Santos: “Aprendi a ler e escrever la. Hebraico. Muitos bons tempos! As melhores festas eram em Simchat Tora. A rua era fechada todos íamos dançar com a torah... tinha as bandeirinhas com maçãs na ponta, os rabinos bebiam muito. Era o começo da primavera, noites gostosas”(comentário também em Artision).

Na página “Jews”, Leny Ben Shimol registrou: “Eu estudei no Talmud Thora e toda vez que vou ao Brasil venho nessa sinagoga, e pena que não tenho fotos daquele tempo que estudei lá...”

Em “Shofar Tupiniquim” Ester Szajman contou que ficou noiva em 1969, o Rabino Begun foi quem oficializou o noivado e a festa "kosher" foi no salão de festas da Sinagoga Talmud Thora.


Reedito este post em 02/09/2019 para acrescentar a informação a seguir: Por whatsapp, Marcelo Thalenberg contou: “Tenho muitas histórias do Talmud Thora: Meu avô, Iehuda Baruch Thalenberg, conhecido como Júlio, era frequentador, fiz meu Bar-Mitzvah nela, o Bnei Akiva começou nos salões de lá, o Abrao Cynamon começou lá o buffet kasher e, ao mesmo tempo, cuidava dos enterros na Chevra! Posso te dar o contato do Jaime Cynamon, que foi meu colega de Rena e também, no final, o Zig Mermelstein foi diretor de lá... Eu me lembro que nas Festas meu avô rezava, também, numa sinagoga escondida num prédio da Rua Graça em frente à sinagoga azul... Meu pai e meus tios frequentavam, mas não no dia a dia, mas nos Yurtzait e Festas quando meu avô era vivo. Meu professor de Bar-Mitzvah foi o Júlio leser que fez Aliá. Tenho foto no salão no meu Bar-Mitzvah, frequentei o Bnei Akiva lá, e vários movimentos...mas para mim o melhor foi na CIP.... O Rabino Valt filho pode falar de lá!”

Registre aqui suas lembranças e histórias, antigas ou atuais... Até a próxima postagem!!!