Recebi o lindo
texto abaixo, e, com a autorização do autor, Gilberto Lerner, compartilho-o neste espaço,
agradecendo a oportunidade de divulga-lo...
“Ao chegar
nesta época em que faço 30 anos de formado resolvi textualizar minhas reflexões.
Estou ampliando e restaurando a antiga sinagoga Beth EI. Nesta mesma época há
uns 10 anos atrás passei para visitar a sinagoga em Rosh Hashana. Era um hábito,
com meu amigo e nossas famílias, de visitarmos a cada ano uma sinagoga
diferente. Aqui, estava cheio e vibrante.
Anos depois
entrei e um arrepio passou pelo meu corpo. Estava para iniciar os trabalhos
onde meus pais se casaram ao final da década de 50. Um fruto cai perto da árvore,
mas desta vez estava no pé perto da raiz.
Fazer
engenharia com arte, um objetivo, e, mais que isto, envolvido com religião e
história. Ao restaurarmos a fachada, no final de 2013, esta era uma cela enorme
na minha frente. Pensar em desenhar, com as divisões de cada pano de fachada,
fazendo alusões a pedras sobrepostas. Deixar claro, a quem estava executando,
que as faces de encontro dos volumes existentes deveriam ser delineadas como se
fossem traços sobre um desenho sobre papel. Restaurar os vitraux e acompanhar,
com registro fotográfico, o trabalho de cada profissional artesão que, para
minha surpresa, viraria um livro com todo este processo. O poder da luz que
penetra pelos vidros, trazendo as cores através de sua transparência.
Encantador...
Estar
andando por esta obra do arquiteto Samuel Roder e se deixar imaginar em uma
arquitetura com vitroux que lembram uma árvore da vida, com seus desenhos no
estanho e nas suas core. Não tem como descrever...tem que ver e sentir...Inclinar
a cabeça e olhar para cima desta cupula apoiada em 7 pilares com seu lustre
pendurado.
Ainda guardo uma foto da década de 50 no
casamento dos meus pais, onde os lustres iluminavam a cerimônia, deixando os
meus pais em seu reflexo. Um Museu,
com certeza, onde encontramos a nossa própria história, e onde nos sentimos
fazendo parte dela. E, ao mesmo tempo, restaurar as letras do portal de entrada
do profeta Isaías em que anuciam: Kl VETí BÊT
TEFILÁ YICARÊ LECHOL HAAMíM -
MINHA CASA
SERÁ CHAMADA UMA CASA DE ORAÇÃO PARA TODAS AS NAÇÕES
Restaurar...na entrada,
revitalizar as madeiras das portas, e descobrir o dourado das pilastras... Adentro
a antiga sinagoga e deparo diariamente com o Aron HaKodesh e os Leões que, no
lugar de anjos, seguram as Tábuas com Dez Mandamentos. Lembram-me do caminho a
seguir.
Ano passado
também tive o mesmo sentimento, ao arrumar o espaço para as Festas... estávamos
pintando os tapumes. E este ano também melhoramos com a visita de autoridades brasileiras.
Parece que faz parte do local estar se preparando para as Festas Judaicas. É
como se tivesse uma vida, um ritmo próprio. Lugar onde várias cerimônias, várias
festas ocorreram e, mais do que isto, muitas orações.
Mesmo
estando aqui nos trópicos me sinto direcionado, sei, ao entrar, que estou
olhando para Jerusalém e, mais do que nunca, unidos com quem está por lá
querendo Shalom, Paz para Israel.
Outras
etapas nos esperam. Ainda temos as cúpulas, que ao descobrirmos suas mantas,
encontramos ladrilhos cerâmicos brancos com faixas azuis como se fossem grandes
kipót.
Passo pela
porta central e me deparo com o Profeta Daniel na escultura do Gershon Knispel,
segurando um filhote de Leão para se salvar da alcova dos Leões.
Penso, às
vezes, nas pessoas que passaram e estudaram este espaço. Informaram-me que o
arquiteto modernista Warchavchik teria feito um estudo de um projeto. Tenho, em
minha sala, um desenho de estudo da arquiteta Rosa Kliass, onde as grades
externas da sinagoga acompanhariam o estilo das grades do viaduto da Rua
Martinho Prado integrando com a cidade de São Paulo.
A
oportunidade de encontrar o artista plástico Knispel, para ver para onde voaria
sua pomba, escultura que aqui dentro estava, e o encontro com o Rab. David Weitman,
ao aprovar que esta fosse para a sinagoga da Rua da Graça. Neste encontro, o
Rabino dizia “fique firme, Gilberto”.
E aqui
estou...
Um trabalho que faz sentido, nos faz
ultrapassar uma série de obstáculos. mas com um grandioso propósito de
construir um Museu Judaico com visibilidade internacional, para expor sobre a
imigração de 500 anos do Brasil do qual faço parte. Tento estar presente e já
me sentir no Museu, pois o tempo passa...
Como passou para todos, que aqui um dia oraram
por uma vida melhor!
Elul 5774”
O Engenheiro Gilberto Lerner é digno de muitos elogios é uma pessoa que realiza as suas ações coração aprendizado e resolutividade. Merece ser homenageado por sua capacidade e humildade. Ele é daquelas pessoas que faz parte da Meritocracia . Ele é extremamente confiável um Engenheiro completo.
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