quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Quais sinagogas vocês frequentam ou frequentaram em São Paulo?

Interior da Sinagoga do Centro Israelita do Cambuci

Aqui compartilho diversos comentários relacionados às sinagogas que cada um frequenta, ou que seus respectivos familiares frequentavam, em São Paulo.

Na postagem "A Associação Beneficente Israelita Brasileira Bessarabia - Bessarabia Farain - no Bom Retiro”, há o registro: “Sei que meu avô Daniel veio no mesmo navio dos Teperman (eram irmãos de navio), deu aulas de idishe no Renascença, e era membro da associação. Seu nome era Daniel Nimtzovich, mas seus primos assinavam Nimcowicz”.

Por e-mail, Hugo Kiper contou: “Meu nome é Hugo Kiper. Estudei no Talmud Tora nos anos 1960, e quase todos os dias rezávamos na escola, na sinagoga pequena em Rosh Hashana e Kipur. Lembro-me da sinagoga lotada. Meu Bar Mitzva foi lá. Hoje eu moro em Israel” 

Na página minha página do Facebook Gilda Wajnsztejn contou: ”Não vi antes opost, mas minha familia frequentava a sinagoga da Escola Israelita do Cambuci. Vivíamos nos bairros Lavapés/ Cambuci, meus pais, irmãos, tios e primos. Os filhos estudaram na Escola do Cambuci. Os pais frequentavam a sinagoga em Rosh Hashana/ Yom Kipur, e outras festas. Meu irmão fez Bar-Mitzva lá. Pequena, mulheres em cima, homens embaixo, não tenho fotos infelizmente”.

Agradeço muito o apoio e incentivo de Walter Catarino Antunes, que comentou: “Seu trabalho, de valor inestimável, feito não apenas com a curiosidade acadêmica, mas com muito amor pelas kehilot. Continuo (e certamente muita gente sensível) torcendo para que patrocinadores espertos promovam a publicação de sua obra”.

Já na página da Turma do Bomra, Sophia Sofi contou que frequentou,  desde nenê, o finado Rebe Beer na Rua Mamoré no Bom Retiro. E após ter os filhos, a Sinagoga do Rabino Begun, na Rua Correio dos Santos . Também ia, às vezes, na Sinagoga dos Húngaros, na Rua Tocantins. E completou: “Eu, por sinal adorava o kiguel da Rebetsen z"l esposa do Rebe Beer z"l. Velhos tempos, velhos dias”. Artur Wasserfirer frequenta a Knesset Israel, rabino Malovani e Avram Stifelman, à Rua Basílio Machado. E lembrou-se: “Temos ainda do rabino Belinov, Natan, Bait, do Ruv Horovitz, Mizachi, Binian Olam e Netivot”. Sra. Amalia Knoploch escreveu que não frequentavam a Bessarabia Farain: “Os meus pais eram da Polônia, da cidade de Opole, mas tinham amigos próximos, como os sogros de meu irmão, que eram da Berssarabia. Eles frequentavam a Polish Farban, eu conhecia a sinagoga da Rua Joaquim Murtinho, estive lá, porém não sabia que ela tinha o nome como aparece, os meus familiares e muitas outras pessoas também de Opole. Quando. se referiam à sinagoga, mencionavam o nome do Leib Knoploch. Vi o texto que o Boris Ber relatou sobre a fundação da referida sinagoga, Machzikei Hadas, são notas que não ficam na memória, já passei dos 80 anos gostei de relembrar. Obrigada por me fazer relembrar a existência desta sinagoga, cujo um dos fundadores foi um parente, Leib Knoploch  z"l, de minha família”.

Em Guia Judaico, Liora Denise avisou que frequentava o Shil da Vila”. E em Net Shuk, os comentários sobre as sinagogas que frequentaram foram feitos por Jimmy Benabou: “Sinagoga Sefaradi do Talmud Thora”, por Maria Elisa Goes Fernandes: “Sinagoga Masorti Shalom”, Marcos Gil: “Sinagoga Talmud Tora na rua Tocantins, acho que hoje mudou o nome da rua, Rosane GL: “Onde hoje é o Ten Yad.” Em Guisheft: Vânia Ejzenberg contou: “Frequentei a sinagoga do Colégio Peretz na Vila Mariana”. E em Jewish Brasil os comentários foram de Boris Ber: “Frequento a Sinagoga Bait” e de Luiz Fernando Chimanovitch: “Meus avós e tios avós que frequentavam o Bessarabe também eram de Brichon /Britchve”

Ressalto também que no Blog, diversos comentários foram publicados, a partir das postagens relacionadas tanto com a crônica do sr. David Milstein quanto com o Bessaraber Fairband. Seguem os textos:

Prof. Walter Catarino: Tocante. Esperamos que a pequena Marina tenha aprendido chamar esse avô de zeide, mantendo seu velho coração yidish aquecido, radiante”. Artur Wasserfirer : “Conheço muito bem o Davi, foi meu madrich no Dror Habonim e meu vizinho na rua Vitorino Carmilo, minha mãe tem era da Bessarabia de Britchon, donde vieram meus avós maternos e também meus tios”. Leila Chnaiderman Aquilino: “Conheci David Roysen, conheci Zisse era meu avô José, que morava na Paraíba , depois vieram para São Paulo, me emocionei muito agora, só que meu sobrenome é sem S , algum erro na chegada ao Brasil, vieram com meu avô minha tia avó Otília , irmã do meu avô. Me emocionei muito obrigada”. Selma Royzen Fisch: “Estou confusa sem saber quem é o autor do texto. Se o autor é sobrinho do tio Moishe, como ele é neto do David Roysen (já que o David era filho do tio Moishe)? Eu sou neta do Jacob Royzen (que era irmão do tio Moishe, e da tia Rachel) ”. Resposta ao comentário: “Selma, eu peço perdão pela confusão. O David Roysen Z"L" era meu primo irmão, e carregamos o nome de nosso avô paterno: David. Ashkenazim somente dão o nome às crianças de pessoas já falecidas. Dos Schnaiderman que viveram no Brasil, somente sei dos três, Zisse (José), Eti (Otilia ) e Shifra (Zina), minha mãe, que descansa em Israel, num campo santo com vista para o Mediterrâneo.) Meus pais fizeram aliá em 1972. Para fechar a historia: Teu tio Moishe Roisen era casado com minha tia Otilia”. E uma pessoa que não se identificou deixou registrado: “Emocionei-me com esse lindo texto. Nossa tradição deve ser mantida pelos zeides e bobes”.

No Facebook, comentários também foram registrados, relacionados às postagens citadas.

Por exemplo, na página Guisheft podemos ver: Eva S. Zellerkraut: “Quantas lembranças das cidades citadas dos meus avós”. Marcia Cytman: “Que bonito, e saudades dos meus avós z"l ao ouvir falar das cidades deles na Bessarabia”. Mauro Bilman: “Show, parabéns! Zeide é bom demais da conta”. Sulami Wanievski: “Legal gostei muito”. Thais Soltanovitch Druker: “Que lindo!” Reinaldo Klass: “Minha avó era de Britshon. Também frequentávamos o Bessarabe Farbanat”. O tio do meu pai, Obe (Alfredo) Vainer, foi presidente de lá”. Na página Jewish Brasil: Betti Epelbaum: “Maravilhoso”. Em Hasbara&Sionismo: Sara Liba Korn: “Meus netos nos chamam de Babe e Zeide.Tenho muito orgulho disso”. Na Turma do Bomra: “Lea Lam:David! Há poucos dias eu e o Henrique Lam  lembrarmos de você e da Esther, muito querida, e das suas filhas. A Dani, Lara, e a Susi. Realmente bateu as saudades dos bons tempo, que você e o Henrique eram tão achegados. O tempo passou e cadê?!” Frida Czarny:Linda crônica, retrata muito bem nosso momeligue, bobe tote azoi chem! Parabéns pela einekle Marina”. Leila Chnaiderman Aquilino: “Conheci David Roysen, conheci Zisse, era meu avô José, que morava na Paraíba, depois vieram para São Paulo, me emocionei muito agora, só que meu sobrenome é sem S, algum erro na chegada ao Brasil, vieram com meu avô minha tia avó Otília , irmã do meu avô. Me emocionei muito obrigada”. Miriam Sapir Siag Landa Landa: “Adorei a crônica, o fato é que a língua idiche praticamente morreu, poucos falam alguns ainda entendem alguns vocábulos, lamentável. Marina vai sim te chamar de zeide, pois a família vai ajudar e insistir. Parabéns pela Marina e pala crônica, muita sensibilidade!!!!!!” Abrão Hleap: “Conheci Moishe Roisen, bem como seu filho David Roisen. Lembro-me do Moishe, Chazan do Bessaraber Farbant. Também fui eleitor do filho, David Roisen, quando foi candidato a vereador em São Paulo”.  Bela Goldstajn Figer: “Que amor de crônica. Certamente ela terá orgulho de chama-lo zeide. Riry Botelho: “Crônica muito bonita, lembrei dos meus avós zeide e babe, adorei”. Paulina Janete Ber: Quando meus netos nasceram, fizemos questão que eles chamassem meu marido de zeide. Alguns anos atrás, no dia dos pais, ele ganhou uma camiseta com os dizeres: Alguns me chamam pelo nome mas as pessoas mais importantes me chaman de zeide”. Eli Szpektor: “O David tem um irmão que se chama Noe e vive em Israel?” Lea Szyflinger: “A sinagoga da Joaquim Murtinho ainda funciona. Quem é o responsável?” Lea Lam: “Bons tempos!” Robinson Rodrigo Canavezzi: “Linda crônica”. Joice Miszputen: “E a pergunta que não quer calar, após alguns anos da publicação desse texto: Marina lhe chama de Zeide?” Em Jews: Lea Weil: “David Milstein, da Barra Funda. Irmao do Noé? Companheiro de tnua’? Sou Raquel Lea, de Porto Alegre”.

Vocês teriam alguma informação relacionada à comunidade judaica da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de suas famílias, quando chegaram e o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Será que ela vai me chamar de Zeide? - Por David Milstein

Publicação do Jornal d'O Shil

A busca por informações sobre o Bom Retiro, a comunidade judaica bessarabe, a sinagoga Bessaraber Farband, e demais sinagogas do bairro, da capital e do interior paulista permanece.  Neste sentido, sr. David Milstein por e-mail escreveu: “Meu tio, sr. Moishe Roysen, foi, durante toda a minha infância, o Chazan dos bessarabe.  Seu filho, David (meu zeide)  foi líder político na zona norte e vereador por São Paulo. A Avenida que corta o Center Norte leva o nome de meu tio. Momeligh, tote mome. Minha mãe era de Iedenitz, cujos descendentes publicaram um livro. Ela era   Schnaiderman. As cidades vizinhas eram  Sucarohn e Britshon , todas margeavam o Rio Dniester.” 

Sr. David encaminhou também a crônica Marina, minha neta. Será que ela vai me chamar de Zeide?”, com o seguinte comentário: “Virou best-seller na internet judaica, e até traduziram para o espanhol e inglês. Minha neta é a beleza do avô, a inteligência do avô, mas o branco dos olhos é sefaradí. Vários avós me cercaram dizendo: "Eu é que deveria ter escrito essa crônica". Daí, virei cronista”. Esta crônica foi publicada no jornal da sinagoga O Shil (Jornal d’O SHIL) em 2011/ 5772. Sr. David acrescentou: “Roberto Strauss fazia comigo o jornal interno do Shil do Itaim, onde colocava minhas crônicas.”

Aqui compartilho a crônica, com a autorização do sr. David Milstein:

Será que ela vai me chamar de Zeide?

"Sei muito pouco. Na verdade, quase nada a respeito de meus avós.

O nome David que carrego comigo é de meu avô materno; e o Noah de meu irmão é do nosso avô paterno. Minha memória tem guardado meu tio Abraham Z”L” descrevendo a saída repentina de meu pai, e mais 10 irmãos, da casa de meu avô, quando a revolução bolchevique bateu às portas deles, e cada um tomando seu caminho. Brasil, Israel e Estados Unidos foram os destinos e ninguém sequer olhou pra traz.

No pequeno shtetl de Yaruga, às margens do rio Dniester, permaneceu o casal de velhos, meus avós, e a espera paciente dos poucos invernos que ainda lhes restava. De Yedenitz, na Bessarabia, saiu minha mãe, que desembarcou em Olinda e foi ao encontro de seu irmão Zisse, residente na capital da Paraíba, João Pessoa. Tudo aconteceu na década de 1930 e, com certeza, o peso maior da bagagem era composto pela dor da separação, pela dúvida com um futuro incerto e uma grande dose de yidishkeit. Não conheci meus avós.

Não tive nunca, ninguém pra chamar de zeide.

Há 4 meses veio ao mundo Marina, minha primeira neta, com seus cristalinos olhos azuis para iluminar nossas vidas.

Será que ela vai me chamar de Zeide? Eta preocupação mais imbecil, a minha. Pois todo mundo corre atrás de outros títulos. Daniela, minha filha mais velha se assina PhD. Alexandre, meu genro é advogado, doutor. No nosso Shil estou rodeado de CEO’s, assessores, professores, doutores, aspones de todos os tipos e extrações, rabinos, bacharéis e mestres .. Mas, Ribonó shel haOlam, eu não quero nenhum desses diplomas, ninguém precisa me chamar de doutor. Cá entre nós eu só queria agora no finalzinho do segundo tempo que alguém me chamasse de Zeide. Motivo? Não Tenho. Eu só queria fazer parte do universo das palavras,

que nesse tresloucado século 21 ainda insisto em falar. Palavras que ouvi em meus primeiros dias de vida e que hoje ninguém sequer balbucia: Naches, Mechaie, Tote, Mome, Bobe, Momeligues e Puikale. Vocês, Paulos, Brunos, Sérgios e Ricardos, acompanhados de Cláudias,

Stephanies e Mônicas que tão rapidamente absorveram o download, delete, page down, facebook, milkshake e notebook, será que não teriam um pequeno espaço para o intraduzível vocabulário de nossos avós?

Terei falhado na minha missão de vida se minha neta não me chamar de Zeide. Terei ajudado a colocar mais uma pá de cal naquilo que já foi uma pujante obra de literatura, cinema e canção. Lembro como se fosse ontem, quando aos domingos visitávamos meu tio Moysés Royzen no Tucuruvi, e naquele preguiçoso ônibus Anhangabaú- Tucuruvi, da linha 042, meus pais evitavam conversar em ídiche. Medo. A Segunda Guerra havia recém terminado e não tínhamos ainda Medinat Israel.

Medo, nunca mais. Passados quase 70 anos e levamos para o campo santo nossas Chaikes, Mindels, Sures, Yankels, Moishes e Shloimes.

Será que os que ficaram não devem carregar nada desse delicioso fardo cultural que ainda pode terminar num banquete de guefilte fish, vareneques, qnichiklech mit abissale shmaltz?

Marina, minha querida primeira neta, nossa mais recente razão de viver, teu velho avô não tem muito a pedir para você. 

Eu tenho sim é que falar com o Patrão, lá em cima, e pedir por você saúde, felicidade e que esta vida te traga somente alegrias. E se, no meio de toda essa parafernália em que vivemos, entre as aulas que você certamente terá de inglês, francês, bat mitzvá, karatê, judô, natação, rikudei am, yoga e aquele namoradinho que não para de telefonar, se der um tempinho:

Será que você poderia me chamar de ZEIDE???”