terça-feira, 26 de maio de 2020

Familiares das comunidades judaicas de Bauru e Marília

Casamento sra. Ida Tcherniakowski e Sr. Moyses Zatz
Foto enviada por sra. Pecia Brez
Em busca de mais detalhes sobre a comunidade judaica de Bauru, conversei com sra. Pecia Brez, que atualmente reside em Serra Negra. Sra. Pecia nasceu em Erechim (RS), a mãe, sra. Firmina, era da Colônia de Quatro Irmãos e o pai, sr. David Tcherniakowski, ao chegar ao Brasil, rumou para a região sul do país. Eram de origem russa. Duas tias de sra. Pecia residiam em Bauru no quando os pais se estabeleceram na cidade. Sra. Pecia cresceu e estudou em Bauru, o pai, sr. David, teve uma fábrica de camisas. A família mudou-se para São Paulo quando os irmãos começaram a entrar na faculdade, época em que a comunidade judaica da cidade já estava diminuindo e ocasião em que muitas famílias também se mudaram para Santo André. 


Casamento sra. Ida Tcherniakowski e Sr. Moyses Zatz
Foto enviada por sra. Pecia Brez
A comunidade judaica de Bauru era tradicional, muito unida, era formada por mais de 40 famílias, realizavam as festas judaicas além de outras comemorações, como Bar-Mitzvót e casamentos. O pai de sra. Pecia ajudava nas rezas, sr. Samuel Sirota era o chazan da sinagoga, e esta não possuía um rabino.

Sra. Pecia encaminhou fotos, nas quais vemos o casamento da irmã, sra. Ida, com sr. Moyses Zatz, e em que sra. Pecia foi a “dama de honra”. O casamento ocorreu por volta de 1956, celebrado por um senhor da família Nestrovsky. A Chupá ocorreu em um espaço aberto, na sinagoga. Depois de casados, sra. Ida e sr. Moyses foram morar em Porto Alegre. Temos também a foto do Bar-Mitzva do irmão de sra. Pecia, sr. Isaac.


Bar-Mitzvah de Isaac, irmão da sra. Pecia Brez
Foto enviada por sra. Pecia Brez
Ainda em relação à comunidade judaica de Bauru, no Facebook, em Guisheft Anúncios e Vendas, Mario Zimbarg comentou: “Família Zommer também imigraram pra Bauru”. 

E na minha página,  Betti Epelbaum escreveu: “Sou a morá Batia. Conterrâneos de minha mãe, que era de uma cidade pequena perto de Vilna, na Lituânia, moraram em Vera Cruz e Garça perto de Bauru. Um era o tio Yossef Markus, esposa (z"l) e filha Chana. E seu sobrinho Luiz Markus. (z"l). Este e sua esposa Miriam tiveram 4 filhos. Não sei mais nada deles... a filha mais velha se chama Eva, foi professora no
Sr. Yossef Markus,
(tio de sra. Betti Epelbaum),
 e seu sobrinho Luiz
e sua filha Chana z"l
Foto enviada por sra. Betti Epelbaum

Renascença e acho que também no Peretz. Tem mais duas filhas, Rosemeire e Rebeca, que trabalhou há muitos anos no Bialik, e também tem o filho Kleber. A Chana se casou com Moniek Bader e tiveram dois filhos. Marcos Bader e o outro não me lembro do nome. Eles vieram morar em Sāo Paulo nos anos 1960”.

Quanto à comunidade judaica de Marília, tenho também buscado informações neste período de quarentena e isolamento social por causa da pandemia do coronavírus. Sergio Broner indicou as famílias Knobel, Zaterka, Oksman, Broner, Gildin, Kaplan, Tygiel, Fridman, Rabinovitch, Besnos, entre outras. Conversei com David Telvio Knobel, que contou que a família se mudou da cidade quando ele tinha somente 5 anos, lembra-se pouco, mas comentou que irá ver quem poderá passar mais detalhes. Sr. Oscar Gertztel escreveu que na região “muitos plantaram café e desenvolveram comércio varejista de móveis e roupas. A segunda geração estudou e tem presença na medicina”

Malvina Waisberg e Cesar Becalel Waisberg, também no Facebook, indicaram conversar com a mãe deles. Entrei em contato com sra.Lia, que contou um pouco sobre a comunidade da cidade:

A família é de origem polonesa. O pai foi quem chegou primeiro à Marília, pois o tio da sra. Lia já estava estabelecido em Garça, cidade em que o pai também morou, e na qual teve uma loja. Posteriormente ambos abriram uma loja de tecidos e sapatos em Marília. Sra. Lia e os irmãos nasceram nesta cidade. Morou ali até os 11 anos de idade, quando a família se mudou para São Paulo. Um dos irmãos, o que se formou em medicina, chegou antes à capital. Veio para cursar o científico, pois não havia este curso em Marília. Quando o segundo irmão estava para vir para São Paulo, o pai resolveu que mudariam todos para a capital. Porém mantiveram as lojas em Marília até um certo tempo. Sra, Lia comentou que o pai faleceu cedo, aos 47 anos.

Em relação à comunidade judaica de Marília, Sra. Lia contou que havia na casa do “Rebe”, como chamavam o rabino, de sobrenome Singal, um local para rezas. Não era uma sinagoga, mas na casa havia uma Torah, Comemoravam Rosh Hashana e Yom Kipur, “tinha rezas de Pessach e tudo direitinho”, comentou lembrar-se bem destas ocasiões. O rebe dava aula de Bar-Mitzvah, e os meninos faziam o Bar-Mitzvah lá. Sra. Lia falou que fotos daquela época não possui, talvez tenha alguma do Bar-Mitzvah do irmão.

O pessoal de Pompéia, como a família Bisker, vinha para Marília para Rosh Hashana, assim como os de Vera Cruz, de Assis, de Garça, enfim, das redondezas. Os que vinham de fora ficavam nas casas das famílias da comunidade que moravam em Marília. De Bauru não vinham, como conta sra. Lia, pois lá havia sinagoga e comunidade judaica.

Passou o contato de Jaime Koppelman. Indicou também o Dr. Elias Knobel e o Dr. Samuel Knobel, primos da sra. Lia, a família de Dr. Leon Oksman, sr. Pedro Oksman, que talvez possuam fotos e mais histórias para contar. Indicou também a sra. Raquel, neta do rabino Singal.

Você faz parte das famílias judaicas que se estabeleceram no interior paulista? Sr. Israel Beigler encaminhou-me um e-mail, onde contou: “Eu nasci em Araçatuba, em 1952. Sou da família Beigler (ou Bejgler). Havia um núcleo de judeus lá. Parece que, nas grandes festas, vários núcleos se reuniam na cidade de Birigui. Saímos muito cedo de lá e creio que, na década de 60, já não restava nenhum judeu por lá...”

Você gostaria de compartilhar a sua história? Então escreva para mim... myrirs@hotmail.com 

Obs: as fotos têm direito autoral, favor não compartilhar.


sexta-feira, 22 de maio de 2020

No porto de Santos - Lisete Barlach

Aron, Cila(Cipa) e Oscar Barlach
(foto de Lisete Barlach)

Quando o navio aportou em Santos, vindo da Europa, eles souberam que permaneceriam ali por muitas horas antes que seguissem para Buenos Aires, seu destino final.

Malka propôs, então, a seu marido Shmuel um passeio pelo porto onde, ao longe, via algumas lojinhas e algum movimento de gente.

Cismou que aquela loja era de “patrícios” e puxou o marido para entrar. Em ídiche, confirmou sua hipótese e logo, num papo animado, perguntou ao dono da loja se conhecia “Fulano, que tinha vivido no mesmo local que eles e hoje morava em São Paulo”.

Era como se, estando na Europa, alguém, sabendo-me brasileira, perguntasse se eu conhecia fulano... entre 200 milhões de habitantes...

Não é que o cara conhecia? E mais: era seu fornecedor.

Aron, Cila(Cipa) e Oscar Barlach
(verso da foto)
Texto em alemão...quem pode traduzir?
(foto Lisete Barlach)
Pegou o telefone (uau, ele tinha telefone!), pediu à telefonista que ligasse para um certo número, e, pasmem, horas depois esse “fulano”, que havia tomado um táxi de São Paulo ao porto de Santos, se materializou ali.

Papo vai, papo vem (e não deve ter sido tão longo assim, visto que o navio tinha hora para partir para a Argentina), a Malka resolveu ir para São Paulo ao invés de seguir viagem. 

O amigo (o fulano) disse que seria fácil para eles conseguirem emprego e moradia e, como ele já trabalhava numa empresa (que depois veio a ser conhecida como Klabin) e o Shmuel poderia trabalhar ali, a Malka, o marido e a pequena Sara decidiram voltar com ele a São Paulo, não sem antes avisar à sua irmã, Cila, que descarregasse os baús em Buenos Aires e os despachasse para ela.

Foto de Lisete Barlach, autora do texto, em Israel
Essa impulsividade de Malka determinou a vida de muitos: da Sara, do Henrique (que nasceu depois, no Brasil) e da Cila, do Aron, do Oscar e do Uri (que também nasceu depois no Brasil), pois a Cila detestou a Argentina e acabou pressionando o Aron para se reunir à família dela (irmã, cunhado e sobrinha) que estava em São Paulo.

O Aron ainda permaneceu em Buenos Aires por um tempo. Era mestre de obras e queria “juntar algum dinheiro” antes de vir para o Brasil. Mas a Cila e o Oscar, seu filho, se anteciparam e, já em São Paulo, se instalaram no bairro do Bom Retiro, iniciando uma história longa e interessante que será contada mais adiante.

Por ora, vale observar que Aron era chamado de Bernardo e até hoje ninguém conseguiu me explicar por quê. Eu só descobri que o nome dele era Aron quando, muitos anos depois, pude ler, em hebraico, seu nome na lápide de Oscar, meu pai.

Já em Sampa, como mestre de obras, ele “pintou” o túnel do Anhangabaú, fato que era relatado em diferentes momentos em que passávamos por ali ou quando nos referíamos à vida dele. Muitos anos depois, o Henrique (tio Henrique?) comentou que ele havia também pintado o teto da Beth-el, o templo em que Oscar e Rosinha se casaram, hoje um museu judaico em São Paulo.

A Cila era chapeleira, confeccionava e vendia chapéus para a alta sociedade judaica de São Paulo. Era também costureira e sua máquina de costura, tão usada, tão singular, e tão representativa de sua pessoa, ficou com a minha prima Elisabete, filha do Uri, irmão do meu pai. A Bete, que hoje se percebe tão parecida com a dona Cila (como todos a chamavam), é herdeira de todas as vivências com ela, tanto suas “rabugices” quanto suas histórias e talentos...

Lisete Barlach encaminhou-me o texto acima, relacionado à família de seu pai, ao conversarmos sobre a história de sua família por parte de mãe, que morou em Araraquara... 

Direitos autorais do texto e fotos: Lisete Barlach. 

Você gostaria de ver a história de sua família, que faz parte da história das comunidades judaicas das diversas cidades de São Paulo, e das sinagogas destas, publicada neste Blog? Então, encaminhe-me um e-mail: myrirs@hotmail.com  

Observações: 
1)Malka e Cila eram irmãs, de sobrenome Barlach. Malka casou-se com Shmuel, e assumiu o sobrenome Brenner, enquanto Cipa casou-se com Aron e assumiu o sobrenome Barlach.
2)Cila, como era conhecida no Brasil, está registrada como Cipa em sua identidade.
3)Patrícios = judeus
4)Sara, ao casar, tornou-se Zyngerevitch




quarta-feira, 20 de maio de 2020

Bauru, Marília e demais comunidades judaicas do interior paulista

http://www.igc.sp.gov.br/produtos/mapas_rad41d.html?

que Bauru conta com uma pequena coletividade judaica e há notícias de judeus residentes no município desde o início do século XX, imigrantes da Rússia e Polônia, da Bulgária e Itália. Dados do IBGE, dos Recenseamentos realizados no século XX registraram a presença judaica no município... 

Já no site https://pt.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADlia#_Judaica, página também da Wikipédia, mas com dados sobre Marília, há a informação de que a comunidade judaica que se formou neste local é basicamente advinda do Leste Europeu, nas diversas levas migratórias judaicas para o Brasil, desde o início do século XX. Dedicaram-se sobretudo ao comércio e trabalharam como mascates. Lemos neste site que “os Knobel chegaram a Marília nos anos 1930, devido ao forte antissemitismo que assolava a Polônia...Atualmente existe em Marília, entre as avenidas 9 de Julho e Sampaio Vidal um edifício chamado Benjamin Knobel; Benjamin (Bencjon) era um dos jovens judeus que chegou à cidade com seu irmão Abraham em 1936...Participavam das cerimônias religiosas na sinagoga do Rabino Singal, que atraía os judeus de toda a região. Além dos Knobel, famílias como os Fridman, os Kopelman, os Oksman, os Speiter, os Zatyrco, os Zaterca, os Beznos, os Tigel, os Klepacz e os Singal, faziam parte da comunidade judaica estabelecida em Marília... Filho do senhor Abraham e sobrinho de Benjamin Knobel, Dr. Elias Knobel nasceu em Marília em 1943...” 

Conversei com sra. Eva Litvak Vaie no dia 18 de maio de 2020. Sra. Eva contou que nasceu em Bauru e morou na cidade até 1964. Seu pai, sr. Jacob Litvak, nasceu na Bessarábia, migrou inicialmente para a Argentina, mudou-se para a cidade de Recife e posteriormente para Bauru. Sra. Keila, mãe de sra. Eva, nasceu na Ucrania e chegou ao Brasil com 3 anos de idade. A família, inicialmente morou no Rio de Janeiro e posteriormente para Jacutinga. A mãe da sra. Keila faleceu aos 33 anos, no parto de seu 3. Filho. Viúvo, o pai preocupando-se com a educação das 2 filhas, matriculou-as no Mackenzie, que à época era um internato. Sra. Keila formou-se em secretariado, trabalhou em grandes empresas, recebendo inclusive prêmio da Cultua Inglesa. Ao casar-se com sr. Jacob, foi morar em Bauru. Sra. Eva comentou que não havia educação judaica formal na cidade e a comunidade era formada por aproximadamente 35/40 famílias. As festas judaicas eram comemoradas na sinagoga. 

Lembra-se principalmente de Rosh Hashana e de Simcha Torah, quando as crianças dançavam com bandeirinhas de Israel, com maça e uma vela nas pontas...Comentou que na sinagoga os espaços, tanto para os homens como para as mulheres, eram amplos, assim como o pátio onde as crianças brincavam. Contou que não havia um rabino na sinagoga, mas se recorda do Munkatcher Rebe, que vinha de São Paulo para Bauru em ocasiões como no Brit-Milá de seus irmãos mais novos. Recebi um e-mail de Moris Litvak em 13 de agosto de 2020, em que contou:  Nasci em Bauru em 1953 e residimos lá até 1966.  Tenho uma irmã, Eva Litvak Vaie e um irmão Aron Samuel Litvak. Meu pai, Jacob Litvak era casado com a (minha mãe) Keila Litvak e tinha 4 irmãos: Natan casado com Anita.  Tiveram um filho, Marcos. Fanny casada com Hersh Coifman.  Tiveram uma filha Estela Sonia, casada com Leib Zimerfeld tiveram 2 filhos, Marcos e Sara. E uma terceira Irmã, Rosa, que morava em Limeira. Meu primo Marcos Zimerfeld mora em SP, e tenho contato com ele.  Além de ter muita coisa na memória, ele tem muitas fotos também.  Se você quiser, me avise, pois tenho contato com ele. Segue uma foto que tenho, se você quiser, pode publicar no blog. Em primeiro plano, do lado direito está o meu irmão Aron, meu pai, eu deitado na mesa.... e minha mãe. Podemos trocar algumas outras informações que você desejar”.

Os comentários no Facebook continuam, o que contribui muito na coleta de dados para este estudo. Na página do Guisheft Vendas e Anuncios, Cesar Becalel Waisberg contou: “Mudamos para Bauru em 2005, não fazemos parte das famílias de lá e sabemos muito pouco da história da comunidade.” A família de Cesar, porém, fez parte da comunidade judaica de Marília. E completou: “Vou ver com minha mãe...” Sra. Sara Liba Korn, tia de Cesar, comentou:Cesar Becalel Waisberg, as suas origens fazem parte da comunidade de Marília, cidade que é muito próxima”. Ao ser questionada, avisou que sabe algumas coisas sobre a história em Marília, pois tinha somente 4 anos quando saíram de lá. E completou: “E quem pode te contar tudo a respeito é o Dr. Elias Knobel. Ele tem muita coisa documentada”.

Malvina Waisberg irmã de Cesar Becalel Waisberg escreveu: “Minha mãe é de Marília! Meu tio Schlioma Zaterka, api do meu primo Cesar, deve saber bem, e com relação a Bauru, acho que a Pécia Brez pode ajudar”.

Sergio Broner também contou que é de Marília, e que até a metade da década de 1960 havia judeus morando por lá: “Uma pequena parcela de uma comunidade de mais ou menos 40 famílias de judeus provenientes da Europa, e que chegaram por volta dos anos 1930 para trabalhar na cafeicultura e outros para o comércio local”.

Na página do Facebook, Jewish Brasil, Luiz Fernando Chimanovitch comentou: “Meus avos moraram em São Carlos até 1962. Não tenho informações sobre a comunidade além da carteirinha de sócio do meu avô, do clube Bela Vista, o qual o símbolo era uma Magen David. Eu vou procurar isso e te mandar sim, e perguntar a minha mãe se ela lembra de qualquer coisa...”

Já em Sinagogas em São Paulo, Sandro Libeskind escreveu: “Meus avós estavam juntamente com meu pai nessa foto de Bauru !!! Samuel Sirota, Rosa Sirota e meu pai Naou Sirota!!! Lembranças do meu avô Samuel Sirota na sinagoga próxima a avenida Celso Garcia, no Tatuapé. Em conversa com minha mãe, Marina Libeskind Sirota, ela me contou que ele foi chazan na sinagoga de Bauru...” 

Ao divulgar informações sobre a Sinagoga de São Miguel Paulista (https://artejudaicasaopaulo.blogspot.com/2017/11/sinagoga-de-sao-miguel-paulista.html ) , Daniel Scaba contou que o sogro, sr. Nehemias Singal, um dos fundadores daquela sinagoga, morou em Marília anteriormente. De origem polonesa e naturalizado brasileiro, adorava tocar violino, era muito religioso e tocava shofar na sinagoga.  Foi comerciante em São Miguel, e depois mudou-se para o Bom Retiro. Daniel havia contado: “No Bom Retiro, foi o principal chazan da Sinagoga Luso Brasileira, na rua da Graça”. Sr. Nehemias Singal era casado com Sra. Clara Shuster, natural de Pernambuco, e tiveram 7 filhos. Sr. Nehemias era filho de sr. Ruvin Dov Singal, Ruwin Ber Singal, rabino da Sinagoga de Marília.

Alguém teria alguma informação sobre a comunidade judaica da cidade? Você ou sua família fez parte desta comunidade? Havia uma sinagoga em Marília ou reuniam-se na casa de alguém? Você possui fotos, documentos, histórias para contar? Sua família fez parte de alguma comunidade judaica do interior paulista, como Sorocaba, Itu, Bauru, Marília, Barretos, Araraquara, Piracicaba, São Carlos, Franca, Catanduva? Ou fez parte da comunidade judaica de alguma outra cidade? Então escreva para mim! Encaminhe um e-mail para myrirs@hotmail.com


sexta-feira, 15 de maio de 2020

Vocês fizeram parte da comunidade judaica de Bauru, de Sorocaba, de alguma outra cidade do interior paulista ou da capital de São Paulo?

Jankiel Brez :"Meus avós
David e Firmina Tcherniakovsky"

Vocês fizeram parte das comunidade judaica e da sinagoga de Bauru? E de Sorocaba, Marília, Franca, Catanduva, de alguma outra cidade do interior paulista, ou da capital de São Paulo? Frequentaram a sinagoga de alguma destas cidades? Quais suas lembranças, suas memórias, suas raízes? Possuem fotos, documentos, histórias? Gostariam de compartilhá-las?

As informações e dados que tenho reunido, há anos, relacionados à pesquisa e estudo sobre as “Sinagogas em São Paulo” estão sendo divulgados não só no blog que escrevo, mas também no site que edito, assim como nas redes sociais Instagram @sinagogasemsaopaulo, e Facebook. Dêem uma olhada em https://artejudaicasaopaulo.blogspot.com/ e https://sinagogasemsaopaulo.wordpress.com/  

Aqui, compartilho alguns comentários postados no Facebook relacionados à comunidade judaica de Bauru. Foram divulgados em páginas como Guisheft Anúncios e Vendas, Pletzale, Jews, Rubin Editores, Arti-Sion, Zeladores do Patrimônio Histórico, entre outras mais, assim como nas mensagens enviadas para o messenger e para meu e-mail...

Jankiel Brez:
 "Minha mae Pecia Brez"
Newton Peissahk Manczyk escreveu, em relação à foto de uma festa na sinagoga de Bauru, e que aqui divulgo novamente: “Nina Gelcer acho que seu Max e sra. Keyla estão na foto. Qualquer coisa, manda fotos para a Myriam Szwarcbart. Meus pais moraram em Bauru um pouco antes de eu nascer em Araraquara em 1959, e lá fizeram amizade principalmente com o Sr. Max, que tinha uma loja de móveis e a Sra Keyla, avós de Fred, Jaime e Nina Gelcer, que são como irmãos nossos.  Ficamos pouco tempo e fomos para Birigui e depois para Cruz Alta - RS onde tinha algumas famílias e posteriormente Londrina, com apenas 3 famílias judaicas. Em1974 viemos para São Paulo. Em Cruz Alta tinha sinagoga. Meus pais, em Cruz Alta, 1964 ano fatídico, no golpe, os militares invadiram a fábrica da Anderson Clayton, onde meu pai era superintendente e onde morávamos...com tanques e blindados. Fui preso no galinheiro pelos meus irmãos como Jango. Acho que, com anos, me tornei esquerdista. Na foto que divulgo, aparecem meus avós, que nasceram em Gombim, na Polonia, em nossa casa em Londrina 1970...”

Nina Gelcer respondeu: “Newton Peissahk Manczyk, achei somente meu avó Max nesta foto”. Pelo Messenger, Nina Gelcer comentou: “Muito legal rever as histórias de Bauru. Meu avô Max está na última fila, em pé, perto de uma pessoa de terno claro. 
Deby Zitman
 "Meu pai Isaac Tcherniacovski,
e meu tio Naum Tcherniakowski zl"

Ele é o senhor de óculos, perto do sr. Manuel e dona Clara. Minha avó Clara não está nesta foto. Lembro de algumas pessoas desta foto. Saí de Bauru quando tinha 6 ou 7 anos. Na foto lembro dos casais que estão sentados da esquerda para direita: Sr. Davi e sra. Fermina, sra. Julieta e sr. Jaime, o próximo casal não lembro, sra. Rosa e sr. Samuel”.
Jaime Gelcer contou: “Conheci muitos desta foto. Conheci vários membros da família Litvak, em Bauru. Se bem me lembro alguns: Marcos, Aaron, Moris....”

Eva Litvak Vaie também escreveu: “Jaime Gelcer, eu também. Vou procurar fotos, e te aviso. Nasci em Bauru.... passou um filme na minha cabeça. E “marcou” algumas pessoas: Jane Feldman, Pécia Brez , lembro de você...vamos nos falar, e quem sabe nos encontrar após essa quarentena. Moramos até 1964”.

Daniel Milner indicou Cesar Becalel Waisberg, que comentou: “Não existe mais, poucas famílias da comunidade por lá. Mudamos para Bauru em 2005, não fazemos parte das famílias de lá, e sabemos muito pouco da história da comunidade em Bauru. Porém Sara Liba Korn  enfatizou: “mas as suas origens fazem parte da comunidade de Marília, cidade que é muito próxima...”

Sheila Tabajuihanski: "Meus avós,
 pais do meu pai,
Luiz Tabajuihansky,
 Ida e Mauricio Tabajuihansky"
Cintia Fridman indicou Pecia Brez, Enia Brez, Jankiel Brez... E Arnon Thalenberg indicou Sergio. Clarice Ramuth comentou: “Maravilha”.

E sra. Pécia Brez contou: “Esta foto que estão meus tios, eu sou a mais alta das meninas que estão na frente. Veja que gracinha que eu era. Cintia Fridman, acho q sim, tenho fotos, preciso ver lá em casa. A Malke está do meu lado de roupa clara. Esta foto foi tirada na sinagoga, foram as Bodas de Prata da tia Rosa e tio Samuel. Eva Litvak Vaie, eu também lembro de todos vocês. Bons tempos em Bauru”.

Jankiel Brez avisou Abrão H. Zatz: “Olha que legal!!! Minha mãe Pécia Brez. Meus avós David e Firmina Tcherniakovsky...”

Sheila Tabajuihanski lembrou: “Esses dois senhores são meus avós, pais do meu pai Luiz Tabajuihansky. Ida e Mauricio Tabajuihansky.  Pécia Brez já te reconheci, bem na frente do meu zeide. Vejam essa foto... Claudio Gawendo, Mauro Bezborodco, Tali Tamir, Gabriel TabajuihanskiRafael Tabajuihanski, Bruno Tabajuihanski. Vejam uma foto histórica dos bisavos Ida e Mauricio Tabajuihanski, pais do vovô Luiz. Jairo Tcherniakovsky, meu avô esse senhor careca, como meu.pai, era irmão da tia Fermina, sua avó...”


Claudio Gawendo também indicou Mauricio Gawendo, e Aline Maluf Palombo Gawendo. “Nossos avós Maurício e Ida Tavajhansky, não conheci o zeide faleceu antes de eu nascer...”

Jairo Tcherniakovsky lembrou-se também: “Meus avós David e Firmina estão nessa foto. Que máximo!!! Marcos Tcherniakovsky, Sergio Tcherniakovsky, Riva Slama”. E, por e-mail, Jairo Tcherniakovsky escreveu: “Meu pai, Naum, nasceu em Erechim e depois viveu em Bauru, onde fez faculdade, se casou e morou. Somos parentes da família Bichulski. Adorei ver sua matéria. Tenho impressão de sermos parentes da Sra. Ides Rywa Czerniakowski. Muita semelhança com nossa família”.      
      
E Deby Zitman: “ Jairo Tcherniakovsky, uau incrivel! Olha eles ai!😉❤ Sheila Tabajuihanski eles eram parecidos!”

Claudia Schalka contou: “Reconheci muitos tios e primos meus do lado materno, familia Zatz, que, de acordo com que minha mãe me contou, várias festas judaicas foram festejadas na casa do meu avô Adolfo Zatz. Histórias não tenho muitas, mas fotos acho que sim. Falarei com meus primos, que aparecem na foto, pois com certeza eles tem histórias e muiito mais lembranças, pois viveram lá. Já eu, só tenho lembranças do que a minha mãe me contou. Por gentileza como faço para, caso eles estejam interessados, possam entrar em contato com você! Obrigada”.

Persio Per elogiou este trabalho: “Parabéns pelo seu trabalho. Muito bom!!”

Na minha página do Facebook temos Miriam Havillio: “Você sabe me dizer se existe alguma sinagoga na cidade de Bauru??? Adoro Bauru (cidade linda) e como vou muito para lá, por isso perguntei...Obrigada pelo retorno”. Enia Brez respondeu: “Miriam Havillio, meu nome é Enia Brez, moro em Bauru, e atualmente não há sinagoga em Bauru...”

Betti Epelbaum enfatizou: “Aos poucos você está descobrindo vestígios judaicos ...parabéns....” Paulina Kogan escreveu: “Muito bom teu trabalho. Parabéns”. Maria Lucia Sophia Pasquini também comentou: “Que vibrante relato!!!” Assim como Eva Litvak Vaie deixou este comentário novamente: “Parabéns pelo trabalho. Nasci em Bauru... gostaria de conversar com você”. Vamos conversar...

Ivo Kauffman contou que a placa da Sinagoga de Bauru permanece na Sinagoga Talmud Thora, e depois da quarentena poderá fotografá-la...

Ides Rywa Czerniakowski, com quem conversei, comentou: “Quero muito saber tudo sobre a Sinagoga de Bauru! Tenho lembranças dos meus pais, da minha infância. Eu morei em Bauru até 1959. Eva Litvak Vaie acho então que convivemos na nossa infância. Estudei no Cursos Brasil da d Gilda. Belíssimo texto Miriam. Fiquei muito feliz! Assim vamos deixar viva a lembrança desta comunidade. Mauro Bezborodco que bom que te trouxe boas lembranças!”

Mauro Bezborodco também contou: “Sheila Tabajuihanski, conhecia várias pessoas desta foto. Fui várias vezes nesta sinagoga de Bauru quando pequeno. Estive várias vezes, quando garoto nesta sinagoga na cidade de Bauru. Esta foto me traz grandes recordações. Nesta foto aparecem os meus avós maternos: Ida e Maurício Tavajhanski, a Tia Julieta e seu marido Jayme Bichusky, a tia Firmina seu marido David Tchaniakovski, com seus filhos Naum,Isaac, Samuel, Ida e Pecia. Pessoas que eu conheci mas não me recordo do sobrenome. Da. Keila , Sr. Max ...Não posso esquecer da tia Rosa (irmã do meu avô Maurício) e seu marido Samuel Sirota (ele era o Chazan da sinagoga), com seus filhos Naum e Ester Malke”.

Com estes comentários acima faço a sugestão: Podemos, depois da quarentena, e caso queiram, marcar um encontro, uma roda de conversa quem sabe, para contarem e relembrarem a comunidade de Bauru, a sinagoga, e trazerem fotos...O que acham????

terça-feira, 12 de maio de 2020

Memórias da comunidade judaica de Sorocaba


O Prof. Jaime Pinsky, Doutor e Livre-Docente pela USP, e diretor da Editora Contexto, nasceu e cresceu em Sorocaba. Conversamos no início de maio de 2020, quando Prof. Jaime relatou alguns detalhes sobre a comunidade judaica da cidade, na época em que a sinagoga da R. D. Pedro II ainda estava ativa. Filho de sra. Luiza e sr. Abrão, e irmão de Cecília, Moisés e Isaac, Prof. Jaime apresentou a questão de como a comunidade conseguiu se manter coesa e quais eram os valores desta, considerando que na cidade não havia uma escola judaica de educação formal, nem um cemitério judaico. Comentou sobre o papel que a sinagoga exerceu neste caso, mas enfatizou a importância do grupo feminino da comunidade judaica de Sorocaba na organização desta. Este grupo, sempre presente, era responsável pelas festas, eventos e festividades (exceto na condução das rezas), e mantinha a união da comunidade. O grupo fazia parte, também, da entidade Wizo.

Professor Jaime morou em Israel no ano de 1962 e, ao voltar a Sorocaba, foi professor de hebraico em 4 “turmas” de idades variadas, inclusive para as senhoras. Lembrou-se da sinagoga, que ocupava, no dia-a-dia uma sala pequena, e um amplo salão em Rosh Hashana e Yom Kipur. O espaço do salão da sinagoga, durante o ano, era ocupado de forma laica, nas reuniões e festas diversas que ocorriam, nas atividades dos jovens e crianças, o que demonstra, de alguma maneira, como o tradicional/religioso pôde lidar com o moderno. Isto também ficou evidente quando da fundação da sinagoga e início de sua construção, nos anos 1950, somente 5 anos após o final da Segunda Guerra Mundial. Muitos dos sobreviventes do Holocausto chegaram ao Brasil, alguns rumaram para Sorocaba, desesperançados, em busca de familiares. Chegaram em um momento onde a comunidade judaica da cidade já estava estabelecida e integrada, de alguma forma, à sociedade como um todo, há um bom tempo. Estes imigrantes exerceram um papel de resgate e, também, de recordação das tradições, uma lembrança para a comunidade judaica de que eles “precisavam se resguardar”, se manter unidos como uma comunidade, não perdendo a sua identidade. O mesmo ocorreu no momento da Proclamação de Independência do Estado de Israel, em 1948, reforçando a necessidades de todos se manterem como grupo.

Prof. Jaime apresenta, em alguns de seus artigos do site http://www.jaimepinsky.com.br/ , situações ocorridas em sua família, em Sorocaba, como em “Meu primeiro feijão”: “... Na casa dos meus pais, em Sorocaba, havia feijão com arroz, quase todos os dias. A exceção era nos finais de semana, aos sábados, um prático arroz de forno e aos domingos um eclético macarrão com frango. Como meus pais pertenciam a famílias judaicas da Europa Oriental, eu me perguntava como é que nossas refeições tinham um perfil tão brasileiro...” 

Para conhecer um pouco mais sobre a origem da família, vejam o texto “Uma família como muitas outras” (Correio Braziliense): “Há 90 anos, no dia 28 de março de 1927, aportava Rio de Janeiro o navio Mosella, de bandeira francesa, pertencente à Companhia Sud Atlantique...” 


Em relação à Sorocaba, a Enciclopédia Judaica (vol.3, pag.1118, Ed. Tradição S.A., 1967, Rio de Janeiro) reforça algumas informações já disponibilizadas: “Sociedade Israelita Brasileira de Sorocaba (Sã Paulo). Nesse centro comunitário, com sede na Rua D. Pedro II, 56, os judeus sorocabanos encontram um local adequado para a manutenção dos laços tradicionais. Aí funciona a Escola Israelita Brasileira de Sorocaba.” Alguém tem alguma informação sobre esta escola? Existia com este nome?

Você ou sua família faz ou fez parte das comunidades judaicas da cidade de São Paulo ou do interior paulista? Alguma memória sobre as sinagogas das cidades do Estado de São Paulo? Possui fotos, documentos, histórias a compartilhar? Escreva para myrirs@hotmail.com .