terça-feira, 25 de maio de 2021

A primeira sinagoga de Santo André

Sra. Anna Gedankien, em seu livro “Coragem, trabalho e fé - a história da comunidade judaica na região do ABC paulista” descreve sobre a primeira sinagoga de Santo André, fato que mobilizou toda a comunidade judaica da cidade. O terreno foi adquirido em 1945, na Rua Siqueira Campos, esquina com a Travessa Ipu, atual Travessa Ver. Lourenço Rondinelli. Sobre este local, o site da Prefeitura de Santo André aponta um artigo publicado no “Diario de Grande ABC”, no dia 25 DE SETEMBRO DE 2019: Neste vemos que em setembro de 1944, a Prefeitura de Santo André aprovou o plano de arruamento de Frederico Kowarick Júnior e sua mulher, entre as Ruas Coronel Alfredo Flaquer, Siqueira Campos, Coronel Fernando Prestes e Travessa Ipú, no Centro”. Vejam mais em Seção 2.Setecidades/ História -  http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/408066.pdf ). A foto, que pertencia a meu pai, e que aqui compartilho nos mostra o edifício de esquina, na Travessa Ipu, com Rua Siqueira Campos... (O compartilhamento desta foto não está autorizado).

No livro de sra. Anna Gedankien também lemos que o projeto da primeira sinagoga andreense foi criado por Vittorio Corinaldi, e o edifício foi inaugurado em 1948, com entradas tantos pela Rua Siqueira Campos como pela esquina desta rua. Tal entrada conduzia a um pequeno hall, à cozinha e à escada para o salão das mulheres. Por não possuir cadeiras fixas, era possível aproveitar o espaço no piso térreo, para outras atividades, festas, Bar-Mitzvot, e outras celebrações. O mesmo ocorria no piso das mulheres. A sinagoga funcionava nos Shabatot, e, durante a semana, somente quando necessário. A sinagoga possuía um anexo para moradia do shammes e sua família. O shammes, ou gabai, era responsável por cuidar dos mais diversos assuntos da sinagoga. O primeiro a exercer tal função, como já postado, foi meu avô Ichiel Leib Szwarcbart: “Sobrevivente do Holocausto, vindo da Bélgica, era casado, tinha três filhos. Dava aulas de Bar-Mitzvah e hebraico, exercendo a função de shochet, o abatedor de animais, conforme as leis judaicas. No dia da palestra de lançamento deste livro, sr. Jayme Waisberg comentou que meu pai, Maurice Szwarcbart, organizava as atividades dos jovens, em um salão, no piso superior da sinagoga, meu pai e meu tio ensinaram sr. Jayme a apreciar música clássica. Iam a concertos em São Paulo, sempre de terno e capa de chuva...

Malvina Waisberg, por whatsapp, contou: “Minha família, por parte de pai, é de Santo André...Frequentei muito a sinagoga, assim como a cidade. Até hoje tenho parentes lá. Histórias não faltam”. A família Waisberg morou em Cafelândia, na época em que o pai da Malvina, sr. Fabio Waisberg, nasceu. Sr. Fabio nasceu em 1937, na cidade de São Paulo e, somente depois desta época, a família de sr. Idel e dos 2 irmãos, Maurício Waisberg e Meyer Waisberg, mudaram-se para Santo André. Sr. Idel Waisberg, avô de Malvina, morou por muito tempo em Santo André, a família teve diversas lojas, entre estas, lojas de móveis”. O avô morou na Rua Campos Sales, e um edifício que a família construiu leva o nome da Malvina e da avó. Os tios ainda possuem uma série de imóveis. Uma das lojas de móveis levava o nome “Monte Branco” (significado de Waisberg), e pertencia ao “tio Manuel, que era pai da prima Monica Waisberg”. Tinham, também uma chácara em Mauá, e o “avô comprou outra em Ribeirão Pires”. Há uma praça com o nome do avô, foram proprietários de duas empresas de ônibus, e possuem vários empreendimentos. “Por exemplo, em Ribeirão Pires, onde era a chácara da família, há um condomínio, um empreendimento que o meu pai fez, e que foi loteado pelo meu avô, com o nome de Jardim Jacqueline, nome da minha irmã”, relatou Malvina. A chácara de Mauá, em frente à “Porcelana Real” também foi loteada. Malvina comentou: “eu passei a infância lá...fiz minha festa de sete anos ali...” Lembrou-se da sinagoga como um espaço muito bonito e completou: “Hoje em dia a sinagoga continua funcionando, tem o Beit Chabad, não faltam histórias de Santo André.” Malvina irá falar com o Bernardo, que fez Bar-Mitzvah na sinagoga de Santo André e ainda mora na cidade, com a prima Malvina e com a Monica. Citou também a Deborah Telent que frequentou a sinagoga da cidade.

Pécia Brez comentou que a Torah do Shil de Bauru está em Santo André....

Você, ou sua família, faz ou fazia parte da comunidade judaica de Santo André? Frequentou a antiga sinagoga e/ou a atual? Possui fotos, documentos? Deixe seu comentário, encaminhe um texto com suas memórias, para o e-mail myrirs@hotmail.com

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Santo André e a comunidade judaica

Sinagoga de Santo André
Foto enviada por Marion Engel Pesso
Na foto, meu zaide Ichiel Leib Szwarcbart
celebrando o casamento
dos pais da Marion

Alguns detalhes relacionados à comunidade judaica de Santo André já foram publicados, e aqui divulgo novamente, de forma resumida, para que se possa retomar este tema, na busca de mais informações.

Em um domingo de agosto de 2019 foi realizada, no Clube A Hebraica, uma palestra da sra. Anna Gedankien, no momento do lançamento do seu livro “Coragem, trabalho e fé - a história da comunidade judaica na região do ABC paulista”.  Naquele evento pude ouvir histórias contadas por sra. Anna, relacionadas às comunidades judaicas de São Bernardo, São Caetano do Sul e Santo André. Sra. Anna relatou que a comunidade de São Caetano e Santo André formaram-se praticamente no mesmo período, porém seguiram caminhos diferentes. Também relembrou o fato de que o sr. Wolf Gordon, nos anos 1920/1930, escolheu a cidade de Santo André para morar, o fato de que a escola judaica de Santo André atraía as famílias, e mantinha a comunidade viva, assim como a informação de que as entidades Wizo e Pioneiras, formadas por mulheres ativas da comunidade, estavam presentes nesta cidade.  O livro resgata memórias desde a chegada dos imigrantes judeus à região, e descreve diversas histórias, sendo uma delas a de meu zaide(avô), minha bubili(avó), meu pai e meu tio. No livro podemos ler que a sinagoga de Santo André possuía um anexo para moradia do shammes, ou gabai, responsável por cuidar dos mais diversos assuntos da sinagoga. O primeiro a exercer tal função foi meu avô. E como lemos no livro, “Sobrevivente do Holocausto, vindo da Bélgica, era casado, tinha três filhos. Dava aulas de Bar-Mitzvah e hebraico, exercendo a função de shochet, o abatedor de animais, conforme as leis judaicas. E quem quiser saber sobre um fato curioso, ocorrido na sinagoga, durante o governo de Getúlio Vargas, que iniciou uma campanha de nacionalização, sugiro comprar o livro...Alguns anos depois minha família paterna mudou-se para São Paulo, para o bairro da Vila Mariana...

Naquele dia da palestra, conversei com familiares que conheceram meu pai, tios e avós. Muitos ficaram surpresos, e contaram algumas histórias. Uma delas foi relatada por sr. Henrique Lindenbojn, relativo também ao fato curioso apontado acima. Já sr. Jayme Waisberg comentou que meu pai organizava as atividades dos jovens, em um salão, no piso superior da sinagoga. E meu pai e meu tio ensinaram sr. Jayme a apreciar música clássica. Iam a concertos em São Paulo, sempre de terno e capa de chuva...

Marion Engel Pesso, enviou comentários pelo messenger, tanto em 12 de março de 2018, como neste ano, e escreveu:Tenho visto você publicar artigos das sinagogas Ontem estávamos vendo fotos do casamento de meus pais que fizeram 60 anos de casados (em junho de 2018) e tem uma foto que parece ser seu avô como o rabino O casamento foi na sinagoga de Santo André. Veja a foto. Minha mãe conta que era ele quem dava aulas também. A foto que encontrei é a que melhor se vê seu avô. Mas se você quiser saber da história da sinagoga, pode falar com minha mãe, ela te contará tudo, desde que seu avô foi para Santo André para abrir uma escola lá... Também tem os arquivos na sinagoga. Pode ser que la você encontre mais fotos. Vou perguntar e depois te falo. O nome da minha avó era Ruth Jacob”. No livro de sra. Anna Gedankien, à página 57, podemos ler: “Matel Engel lembra que a família de seus pais era dona de uma loja de departamentos na Alemanha. O prédio de três andares foi todo destruído na Noite dos Cristais, meses antes de seu nascimento...Foi somente em 1940 que ela e os pais conseguiram pegar um avião até a Espanha, trem a Lisboa e o navio com destino ao Brasil, e se estabeleceram em Santo André, fundando a Casa Henrique, de aviamentos, que funcionou por mais de 60 anos...” Aguarde mais detalhes. Em breve conversarei com sra. Mathel, mãe da Marion

Ao escrever sobre a comunidade judaica de São Bernardo, Ita Regina contou que cresceu e viveu nesta cidade até os quinze anos, mas estudou tanto ali como em Santo André. Junto com a família, frequentava a sinagoga de Santo André, e, lembra-se das festas judaicas nesta sinagoga...

Sueli Drukier contou que São Caetano do Sul também era uma grande comunidade, “como a nossa de Santo André”. E quando comentei sobre meu zaide, Sueli escreveu: “Seu avô era baixinho e vinha em nossas casas e no shil. Se for ele, eu lembro dele vindo na casa da minha avó e o filho dele era amigo do meu tio...”

Raquel Sayeg leu o livro da sra. Anna Gedankien recentemente: “Emocionante!! Muitas lembranças de meus avós que viveram em Santo André, família Cohen!!!” E Sheila Melnick registrou no Facebook: “Amo esse livro, fui no lançamento. Trabalho há quase 9 anos em Santo André...”

Malvina Waisberg, por whatsapp, também contou: “Minha família, por parte de pai, é de Santo André...Frequentei muito a sinagoga, assim como a cidade. Até hoje tenho parentes lá. Histórias não faltam.” Aguardem em breve o relato da história da família Waisberg...

Em relação à Sinagoga de Santo André escreverei mais adiante. Mas fica registrado, como citado no livro de sra. Anna Gedankien, que o projeto da primeira sinagoga andreense foi criado por Vittorio Corinaldi, inaugurado em 1948, com entradas tantos pela Rua Siqueira Campos como pela esquina desta rua.

Você, ou sua família, faz ou fazia parte da comunidade judaica de Santo André? Frequentou a antiga sinagoga e/ou a atual? Possui fotos, documentos? Deixe seu comentário, encaminhe um texto com suas memórias, para o e-mai myrirs@hotmail.com

terça-feira, 4 de maio de 2021

A escola do Shil de São Caetano do Sul e a comunidade judaica da cidade

Ao ler o título da postagem, você pode estar se perguntando: escola do Shil de São Caetano do Sul? Como pode ser que já tenha visto nas postagens anteriores, muitas crianças e adolescentes fizeram parte da escola, ou “escolinha” da sinagoga da cidade. Tanto Paulo Blecher, como Marcia Kogan Amselem e, mais recentemente Tania Kogan, Suzy Nayder e Etla Adler, a professora do jardim, nos anos 1967/68 contaram a respeito e/ou enviaram fotos.

Conversei com Etla Adler em 26 de abril de 2021. Emocionada, contou que aquela época foi um tempo bom. Etla nascida na Polonia, morava no Bom Retiro, quando passou a ir de trem a São Caetano, no período da tarde, para “dar” aulas no jardim de infância. Etla estudava no período da manhã, e, também, fazia parte do movimento juvenil Ichud Habonim. O diretor do Ichud era professor de Bar-Mitzvah em São Caetano, e, ao surgir uma vaga para dar aula na escola, como a pessoa que havia sido convidada para tal vaga não pode assumir, Etla acabou aceitando o trabalho. Mais velha das três irmãs, estudou em escola estadual, e deixou esta função no momento em que entrou na faculdade, para cursar química. Gostava de dar aulas em São Caetano e ao sair, recebeu uma homenagem, uma plaquinha... Em São Paulo frequentava a Sinagoga Knesset Israel (Groisse Shil), frequenta o Shil da Vila, é voluntária da Naamat Pioneiras, e coordenadora do bazar. Comentamos da importância das sinagogas como um todo, no Brasil para as imigrações judaicas que aqui ocorreram, tanto na integração como no apoio a estes imigrantes.

Suzy Nayder(Judensnaider) morou, desde que nasceu, até os 8 anos, em São Caetano do Sul. Estudou na “escolinha”, e encaminhou fotos no pátio da sinagoga, no parquinho e das festas que ali comemoraram. Ao final de 1971, já em São Paulo, começou a cursar o segundo ano primário no Sholem Aleichem, no Bom Retiro. Os avós tinham loja de armárinhos em São Caetano do Sul, e os pais, uma loja de móveis em frente ao Cine Baraldi (se puderem corrijam-me). A família morava na “parte baixa” da cidade, que alagava nos momentos de muita chuva, quando o rio Tamanduateí transbordava. Quando isto ocorria, muitas vezes acabavam dormindo na loja. Mesmo morando em São Paulo, permaneceram indo de trem a São Caetano, tanto nas ocasiões em que iam na dentista, como no pediatra ou na costureira...

No Facebook, mais alguns comentários foram escritos:

Marcia Kagan Amsalem: "Emocionada com essa reportagem!!!acabo de achar meu avô na foto Moisés Kagan e meu pai José Marcos Kagan (Dodo)."

Cynthia Schein: "Myriam esse senhor é sobrevivente do holocausto se sim e ainda estiver vivo, peça pra entrar em contato comigo.

Brenda Lichtenberg: "Nossa que foto linda, cresci em São Caetano, meu avo era Jose Nulman. O Bar-Mitzvah do meu irmão Saúl Nolman, e o meu Bat-Mitzvah foram realizados na sinagoga de São Cartano do Sul. Meus pais, Boris e Sarah Nolman, meus tíos Jaime e Ruth Sapira, e Ida e Jaime Szczupak. Sheila Mermelstein escreveu: "Saudades. Por onde você anda?? Nova Iorque. Lembrei com saudades de seus pais e de você".

Alexandre Winer: "Morei em São Caetano até meus 20 anos de idade! Minha mãe foi psiquiatra até o ano de 2002, quando faleceu, era concursada da prefeitura da cidade e tinha consultório lá. Se quiser saber mais, tem a família Timerman, Abramavicus, Raicher... Meus primos, que ainda são médicos e tem consultório por lá. Estudei no Externato Osvaldo Aranha, que era a única escola judaica do ABC. Já fechou e virou Brito Chabad, em Santo André. Conheço um casal de idosos, meus pacientes: Ruth e Nissim Rapini".

Eliahou Kogan: "Falta uma curiosidade. Em outubro de 1977 dois Kagan de uma loja de móveis da Av. Conde Frco. Matarazzo, em São Caetano do Sul, fizeram parte da minian do meu filho mais novo. Em seguida a empresa me mandou a serviço pra vários países, e eu pouco parava no Brasil. Infelizmente eu perdi o contato. surpresa agradável do destino. Tentei puxar pela minha memória e não consigo me lembrar como cheguei até eles. Disso eu não tenho dúvidas. somos primos com certeza. Eu lamento profundamente, pois foram muito gentis e extremamente simpáticos. Foi com a presença deles que consegui compor a minian no Brit-Milah do meu filho mais novo, hoje com 43 anos".

Marcia Kagan Amsalem respondeu a Eliahou Kogan: "Com certeza devem ser irmãos do meu avô. Você não lembra o nome deles né?  Mas com certeza todos de São Caetano. Kogan eram parentes diretos!

Eliza Pelcerman: "Eliahau infelizmente todos os Kogan daquela já faleceram todos..."

Julio Buchmann: "Meu nome é Julio Buchmann, meu pai veio da Rumenia, Bessarabia de uma aldeia chamada Secoron que hoja fica na Ucrania..."

Alberto Fliguel indicou Fani S. Fliguel...

Você fez ou faz parte da comunidade judaica de São Caetano do Sul? De Santo André? De Santos? Frequentou, ou frequenta, as sinagogas? Gostaria de escrever um texto, para que eu compartilhe no Blog? Possui fotos, documentos?

Escreva para mim: myrirs@hotmail.com