quinta-feira, 13 de maio de 2021

Santo André e a comunidade judaica

Sinagoga de Santo André
Foto enviada por Marion Engel Pesso
Na foto, meu zaide Ichiel Leib Szwarcbart
celebrando o casamento
dos pais da Marion

Alguns detalhes relacionados à comunidade judaica de Santo André já foram publicados, e aqui divulgo novamente, de forma resumida, para que se possa retomar este tema, na busca de mais informações.

Em um domingo de agosto de 2019 foi realizada, no Clube A Hebraica, uma palestra da sra. Anna Gedankien, no momento do lançamento do seu livro “Coragem, trabalho e fé - a história da comunidade judaica na região do ABC paulista”.  Naquele evento pude ouvir histórias contadas por sra. Anna, relacionadas às comunidades judaicas de São Bernardo, São Caetano do Sul e Santo André. Sra. Anna relatou que a comunidade de São Caetano e Santo André formaram-se praticamente no mesmo período, porém seguiram caminhos diferentes. Também relembrou o fato de que o sr. Wolf Gordon, nos anos 1920/1930, escolheu a cidade de Santo André para morar, o fato de que a escola judaica de Santo André atraía as famílias, e mantinha a comunidade viva, assim como a informação de que as entidades Wizo e Pioneiras, formadas por mulheres ativas da comunidade, estavam presentes nesta cidade.  O livro resgata memórias desde a chegada dos imigrantes judeus à região, e descreve diversas histórias, sendo uma delas a de meu zaide(avô), minha bubili(avó), meu pai e meu tio. No livro podemos ler que a sinagoga de Santo André possuía um anexo para moradia do shammes, ou gabai, responsável por cuidar dos mais diversos assuntos da sinagoga. O primeiro a exercer tal função foi meu avô. E como lemos no livro, “Sobrevivente do Holocausto, vindo da Bélgica, era casado, tinha três filhos. Dava aulas de Bar-Mitzvah e hebraico, exercendo a função de shochet, o abatedor de animais, conforme as leis judaicas. E quem quiser saber sobre um fato curioso, ocorrido na sinagoga, durante o governo de Getúlio Vargas, que iniciou uma campanha de nacionalização, sugiro comprar o livro...Alguns anos depois minha família paterna mudou-se para São Paulo, para o bairro da Vila Mariana...

Naquele dia da palestra, conversei com familiares que conheceram meu pai, tios e avós. Muitos ficaram surpresos, e contaram algumas histórias. Uma delas foi relatada por sr. Henrique Lindenbojn, relativo também ao fato curioso apontado acima. Já sr. Jayme Waisberg comentou que meu pai organizava as atividades dos jovens, em um salão, no piso superior da sinagoga. E meu pai e meu tio ensinaram sr. Jayme a apreciar música clássica. Iam a concertos em São Paulo, sempre de terno e capa de chuva...

Marion Engel Pesso, enviou comentários pelo messenger, tanto em 12 de março de 2018, como neste ano, e escreveu:Tenho visto você publicar artigos das sinagogas Ontem estávamos vendo fotos do casamento de meus pais que fizeram 60 anos de casados (em junho de 2018) e tem uma foto que parece ser seu avô como o rabino O casamento foi na sinagoga de Santo André. Veja a foto. Minha mãe conta que era ele quem dava aulas também. A foto que encontrei é a que melhor se vê seu avô. Mas se você quiser saber da história da sinagoga, pode falar com minha mãe, ela te contará tudo, desde que seu avô foi para Santo André para abrir uma escola lá... Também tem os arquivos na sinagoga. Pode ser que la você encontre mais fotos. Vou perguntar e depois te falo. O nome da minha avó era Ruth Jacob”. No livro de sra. Anna Gedankien, à página 57, podemos ler: “Matel Engel lembra que a família de seus pais era dona de uma loja de departamentos na Alemanha. O prédio de três andares foi todo destruído na Noite dos Cristais, meses antes de seu nascimento...Foi somente em 1940 que ela e os pais conseguiram pegar um avião até a Espanha, trem a Lisboa e o navio com destino ao Brasil, e se estabeleceram em Santo André, fundando a Casa Henrique, de aviamentos, que funcionou por mais de 60 anos...” Aguarde mais detalhes. Em breve conversarei com sra. Mathel, mãe da Marion

Ao escrever sobre a comunidade judaica de São Bernardo, Ita Regina contou que cresceu e viveu nesta cidade até os quinze anos, mas estudou tanto ali como em Santo André. Junto com a família, frequentava a sinagoga de Santo André, e, lembra-se das festas judaicas nesta sinagoga...

Sueli Drukier contou que São Caetano do Sul também era uma grande comunidade, “como a nossa de Santo André”. E quando comentei sobre meu zaide, Sueli escreveu: “Seu avô era baixinho e vinha em nossas casas e no shil. Se for ele, eu lembro dele vindo na casa da minha avó e o filho dele era amigo do meu tio...”

Raquel Sayeg leu o livro da sra. Anna Gedankien recentemente: “Emocionante!! Muitas lembranças de meus avós que viveram em Santo André, família Cohen!!!” E Sheila Melnick registrou no Facebook: “Amo esse livro, fui no lançamento. Trabalho há quase 9 anos em Santo André...”

Malvina Waisberg, por whatsapp, também contou: “Minha família, por parte de pai, é de Santo André...Frequentei muito a sinagoga, assim como a cidade. Até hoje tenho parentes lá. Histórias não faltam.” Aguardem em breve o relato da história da família Waisberg...

Em relação à Sinagoga de Santo André escreverei mais adiante. Mas fica registrado, como citado no livro de sra. Anna Gedankien, que o projeto da primeira sinagoga andreense foi criado por Vittorio Corinaldi, inaugurado em 1948, com entradas tantos pela Rua Siqueira Campos como pela esquina desta rua.

Você, ou sua família, faz ou fazia parte da comunidade judaica de Santo André? Frequentou a antiga sinagoga e/ou a atual? Possui fotos, documentos? Deixe seu comentário, encaminhe um texto com suas memórias, para o e-mai myrirs@hotmail.com

3 comentários:

  1. me lembro que em 1946 nós estavamos estudando hebraico com o professor na sinagoga de Santo André,vieram policiais do Dops Departamento de Ordem Política e Social, na época o Presidente era o General Eurico Gaspar Dutra e mandaram fechar a escola, porque era proibido lecionar lingua estrangeira no Brasil, e ai o nosso grupo se dividiu em 4 ou 5 pessoas e o professor ia de casa em casa ensinar hebraico idich e literatura idish e foi o professor que me prepárou para o meu barmitzva que foi realizaddo na sinagoga de Santo André

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  2. Bom dia! Feliz 2023.
    Muito interessante esse apontamento do ocorrido em 1946.
    Sou estudante dos aspectos religiosos na formação da cultura brasileira.
    Meu e-mail: edclertadeuadv@gmail.com

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