quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

A comunidade judaica proveniente da Alsácia-Lorena, em São Paulo, estava organizada e construiu uma sinagoga?


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A comunidade judaica proveniente da Alsácia-Lorena, em São Paulo, estava organizada e construiu uma sinagoga? Esta questão não está clara, e venho buscando informações a respeito, ao mesmo tempo em que busco mais detalhes, não só das sinagogas de Higienópolis, mas também das demais sinagogas em São Paulo.

Durante uma conversa, em 08 de março de 2018, Rabino Shimon Brand, como já publicado numa postagem deste Blog, comentou sobre alguns minianim e/ou sinagogas em São Paulo. E comentou que houve uma situada à Rua Cubatão, “dos franceses”, citando a família Danek. 

Assim, já no começo deste post pergunto: você faz parte da família Danek? Sua família fez parte da imigração judaica proveniente da região da Alsácia-Lorena, ocorrida na segunda metade do século XIX? Poderia compartilhar informações, histórias, alguma memória? Em qual região da cidade de São Paulo estabeleceram-se? Constituíram uma sinagoga? Um minian? Possuem fotos, documentos? Conhece alguém da comunidade proveniente daquela região?

Algumas informações podem ser encontradas no livro do sr. Henrique Veltman, “A História dos Judeus de São Paulo” (2.edição, revista e ampliada, Rio de Janeiro, Ed. Expressão e Cultura, 1996). No capítulo IV, página 27, lemos que “Judeus franceses trazem o bom gosto no vestir e introduzem as primeiras casas de joias. São de judeus alemães e alsacianos as primeiras companhias de seguros, os estúdios de fotografia, as lojas de calçados e de fazendas. Destacam-se na importação, de uma forma geral e sobem socialmente, por exemplo, de Victor Nothman e de Frederico Glete. Em 1881, os judeus franceses organizam-se na “Sociedade 14 de julho”. É dali que surge Alexandre Levy...” Lemos também que Dr. Samuel Edouard da Costta Mesquita chegou ao Brasil em 1860, exercendo a profissão de cirurgião-dentista e foi o primeiro rabino de São Paulo. Seu túmulo, assim como da família, encontra-se no Cemitério dos Protestantes (enterrado em 13 de janeiro de 1894). Também vemos que, assim como os alemães e húngaros, os judeus alsacianos instalaram-se em São Paulo e partiram para o interior, participando inclusive da implantação de ferrovias e da agricultura. Sr. Veltman cita as famílias Maylasky, Wille, Baumann, Frank...E no início deste capítulo, percebemos um pouco o sentido desta busca por informações que venho realizando: “Com o correr do tempo, judeus e seus descendentes perdem a lembrança de suas origens. Ainda assim, pode-se seguir os passos de muitos deles...”. No mesmo livro, à página 55, há mais detalhes sobre a comunidade judaica paulistana no século XIX: “Onde eram realizadas as cerimônias? Na edição de 3 de setembro de 1897, o Allgemeine Zeitung des Judenthums, que circulava em Lepzig, na Alemanha, noticiava: foi constituída em São Paulo uma congregação israelita, a qual ultimamente recebeu permissão de estabelecer o seu próprio cemitérios. Essa mesma informação foi reproduzida em jornais judaicos da França, Inglaterra e Estados Unidos. Nada, porém, foi encontrado a respeito da sede dessa organização (que incluiria, é claro, uma sinagoga e muito menos sobre o cemitério israelita. O cemitério da Vila Mariana foi inaugurado somente em 25 de fevereiro de 1923". Sobre este, leiam o livro “Os Primeiros Judeus de São Paulo - Uma breve história contada através do Cemitério Israelita da Vila Mariana” (Paulo Valadraes, Guilherme Faiguenboim, Niels Andreas- Rio de janeiro, Ed. Fraiha, 2009). Na página 25 deste livro, com o título “Os judeus alsacianos em São Paulo", há a informação de que não se tem registro do primeiro judeu paulistano. Os judeus provenientes da Alsácia-Lorena aqui chegaram não só atraídos pela riqueza gerada pelo café, mas também motivados pela derrota da França na Guerra Franco-Prussiana. Assim, aqui vieram suprir a população abastada da cidade com artigos de luxo. Na mesma página, há uma foto da família Worms, judeus franceses, em 1916, em que vemos Bertha e Fernand, sendo este sobrinho do Dr. Samuel Edouard da Costa Mesquita, acima citado.

No livro “Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil” (Fiesp, São Paulo, 1984), Dr. Nachman Falbel apresenta detalhes sobre a imigração judaica da região da Alsácia-Lorena: “”...Os judeus franceses trouxeram à cidade de São Paulo o bom gostos no vestir e também o consumo do supérfluo estabelecendo na capital paulista casas de jóias e afins...Outros eram importadores de alto vulto e acabaram ascendendo na sociedade paulistana pela sua riqueza e iniciativas sociais...”. Dr. Falbel aponta o livro “São Paulo de outrora”, de Paulo Cursino de Moura, em que este lembra os franceses e sua contribuição para a cidade, na moda e na elegância, na arte na música. E organizaram a sociedade “14 Julliet”, fundada por volta de 1881, tendo entre seus membros a família Cahen Levy. Sr. Falbel cita ainda na área da música Henry Levy, Louis e Alexandre Levy e Edgard Levy, e a pintora Bertha Worms. Descreve também sobre Dr. Samuel Edouard da Costa Mesquita, preenchendo a função de rabino ao oficiar as rezas nas festas judaicas...

Leiam no próximo post mais informações que foram publicadas e também disponíveis na internet sobre os judeus da Alsácia-Lorena que chegaram a São Paulo no século XIX.

E aqui pergunto novamente: como era organizada e constituída, em São Paulo, a comunidade judaica na segunda metade do século XIX, conforme foi publicado e noticiado no Allgemeine Zeitung des Judenthums, em Lepzig, e reproduzida em jornais judaicos da França, Inglaterra e Estados Unidos, e particularmente os provenientes da Alsácia-Lorena?

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Sociedade Religiosa Kehilat Achim Tiferet Lubavitch


A Sociedade Religiosa Kehilat Achim Tiferet Lubavitch situa-se à Rua Dr. Veiga Filho, em cima de uma padaria. Pude visitá-la, e conversar com Alberto Savoia, presidente desta sinagoga, no dia 26 de novembro, antes do horário de Minchá e após o horário de estudos dos meninos do Colel.

Uma escadaria conduz ao espaço da sinagoga. O setor masculino possui cadeiras situadas próximas à Bimah e ao Aron Hakodesh, que guardam as Torót. O setor feminino, separado, situa-se na parte posterior. Um terraço coberto comporta o salão do Kidush, que, na Festa de Sucót, abriga a Sucá. Cozinha e banheiros mantêm o aspecto original, da época da construção do edifício, não foram modernizados. Um ventilador, um relógio e alguns quadros ocupam as paredes.

Esta sinagoga originou-se em 1972, a partir da Sinagoga Tiferet. Com a saída de muitos jovens que a frequentavam e que mudaram de sinagoga, hoje em dia é formada principalmente pelos senhores mais velhos, que se reúnem para completar o minian das rezas diárias. Podemos citar que três sobreviventes do Holocausto participam da sinagoga, sr. Abraão Bem Meir, sr. Moisés Levi e sr. Ishartiel (corrijam-me os nomes, caso eu tenha informado erroneamente). O pai do Rabino Sobel, sempre que vinha ao Brasil, rezava no Shil da padaria, como esta sinagoga é conhecida. 

Em um determinado momento, pensaram em fechá-la, mas como Alberto Savoia comentou, vêm mantendo-a ativa, e conservada. Hoje em dia quem conduz as rezas é o Rabino Berlinov...

 Você teria mais informações sobre o Shil da Padaria? E sobre a Congregação Monte Sinai? Compartilhe mais detalhes, suas memórias, histórias, lembranças, fotos, documentos. Deixe uma mensagem aqui ou escreva para myrirs@hotmail.com