segunda-feira, 26 de junho de 2017

Identificando o bairro do Ipiranga

Museu do Ipiranga foi a primeira grande obra da região;
 era o unico predio visível da rua. Acervo/Estadão

Este texto foi extraído dos sites indicados abaixo. Consta destes que a palavra “Ipiranga” possui diversos significados, não havendo um estudo definitivo a respeito de sua tradução exata. Junção de duas palavras em tupi, pode significar "água roxa", “água barrenta”, ou ainda “água vermelha”.

Os primeiros registros da região datam de 1510, época em que João Ramalho habitava, juntamente com os índios Guaianazes, a área de Piratininga, entre a margem direita do Ribeirão Guapituva e a aldeia do cacique Tibiriçá. Segundo dados históricos, João Ramalho se casou com Bartira, filha do cacique, com quem teve muitos filhos.

Museu do Ipiranga em 1902, fotos de Guilherme Gaensly
site Wikipedia https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_do_Ipiranga
Com doações de terras que se seguiram, a região do Ipiranga recebeu “ocupação branca”, levando à transferência dos índios para novos locais.

Até o final do século 16, esta região já contava com aproximadamente 1500 pessoas, por toda a área do RioTamanduateí. A localização privilegiada favoreceu a concentração e expansão de sítios e fazendas, desenvolvendo-se o comércio.

O principal fato histórico do bairro foi a Proclamação da Independência do Brasil, em 7 de Setembro de 1822, por Dom Pedro I, às margens do riacho Ipiranga.

Com o passar do tempo, o bairro deixou de ser apenas “uma passagem entre o mar e a cidade". O bairro fez parte das modificações urbanas geradas pela indústria. Em 1904, o Ipiranga foi “palco do primeiro bonde elétrico” e em 1947 ocorreu a inauguração da Rodovia Anchieta .

A Companhia Fabril de Tecelagem e Estamparia, dos irmãos Jafet, contribuiu para o surgimento do bairro Ipiranga, auxiliando no seu desenvolvimento e estando presente nas principais obras da região do Ipiranga. Foram eles os responsáveis pela implantação de fábricas, obras de tratamentos as águas do rio Tamanduateí, construção de hospitais, escolas e estradas. 

Outra figura importante para o surgimento e desenvolvimento do bairro foi a do Conde José Vicente de Azevedo, advogado, professor e parlamentar. Nos últimos anos do Império, sr. José adquiriu terras na colina do Ipiranga.

Bairro residencial e comercial, podemos citar avenidas e ruas conhecidas como a Av. Nazaré e as ruas Manifesto, Tabor, Comandante Taylor, Silva Bueno, Lino Coutinho, entre outras. O bairro é atendido por três estações da Linha 2 – Verde- do Metro, por escolas, restaurantes, bares e lanchonetes.

Cartão postal antigo-Museu do Ipiranga
Como marcos históricos do bairro temos o Museu e o Monumento do Ipiranga, inaugurados em 1895 e 1922, e o Parque da Independência. Hoje, é considerado um “museu a céu aberto”, pois em 8 de maio de 2007 as doze construções centenárias do bairro foram tombadas pelo Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo). 

O distrito inclui, além do Ipiranga, outros sete bairros: Alto do Ipiranga, Dom Pedro I, Vila Carioca, Vila Eulália, Vila Independência, Vila Monumento e Vila São José.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Participem divulgando os posts do blog de minha pesquisa...

Ao compartilhar minha última publicação no Facebook, sugeri aos leitores que “participem divulgando os posts do blog de minha pesquisa, que venho desenvolvendo de forma independente. Já são mais de 56 mil visualizações das páginas deste blog. Estou escrevendo com a colaboração de todos que querem participar, e que querem ajudar a divulgar a nossa história aqui em São Paulo, as sinagogas que a comunidade ajudou a construir nos mais diversos bairros da cidade, sua arquitetura, arte e memória !!! E...caso haja interesse em patrocina-la, entrem em contato comigo!!!”


Recebi vários comentários, muitos deles no Net Shuk.

Entre eles, o de Edith Nekrycz Wertzner: “Que interessante! Vou compartilhar...Adorei”




Adriana Assad Gross e Lili Artz escreveram...Sucesso!!! Sensacional!!! Parabéns!!!

Sr.Eduardo Csasznik enfatizou... “Muito legal! Não conhecia a história. Me lembro quando batiam na nossa casa na Rua Sebastião Velho, nos convocando para completar Miniam nesta Sinagoga. Isso no fim dos anos 60. Na Rua Sebastião Velho tinham umas 6 famílias da coletividade então, na necessidade de miniam era por ali que convocavam. Ainda tem pessoas de idade avançada que ainda poderão lhe ajudar: a mãe da Sima Halpern, acho que D. Malvina Shehtman (mãe do arquiteto Léo Shehtman). Acho que D. Rosa mãe do Nilson e Irineu Cupersmid. Assim, pergunto: Alguém das famílias citadas possuem histórias a compartilhar, fotos e documentos para divulgar?

Josette Hazan achou “Muito interessante, como a nossa comunidade sempre tem histórias bonitas para lembrar, tem que ser divulgada, vou compartilhar!!!”

Agradeço a todos que estão participando desta pesquisa, concedendo entrevistas, e divulgando o material que vamos encontrando...


terça-feira, 13 de junho de 2017

Milton Rososchansky e a Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob

Joyce Marcovits entrou em contato comigo por email, informando-me que sua família foi uma das fundadoras da sinagoga de Pinheiros e que o pai, Milton Rososchansky, gostaria muito de conversar a respeito. Conversamos, e entrei em contato com sr. Milton. E agendamos um horário: dia 9 de junho de 2017, às 10h30. Nesta data encontrei-me com sr. Milton e esposa sra. Judy, que comentaram que o filho, no México, havia lhes falado sobre minha pesquisa. Em uma conversa muito agradável, ouvi a seguinte história:

Com sobrenome de provável origem russa (Rosos-nome de uma cidade; Chansky-filho de), sr. Jose, pai de sr. Milton, nasceu na Bessarábia, e possuía um irmão e duas irmãs. Juntamente com o irmão, sr. Salomão, uma das irmãs e o noivo desta, sr. Bentzion Solon, imigraram ao Brasil no inicio da década de 1930, sem recursos. O que possuíam permaneceu com os avós e a tia, no país de origem. Como detalhe, a tia acabou por estudar na Romenia, formou-se, sobreviveu à segunda Guerra Mundial e emigrou, juntamente com a filha, para Israel, no período de governo de Gorbachóv. Infelizmnete os avós não sobreviveram ao Holocausto...

No Brasil, muitas famílias de imigrantes chegavam com recursos trazidos do país de origem, outras não. As famílias ajudavam-se, associavam-se uns com os outros, e assim, cada um passava a ter o seu sustento. Sr. José, pai de sr. Milton, e sr. Leon Steinberg estabeleceram uma granja de galinhas no Embu, em amplo terreno, até 1947. Nesta época, por falta de ração, fecharam a granja e vieram a São Paulo. Sr. Jose, assim como muitos outros imigrantes, começou a vender mercadoria nas ruas, e conseguiu estabelecer-se, o que tornou possível “chamar” a namorada, no país de origem, para vir ao Brasil. Sr. Mendel Sancovsky, marido de sra. Fanny e pai do sr. Mauro, por exemplo, possuía uma loja de roupas masculinas na R.Teodoro Sampaio. Entregava camisas para os imigrantes da comunidade que chegavam ao Brasil, para que as vendessem, e assim, conseguissem seu sustento.

Morador de Pinheiros, sr. Bentzion, cunhado de sr. José e “mais religioso”, juntamente com as famílias da comunidade judaica do bairro, uniram-se para formar e construir a Sinagoga Beth Jacob. Para tanto, compraram uma casa velha, em terreno de 5m x 25m, demoliram-na e construíram um edifício com 2 pisos-um para os homens, outro para as mulheres- e um salão de eventos ao fundo. Sr. Milton lembra que sr. Felipe Ackerman foi quem doou o Aron Hakodesh da sinagoga. No espaço ao fundo, em 1 ou 2 salas, iniciou-se a escola Chaim Nachman Bialik, como já publicado em posts anteriores, sob direção e ensino do prof. Karolinski, amigo de sr. Leon Steinberg. Sr. Milton começou a estudar neste cheder, cujo ensino, dos 6 aos 13 anos, finalizava-se quando os meninos celebravam o Bar-Mitzvah. Com o aumento do numero de alunos, a escola transferiu-se para a R. Cardeal Arcoverde e, posteriormente para a R. Simão Alvares, permanecendo neste endereço até a criação do Colégio Alef no Clube a Hebraica.

Com o falecimento do pai, em 1951, sr. Milton “assumiu” a cadeira do pai na sinagoga, frequentando-a nas Grandes Festas. A sinagoga, na década de 1960/1970 passou a ser frequentada pelos filhos dos fundadores. A comunidade judaica de Pinheiros, que sempre foi unida, começou a diminuir, com a mudança para outras regiões da cidade, principalmente Jardins e Higienópolis. Com receio de que a Sinagoga de Pinheiros "acabasse, convocäram-se os descendentes dos fundadores, que reuniram-se com sr. Helio Solon, filho do sr. Bentzion, e presidente na ocasião, para estabelecerem um rumo e resolverem problemas daquele momento crucial.

 Sr. Milton, no momento em que era presidente da sinagoga, conta ter sido procurado por sr. Fred Mester. Haviam sido procurados pela Loja Maçonica David Iampolsky, que estava desocupando um espaço do Bom Retiro. Em reunião com os membros da Sinagoga de Pinheiros e da Loja Maçonica, esta expos que estavam dispostos a alugar e reformar o edifício. Alguns aceitaram a proposta, outros não; alguns sugeriram que a sinagoga fosse transferida para o Bialik, outros afirmaram ser fundamental permanecer como sinagoga aonde estavam. Decidiram, por fim, permanecer aonde estavam e acatar a locação da Loja. Sr. Helio redigiu o Contrato de Locação a ser firmado. Uma das cláusulas deste Contrato estabelecia não um valor de locação, mas que um dos salões da sinagoga fosse alugado pela Loja mediante o compromisso de manutenção da edificação como um todo, e da manutenção dos minianim de todos os sábados.  Assim, desde 1987, o Contrato e o acordo tem permanecido, com a contratação do Rabino Levi Yitschak Fishel Rabinowicz, mantendo um rito tradicional, permanecendo no local os frequentadores antigos, atraindo novos e incluindo a comunidade judaica que, hoje em dia, volta a se estabelecer neste bairro...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Bialik e Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob

O Colégio Bialik (Ginasio Israelita Brasileiro Chaim Nachman Bialik) teve seu inicio nas salas de aula, aos fundos da Sinagoga Israelita de Pinheiros, em 1943, como lembrou sr.Mauro Sancovski, presidente da sinagoga. Assim, da mesma forma como ocorreu com as comunidades judaicas da Vila Mariana, Cambuci, Brás, Lapa (veremos sobre esta em outro momento), esta escola, em seu inicio, esteve ligada à sinagogas do bairro.

O professor Luiz Karolinski, convidado por sr. Henqrique Sankovsky (presidente da sinagoga), começou a lecionar na escola logo no inicio desta. Seus 13 alunos estudavam o ydish e o hebraico. Professor Karolinski era o responsável pela escola, diretor e professor.


A respeito desta época inicial da escola pude conversar rapidamente com sra.Geni, mãe de Priscila (Kotujansky) Gorenstein. Sra.Geni comentou sobre a foto que vemos. O grupo de alunos reunido no salão ao fundo da Sinagoga, ao lado das salas de aula. Sra. Gemi aos 12 anos aparece na foto, assim como sua irmã. Apesar de frequentarem a escola, não frequentavam a sinagoga...