Joyce Marcovits entrou em contato comigo por
email, informando-me que sua família foi uma das fundadoras da sinagoga de
Pinheiros e que o pai, Milton Rososchansky, gostaria muito de conversar a
respeito. Conversamos, e entrei em contato com sr. Milton. E agendamos um
horário: dia
9 de junho de 2017, às 10h30. Nesta data encontrei-me com sr. Milton e esposa sra. Judy, que
comentaram que o filho, no México, havia lhes falado sobre minha pesquisa. Em
uma conversa muito agradável, ouvi a seguinte história:
Com sobrenome de provável origem russa
(Rosos-nome de uma cidade; Chansky-filho de), sr. Jose, pai de sr. Milton,
nasceu na Bessarábia, e possuía um irmão e duas irmãs. Juntamente com o irmão,
sr. Salomão, uma das irmãs e o noivo desta, sr. Bentzion Solon, imigraram ao
Brasil no inicio da década de 1930, sem recursos. O que possuíam permaneceu com
os avós e a tia, no país de origem. Como detalhe, a tia acabou por estudar na
Romenia, formou-se, sobreviveu à segunda Guerra Mundial e emigrou, juntamente
com a filha, para Israel, no período de governo de Gorbachóv. Infelizmnete os
avós não sobreviveram ao Holocausto...
No Brasil, muitas famílias de imigrantes chegavam
com recursos trazidos do país de origem, outras não. As famílias ajudavam-se,
associavam-se uns com os outros, e assim, cada um passava a ter o seu sustento.
Sr. José, pai de sr. Milton, e sr. Leon Steinberg estabeleceram uma granja de
galinhas no Embu, em amplo terreno, até 1947. Nesta época, por falta de ração,
fecharam a granja e vieram a São Paulo. Sr. Jose, assim como muitos outros
imigrantes, começou a vender mercadoria nas ruas, e conseguiu estabelecer-se, o
que tornou possível “chamar” a namorada, no país de origem, para vir ao
Brasil. Sr. Mendel Sancovsky, marido de sra. Fanny e pai do sr. Mauro, por
exemplo, possuía uma loja de roupas masculinas na R.Teodoro Sampaio. Entregava
camisas para os imigrantes da comunidade que chegavam ao Brasil, para que as
vendessem, e assim, conseguissem seu sustento.
Morador de Pinheiros, sr. Bentzion, cunhado
de sr. José e “mais religioso”, juntamente com as famílias da comunidade
judaica do bairro, uniram-se para formar e construir a Sinagoga Beth Jacob.
Para tanto, compraram uma casa velha, em terreno de 5m x 25m, demoliram-na e construíram
um edifício com 2 pisos-um para os homens, outro para as mulheres- e um salão de
eventos ao fundo. Sr. Milton lembra que sr. Felipe Ackerman foi quem doou o Aron
Hakodesh da sinagoga. No espaço ao fundo, em 1 ou 2 salas, iniciou-se a escola
Chaim Nachman Bialik, como já publicado em posts anteriores, sob direção e
ensino do prof. Karolinski, amigo de sr. Leon Steinberg. Sr. Milton começou a
estudar neste cheder, cujo ensino, dos 6 aos 13 anos, finalizava-se quando os
meninos celebravam o Bar-Mitzvah. Com o aumento do numero de alunos, a escola transferiu-se para a R. Cardeal Arcoverde e, posteriormente para a R. Simão Alvares,
permanecendo neste endereço até a criação do Colégio Alef no Clube a Hebraica.


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