segunda-feira, 27 de julho de 2020

A imigração judaica ao interior paulista no início do século XX - núcleos coloniais


Mapa da Província de São Paulo
(Sociedade Promotora de Immigração de S. Paulo)
linhas ferroviárias do Estado de São Paulo
Império do Brasil - 1886.
Domínio público
Podemos verificar no site do Arquivo do Estado de São Paulo que o desenvolvimento da política de núcleos coloniais ocorreu a partir do final do Império, passando a ocorrer, no decorrer do tempo, variações de acordo com as políticas em vigor. Teve início a partir de 1854, quando se criou a “Repartição Geral de Terras Públicas”, responsável pelo estabelecimento dos núcleos coloniais e seu desenvolvimento. O primeiro regulamento, de 1867, estabeleceu as normas para a criação destes núcleos, que foram estabelecidos em locais de difícil acesso, gerando diversas dificuldades para os produtores. Como consequência, em 1871, foi fundada a Associação Auxiliadora de Colonização e Imigração, para que pudessem os imigrantes se estabelecerem em melhores locais, e em 1884 estabeleceu-se uma lei que possibilitasse subsídios a estes imigrantes. Desta forma, o governo provincial pode "criar" até cinco núcleos coloniais próximos às estradas de ferro. 

Mappa da Província de São Paulo
(Escritório Técnico da Companhia Mogyana)
Criação entre 1800 e 1889
Domínio público/ Acervo Arquivo Naciaonal
Podemos ver, neste mesmo site que na administração do presidente da província, sr. Carlos Botelho, entre 1904 e 1908, foram criados núcleos coloniais que contaram com o auxílio de iniciativa particular. Cita-se que nos anos de 1885 e 1911 foram criados 25 núcleos coloniais no estado de São Paulo, possibilitando a fixação dos imigrantes como mão-de-obra para as fazendas de café. Ao imigrante recém-chegado na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo, a ida a um Núcleo Colonial passava a ser uma opção possível. Podia escolher o Núcleo a que iria se dirigir, preenchendo um requerimento de comprar de um lote de terra, de subsídios e ajuda. Informações registradas em livros da administração do núcleo colonial permitem conhecer um pouco mais sobre o cotidiano dos colonos, como os registros de matrícula com dados pessoais dos colonos e suas famílias. 

Mappa das Linhas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
Domínio público/Acervo do Museu Paulista da USP
Coleção João Baptista de Campos Aguirra
Em relação aos Núcleos Coloniais, o site do Arquivo do Estado de São Paulo também dispõe de um banco de dados, com documentação sobre imigração, reunida pela “Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, que, desde 1891,  zelava por assuntos relativos à agricultura, aos serviços de imigração e colonização, às terras públicas e particulares e aos núcleos coloniais. Como citam, há conjuntos documentais, do final do século XIX aos primeiros anos do século XX, relativos aos Núcleos Coloniais da região de Campinas – Campos Sales, Nova Odessa e Nova Veneza: há ofícios, requerimentos, processos, mapas, levantamentos de vias fluviais, relação de despesas, de lotes vagos, designação de lotes provisórios, demarcações, guias de pagamento de lotes, livros de registro civil de nascimentos, relação de casamentos e de óbitos, matrícula de colonos, recenseamentos, livros-caixa, etc. Como o site indica, é possível realizar a consulta por: "nome", "nacionalidade", "colônia" ou "localidade". Veja mais  no site do Arquivo do Estado de São Paulo: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/repositorio_digital/nucleos_coloniais

A história de Nova Odessa, em relação ao período citado acima está registrada no site http://www.novaodessa.sp.gov.br/Historia.aspx , onde podemos ler que  As propriedades que originaram a formação do Núcleo Colonial Nova Odessa, foram: a Fazenda Pombal, comprada pelo governo em 1905, a Fazenda Velha, comprada poucos meses depois e o "engenho velho", da antiga Fazenda São Francisco. Outras propriedades foram compradas pelo governo, entre 1909 e 1911, para fazerem parte do núcleo colonial, cujas terras estão hoje no vizinho município de Sumaré. Eram as fazendas Pinheiro, Paraíso e Sertãozinho.  Cada uma dessas fazendas passou a ser uma das seis seções do Núcleo Colonial Nova Odessa... Em 2 de agosto, desembarcaram em Santos, procedentes de Southampton, trazidos pelo vapor Aragon, mais 379 judeus russos. Foram enviados para vários núcleos, entre eles o de Campos Salles e o de Nova Odessa. Em fins de 1905, poucas famílias russas permaneciam no núcleo e o governo começou a fazer diligências para a vinda de imigrantes letos, enviando João Gutmann a riga, capital da Letônia, então província da Rússia. Datados de 8 de janeiro de 1906, encontramos ainda os processos de compra de lotes, em Nova Odessa, de lvas Zuk (lote 24), Marck Pipman (lote 30), Mendel Bendernsky (lote 13) e Mark Shwarzman (lote 31) ...”

O site relacionado a Corumbataí, no interior de São Paulo, também cita os núcleos coloniais: “Durante o Mandato do governador Jorge Tibiriçá entre os anos de 1904 e 1908, teve como meta a criação de núcleos coloniais para fixação dos imigrantes estrangeiros em solo paulista , com a finalidade de aumentar a produção agrícola, esta finalidade coincidia plenamente com os planos e propósitos da Companhia da Pequena Propriedade...Dando continuidade a implantação do Núcleo Colonial o Governo do Estado adquire metade da Companhia da Pequena Propriedade, metade da Fazenda São José e dá início a processo de loteamento e colonização da fazenda citada acima, sob o nome de “Núcleo Colonial Dr. Jorge Tibiriçá”. Fonte: Oscar de Arruda Penteado - "Corumbataí - Subsídio para sua história."

Vamos divulgar esta história pouco conhecida sobre a imigração judaica no interior paulista, nos primeiros anos do século XX??? Você faz parte desta história?? Escreva para mim... myrirs@hotmail.com

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