quinta-feira, 23 de julho de 2020

Sua família, ao chegar ao Estado de São Paulo, morou nas colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Salles?

Site do AHJB - atual Centro de Memória
Museu Judaico de São Paulo

Questionei, em alguns momentos, se a sua família, ao chegar ao Estado de São Paulo, morou nas colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Sales.

Podemos verificar no antigo site do AHJB, atual Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo, informações relativas à cronologia da imigração judaica no Brasil, onde lemos: “A periodização aqui adotada foi extraída do livro “Estudos sobre a Comunidade Judaica no Brasil”, de Nachman Falbel. A divisão é baseada em três grandes períodos: colonial, imperial e republicano”. No período republicano, de 1889 até nossos dias, vemos o detalhe: “1904-1914 - compreendendo os inícios da colonização J.C.A., em 1904, em Philippson; a colonização agrícola no interior promovida pelo governo do Estado de São Paulo em Nova Odessa, Jorge Tibiriçá e Campos Salles em 1905, e a imigração da Europa Oriental.”

No livro “Judeus no Brasil: estudos e notas”, o Prof. Dr. Nachman Falbel (Humanitas, Edusp, 2008) cita tais núcleos, e o estabelecimento de imigrantes judeus nestes locais, como vemos à página 196, com o título “Uma colonização judaica no interior paulista”. Este trecho do livro inicia-se com a informação de que a sra. Cecilia e o sr. Jorge Karacik, foram os primeiros colonos judeus contratados pelo governo para a colonização do interior do paulista, morando no núcleo de Nova Odessa. E relata que os imigrantes chegaram ao interior, desde o ano de 1905, não somente à Nova Odessa, mas também a Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá, na região de Rio Claro, (fundação – 1905) e Funil - Colônia Campos Salles, na região de Campinas, (fundação – 1897). Esta leva imigratória teve como pano de fundo a onda de pogroms promovida pelo governo russo, época em que imigrantes chegaram ao Brasil e dirigiram-se à colônia da Estação Vila Americana - Núcleo Nova Odessa, criada pelo decreto do Presidente do Estado de São Paulo, em 1900, na fazenda “Pombal”, de propriedade do Estado. Era formada por terras adquiridas de particulares, da fazenda Pombal, situada à margem da Estrada de Ferro Paulista, e de terras pertencentes à fazenda Velha. 

DECRETO N. 1.324 DE 23 DE OUTUBRO DE 1905
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
Secretaria Geral Parlamentar - Depto de Documentação e Informação
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1905/decreto-1324-23.10.1905.html
Prof. Dr. Nachman Falbel escreve que um levantamento dos nomes das famílias que chegaram, “mostra que as primeiras levas de colonos, em sua quase totalidade, eram formadas por judeus e que somente à partir do final de 1905, isto é, dos últimos dias de dezembro daquele ano, começaram a chegar alemães, austríacos, russos-letos, que professavam outras religiões”. E continua: “em 1905, Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá (criado em 1905, em contrato estabelecido com a Companhia Pequena Propriedade) e Nova Odessa recebem os imigrantes judeus que chegam nos navios da Royal Mail Steam Packet Company, especialmente contratada, em 3 de abril de 1905, pelo Governo do Estado para trazer da Rússia, via Inglaterra, tais colonos. O fretamento dos navios, que saem em sua absoluta maioria de Southampton e excepcionalmente de Cherbourg, com um grande número de imigrantes que serão posteriormente levados às colônias, e também à Capital, nos leva a crer que o governo do Estado, através de seus agentes, tinha ciência da precária situação em que se encontravam os judeus da Rússia...” 

A partir de maio de 1905, os imigrantes puderam optar em se estabelecerem em um dos três núcleos coloniais ou na capital paulista. O livro observa que parte dos filhos dos imigrantes vieram com a cidadania inglesa, “indicando que muitas dessas famílias já se encontravam na Inglaterra há vários anos, isto é, desde o século passado” (século XIX). Muitas famílias de imigrantes abandonaram tais colônias, e os lotes que adquiriram, em curto espaço de tempo, por não se adaptarem ao trabalho agrícola, ou às condições e clima locais. Rumaram, assim, para os centros urbanos daquela região, ou para São Paulo, ou para outros Estados do país. 

Estação de Corumbatai - Autor desconhecido
Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1884-1966)
Fonte: https://www.estacoesferroviarias.com.br/c/corumbatai.htm
Este foi o questionamento que fiz no início deste texto, em que pergunto se sua família morou em um destes núcleos. Como vemos, o autor enfatiza: “Os núcleos populacionais judaicos de Rio Claro, de Limeira, Campinas, São Paulo, receberiam imigrantes egressos daquelas colônias, como podemos verificar pela trajetória particular da família de Benjamim Golovaty, que de Corumbatahy - Jorge Tibiriçá acabaria por se estabelecer em Rio Claro, vindo, mais tarde, seus descendentes à viver em São Paulo”. Sr. Benjamim Golovaty, citado por sr. Blima Asnis, aportou em Santos no decorrer do ano 1905, vindos da Rússia, via Inglaterra. Prof. Dr. Nachman Falbel nos conta: “Ele chegou com sua família no navio Danube, que saíra de Cherbourg, e entrou em Santos em 30 de agosto de 1905, ficando hospedado na Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo, para ser encaminhado à colônia Jorge Tibiriçá. Pelo processo de 9 de agosto de 1906, no qual ele pede permutar seu lote 68 por outro, de número 54, que pertencera a Jacob Viener , sabemos que ele fora diretamente àquele Núcleo. Sua solicitação é justificada pela dificuldade de ir ao local de trabalho naquele lote, por se encontrar muito afastado, o que dificulta aos seus filhos, que são pequenos, chegarem até lá e ajudarem-no no trabalho. Além do mais, ele pedia para morar ainda mais um ano na casa do Governo...”

Muitos, ainda hoje, na comunidade judaica, desconhecem esta leva imigratória significativa e numerosa, no ano de 1905, proveniente da Rússia, e destinada à colonização agrícola do estado de São Paulo. Desta forma, podemos afirmar que uma parte dos imigrantes da comunidade judaica que chegaram à capital paulista rumou inicialmente às colônias agrícolas acima citadas. A partir destas colônias mudaram-se para cidades do interior de São Paulo, e muitos, posteriormente chegaram à capital. Você gostaria de conhecer a listagem destes imigrantes? Consulte o Apêndice 1: “Lista dos imigrantes judeus nas colônias do interior de São Paulo e na cidade de São Paulo”, no livro acima citado.

Como venho divulgando nos posts deste blog, compartilho as mensagens escritas nas páginas do Facebook, relacionadas às comunidades judaicas do interior paulista. Na página da FAUUSP, Deborah Matt contou: “Sou de Rio Claro. Lembro desta casa (a Loja Golovaty). Não sei se ainda existe. Compartilhei no grupo de Rio Claro, para ver se alguém pode agregar alguma informação. Achei sobre a casa Golovaty, no grupo de Rio Claro: Segunda loja de moveis Golovaty, na rua 4 esquina com avenida 2, centro de Rio Claro. Funcionou até 1945 neste local quando se mudou para o local atual na rua 4, entre avenidas 6 e 8. A primeira funcionou na avenida 5 com rua 9.” E inseriu o link https://www.facebook.com/.../a.6810875719.../681087581974941

Em Jewish Brasil, Sami Raicher escreveu: “Tenho uma tia que morou lá ... deve saber! Chama-se Ilda Zaideman Azar, ela morou em Araraquara salvo engano!!!” Na página Pletzale, Jayme Brener comentou: “Rio Claro. Família Sadcovsky, da minha tia Anna Sara. E tem Novo Horizonte, família do José Luiz Godlfarb. Minha tia Anna Sarah Brener, née Sadcovski, é de Rio Claro. Mas ela mora no Rio de Janeiro desde pequena. Acho que não se lembra de nada, mas pode dar dicas. Você pode dizer a ambos que eu passei os telefones. A família de Gizelda Katz, que é médica, era de Tatuí.”

Já em Guisheft, Nicola Nisim Pelosof contou que o sr. Carlos Graicer é de São José do Rio Pardo, ao lado de Araraquara. Israel Flank escreveu: “Sou Araraquarense e posso passar algumas informações.” Conversei com dr. Israel Flank, pediatra, em 15 de julho de 2020, que contou que o pai, sr. Mauricio Flank, chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, em 1925, proveniente da Galícia. Mudou-se mais tarde para São Paulo, trabalhou em São Carlos, e, em cidades como Pinhal, trabalhou com klientelchik. A mãe do dr. Israel, sra. Sheva(Julia), chegou ao Brasil, proveniente da Rússia. Casaram-se em São Paulo, estabelecendo-se em Araraquara. Dr. Israel e as 3 irmãs nasceram em Araraquara e estudaram no Grupo Escolar. A família residia na Rua 9 de julho, como a maioria dos que faziam parte da comunidade, tinham um comércio, uma loja de móveis e armarinhos. Comentou que na cidade não havia sinagoga. Como estavam próximos de São Carlos(40km), reuniam-se, para comemorar as Grandes Festas, uma vez em cada cidade, a estrada, de terra batida, tornava a viagem difícil. Geralmente alugavam um salão para Rosh Hashanah e Yom Kipur, alojando-se nas casas das famílias da comunidade. Pelo que lembra, a Torah que possuíam foi para o Shil da Rua da Graça. A família mudou-se para a capital em 1952, para evitar a assimilação, e possibilitar a continuidade dos estudos.

Sua família, ou você, fez ou faz parte ads comuniaddes judaicas do interior paulista??? Compartilhe e resgate as suas histórias, memórias, fotos e documentos! Escreva para mim... myrirs@hotmail.com

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