quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Mazalot - signos do Zodíaco - no Centro Israelita do Cambuci

Conta-se que os desenhos dos Mazalot nesta sinagoga foram feitos por um artista-arquiteto judeu polonês, o mesmo que, também decorou a sinagoga do Brás. Este artista voltou para a Polônia antes da II Guerra Mundial. A representação do zodíaco era um tema artístico e motivo decorativo comum a várias sinagogas da Polônia e do leste europeu como um todo. Este tema também estava presente em algumas sinagogas antigas em Israel, e realizadas em mosaicos, a exemplo de Beith Alfa, próximo a Beith Shean.

Escola Israelita Brasileira do Cambuci

Ao se construir uma sinagoga, construía-se uma escola...

A construção da Escola do Cambuci foi feita pelo sr. Samuel Belk e iniciou seu funcionamento em 1945. Francisco Moreno Z”L  comentava que os pais trabalharam como zeladores desta escola, de 1954 a 1960, e se lembrava que fizeram parte professores como moré Levin, morá Sara Dingot (que na Polônia frequentava os círculos literários de Varsóvia) e mora Golda. A escola também absorveu imigrantes judeus originários do Oriente Médio, sendo frequentada, assim, pela comunidade ashkenazi e por mizrahim (inicialmente moradores da Mooca) Francisco Moreno também nos contava que "o Cambuci abrigou o movimento juvenil Kadima, do qual fez parte Iara Iavelberg, cuja família era do bairro do Ipiranga".

Ao compartilhar as últimas postagens sobre a Sinagoga do Cambuci no Facebook, Annette Waidergorn escreveu: “Meu avô Pedro Waidergorn, foi um dos fundadores. Passei muitos Yom Kipur nesta sinagoga”. E Marcia Eskenazi  comentou: “Meus pais também... e da escola, aonde estudei por vários anos da minha infância. A sinagoga era frequentada por toda minha família porque morávamos no Cambuci”.

Aqui pergunto: Você ou sua família frequentaram a Sinagoga do Cambuci? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Estudaram na escola ao lado da sinagoga?? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

O edifício do Centro Israelita do Cambuci

O Centro Israelita do Cambuci, fundado em 1941, situa-se próximo à Rua do Lavapés, e ao lado da Escola Israelita Brasileira do Cambuci, que ali funcionou até fundir-se com o Colegio I.L.Peretz.

A edificação possui um salão para kidush no piso térreo e duas escadas laterais conduzem à entrada desta, no primeiro piso, da mesma forma como víamos na Sinagoga Mordechai Guertzenstein. Porém, na sinagoga do Cambuci, as escadas situam-se na parte externa. Neste primeiro piso, uma porta de madeira de folha dupla dá acesso à ala masculina. Fileiras de bancos e respectivos apoios para sidurim, com espaço para guardá-los, ladeiam um corredor central. Tais bancos, em madeira, ainda conservam as plaquinhas de identificação de seus antigos ocupantes. Já a ala feminina, originalmente situava-se em um piso superior, no formato das antigas sinagogas. Esta sinagoga ficou desativada durante 15 anos, sendo reaberta em junho de 2014, porém esta desativada novamente.

O projeto da Sinagoga do Cambuci, “conforme consta do seu processo de aprovação Proc.52.062/40PMSP foi assinado pelo engenheiro Leo Bonfim Dei Vegni Neri (engenheiro formado pela Poli-USP) tendo como responsável pela construção David Biase...” Esta é uma informação que podemos ler no interessante artigo “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira (Salmos,137,4)”, escrito pela Dra. Anat Falbel (UNICAMP/IFCH) e publicado no Boletim Informativo Arquivo Histórico Judaico Brasileiro 35, Ano IX-Janeiro/Abril 2006, páginas 10-18. Projeto de engenheiros que não pertenciam à comunidade judaica, como ocorreu em algumas sinagogas paulistas.

Os projetos das sinagogas da primeira metade do século XX refletiam o partido arquitetônico presente nas comunidades de origem dos imigrantes que as construíram. Percebemos isto no espaço interno desta sinagoga. Esta sinagoga, porém, em sua fachada/área externa, possui elementos que remetem à arquitetura modernista (ou até à Art Deco), em sua simetria, formas simples, geométricas, linhas retas, estética minimalista e rejeição de ornamentos excessivos, priorizando o "menos é mais". Olhando-a de passagem, poucos detalhes externos remetem a uma sinagoga.

Consta, em uma placa de 1941, instalada no interior do edifício, os nomes dos que fizeram parte da “Comissão que construiu a Sede Social”  da sinagoga. Podemos ler:

Presidente: Benjamin Lafer

Vice-presidente: Pedro Waidergorn

Secretário: Elias Sitzer

Vice: Herman Sidsamer

Tesoureiro: Mauricio Zimberg

Vice: Luiz Chamis

Conselho Fiscal composto por: Abrão Gerson, Benjamin Zimberg, David Klevand, Raphael Kremer e Germano Baumohl

Uma outra placa informa, porém, que a comunidade judaica estava presente no bairro já em 1925.

Na próxima postagem, divulgo detalhes sobre os mazalot, ou signos do zodíaco, presentes nesta sinagoga. 

E pergunto: Você ou sua família frequentaram a Sinagoga do Cambuci? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Estudaram na escola ao lado da sinagoga?? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Visita ao Centro Israelita do Cambuci

Estive no dia 13 de novembro de 2025 visitando, por mais uma vez, o Centro Israelita do Cambuci, junto a um grupo que não conhecia esta sinagoga. Fomos recebidos por Sergio Goldenstein e Sergio Tomchinsky. Conversamos sobre o bairro, sobre a fundação da sinagoga, objetos presentes, mobiliário, as pinturas de mazalót (zodiaco). Compartilho aqui e nas próximas postagens algumas informações sobre o Cambuci, sua comunidade judaica e a sinagoga.

O bairro do Cambuci

O bairro do Cambuci, um dos mais antigos da cidade, conhecido desde o século XVI, recebeu tal nome a partir de uma árvore da região, de um córrego e também significando “pote” em tupi-guarani. No seu início, passava pela região uma trilha de acesso ao Caminho do Mar, utilizado por tropeiros para chegar a Santos.

Com o tempo, desenvolveram-se ao redor deste um pequeno comércio e algumas chácaras, sítios, plantações e fazendas. No passado, um córrego da região, na atual Rua do Lavapés, marcava a divisa entre a zona urbana e rural. Neste córrego, os tropeiros e viajantes tinham o hábito de lavar os pés e dar de beber aos animais, antes de seguirem para a cidade. Neste bairro, uma Capela foi erguida em 1870 e o Museu do Ipiranga em 1890. A construção de uma linha de bondes, ligando o centro ao Museu, valorizou a região. Baixada do Glicério – área alagadiça

Acompanhando a industrialização do país, toda a região serviu à instalação de diversas fábricas, e com a chegada de migrantes europeus, a maioria de italianos e sírio-libaneses, o limite urbano no Cambuci ampliou-se. Novas ruas surgiram, terrenos foram loteados, casas e fábricas começaram a ser instaladas na região, delineando-se, assim, algumas características do bairro preservadas até hoje, como alguns galpões fabris e sobrados.

A tomada da Igreja da Glória, ponto alto do bairro, por rebeldes durante a Revolução de 1924, marcou a história do Cambuci. Assim como o Brás e a Mooca, foi um dos bairros mais atingidos pela luta neste período.

A partir da década de 1970, as fábricas começaram a abandonar o bairro, seguindo a tendência de se mudarem para locais mais afastados. O bairro, aos poucos, mudou seu aspecto fabril para se tornar um bairro de serviços e comércio no eixo do Largo do Cambuci e da Avenida Lins de Vasconcelos. Com predominância de áreas residenciais, o bairro tornou-se foco das incorporadoras e construtoras no boom imobiliário paulista, por ser próximo ao centro, possibilitando diversos lançamentos de apartamento de classe média.

O artista plástico Alfredo Volpi (1996-1988), morador do Cambuci, retratou o bairro, que foi criado em 19 de dezembro de 1906, pela Lei 1040 B . O distrito é composto por Vila Deodoro, uma pequena parte da Mooca e Cambuci. 

A comunidade judaica do Cambuci 

De um modo geral, as comunidades judaicas de São Paulo, tanto na capital como no interior estabeleceram-se ao longo das estações das estradas de ferro, da linhas de trem.

A comunidade do bairro foi formada tanto por imigrantes judeus provenientes da Europa Oriental como por imigrantes judeus originários do Oriente Médio. Os que aqui chegaram da Europa fundaram e frequentaram o Centro Israelita do Cambuci. Já a comunidade judaica mizrahi, proveniente do Oriente Médio/Império Otomano permaneceu ligada ao bairro da Mooca e às suas sinagogas.

Consta da placa do Merkaz-Israel-de-Cambuci, no Centro Israelita do Cambuci, as datas de 1925-1965, o que aponta que a comunidade judaica estava presente no bairro muito antes da construção da sinagoga. Contém os nomes dos presidentes Miguel Blay, Sigismundo Spindel, Benjamin Lafer e Abrão Zaguer.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Mooca Judaica, Unibes Cultural, Museu Judaico de São Paulo, sinagogas e o novo curso de CPF SESC


Um novo curso no Centro de Pesquisa e Formação terá inicio em 11 de novembro de 2025!

E estão previstas visitas à exposição “Mooca Judaica: histórias e memórias de uma comunidade”, na Unibes Cultural, visitas às sinagogas, visita ao Museu Judaico de São Paulo, ao Bom Retiro, incluindo a ‘Casa do Povo”, alguns dos diversos espaços de memória e de legado da historiada comunidade judaica em São Paulo.


Este curso, “Expressões da presença judaica no Brasil: comunidades, memórias e arquiteturas” será ministrado por Adriana Abuhab Bialski, Ernesto Mifano Honisgsberg, Maria Lúcia Guilherme e por mim e, como podemos ler no texto de divulgação do Centro de Pesquisa e informação do Sesc, tem como objetivo introduzir a diversidade cultural do judaísmo brasileito, as comunidades que se estabeleceram no país a partir do século XIX, apresentar os três principais grupos judaicos conforme sua origem - asquenazes, sefarditas e orientais -  e focar nas particularidades no contexto da imigração contemporânea, como o idioma, tradições, costumes, simbologias, literatura, artes.

 

As sinagogas, tema principal deste blog, serão exploradas não apenas como espaço de culto, mas também como espaços culturais e de encontro, representando o importante patrimônio arquitetônico judaico-brasileiro.

 

Não percam! Três aulas presenciais no Sesc e três aulas externas!

Façam suas inscrições no link: https://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/expressoes-da-presenca-judaica-no-brasil-comunidades-memorias-e-arquiteturas

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Uma pausa em 2025 e aulas sobre “Sinagogas como Patrimônio"

Com a chegada do ano de 2025, há seis meses, novas oportunidades surgiram à minha frente, e, desde fevereiro, ao lado de Adriana Abuhab Bialski, Maria Lúcia Guilherme e Ernesto Mifano Honigsberg, tenho participado de cursos relacionados aos judeus no Brasil, suas imigrações, memórias, culturas, sinagogas, comunidades e diversidades.

Ministramos, até o momento, um curso de verão na FFLCH USP, um curso no "IBI no campus", e um curso na Unibes Cultural, cada um com diferentes abordagens. Um novo caminho que venho percorrendo, incentivada e motivada por esta equipe e pelo público que tem participado de cada aula. 

O tema de minhas aulas, “Sinagogas como Patrimônio” está diretamente relacionado às postagens deste blog, ao longo do tempo, como um recorte do estudo que realizo sobre as sinagogas paulistas. No entanto apresento o significado, origem, objetos e mobiliários das sinagogas; sinagogas sefarditas, asquenazes, orientais; ortodoxas, conservativas, liberais; sinagogas no Brasil e, em particular, em São Paulo; patrimônio cultural e definições; revitalização, readequação, retrofit e reuso dos espaços edificados, sinagogas como patrimônio, lugares de memória,  mudanças e novos usos, sinagogas demolidas.

Novos cursos, em diferentes espaços, estão programados, além da divulgação, em breve, do trabalho de resgate de memórias de uma das comunidades judaicas paulistanas, em conjunto com Adriana Abuhab Bialski.

Agradeço o apoio que temos recebido!!!

domingo, 22 de dezembro de 2024

A CIP e o engenheiro-arquiteto Henrique Ephim Mindlin

A CIP, ao focar na construção de uma nova sede e adquirir um terreno, lançou um concurso de projeto arquitetônico para o edifício. Henrique Ephim Mindlin foi o vencedor do “Concurso para Sede da Congregação Israelita Paulista”. 

Mindlin nasceu em São Paulo/SP, no ano de 1911, filho de Fanny e Ephin Henrique Mindlin e faleceu em 1971 na cidade do Rio de Janeiro. Formado em 1932 pela Escola de Engenharia Mackenzie como engenheiro-arquiteto, estabeleceu parcerias com Anneta Sirakoff, Giancarlo Palanti, Livio Edmondo Levy, Oswaldo Bratke entre outros. Além do 1º. Lugar no Concurso para o projeto da sede da CIP obteve também o 1º. lugar no concurso para o anexo do Palácio do Itamaraty, em 1942, momento em que se transfere  para o Rio de Janeiro, o “Prêmio de Melhor Residência”, na 1º. Bienal Internacional de São Paulo, em 1951 e o 1º. Lugar no “Concurso para a Sede do Bank of London and South America”, em 1959. “Em 1955 funda o escritório Henrique E. Mindlin - Giancarlo Palanti Arquitetos Associados, reformulado em 1964, com a incorporação na sociedade dos arquitetos Walmyr Lima Amaral, Marc Demetre Fondoukas e Walter Lawson Morrison. Entre 1964 e 1966, instala-se em Portugal para desenvolver o projeto de urbanização e construção da Península de Troia. Desfaz a sociedade com Giancarlo Palanti em 1966” (https://www.hmaarquitetura.com/hma---henrique-mindlin). Colaborou com a revista Acrópole de 1938 a 1971, sendo que o projeto premiado para a sede da CIP está ali publicado em diversas edições. De acordo com o site “HMA Arquitetura”, hoje em dia os sócios do escritório “Henrique Mindlin Associados Arquitetura e Planejamento Ltda.” são os arquitetos Pedro Augusto Vasques Franco e Rubens Biotto.

Para mais detalhes sobre o arquiteto, vejam o link https://arquivo.arq.br/profissionais/henrique-mindlin . Este site também disponibiliza detalhes sobre o projeto para a sede da Congregação Israelita Paulista: ano do projeto, 1954; construção, Luz-Ar Arquitetura e Construções Ltda.; período de construção 1954-1959; estrutura em concreto; área do terreno 1.850m², 10 pavimentos com sub-solo; 2 elevadores; vitral de Gerson Knispel; uso religioso. (https://arquivo.arq.br/projetos/sede-da-congregacao-israelita-paulista).

Pergunto novamente: Você ou sua família frequentaram ou frequentam a CIP e suas sinagogas? Em que época e em qual dos endereços? Participaram do movimento juvenil, do departamento de ensino, ou participam de alguma atividade? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A CIP e o concurso de projetos de sua sede

A Congregação Israelita Paulista, ou CIP, fundada em 1936, esteve situada à Rua Brigadeiro Galvão até 1959, ano em que se transferiu para uma sede própria à Rua Antonio Carlos. 

Como o site da CIP apresenta, em 1952 a congregação filiou-se à FISESP, passando a focar na construção de uma nova sede. Adquiriram um terreno, e lançaram um concurso de projeto arquitetônico para o edifício. Henrique Ephim Mindlin foi o vencedor  do “Concurso para Sede da Congregação Israelita Paulista”, com um projeto “desenvolvido a partir de um vocabulário moderno, no espírito dos centros comunitários judaico-americanos, de origem alemã, com os quais a congregação mantinha vínculos através de seu rabino-mor Dr. Fritz Pinkuss (1905-1994)”, como informa Dra. Anat Falbel em seu artigo “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira? (Salmos, 137,4), parte II” *

O informativo do “Projeto Diálogos” da CIP também aponta que “sua sede...foi projetada pelo arquiteto, urbanista, professor e historiador da arquitetura, Henrique Mindlin. Inspirado em Ludwig Mies van der Rohe - arquiteto alemão considerado um dos principais arquitetos do século XX - e na arquitetura modernista americana, o prédio tem inúmeras salas de aula, além de biblioteca, auditório, sinagogas e amplos espaços reversíveis ideais para apresentações artísticas.”  https://cip.org.br/wp-content/uploads/2022/06/book_dialogos_jan_2022.pdf . Detalhes sobre o projeto vencedor podem ser verificados na Revista Acrópole, em diversas edições (http://www.acropole.fau.usp.br )

Após o concurso seguiu-se com a campanha de arrecadação de fundos, sendo a pedra fundamental lançada em 19 de dezembro de 1954. A sinagoga Etz Chaim foi inaugurada nas Grandes Festas de 1957, porém o edifício como um todo teve a sua abertura somente em 1959. (História da CIP https://cip.org.br/home-2/historia/ )

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) dispõe em seu acervo de dois projetos relacionados à CIP, dos arquitetos Rino Levi e Gregori Warchavchik, incluindo croquis, anteprojetos, fachadas, plantas, vistas internas, cortes, memorial descritivo, perspectivas e correspondências para o referido concurso. Espero em breve consultá-los. Para quem se interessar, acesse https://www.acervos.fau.usp.br/item/14895 , https://www.acervos.fau.usp.br/item/5984 e https://www.acervos.fau.usp.br/item/6197

Você ou sua família teriam mais detalhes sobre a Congregação Israelita Paulista? Frequentaram ou frequentam a CIP e suas sinagogas, o movimento juvenil, o departamento de ensino, ou participam de alguma atividade? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com

*FALBEL, Anat “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira?” (Salmos, 137,4), parte II. In Boletim Informativo AHJB. São Paulo, vol. 37, mai., 2007, pp. 21-22.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Congregação Israelita Paulista e a CARIA

A Comissão de Assistência aos Refugiados Israelitas da Alemanha (CARIA) foi fundada em 1933, momento de imigração de famílias de refugiados da Alemanha Nazista. “A entidade angariava recursos de toda a coletividade a fim de prestar ajuda financeira aos enfermos e àqueles que não conseguissem logo um emprego... Em 1934, um grupo de cerca de 40 jovens, os primeiros recebidos pela CARIA, fundou a SIP, Sociedade Israelita Paulista. A nova entidade... funcionava como um ponto de educação, lazer e aproximação de pessoas. Em seus salões foram realizadas os primeiros serviços religiosos na tradição alemã.” ( https://cip.org.br/home-2/historia/ ).

Uma informação sobre a CARIA consta também do artigo “Instituições de assistência social e imigração judaica”, de Roney Cytrinowicz. Na década de 1930, “três entidades foram criadas especificamente para crianças: Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista (CIP), em 1937, Lar da Criança das Damas Israelitas, em 1939, e a Gota de Leite da B'nei B'rith. O Lar da CIP estava ligado à imigração de refugiados da Alemanha nazista, a partir de 1933, ano em que foi fundada a Comissão de Assistência aos Refugiados Israelitas da Alemanha (CARIA).” (Cytrynowicz, Roney. Instituições de assistência social e imigração judaica - História, Ciências, Saúde - Manguinhos, vol. 12, núm. 1, janeiro-abril, 2005, pp. 169-184 Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em:  https://www.redalyc.org/pdf/3861/386137979009.pdf ).

A Congregação Israelita Paulista, ou CIP, foi fundada em 1936, ano em que imigraram mais de 1.100 refugiados da Alemanha nazista, como consta de informativo da exposição de longa duração do Museu Judaico de São Paulo, “Judeus no Brasil: histórias trançadas”                                            https://museujudaicosp.org.br/wp-content/uploads/2022/12/MUJ_Conteudo_Judeus-no-Brasil.pdf )

Sua primeira sede foi inaugurada em julho de 1937, quando se conduziu o Sefer Torá à sinagoga, em cerimônia oficiada pelo Rabino Prof. Dr. Fritz Pinkuss Z’L. Esteve situada à Rua Brigadeiro Galvão até 1959, ano em que se transferiu para uma sede própria à Rua Antonio Carlos.  

A sinagoga à Rua Brigadeiro Galvão era pequena, realizavam pequenas festas, e havia 2 chazanim (cantores), como comentou há tempos atrás sr. Mario Pedro Lagus, sendo que, ali, o professor Lachman dava aulas de religião e Bar-Mitzvá, e sr. Harry Neufeld tocava piano. Na época em que estiveram na Rua Brigadeiro Galvão, diversos serviços religiosos foram realizados no Cine Odeon, à Rua da Consolação, 40-42, e no Cine Estrela.

A CIP, além de manter serviços religiosos em suas sinagogas, organiza e mantém serviços de beneficência, assistência social, um lar de crianças, departamento de ensino, movimento juvenil, grupo de escoteiros,  campo de estudos, uma colônia de férias em Campos do Jordão, e a Chevra Kadisha fundada em 1937.

Você teria mais detalhes sobre a época da fundação da CIP, e suas primeiras instalações, sobre a sede da Rua Brigadeiro Galvão, sobre seu edifício, disposição interna, como era a sinagoga, informações sobre as famílias fundadoras?

Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com

A foto aqui postada é da CIP, à Rua Antonio Carlos, e de meu arquivo pessoal. 

domingo, 17 de novembro de 2024

A Congregação Israelita Paulista e a Enciclopédia Judaica

A região da Consolação é um distrito da região central da cidade de São Paulo, compreendendo parte do bairro de Vila Buarque, parte do bairro de Cerqueira Cesar, Higienópolis, e Pacaembu. Permanece uma das regiões históricas e culturais mais importantes da cidade. Estas informações já foram divulgadas na postagem de 12 de janeiro de 2018.

O desenvolvimento deste distrito se deu a partir do Caminho de Pinheiros ou Caminho de Sorocaba, a atual Rua da Consolação, principal via do bairro. Em sua formação, constituía-se em uma região distante da cidade, com plantações de hortaliças e frutas. Somente por volta de 1779 que um pequeno povoado começou a se formar na região.  https://pt.wikipedia.org/wiki/Consola%C3%A7%C3%A3o_(distrito_de_S%C3%A3o_Paulo)

Na região da Consolação situam-se a Sinagoga Israelita Paulista, fundada em 1931, com o nome de Beneficência Israelita Húngara, a Sinagoga Beit Yaacov, ou Congregação Beneficente Sefardi Paulista, fundada em 1959, e a CIP, Congregação Israelita Paulista, fundada em 1936, e situada na Rua Antonio Carlos.

De acordo com a Enciclopédia Judaica, publicada em 1967 pela Editora Tradição do Rio de Janeiro (vejam o volume 1, página 351), a Congregação Israelita Paulista foi fundada em 4 de outubro de 1936, e o rabinato, à época da publicação da enciclopédia sob orientação de Fritz Pinkuss, foi instalado em 1937. “Compunham a primeira diretoria  Luiz Lorch (presidente) Alberto Hofman (vice-presidente), Ernesto Wachtel, Robert Salomon Theodor Rotschild, Leo Seideman, Celina Levi, G.P. Krausz, Salo Wissman, Frederico Zausner e o rabino Fritz Pinkuss”. Pode-se ler, também, que predominavam os israelitas de origem alemã, contando, em 1967, com 2.200 sócios-família. “A Sinagoga da Congregação Israelita Paulista de rito ortodoxo tem o nome de Sinagoga ‘Adass Israel’, enquanto a de rito liberal tem a denominação de Sinagoga ‘Etz-Chayim’.”

A foto desta publicação apresenta a mesa diretora por ocasião do décimo aniversário da Congregação Israelita Paulista, em 1946, e faz parte da Enciclopédia Judaica, volume 1, página 351. No entanto não cita os nomes dos que compõem a mesa. Você reconhece alguém desta mesa?

E pergunto também: você ou sua família frequentaram ou frequentam a CIP e suas sinagogas, o movimento juvenil, o departamento de ensino, ou participam de alguma atividade? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A comunidade judaica em São Paulo é diversa, assim como suas sinagogas

bancos de diversas sinagogas em São Paulo

A comunidade judaica em São Paulo é diversa, formada por imigrantes que aqui chegaram em diferentes períodos, e que se estabeleceram tanto na capital como no interior paulista. Fundaram instituições beneficentes e de ajuda mútua, banco de crédito, sociedade de damas, organizações culturais, clubes, escolas, movimentos juvenis, e também sinagogas. 

Estes imigrantes, reunidos inicialmente em grupos, de acordo com seus locais de origem, muitas vezes em pensões ou em residências, construíram suas sinagogas, onde puderam manter não só sua identidade cultural e religiosa, seus ritos e melodias, mas também a arquitetura e a arte que remetiam às cidades ou aos países de procedência. Detalhes como a  configuração do edifício, a disposição dos bancos, o Aron Hakodesh/Hekhal ou a Bimá/Tebah, os rimonim (enfeites da Torá), a capa da Torá, o partido arquitetônico adotado na construção evidenciaram, e ainda hoje evidenciam, as diferenças e semelhanças entre os membros desta comunidade.

Informações sobre as diversas sinagogas paulistas (shil, knis, esnoga) podem ser encontrados neste Blog.

A pesquisa sobre as sinagogas permanece, assim como o estudo sobre as diferentes imigrações judaicas a São Paulo, sejam elas ashkenazim, sefardim, mizrahim, italkim, seja qual for o período que aqui chegaram.

Desta forma, questiono: você, que faz parte da comunidade judaica paulista, é imigrante, filho ou neto de imigrantes? Em que ano você, ou a sua família, chegou a São Paulo? De onde vieram e qual o motivo que os fez vir ao Brasil? Passaram pela Hospedaria dos Imigrantes? Em que bairro moraram, onde estudaram? E também: qual sinagoga frequentam ou frequentaram? Qual sua lembrança em relação às famílias, ao edifício da sinagoga, ao seu interior, à disposição do espaço interno, janelas, bancos, vitrais, mazalot, menorót, ner tamidt, Torot?

Vamos resgatar nossas memórias e raízes. Cada história é única, e ao mesmo tempo cria um sentido de pertencimento, cria vínculos, identidades, conexões. Permite que percebamos que não estamos aqui por acaso. Estamos sim porque nossos antepassados aqui chegaram, construíram uma vida e nos permitiram atingir o ponto em que estamos hoje, o nosso momento atual.

Conte um pouco sobre sua história, crie um texto, escreva para mim nos comentários, ou encaminhe um e-mail para myrinhars@gmail.com