Estive no dia 13 de novembro de 2025 visitando, por
mais uma vez, o Centro Israelita do Cambuci, junto a um grupo que não conhecia
esta sinagoga. Fomos recebidos por Sergio Goldenstein e Sergio Tomchinsky.
Conversamos sobre o bairro, sobre a fundação da sinagoga, objetos presentes,
mobiliário, as
pinturas de mazalót (zodiaco). Compartilho aqui e nas
próximas postagens algumas informações sobre o Cambuci, sua comunidade judaica
e a sinagoga.
O bairro do Cambuci
O bairro do Cambuci, um dos mais antigos da cidade, conhecido desde o século XVI, recebeu tal nome a partir de uma árvore da região, de um córrego e também significando “pote” em tupi-guarani. No seu início, passava pela região uma trilha de acesso ao Caminho do Mar, utilizado por tropeiros para chegar a Santos.
Com o tempo, desenvolveram-se ao redor deste um pequeno comércio e algumas chácaras, sítios, plantações e fazendas. No passado, um córrego da região, na atual Rua do Lavapés, marcava a divisa entre a zona urbana e rural. Neste córrego, os tropeiros e viajantes tinham o hábito de lavar os pés e dar de beber aos animais, antes de seguirem para a cidade. Neste bairro, uma Capela foi erguida em 1870 e o Museu do Ipiranga em 1890. A construção de uma linha de bondes, ligando o centro ao Museu, valorizou a região. Baixada do Glicério – área alagadiça
Acompanhando a industrialização do país, toda a região serviu à instalação de diversas fábricas, e com a chegada de migrantes europeus, a maioria de italianos e sírio-libaneses, o limite urbano no Cambuci ampliou-se. Novas ruas surgiram, terrenos foram loteados, casas e fábricas começaram a ser instaladas na região, delineando-se, assim, algumas características do bairro preservadas até hoje, como alguns galpões fabris e sobrados.
A tomada da Igreja da Glória, ponto alto do bairro, por rebeldes durante a Revolução de 1924, marcou a história do Cambuci. Assim como o Brás e a Mooca, foi um dos bairros mais atingidos pela luta neste período.
A partir da década de 1970, as fábricas começaram a abandonar o bairro, seguindo a tendência de se mudarem para locais mais afastados. O bairro, aos poucos, mudou seu aspecto fabril para se tornar um bairro de serviços e comércio no eixo do Largo do Cambuci e da Avenida Lins de Vasconcelos. Com predominância de áreas residenciais, o bairro tornou-se foco das incorporadoras e construtoras no boom imobiliário paulista, por ser próximo ao centro, possibilitando diversos lançamentos de apartamento de classe média.
O artista plástico Alfredo Volpi (1996-1988), morador do Cambuci, retratou o bairro, que foi criado em 19 de dezembro de 1906, pela Lei 1040 B . O distrito é composto por Vila Deodoro, uma pequena parte da Mooca e Cambuci.
A comunidade judaica do Cambuci
De um
modo geral, as comunidades judaicas de São Paulo, tanto na capital como no
interior estabeleceram-se ao longo das estações das estradas de ferro, da
linhas de trem.
A comunidade do bairro foi
formada tanto por imigrantes judeus provenientes da Europa Oriental como por
imigrantes judeus originários do Oriente Médio. Os que aqui chegaram da Europa
fundaram e frequentaram o Centro Israelita do Cambuci. Já a comunidade judaica mizrahi, proveniente do Oriente
Médio/Império Otomano permaneceu ligada ao bairro da Mooca e às suas sinagogas.
Consta da placa do Merkaz-Israel-de-Cambuci, no Centro Israelita do Cambuci, as datas de 1925-1965, o que aponta que a comunidade judaica estava presente no bairro muito antes da construção da sinagoga. Contém os nomes dos presidentes Miguel Blay, Sigismundo Spindel, Benjamin Lafer e Abrão Zaguer.

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