quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Sociedade Sinagoga Israelita da Lapa

desenho da autora do blog...
Em 12 de outubro de 1941 foi fundada a Sociedade Sinagoga Israelita da Lapa, em São Paulo. Localizada no mesmo endereço desde 1953, a sinagoga situa-se à Rua George Schmidt. Em 1961 aulas para crianças em idade pré-escolar começaram a ser ministradas no local, dando origem à Escola Israelita Brasileira Theodor Herzl.

Como podemos ler em “Além do Estado e da ideologia: imigração judaica, Estado-Novo e Segunda Guerra Mundial” do doutor em História Roney Cytrynowicz (artigo da Revista Brasileira de História, vol.22 n.44, 2002), vemos que “os estatutos regiam que "para os cargos administrativos só poderão ser eleitos sócios que saibam ler e escrever o português", mas deixava claro que seus objetivos eram "a) construir, manter e cuidar, um templo para o culto hebraico" e "b) patrocinar e auxiliar o ensino da religião hebraica aos filhos dos seus associados". Ou seja, utilizando-se, em proveito próprio, da linguagem que restringia atividades "nacionais estrangeiras", o objetivo dos fundadores era manter o culto hebraico e ensinar a religião hebraica, termos aceitáveis ao Estado Novo e que, ao mesmo tempo, não feriam as intenções abertamente judaicas.”

A escola foi desativada há um tempo, porém a sinagoga continua ativa, realizando as cerimonias da Grandes Festas a cada ano. Podemos citar, assim, os Chazanim Beto Barzilay, Felipe Grytz (Pipo), Dani Markus, Sergio Weintraub e neste ano que se inicia, 5778, Alexandre Schinazi.

Transcrevo aqui, também, o artigo “Comunidade Judaica celebra o Ano Novo”, escrito por Bruno Pedroni, em setembro de 2013, para o site do Jornal da Gente-Caderno de Noticias da Zona Oeste: “Começou na noite de quarta-feira, 4, as festividades do Ano Novo Judaico (Rosh Hashaná) na Sinagoga da Lapa, localizada na Rua George Smith, na Lapa. A celebração pela entrada no ano 5774 seguiu por dois dias, até o pôr do sol da sexta-feira, 6. Estiveram presentes na cerimônia cerca de 40 pessoas, que como salientou David Volyk, secretário da Sinagoga, em clima bastante familiar. “A grande maioria das pessoas que frequenta este espaço não moram mais na Lapa, mas têm um vínculo muito forte com a Sinagoga, pois nasceram aqui, trabalharam um dia aqui e em geral tem algum parentesco com os fundadores desta comunidade israelita”, explica Volyk. Estiveram presentes até a terceira geração dos fundadores, junto de seus pais e avós. Em 30 de agosto, a Sinagoga completou 60 anos neste endereço e em 12 de outubro, completará 72 anos que foi fundada. “Trabalhamos para manter esta Sinagoga, uma das últimas de bairro que restam, em memória aos nossos antepassados, e todos tem muito prazer em comparecer a estas festividades”, explica Isaac Liberman, atual presidente da Sinagoga e genro do presidente fundador, Osias Ratz. No próximo sábado, 14, a expectativa é que a Sinagoga fique lotada para outra data importante do judaísmo, o Yom Kipur, ou o Dia do Perdão.”

Em relação aos Shabatot na sinagoga, podemos verificar o informativo da página da Bnai-Brith e também nos e-mails que são enviados à comunidade judaica: “Cabalat Shabat na Lapa em 23 de junho de 2017 às 19:45h: “Convidamos para o Cabalat Shabat, que iremos realizar no próximo dia 23 de Junho de 2017, as 19:45 h. Os serviços serão conduzidos pelo Chazan Beto Barzilay – acompanhado pelo Coral Shil da Lapa e Maestro Alejandro Birenbaum. Queremos uma Sinagoga mais ativa durante o ano inteiro, daí a proposta de se realizar este e outros Cabalot Shabat. Continuamos motivados devido às muitas adesões e ao apôio de nossa comunidade, com uma boa freqüência; Contamos com seu apôio e contribuição para o engrandecimento de nossa Sinagoga, trabalhando e participando com dedicação para que possamos tornar realidade esse desejo. Sua presença é muito importante. Participe de nosso Projeto. Participação especial Sr. Tomas Venetianer, sobrevivente da Shoa- Natural da Republica Tcheca, passou por 2 campos de concentração: Sered, na Eslováquia e Terezin, na Republica Tcheca. Perdeu todos os parentes próximos, e por milagre, conseguiu sobreviver junto com os pais, que imigraram para o Brasil após a guerra. Venetianer constituiu uma bela família, com 2 filhas e 5 netos. Como sempre agradecemos a quem possa ajudar em nosso Kidush, trazendo um prato de doces ou salgados...Informações com sr. Isaac Liberman...”

Observo que será verificado, como parte da pesquisa da sinagoga da Lapa o “Fundo Sinagoga Israelita da Lapa”, que consta estar disponível no CDM do Museu Judaico, assim como fotos da inauguração desta sinagoga.


Nos próximos posts, vocês poderão ler um pouco sobre a comunidade judaica do bairro, os comentários de muitos de vocês, que tem colaborado em relação aos posts publicados sobre a Lapa, e muito mais. Não percam!!! Participem vocês também!!!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Chazanim em São Paulo e Shaná Tova Ticatevu Vetechatemu!!!


Foi inaugurada em 16 de setembro de 2017 a Exposição “Mantendo a Tradição: Sinagogas e Chazanim em São Paulo”, organizada pelo Museu Judaico e o Clube A Hebraica. 

Esta exposição nos mostra alguns dos chazanim que cantavam e ainda cantam nas sinagogas nas Grandes Festas, em São Paulo. E também fotos das fachadas das Sinagogas da cidade...

Para a organização desta exposição, além das fotos que o Centro de Documentação e Memória dispunha, foram contatadas diversas pessoas e instituições, que muito contribuíram com nomes, detalhes, fotos, convites das sinagogas para Rosh Hashaná e Yom Kipur...

Participei da organização como coordenadora de pesquisa na equipe do Centro de Documentação e Memória do Museu Judaico, na busca de material para esta exposição.

Muito ainda há a ser feito...quem não foi citado como chazan, ou não teve a foto divulgada, pode entrar em contato comigo ou com o próprio CDM.

Porém, quero lembrar que a minha pesquisa sobre as sinagogas em São Paulo, o resgate da memória e história, sua arte e arquitetura continua, de forma independente e realizada por mim com a colaboração de todos vocês, que tem compartilhado informações, detalhes e lembrado de histórias, antigas e atuais. E a busca de patrocínio para a mesma permanece...

Em tempo: no domingo, 24 de setembro de 2017, às 19h, será realizado o 24º Recital de Chazanim no Círculo Macabi, com os Chazanim oficiantes das preces de Rosh Hashana em diversas Congregações juntamente com a Orquestra de Cordas Laetare, regida por Muriel Waldman.

Retorno depois de Rosh Hashaná com mais informações sobre a Sinagoga Israelita da Lapa e das outras sinagogas a serem estudadas, e aproveito para desejar Shaná Tova Umetuká, Shaná Tová Ticatevu Vetechatemu para todos vocês!!! Um Ano muito doce, de saúde e parnassá tova....e que sejamos inscritos e confirmados no Livro da Vida!!! Feliz 5778!!!

Vejam o video publicado no Youtube sobre a inauguração da Exposição:
Exposição "Mantendo a tradição: Sinagogas e Chazanim"-Video Shalom Brasil

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Identificando o bairro da Lapa

Enquanto busco mais informações sobre a Sinagoga da Abolição, prossigo aqui com mais uma região aonde está presente mais uma sinagoga.

A Lapa, segundo o site do dicionário Aurélio, significa “pequena gruta ou cavidade aberta na rocha” e é um distrito da região oeste de São Paulo, tendo sido separado de Santa Cecília, em 1910.
Vila Anastácio, Vila Ipojuca, Vila Romana, Lapa de Baixo, Alto da Lapa e Bela Aliança compreendem a área ao qual costumamos chamar apenas de Lapa.
Alto da Lapa e Bela Aliança, bairros horizontais, residenciais e formados por imóveis de alto padrão, foram urbanizados pela Cia. CityConcebido na década de 1920 por Barry Parker, conhecido por projetar o conceito “cidades-jardins”, a região é composta por ruas largas e sinuosas, aonde as áreas construídas harmonizam-se com áreas arborizadas. A Cia. City, responsável pelo loteamento, pretendia criar um contraponto à área industrial da Barra Funda, ao longo do Rio Tietê. Em 2009 a Prefeitura de São Paulo decidiu tombar o local.
Já a Vila Romana tem origem em um loteamento planejado no século XIX, e hoje é composto por edifícios de médio e alto padrão. A partir do final da I Guerra Mundial surgiram novos loteamentos e vilas como Anastácio e Ipojuca.
Além de distrito, a Lapa também refere-se a um bairro do distrito do mesmo nome. É conhecido como "Centro da Lapa", pois possui fortes características comerciais.
Em 1942 foi criada a Rodovia Anhangüera, que incentivou a construção do Mercado da Lapa. Fato curioso apontado no site do “Estadão” (vide abaixo) é o de que este deveria ter sido inaugurado em 24 de agosto de 1954, como parte das comemorações ao IV Centenário da cidade de São Paulo. Porém, com a morte do então presidente da República, Getúlio Vargas, que se suicidou no dia da abertura, os portões do mercado permaneceram abertos apenas até as 10h, e a festa acabou sendo cancelada. Nas décadas de 1950 e 1960 constituía um dos principais polos comerciais da cidade. Em 1968 foi inaugurado o segundo shopping Center do Município: o Shopping Center Lapa
Por outro lado, a Lapa de Baixo possui as características de bairro industrial.
Através da construção e inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway Company, em 1867 (após 1946, passa a ser denominada Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) e de suas oficinas, o bairro recebeu a implantação de indústrias, que baseavam-se na proximidade do Rio Tiete, como a Vidraria Santa Marina e os frigoríficos Armour, Bordon, Swift e Wilson. Estes estabelecimentos trouxeram operários e técnicos de variadas nacionalidades. Imigrantes como italianos, de grande influência no bairro, portugueses, espanhóis, franceses, entre outros, muitos deles comerciantes, profissionais liberais, artesãos, sapateiros ou alfaiates fixaram-se na região.  https://pt.wikipedia.org/wiki/Lapa_(bairro_de_S%C3%A3o_Paulo)
Em relação à história da Lapa, podemos ler no site indicado abaixo que em 1561 os jesuítas ganharam uma sesmaria na região, banhada pelo Rio Emboaçava ("lugar por onde se passa"), atual Rio Pinheiros. “Emboaçava, nome que designou o local durante três séculos, era um povoado disperso formado por sítios e fazendas a partir da construção de uma fortaleza em 1590 para a defesa da Vila de São Paulo... Essa escassez durou muitos anos e em 1765 a região continha apenas cinco casas e trinta e um habitantes. Em 1805, com o aumento da produção de cana de açúcar, o movimento das tropas da rota que ligava a Vila de Itu a São Paulo e litoral foi desviado em razão das péssimas condições da ponte sobre o Rio Pinheiros, sendo então aproveitado o sítio do Coronel Anastácio de Freitas Troncoso, onde hoje se encontra a Vila do Anastácio.Outro ponto importante para o crescimento da região foi o desenvolvimento de olarias nas margens do Rio Tietê, em meados do século XIX...” http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z/marioschenberg/index.php?p=173
No site do “Estadão” há a ainda a curiosidade de que “o bairro foi palco de massacre durante a ditadura militar – em 1976, a polícia e agentes do Exército entraram atirando em uma casa na Rua Pio XI, onde se reunia o Comitê Central do PCdoB, e mataram três dirigentes do partido: Pedro Pomar, Angelo Arroyo e João Batista Drummond. O episódio entrou para a história como a “Chacina da Lapa”. http://www.estadao.com.br/noticias/geral,cinco-curiosidades-sobre-o-bairro-da-lapa,1603886  
Atualmente, a Lapa é um bairro bem servido de infraestrutura urbana na cidade, sendo atendido pelas linhas Rubi e  Diamante da CPTM, respectivamente ramos da São Paulo Railway e Estrada de Ferro Sorocabana, na estação Lapa, e é um bairro que apresenta diversas áreas culturais.
Fontes de informação:
Foto: R. Antonio Raposo: pavimentação; à esquerda, o edifío do Grupo Escolar Pereira Barreto, antiga Escolas Reunidas da Lapa-Autoria desconhecida- 1935-09-06- 179 X 240. Acervo Fotográfico do Arquivo Histórico de São Paulo-Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de S. Paulo 


sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Sinagoga da Abolição e sra. Clara Kochen

Sinagoga da Rua Abolição
Na quinta-feira, 24 de agosto de 2017 pudemos passar uma tarde agradável com a sra. Clara e sr. Majer Chil Kochen. Sra. Clara apresentou-nos o artigo “Recuerdos”, que escreveu para a Revista Nascente (jul/set’99), o artigo de Rachel Mizrachi, “Ohel Yaacov, Primeira sinagoga sefaradi paulista”, publicado pela Revista Morashá (março’99), e fotos da Sinagoga da Abolição e do Rabino Jacob Mazaltov... E presenteou-me com o livro escrito pelo Rabino Mazaltov, em 1937, "O Guia da Juventude Israelita". Contou-nos sobre a cerimonia de “fadar” uma menina ao nascer, em uma cerimonia chamada “Siete Candelas”, festa tradicional entre os sefaradim do Marrocos e da Turquia, quando dá-se o nome judaico à menina, canta-se orações de proteção, acende-se sete velas, e distribui-se doces às presentes. Lembrou da cerimonia de suas filhas, celebrada pelo Rabino Mazaltov e pelo sr. Elias Mizrahi (de Safed), que exerceu a função de shochet, e também de chazan, na Sinagoga da Rua Abolição, aonde permaneceu por 35 anos.

A Sinagoga da Rua Abolição marcou a memória de sra. Clara como “um lugar muito bonito e agradável...e tudo se passava ao som das orações cantadas naquela ondulante entonação moura...” como escreve sra. Clara em seu artigo.
Rabino Jacob Mazaltov

Rabino Jacob Mazaltov, escreve sra. Clara em “Rabino Jacob Mazaltov”, nasceu em Haskoy, um bairro pequeno e judaico, em Istambul, estudou em Alexandria, seguiu para o Rio de Janeiro, aonde casou-se com sra. Dora Hazan, partiu para exercer o rabinato em Buenos Aires, em seguida em uma sinagoga de Montevideu, sendo posteriormente chamado para trabalhar na Sinagoga da Rua Abolição, também chamada “Sinagoga de Rito Portugues”. Nesta permaneceu até 1948, aonde deu atenção especial à “juventude, sua grande preocupação e interesse”, como escreve sra. Clara. Organizou, inclusive, em 1942, o primeiro Bat-Mitzva na comunidade judaica em São Paulo.

Situada na Rua Abolição, 457, a “Comunidade Sephardim de São Paulo” ou Comunidade Israelita Sefaradi de São Paulo, ou ainda Sinagoga Israelita Brasileira Shaar Hashamaim (a partir de 1958), foi fundada em 1924 pelos judeus de língua ladina, vindos do Oriente Médio, e que em 1492 haviam sido expulsos da Espanha. 

Rabino Jacob Mazaltov
Inicialmente os serviços religiosos eram realizados, como comenta Rachel Mizrahi em seu artigo citado acima, em salas da Rua Barão de Itapetininga. O edifício original da sinagoga, acabado em 1928 e inaugurado em 1929, foi reconstruído e aumentado com a ajuda de várias famílias, entre elas a família Safra, em 1961, devido ao fluxo de judeus sefaraditas vindos do Oriente Médio... Passou, neste momento a receber a denominação de Templo Israelita Brasileiro Ohel Yaacov.

Hoje em dia a sinagoga, que continua ativa, situa-se em um novo edificio à Rua Cravinhos, nos Jardins.

Gostariam de colaborar com este post? Possui informações sobre a Sinagoga da Abolição? Acompanhe mais informações que serão inseridas aos poucos, neste blog...

Fotos fornecidas pela sra. Clara Kochen...