terça-feira, 14 de maio de 2019

"Minhas lembranças sobre a Sinagoga Thalmud Thorá...uma volta ao passado" - por Magali Boguchwal Roitman


Magali Boguchwal Roitman contou que frequentou a Sinagoga Talmud Thora. E escreveu o texto abaixo, sobre esta sinagoga, autorizando o compartilhamento neste Blog. Agradeço muito a participação e colaboração da Magali.

“Segue o texto sobre a Sinagoga Talmud Thora... Minhas lembranças da primeira sinagoga que frequentei se referem à Rosh Hashaná e Iom Kipur. Meu avô era um dos fundadores e havia uma cadeira na área masculina (no térreo) e outra no feminino (o mezanino) com os nomes dele Abram Elja Boguchwal e da minha avó, Brandla. Eram muitos bancos identificados com placas e só recentemente passei a me orgulhar desse fato. Quando criança, tudo o que importava era usar as roupas novas confeccionadas especialmente para as Grandes Festas e encontrar os primos de 1º, 2º e 3º graus para brincar e esperar as muitas horas até o final dos serviços. O Thalmud Thorá não tinha microfone, coral ou chazan residente. A cada ano se contratava um chazan profissional que pouco se destacava das vozes e sotaques poloneses dos homens e mulheres presentes. O que lembro era de um senhor alto, de bigode preto que batia na mesa quando o zum zum zum ultrapassava o até as orações mais entusiastas. As crianças temiam aquele senhor. Para evitar o olhar dele, eu evitava entrar sozinha na área masculina. Quando meus primos entravam, eu ia com eles e abraçava meu pai, cumprimentava os amigos dele e logo voltava para o páteo ou para o mezanino. Além do local das rezas propriamente dito com seus bancos de madeira altos e esculpidos, o que me impressionava era uma ante-sala onde havia uma grande mesa com um rebaixamento no meio, onde as pessoas acendiam as velas. Chegava-se a ela por uma escada estreita onde os garotos ficavam trocando figurinhas. Era uma sinagoga ampla, clara, pintada de azul com piso de madeira. Olhando para cima, viam-se as mulheres muito bem vestidas com seus livros, ora lendo atentamente, ora supervisionando o comportamento dos filhos. Lembro que a minha avó ficava ali do início ao final da reza, silenciosa, cumprimentando os netos com ar sério. Por outro lado, as tias, as primas do meu pai e os filhos delas comentavam sobre as roupas, como eu tinha crescido, etc. Quando o Rosh Hashaná e Iom kipur caiam em épocas muito quentes, as janelas da sinagoga não davam conta e as crianças eram levadas para casa depois de algumas horas. Quem chegava com bebês, ganhava a chance de sentar mesmo que não tivesse direito a uma cadeira e também contava com várias babás voluntárias. Por vários anos, a ida à sinagoga era uma rotina. Depois do Bat-Mitzvá, as meninas não entravam mais na área dos homens, mas passavam a fazer o tour pelas outas sinagogas para encontrar colegas de escola e amigos também entediados com os serviços das suas sinagogas. Dois detalhes me vêm à memória. Um deles é que em função do calor, minha mãe foi uma das primeiras a vestir as filhas com roupas de manga curta e mais tarde com saias mais acima do joelho. Ao verem meus trajes, minhas tias aproveitavam e, no ano seguinte também vestiam as filhas com roupas mais modernas. Se minha ordotoxa avó protestou, nunca fiquei sabendo. Já adulta, quando me tornei frequentadora do serviço religiosos das Grandes Festas na Hebraica, me surpreendi ao reconhecer algumas orações, especialmente aquelas que sinalizavam a aproximação do final de Yom Kipur. Embora ouvisse o chazan/artista contratado pelo clube, sempre me vinha à memória a o som vigoroso dos homens e mulheres desafiando a falta de energia decorrente do jejum. Por um ou dois anos tentei acompanhar o serviço do clube a trabalho e dar um pulinho no Bom Retiro para dar ao meu pai a alegria de mostrar a filha jornalista aos amigos. Depois não compensava mais atravessar a cidade então perdi o contato com a sinagoga até saber que ela tinha sido entregue para o movimento Chabad. É tudo que sei...”

Você frequentou a Sinagoga Talmud Thora? Alguma outra no Bom Retiro? Em outros bairros? E seus familiares? Gostaria de contar sua história, suas memórias, compartilhar fotos, documentos, algumas lembranças? Escreva para myrirs@hotmail.com ou deixe um comentário aqui...



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