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A comunidade judaica proveniente da Alsácia-Lorena, em São Paulo,
estava organizada e construiu uma sinagoga? Esta questão não está clara, e
venho buscando informações a respeito, ao mesmo tempo em que busco mais
detalhes, não só das sinagogas de Higienópolis, mas também das demais sinagogas
em São Paulo.
Durante uma conversa, em 08 de março de 2018, Rabino Shimon Brand, como já publicado numa
postagem deste Blog, comentou sobre alguns minianim e/ou sinagogas em São Paulo. E comentou que houve uma situada à Rua Cubatão, “dos
franceses”, citando a família Danek.
Assim, já no começo deste post pergunto: você faz parte da
família Danek? Sua família fez parte da imigração judaica proveniente da região
da Alsácia-Lorena, ocorrida na segunda metade do século XIX? Poderia
compartilhar informações, histórias, alguma memória? Em qual região da cidade
de São Paulo estabeleceram-se? Constituíram uma sinagoga? Um minian? Possuem
fotos, documentos? Conhece alguém da comunidade proveniente daquela região?
Algumas informações podem ser encontradas no livro do sr.
Henrique Veltman, “A História dos Judeus de São Paulo” (2.edição, revista e
ampliada, Rio de Janeiro, Ed. Expressão e Cultura, 1996). No capítulo IV, página
27, lemos que “Judeus franceses trazem o bom gosto no vestir e introduzem as
primeiras casas de joias. São de judeus alemães e alsacianos as primeiras
companhias de seguros, os estúdios de fotografia, as lojas de calçados e de
fazendas. Destacam-se na importação, de uma forma geral e sobem socialmente,
por exemplo, de Victor Nothman e de Frederico Glete. Em 1881, os judeus
franceses organizam-se na “Sociedade 14 de julho”. É dali que surge Alexandre
Levy...” Lemos também que Dr. Samuel Edouard da Costta Mesquita chegou ao Brasil
em 1860, exercendo a profissão de cirurgião-dentista e foi o primeiro rabino de
São Paulo. Seu túmulo, assim como da família, encontra-se no Cemitério dos
Protestantes (enterrado em 13 de janeiro de 1894). Também vemos que, assim como
os alemães e húngaros, os judeus alsacianos instalaram-se em São Paulo e
partiram para o interior, participando inclusive da implantação de ferrovias e
da agricultura. Sr. Veltman cita as famílias Maylasky, Wille, Baumann, Frank...E
no início deste capítulo, percebemos um pouco o sentido desta busca por informações
que venho realizando: “Com o correr do tempo, judeus e seus descendentes perdem
a lembrança de suas origens. Ainda assim, pode-se seguir os passos de muitos
deles...”. No mesmo livro, à página 55, há mais detalhes sobre a comunidade
judaica paulistana no século XIX: “Onde eram realizadas as cerimônias? Na edição
de 3 de setembro de 1897, o Allgemeine Zeitung des Judenthums, que
circulava em Lepzig, na Alemanha, noticiava: foi constituída em São Paulo uma
congregação israelita, a qual ultimamente recebeu permissão de estabelecer o
seu próprio cemitérios. Essa mesma informação foi reproduzida em jornais
judaicos da França, Inglaterra e Estados Unidos. Nada, porém, foi encontrado a
respeito da sede dessa organização (que incluiria, é claro, uma sinagoga e
muito menos sobre o cemitério israelita. O cemitério da Vila Mariana foi
inaugurado somente em 25 de fevereiro de 1923". Sobre este, leiam o livro “Os Primeiros
Judeus de São Paulo - Uma breve história contada através do Cemitério Israelita
da Vila Mariana” (Paulo Valadraes, Guilherme Faiguenboim, Niels Andreas- Rio de
janeiro, Ed. Fraiha, 2009). Na página 25 deste livro, com o título “Os judeus
alsacianos em São Paulo", há a informação de que não se tem registro do primeiro
judeu paulistano. Os judeus provenientes da Alsácia-Lorena aqui chegaram não só
atraídos pela riqueza gerada pelo café, mas também motivados pela derrota da
França na Guerra Franco-Prussiana. Assim, aqui vieram suprir a população
abastada da cidade com artigos de luxo. Na mesma página, há uma foto da família
Worms, judeus franceses, em 1916, em que vemos Bertha e Fernand, sendo este
sobrinho do Dr. Samuel Edouard da Costa Mesquita, acima citado.
No livro “Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil”
(Fiesp, São Paulo, 1984), Dr. Nachman Falbel apresenta detalhes sobre a
imigração judaica da região da Alsácia-Lorena: “”...Os judeus franceses
trouxeram à cidade de São Paulo o bom gostos no vestir e também o consumo do
supérfluo estabelecendo na capital paulista casas de jóias e afins...Outros
eram importadores de alto vulto e acabaram ascendendo na sociedade paulistana
pela sua riqueza e iniciativas sociais...”. Dr. Falbel aponta o livro “São Paulo
de outrora”, de Paulo Cursino de Moura, em que este lembra os franceses e sua
contribuição para a cidade, na moda e na elegância, na arte na música. E
organizaram a sociedade “14 Julliet”, fundada por volta de 1881, tendo entre
seus membros a família Cahen Levy. Sr. Falbel cita ainda na área da música Henry
Levy, Louis e Alexandre Levy e Edgard Levy, e a pintora Bertha Worms. Descreve
também sobre Dr. Samuel Edouard da Costa Mesquita, preenchendo a função de
rabino ao oficiar as rezas nas festas judaicas...
Leiam no próximo post mais informações que foram publicadas e
também disponíveis na internet sobre os judeus da Alsácia-Lorena que chegaram a
São Paulo no século XIX.
E aqui pergunto novamente: como era organizada e constituída,
em São Paulo, a comunidade judaica na segunda metade do século XIX, conforme foi
publicado e noticiado no Allgemeine Zeitung des Judenthums, em Lepzig, e
reproduzida em jornais judaicos da França, Inglaterra e Estados Unidos, e
particularmente os provenientes da Alsácia-Lorena?