quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Mazalot - signos do Zodíaco - no Centro Israelita do Cambuci

Conta-se que os desenhos dos Mazalot nesta sinagoga foram feitos por um artista-arquiteto judeu polonês, o mesmo que, também decorou a sinagoga do Brás. Este artista voltou para a Polônia antes da II Guerra Mundial. A representação do zodíaco era um tema artístico e motivo decorativo comum a várias sinagogas da Polônia e do leste europeu como um todo. Este tema também estava presente em algumas sinagogas antigas em Israel, e realizadas em mosaicos, a exemplo de Beith Alfa, próximo a Beith Shean.

Escola Israelita Brasileira do Cambuci

Ao se construir uma sinagoga, construía-se uma escola...

A construção da Escola do Cambuci foi feita pelo sr. Samuel Belk e iniciou seu funcionamento em 1945. Francisco Moreno Z”L  comentava que os pais trabalharam como zeladores desta escola, de 1954 a 1960, e se lembrava que fizeram parte professores como moré Levin, morá Sara Dingot (que na Polônia frequentava os círculos literários de Varsóvia) e mora Golda. A escola também absorveu imigrantes judeus originários do Oriente Médio, sendo frequentada, assim, pela comunidade ashkenazi e por mizrahim (inicialmente moradores da Mooca) Francisco Moreno também nos contava que "o Cambuci abrigou o movimento juvenil Kadima, do qual fez parte Iara Iavelberg, cuja família era do bairro do Ipiranga".

Ao compartilhar as últimas postagens sobre a Sinagoga do Cambuci no Facebook, Annette Waidergorn escreveu: “Meu avô Pedro Waidergorn, foi um dos fundadores. Passei muitos Yom Kipur nesta sinagoga”. E Marcia Eskenazi  comentou: “Meus pais também... e da escola, aonde estudei por vários anos da minha infância. A sinagoga era frequentada por toda minha família porque morávamos no Cambuci”.

Aqui pergunto: Você ou sua família frequentaram a Sinagoga do Cambuci? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Estudaram na escola ao lado da sinagoga?? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

O edifício do Centro Israelita do Cambuci

O Centro Israelita do Cambuci, fundado em 1941, situa-se próximo à Rua do Lavapés, e ao lado da Escola Israelita Brasileira do Cambuci, que ali funcionou até fundir-se com o Colegio I.L.Peretz.

A edificação possui um salão para kidush no piso térreo e duas escadas laterais conduzem à entrada desta, no primeiro piso, da mesma forma como víamos na Sinagoga Mordechai Guertzenstein. Porém, na sinagoga do Cambuci, as escadas situam-se na parte externa. Neste primeiro piso, uma porta de madeira de folha dupla dá acesso à ala masculina. Fileiras de bancos e respectivos apoios para sidurim, com espaço para guardá-los, ladeiam um corredor central. Tais bancos, em madeira, ainda conservam as plaquinhas de identificação de seus antigos ocupantes. Já a ala feminina, originalmente situava-se em um piso superior, no formato das antigas sinagogas. Esta sinagoga ficou desativada durante 15 anos, sendo reaberta em junho de 2014, porém esta desativada novamente.

O projeto da Sinagoga do Cambuci, “conforme consta do seu processo de aprovação Proc.52.062/40PMSP foi assinado pelo engenheiro Leo Bonfim Dei Vegni Neri (engenheiro formado pela Poli-USP) tendo como responsável pela construção David Biase...” Esta é uma informação que podemos ler no interessante artigo “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira (Salmos,137,4)”, escrito pela Dra. Anat Falbel (UNICAMP/IFCH) e publicado no Boletim Informativo Arquivo Histórico Judaico Brasileiro 35, Ano IX-Janeiro/Abril 2006, páginas 10-18. Projeto de engenheiros que não pertenciam à comunidade judaica, como ocorreu em algumas sinagogas paulistas.

Os projetos das sinagogas da primeira metade do século XX refletiam o partido arquitetônico presente nas comunidades de origem dos imigrantes que as construíram. Percebemos isto no espaço interno desta sinagoga. Esta sinagoga, porém, em sua fachada/área externa, possui elementos que remetem à arquitetura modernista (ou até à Art Deco), em sua simetria, formas simples, geométricas, linhas retas, estética minimalista e rejeição de ornamentos excessivos, priorizando o "menos é mais". Olhando-a de passagem, poucos detalhes externos remetem a uma sinagoga.

Consta, em uma placa de 1941, instalada no interior do edifício, os nomes dos que fizeram parte da “Comissão que construiu a Sede Social”  da sinagoga. Podemos ler:

Presidente: Benjamin Lafer

Vice-presidente: Pedro Waidergorn

Secretário: Elias Sitzer

Vice: Herman Sidsamer

Tesoureiro: Mauricio Zimberg

Vice: Luiz Chamis

Conselho Fiscal composto por: Abrão Gerson, Benjamin Zimberg, David Klevand, Raphael Kremer e Germano Baumohl

Uma outra placa informa, porém, que a comunidade judaica estava presente no bairro já em 1925.

Na próxima postagem, divulgo detalhes sobre os mazalot, ou signos do zodíaco, presentes nesta sinagoga. 

E pergunto: Você ou sua família frequentaram a Sinagoga do Cambuci? Seus familiares fizeram parte de sua fundação? Estudaram na escola ao lado da sinagoga?? Deixe um comentário aqui no blog, ou escreva para mim no e-mail myrinhars@gmail.com


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Visita ao Centro Israelita do Cambuci

Estive no dia 13 de novembro de 2025 visitando, por mais uma vez, o Centro Israelita do Cambuci, junto a um grupo que não conhecia esta sinagoga. Fomos recebidos por Sergio Goldenstein e Sergio Tomchinsky. Conversamos sobre o bairro, sobre a fundação da sinagoga, objetos presentes, mobiliário, as pinturas de mazalót (zodiaco). Compartilho aqui e nas próximas postagens algumas informações sobre o Cambuci, sua comunidade judaica e a sinagoga.

O bairro do Cambuci

O bairro do Cambuci, um dos mais antigos da cidade, conhecido desde o século XVI, recebeu tal nome a partir de uma árvore da região, de um córrego e também significando “pote” em tupi-guarani. No seu início, passava pela região uma trilha de acesso ao Caminho do Mar, utilizado por tropeiros para chegar a Santos.

Com o tempo, desenvolveram-se ao redor deste um pequeno comércio e algumas chácaras, sítios, plantações e fazendas. No passado, um córrego da região, na atual Rua do Lavapés, marcava a divisa entre a zona urbana e rural. Neste córrego, os tropeiros e viajantes tinham o hábito de lavar os pés e dar de beber aos animais, antes de seguirem para a cidade. Neste bairro, uma Capela foi erguida em 1870 e o Museu do Ipiranga em 1890. A construção de uma linha de bondes, ligando o centro ao Museu, valorizou a região. Baixada do Glicério – área alagadiça

Acompanhando a industrialização do país, toda a região serviu à instalação de diversas fábricas, e com a chegada de migrantes europeus, a maioria de italianos e sírio-libaneses, o limite urbano no Cambuci ampliou-se. Novas ruas surgiram, terrenos foram loteados, casas e fábricas começaram a ser instaladas na região, delineando-se, assim, algumas características do bairro preservadas até hoje, como alguns galpões fabris e sobrados.

A tomada da Igreja da Glória, ponto alto do bairro, por rebeldes durante a Revolução de 1924, marcou a história do Cambuci. Assim como o Brás e a Mooca, foi um dos bairros mais atingidos pela luta neste período.

A partir da década de 1970, as fábricas começaram a abandonar o bairro, seguindo a tendência de se mudarem para locais mais afastados. O bairro, aos poucos, mudou seu aspecto fabril para se tornar um bairro de serviços e comércio no eixo do Largo do Cambuci e da Avenida Lins de Vasconcelos. Com predominância de áreas residenciais, o bairro tornou-se foco das incorporadoras e construtoras no boom imobiliário paulista, por ser próximo ao centro, possibilitando diversos lançamentos de apartamento de classe média.

O artista plástico Alfredo Volpi (1996-1988), morador do Cambuci, retratou o bairro, que foi criado em 19 de dezembro de 1906, pela Lei 1040 B . O distrito é composto por Vila Deodoro, uma pequena parte da Mooca e Cambuci. 

A comunidade judaica do Cambuci 

De um modo geral, as comunidades judaicas de São Paulo, tanto na capital como no interior estabeleceram-se ao longo das estações das estradas de ferro, da linhas de trem.

A comunidade do bairro foi formada tanto por imigrantes judeus provenientes da Europa Oriental como por imigrantes judeus originários do Oriente Médio. Os que aqui chegaram da Europa fundaram e frequentaram o Centro Israelita do Cambuci. Já a comunidade judaica mizrahi, proveniente do Oriente Médio/Império Otomano permaneceu ligada ao bairro da Mooca e às suas sinagogas.

Consta da placa do Merkaz-Israel-de-Cambuci, no Centro Israelita do Cambuci, as datas de 1925-1965, o que aponta que a comunidade judaica estava presente no bairro muito antes da construção da sinagoga. Contém os nomes dos presidentes Miguel Blay, Sigismundo Spindel, Benjamin Lafer e Abrão Zaguer.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Mooca Judaica, Unibes Cultural, Museu Judaico de São Paulo, sinagogas e o novo curso de CPF SESC


Um novo curso no Centro de Pesquisa e Formação terá inicio em 11 de novembro de 2025!

E estão previstas visitas à exposição “Mooca Judaica: histórias e memórias de uma comunidade”, na Unibes Cultural, visitas às sinagogas, visita ao Museu Judaico de São Paulo, ao Bom Retiro, incluindo a ‘Casa do Povo”, alguns dos diversos espaços de memória e de legado da historiada comunidade judaica em São Paulo.


Este curso, “Expressões da presença judaica no Brasil: comunidades, memórias e arquiteturas” será ministrado por Adriana Abuhab Bialski, Ernesto Mifano Honisgsberg, Maria Lúcia Guilherme e por mim e, como podemos ler no texto de divulgação do Centro de Pesquisa e informação do Sesc, tem como objetivo introduzir a diversidade cultural do judaísmo brasileito, as comunidades que se estabeleceram no país a partir do século XIX, apresentar os três principais grupos judaicos conforme sua origem - asquenazes, sefarditas e orientais -  e focar nas particularidades no contexto da imigração contemporânea, como o idioma, tradições, costumes, simbologias, literatura, artes.

 

As sinagogas, tema principal deste blog, serão exploradas não apenas como espaço de culto, mas também como espaços culturais e de encontro, representando o importante patrimônio arquitetônico judaico-brasileiro.

 

Não percam! Três aulas presenciais no Sesc e três aulas externas!

Façam suas inscrições no link: https://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/expressoes-da-presenca-judaica-no-brasil-comunidades-memorias-e-arquiteturas

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Uma pausa em 2025 e aulas sobre “Sinagogas como Patrimônio"

Com a chegada do ano de 2025, há seis meses, novas oportunidades surgiram à minha frente, e, desde fevereiro, ao lado de Adriana Abuhab Bialski, Maria Lúcia Guilherme e Ernesto Mifano Honigsberg, tenho participado de cursos relacionados aos judeus no Brasil, suas imigrações, memórias, culturas, sinagogas, comunidades e diversidades.

Ministramos, até o momento, um curso de verão na FFLCH USP, um curso no "IBI no campus", e um curso na Unibes Cultural, cada um com diferentes abordagens. Um novo caminho que venho percorrendo, incentivada e motivada por esta equipe e pelo público que tem participado de cada aula. 

O tema de minhas aulas, “Sinagogas como Patrimônio” está diretamente relacionado às postagens deste blog, ao longo do tempo, como um recorte do estudo que realizo sobre as sinagogas paulistas. No entanto apresento o significado, origem, objetos e mobiliários das sinagogas; sinagogas sefarditas, asquenazes, orientais; ortodoxas, conservativas, liberais; sinagogas no Brasil e, em particular, em São Paulo; patrimônio cultural e definições; revitalização, readequação, retrofit e reuso dos espaços edificados, sinagogas como patrimônio, lugares de memória,  mudanças e novos usos, sinagogas demolidas.

Novos cursos, em diferentes espaços, estão programados, além da divulgação, em breve, do trabalho de resgate de memórias de uma das comunidades judaicas paulistanas, em conjunto com Adriana Abuhab Bialski.

Agradeço o apoio que temos recebido!!!