Região de Higienópolis-Mapeamento Sara 1930 Mapa Digital da Cidade de São Paulo GeoSampa Mapa-Prefeitura de São Paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx# |
Podemos ler em diversos sites sobre o bairro de Higienópolis,
situado na região central da cidade, nos distritos da Consolação e Santa Cecília. Relatos indicam que sua história começa no século 16, com a sesmaria do Pacaembu (que englobava Higienópolis, Pacaembu e Perdizes), doação de Martim Afonso de Souza aos
jesuítas, e dividida em Pacaembu de Cima(Higienópolis), do Meio e de
Baixo. Correspondia a uma extensa região delimitada pelo caminho dos Pinheiros
(atual rua da Consolação), Emboaçaba (atual avenida
Dr. Arnaldo) e pelo córrego Água Branca.
Através
de determinação do Marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos em 1760, seus
bens foram confiscados e vendidos, incluindo, entre estes, as sesmarias. Loteou-se
a região, em chácaras, áreas urbano-rurais, que passaram a serem ocupadas por palacetes de destaque e com vastas áreas de jardins e
pomares. Pode-se citar neste contexto a antiga residência da família Prado, construída em 1884, atual Clube São Paulo, localizado entre as Ruas Martinico Prado e
D. Veridiana, hoje bastante descaracterizado. Ou então a conhecida Chácara Vila
Maria, mansão de D. Veridiana Valeria da Silva Prado, filha do barão de Iguape,
um dos locais preferidos dos intelectuais e da elite paulistana para seus encontros
e discussões, como a Semana de 22. Instituições foram
erguidas no período, como a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, inaugurada
em 1884; o Mackenzie, construído em 1874, no terreno de parte da
antiga chácara de Dona Maria Antônia da Silva Ramos; e o Hospital Samaritano de
São Paulo, de 1892.
Com o
crescimento da cidade, as antigas terras do Barão
de Ramalho, e do
espólio do padre pernambucano Wanderley, foram compradas em 1893 por Martin Buchard e Victor Nothmann, dando início à construção de
um loteamento planejado, e de alto-padrão na cidade, destinado especificamente
para a elite paulistana. Inicialmente denominado "Boulevard Bouchard",
acabaram por englobar também os já existentes sítios de Dona Veridiana e de D. Angélica. A publicidade do empreendimento, à época, ressaltava o
fornecimento de água e esgoto, iluminação a gás, arborização, linhas de bonde, divulgando-o
como o maior loteamento em extensão territorial e importância socioeconômica. O
loteamento foi dividido em 2 fases, com lotes de
700 a 1000m², aberturas de vias como a Avenida Angélica, Rua Maria Antonia e D.
Veridiana. As
mansões do bairro reproduziam, no período, os modelos franceses, os móveis, o
material de construção. Até a planta das casas provinham da Europa. Uma das
mais conhecidas da época, a Vila Penteado, foi construída em 1902, no estilo
art nouveau, projetada pelo engenheiro sueco Carlos Ekman.
O bairro foi ocupado por famílias ilustres e
tradicionais da aristocracia paulistana, entre eles os fazendeiros, comerciantes
estrangeiros, profissionais liberais, muitos deles antigos moradores da região dos
Campos Elíseos.
Esta região foi uma das
primeiras regiões da cidade a priorizar o saneamento e a higiene com
encanamento de esgoto e fornecimento de água. Esse detalhe marcou o nome
de Higienópolis (cidade ou lugar de higiene) devido às
suas características.
Em 1900 inaugurou-se a linha de bonde elétrico da Vila
Buarque, propiciando o desenvolvimento do bairro. O "bonde 25" atraía
visitantes devido à arquitetura e ao luxo da área.
Com o processo de verticalização do bairro e a
demolição de grande parte dos antigos casarões que o caracterizavam, um dos
primeiros após o Centro Histórico da cidade, a região começou a assumir um caráter
de destaque pelo qual se tornou conhecido, recebendo grande quantidade de
investimentos imobiliários. Podemos citar o Condomínio Edifício Alagoas (1933,
Construtora Barreto Xandi & Cia), o Edifício Santo André (de Francisco
Matarazzo e de Jacques Pilon, na Rua Piauí esquina com Av. Angélica,o primeiro
edifício a usar estacas tipo Franki em sua fundação), o Edifício Augusto
Barreto, o D.Pedro II, o Edifício Santa Amália (1943, de Francisco
Matarazzo Netto), o Edifício Higienópolis (1943), o Edifício
Rubayat, o Edifício Teresópolis, o Edifício Louveira (1946, de Vilanova
Artigas e Carlos Cascaldi), Edifício Prudência(1944,de Rino Levi), D.João V (de
Adolpho Lindenberg) Brasil Colonia, Brasil Império, Brasil
República, Lindenberg, Mansão Orlandina Rudge Ramos, Mansão
Michelangelo, Mansão Verlaine, Barão de Antonina, Barão de Jundiaí, Marquês
de Três Rios, Solar do Conde, Príncipe de Galles, Professor
Vilaboim, Paulistania, São Clemente, Lafayette, Bretagne(1959) e
o Edifício Parque das Hortênsias (1957, ambos de de João Artacho
Jurado), o Edifício Piauí (1949) e o Edifício Cinderela (1956,
de Adolpho Lindenberg), os Edifícios Santa Francisca e Santa Cândida (1963)
No final de 1999 foi
inaugurado no bairro o Shopping Pátio Higienópolis, surgiram estações de metrô
próximas ao bairro (Estação Marechal Deodoro, República e Santa Cecília, Higienópolis-Mackenzie),
e o bairro continua seu crescimento e ocupação.
O aumento na população neste bairro deve-se, também, à
mudança de moradores de outros bairros de São Paulo, muitos deles profissionais
liberais, funcionários, estudantes, comerciantes, industriais, assim como a uma
parcela da comunidade judaica, proveniente do Bom Retiro, trazendo consigo
colégio e sinagogas. Mesmo após a abertura de
outros bairros de perfil elitizado, Higienópolis manteve-se como uma área valorizada.
A pesquisadora Lucia Chermont,
em seu livro “Memória e Experiência de Judeus de
Higienópolis e Arredores, São
Paulo (1960-1970)” (Dissertação de Mestrado
em História- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011 Primeiro
orientador: Peixoto, Maria do Rosário da Cunha, Educ-Annablume) relata
sobre a migração judaica para o bairro, verificando
as formas como esta ocupação se deu a partir da década de 1960, as diversas
instituições judaicas que se transferiram para o bairro ou que escolheram tal
local para construírem as suas sedes, os anos 1950 e 1970, com a chegada dos judeus egípcios
e, posteriormente, sírios e libaneses, a mudança do Bom Retiro para
Higienópolis...
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Higienópolis: grandeza de um bairro paulistano HOMEM,
Maria Cecília Naclério. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2011, 280 p. ISBN: 978-85-314-1292-9
www.revistas.usp.br/posfau/article/download/48318/52176/