quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Comunidade judaica francesa da Alsácia-Lorena, Facebook e internet

Rua Cubatao em 1930, segundo o Mapeamento Sara
http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#

Alguns comentários foram publicados no Facebook, relativos ao post anterior “A comunidade judaica proveniente da Alsácia-Lorena, em São Paulo, estava organizada e construiu uma sinagoga?” Por exemplo, em “Eventos Judaicos Sociais, Culturais e Religiosos”, Claude Hasson escreveu: “a comunidade judaica proveniente da Alsácia-Lorena em São Paulo, ou de outros lugares, são judeus franceses. Falam francês, cultura francesa! O político francês Dominique Strauss-Kahn é da Alsácia e Lorena. Os dois sobrenomes são típicos dos judeus da região assim como os sobrenomes Weil, judeus da cidade de Weil, e Worms, judeus da cidade de Worms. São judeus de famílias muito antigas destas regiões. Alguns tem mais de 1000 anos!”  Agradeço muito pelo comentário e observações, e pelo que li, os judeus que aqui chegaram provenientes desta região, vieram após a Guerra Franco Prussiana, quando a região deixou de pertencer à França. Questionei se a família de Claude Hasson é francesa, desta região e se saberia algo sobre esta comunidade judaica em São Paulo Já em “Em Jewish Brasil – Comunidade Judaica do Brasil”, sra. Sonia Miltzman sugeriu: “Converse com um rabino da comunidade Sefaradi. Em “Pletzale”, Daniel Strum escreveu que “o casal Wolf publicou material sobre isso. Em São Paulo eram poucos e no Rio, alugavam espaços para as festas.” Estou consultando o material de Egon e Frida Wolf...e quanto à Rua Cubatão, vou verificar informações. Em 1930, de acordo com o “mapa Sara”, esta rua era extensa, com diversas edificações... E Daniel completou: “mas em 1930 era outra cidade. Os alsacianos vieram no XIX...”
É possível verificar na internet, na página ainda disponível do AHJB, o texto: “Por Paulo Valadares, historiador (AHJB): O acervo do AHJB é organizado em vários fundos oriundos das doações de familiares ou de instituições. Um destes fundos é o “Paulo Lilienfeld”, com documentação pertencente à família Weill, judeus alsacianos que viveram em São Paulo. Ele é formado principalmente por fotografias e documentos pessoais pertencentes ao núcleo familiar. A maioria das fotos são cenas que marcam o registro de suas vidas na capital paulistana. Dentre estas fotografias encontramos duas que fogem deste padrão, uma delas autografada, de um importante personagem do Judaísmo francês. Trata-se do Rabino Justin Schuhl, conhecido capelão do exército francês na I Guerra Mundial. Junto às fotografias, três recortes de jornais falando dele...”  (http://www.ahjb.org.br/ahjb_pagina.php?mpg=06.03.00.00&npr=25&pg= ) . Material a consultar no atual Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo.
Em “A Integração dos judeus em São Paulo”, sra. Marilia Freidenson escreveu: “Segundo os recenseamentos, em 1900 o número de judeus em todo o Estado de São Paulo era de 226 (DERTÔNIO, 1971, p. 22)...Judeus franceses vieram ao Brasil no século XIX. Um entrevistado brasileiro, cuja mãe veio da Alsácia em 1919, explica: Quase todos os judeus franceses vieram da Alsácia. A maioria veio por causa da guerra de 1870, que anexou a Alsácia à Alemanha. Os franceses que vieram para cá foram logo aceitos pela sociedade brasileira, porque muitos brasileiros mandavam os filhos estudar na França. A França, na época, era modelo de educação, de cultura, era tudo isso, e falar francês era importante. Então os judeus franceses vieram aqui já com certa deferência, vamos dizer, eles já podiam falar com alguém. Essa é a grande diferença entre o pessoal que veio do norte da Europa, da Rússia, da Polônia, que não falavam a língua e tinham que ficar entre eles. (FREIDENSON; BECKER, 2003, p.52)...O historiador Ernani Silva Bruno também menciona Manfredo Meyer, citando um texto de Henrique Raffard de 1890: "Bem andou o Manfredo Meyer abrindo ruas e vendendo lotes nos seus vastos terrenos do Bom Retiro." (BRUNO, 1984, p. 1035). Os pesquisadores Egon e Frieda Wolff informam: Manfred Meyer era um israelita alsaciano, comissário-agente do consulado francês carioca, autorizado, em 1871, a aceitar subscrições para as vítimas da guerra franco-prussiana. Homem generoso, contribuiu para as mais variadas causas com importâncias elevadas. (WOLFF, 1988, p. 69).” ( A Integração dos judeus em São Paulo - Revistas USP https://www.revistas.usp.br › ceru › article – Cadernos CERU Série 2, n.18, 2006)
No livro “Franceses no Brasil: séculos XIX- XX” (por Laurent Vidal, Tânia Regina De Luca(orgs)- São Paulo: Editora Unesp, 2009) lemos que  “entre os comerciantes franceses de alto padrão citados por Georges Ritt estavam os Bloch Frères , um dos casos de judeus franceses originários da Alsácia-Lorena que vieram se estabelecer em São Paulo.Fundaram em 1878 e loja de roupas masculinas Au Bon Diable, que se tornou uma das mais importantes do comércio paulistano na passagem do século XIX para o XX, Entre pelo menos 1884 e 1915 encontram-se registros nos almanaques comerciais dessa casa, situada na Rua Direita, no pavimento térrei do edifício ocupado pelo Hotel de França...”
“O jornal Le Messager de St. Paul foi publicado durante duas dezenas de anos em São Paulo, de 6 de julho de 1901 a julho de 1924, totalizando 23 anos. Foi o mais importante jornal francês de São Paulo. Não sabemos exatamente qual foi a última edição, mas sabemos que o jornal foi fechado em julho durante a Revolução de 1924.116 A princípio o título vem em francês, Le Messager de St. Paul – feuille hebdomadaire – propriété d’une association (26/10/1901). A associação referida era provavelmente a Alliance Française, cuja sede era no Rio de Janeiro e que tinha uma sucursal em São Paulo, ambas ligadas à comunidade judaica, segundo Egon e Frieda Wolf: Os franceses, e entre eles os franceses israelitas, formavam um círculo fechado, possuindo suas próprias associações e sociedades. O Cercle Français, a Société Française de Bienfaisance, o Comité 14 Juillet, a Câmara de Comércio Francesa, a Alliance Française são exemplos para estas associações segregadas. [...] EUGÈNE HOLLENDER pertencia à Alliance Française desde 1890, participando do comitê ainda em 1892. O Sr. P. Lyon, da casa P. Lyon & C., era delegado da Alliance Française para São Paulo”. (Relações transnacionais: jornais franceses publicados no Brasil (1854-1924) Valéria Guimarães)
O artigo “Os judeus alsacianos em São Paulo” (OESP- Edison Veiga-20 de outubro de 2010) descreve: “Não se tem registro do primeiro judeu “paulistano”. A partir de 1870 chegaram os primeiros judeus da Alsácia-Lorena, atraídos pela riqueza gerada pelo café e tangidos pela derrota da França diante da Alemanha. Os alsacianos aproveitaram o boom econômico do café para suprir os fazendeiros e a nascente burguesia urbana com artigos de luxo... Do Rio de Janeiro veio o dentista judeu francês Samuel Edouard da Costa Mesquita (1837-1894), que trabalhara para o Imperador D. Pedro II e depois viera para São Paulo onde havia muito serviço. Com o governo incentivando a imigração europeia, ele pretendia trazer judeus da Rússia que por lá viviam em péssimas condições. No bairro Bom Retiro, muito próximo da Estação da Luz, já se viam alguns judeus vindos do Império Russo que tentavam ganhar a vida como mascates.” (Excerto do livro Os Primeiros Judeus de São Paulo, de Paulo Valadares, Guilherme Faiguenboim e Niels Andreas-Fraiha, 2009)
Heloisa Faissol escreveu em seu livro “O Lixo do Luxo” (Livros Ilimitados-2012) que a raiz da família nasceu após a derrota da França, na guerra de 1870-1871. “Lorena e Alsácia acabaram sendo anexadas às terras da Alemanha, de modo que muitos franceses, principalmente israelitas, procuraram as terras da América. Com esses israelitas vieram os Worms, um grupo jovem de primos, procedentes de Tragni-Lorena, França. Em 1860, com apenas 18 anos, o meu tataravô, Jacob Worms, foi transferido para o Brasil. Na cidade de São Paulo, os Worms já dominavam o comércio de jóias, trazendo da Europa mercadorias de luxo. Uma das pintoras de grande prestígio nesta época era Berta Worms, sua irmã. Mas o meu tataravô se desligou dos conterrâneos e seguiu sozinho o seu caminho. Tornou-se mascate...”
Aguardem novidades, inclusive de mais publicações ou artigos divulgados na internet relativos aos judeus franceses que chegaram a São Paulo. Fundaram uma sinagoga? Reuniam-se em casas de famílias provenientes da França? Formaram uma comunidade organizada? Sua família faz parte dos imigrantes judeus que chegaram da França, após a Guerra Franco-Prussiana? Deixe seu comentário ou escreva para myrirs@hotmail.com

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