Diversos leitores citaram a sra. Ruth Jacob, e família, nas postagens
relacionadas à Santo André. Eliza Besen escreveu que “Dona Ruth sempre foi muito combativa e
participativa em nossa comunidade!” E Yomtov Pesso também comentou. Por indicação de Marion
Engel, entrei em contato com sra. Mathel Engel, filha de sra. Ruth e mãe de
Marion.Meu zaide (avô)
Ichiel Leib Szwarcbart
Santo André
Desenho autoral
Sra. Mathel Engel, Jacob de solteira, contou, a partir de uma foto que já compartilhei, de seu casamento. Relatou que foi o único casamento na sinagoga antiga, e celebrado pelo meu zaide(avô), Ichiel Leib Szwarcbart. Todas as famílias realizavam seus casamentos em São Paulo. As fotos foram feitas pelo irmão. O edifício da sinagoga foi inaugurado nos anos 1948/49, quando passou a ter o primeiro rabino, schochet e professor, no caso, o meu zaide. Antes desta época, as festas, cerimônias e rezas eram realizadas nas casas de pessoas da comunidade. Sra. Mathel comentou em relação ao edifício da sinagoga: Embaixo, havia a casa do rabino. Após um “lance de escadinhas”, havia um platô, um espaço onde estudavam. Na ocasião, sra. Mathel, com 10 anos de idade, fazia parte do grupo de alunos, e comentou sobre um incidente, quando, ao estarem em aula, foram surpreendidos pela polícia e levados para a delegacia, tanto os alunos como o professor. E explicou que naquela época era proibido ensinar e estudar hebraico. Liberados, as aulas passaram a acontecer nas casas das famílias. Sra. Mathel lembra-se que em certo momento, meu zaide e família mudaram-se de Santo André, ficando novamente sem um rabino e professor. Após um período Rabino Shamai Ende assumiu esta posição e, posteriormente, o Rabino Tawil. Com a mudança de parte da comunidade para São Paulo, a diminuição do número de jovens, e mais recentemente, por causa da pandemia, a frequência da sinagoga foi diminuindo. O edifício necessita de manutenção e reforma. O filho de sra. Mathel, Henri, continua morando na cidade, as filhas Marion e Vivian moram em São Paulo. Ao ser questionada sobre sua família, sra. Mathel contou que vieram da Alemanha para o Brasil em 1941, pagando alta quantia para isto. Ao chegarem em São Paulo, em fevereiro, ficaram em uma pensão alemã, juntamente com um tio solteiro. A avó, por não ter conseguido visto, e ter permanecido na Alemanha, acabou falecendo em Auschwitz em novembro do mesmo ano. A mãe não queria permanecer em São Paulo. O pai, na busca de um novo local, foi para Santo André, encontrando uma loja disponível. Para pagarem as “luvas” por esta, venderam um jogo de cristal. Já estabelecidos, o pai construiu um prédio, com a própria loja no térreo. O pai veio a falecer em um acidente, em frente ao prédio. Sra. Mathel assumiu a loja, abrindo também uma escola de artesanato, exclusividade com as “linhas Corrente”, chegando a contar com 1000 alunas por semana. Sra. Mathel contou também que durante o período pós-Guerra, com uma nova onda de imigrantes chegando a São Paulo, muitos estabeleceram-se ao longo das estações das linhas de trem, seguindo, inclusive, para Santo André.
Conversei, também em junho de 2021, com a sra. Anna Gedankien, que encaminhará detalhes sobre a sinagoga e a comunidade judaica de Santo André. Comentou que inicialmente fizeram a escola, depois a sinagoga... O sogro de sra. Ana, sr. Jacob Chil Gedankien, natural de Rike, na Polonia, morou em Franca e mudou-se posteriormente para Santo André em 1944. Quando chegou à cidade ficou feliz ao saber que tinham minian para as rezas, que aconteciam em um salão construído pelo sr. Baijgelman, antes de formarem a sinagoga.A construção desta ocorreu por iniciativa de um grupo, e o sr. Jacob Chil Gedankien, naquela ocasião foi a pé de Santo André até a Penha, recolhendo recursos para a construção. A direção da sinagoga era realizada por sr. Froim Szwarc. Sra. Anna contou também que chegaram a Santo André diversas famílias da cidade de Rozyszczer, que nos anos 1930 pertencia à Polônia, e atualmente pertence à Ucrânia. Entre elas, cita as famílias Waisberg, Katz, Fridlin, Lindenbojn, Mindrisz e Tenenbojn.
Em relação ao livro de sra.
Anna Gedankien, “Coragem, Trabalho e fé: A história da comunidade judaica na
região do ABC paulista”, sra. Sonia Miltzman comentou que a sra.
Anna procurou várias pessoas que, por
um motivo ou outro, não puderam enviar os dados para constarem do livro. Dona Anna
procurou-me, sou da família Gilbert, porém não tive como ajudá-la. Inclusive o
avô da Myriam conviveu com a comunidade e foi nosso moré. Szwarcbart ensinou
Bar-Mitzvah para os meus irmãos Carlos, Jayme, Ruby (Quinho), oficiou o
meu noivado, cujo documento guardo até hoje. Foi o professor que lutou com
minha família e a comunidade de Santo André pelos valores judaicos...” Eu
agradeço muito este comentário, e, também, pela lembrança em relação ao meu zaide. Realmente, no lançamento do
livro na Hebraica sra. Anna comentou que nos procurou, mas não nos encontrou.
Mesmo assim, divulgou algumas histórias a respeito. E naquele momento do
lançamento do livro pude conhecer e conversar com diversos amigos de meu pai, e
ficar sabendo que meu pai gostava de reunir o grupo. E descobrir outras
histórias curiosas...
No Facebook, sra. Doris Massaguer escreveu: “Sou de Santo André, sou Capelhuchnik,
minha família veio Ucrânia, entrou em Passo Fundo, o nome de minha mãe é Batsheva
Capelhuchnik Massaguer. Hoje vivo em Higienopolis...”
Vocês, ou suas famílias, fazem ou faziam parte da comunidade judaica de
Santo André? Frequentaram a antiga sinagoga e/ou a atual? Possuem fotos,
documentos? Deixe seu comentário, encaminhe um texto com suas memórias, para o
e-mail myrirs@hotmail.com
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