segunda-feira, 27 de junho de 2022

O município de Lins (SP) e a comunidade judaica da cidade

Foto: A segunda estação de Lins, com casas da vila ferroviária
(Autor e data desconhecidos).
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/l/lins-velha.htm .
Caso saiba quem é o autor e a data da foto, solicito informar.

Há um bom tempo questionei quem faz parte das famílias da comunidade judaica que moraram no interior paulista. Famílias que se estabeleceram em cidades como Sorocaba, Bauru, Garça, Galia, Pompéia, Marília, Assis, Lins, Ourinhos, Ipauçu, Araraquara, Piracicaba, São Carlos, Presidente Prudente, Catanduva, Barretos, Itapetininga, Jaboticabal, Franca, Campinas, Itu, Rio Claro, Guaratinguetá, e tantas outras. A busca por detalhes de como eram estas comunidades, qual a origem destas famílias que lá se estabeleceram, quando chegaram, como se relacionavam, em que trabalhavam e se havia sinagoga no local, permanece.

Por exemplo, quando pude conversar com sr. Jayme Kopelman sobre a cidade de Marília e sua comunidade judaica, Sr. Jayme contou que, nas Grandes Festas, as famílias de Garça, Vera Cruz e Lins vinham para Marília, e ali se reuniam. 

Lins, uma destas cidades, situada na região centro-oeste do Estado de São Paulo, de acordo com o portal do município https://www.lins.sp.gov.br/portal/servicos/1017/historia-de-lins surgiu no início do século XX, como povoado de Santo Antônio de Campestre, no cruzamento de uma antiga trilha de índios, localizada nas proximidades dos Rios Tietê e Dourado, e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. “Em 16 de fevereiro de 1908, o então presidente da república Afonso Pena inaugurou um trecho contendo quatro estações da ferrovia mencionada. Dentre estas estações, estava a do quilômetro 152, conhecida por "Estação Campestre", próxima ao córrego homônimo. Esta estação foi batizada "Albuquerque Lins". Em 1913, o povoado de Santo Antônio do Campestre foi elevado à categoria de distrito de paz do município de Bauru, sendo transferido em 1914 para o município de Pirajuí, ocorrendo sua emancipação política em 21 de abril de 1920".

Sobre a comunidade judaica de Lins, recebi, por e-mail, algumas informações de sr. Antonio Florentino, que aqui compartilho:

“Gostaria de saber sobre a sinagoga que existia na cidade de Lins, interior de São Paulo. Em 1995 estive nesta cidade, e coletei nomes de ilustres judeus que viviam nesta cidade do interior de São Paulo, conheci uma família, que também residia nesta cidade, e que hoje reside em São Paulo. Conheci esta família pessoalmente, família Arditti. Caso possuam histórias sobre essa sinagoga que havia em Lins, interior de São Paulo, eu gostaria de saber mais a respeito.”

Ao questioná-lo sobre mais detalhes, relatou: “Quando estive na cidade de Lins, entrei na Biblioteca Municipal Nicolau Zarvos e encontrei três livros que falavam sobre a imigração estrangeira nesta cidade, sobre as famílias judias que existiram,  e que possuíam comércios de armarinhos nas ruas principais. São elas: família Bettis, família Arditti (Moises Arditti Z'L deu aula no Colégio Americano de Lins, era professor de francês), família Fridmann, família Metrovich, família Traiman (Paulo Traiman era professor, deu aula no Colégio Americano, se ainda estiver vivo ele é formado em Medicina em Porto Alegre). O antigo templo ficava na Rua Campos Sales. Antes do templo grego ortodoxo, funcionava o templo judaico, era outro nome, não me recordo no momento, mas era o templo dos judeus. Minha mãe se lembra:  de 1937 até 1940, ela era levada pela minha avó, quando criança, a este templo, Anteriormente era apenas Templo. Em 1956, se tornou templo da igreja ortodoxa grega, e hoje em dia foi tombado como patrimônio histórico. Dr. Mauricio Arditti Z'L nos contou tudo em detalhes, e toda a sua família, pertence, atualmente, à Sinagoga Mekor Haim. Isso é tudo o que eu pude saber, mas gostaria de saber muito mais sobre a história de todos os judeus de Lins, e do antigo templo”. E sr. Antono, através do Facebook, completou: “Estou esperando que a Biblioteca da cidade me forneça o nome dos livros que diz respeito à presença judaica naquela cidade”.

Não tenho detalhes a respeito da história contada por sr. Antonio. Você teria alguma informação relacionada a esta história? E sobre à comunidade judaica de Lins e demais cidades do interior paulista? Escreva para myrirs@hotmail.com e relate a sua história...

quinta-feira, 16 de junho de 2022

A Sinagoga Beit Yaacov, Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista, em Higienópolis

Uma nova sinagoga da Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista foi projetada e erguida no bairro de Higienópolis, com o aumento numérico das famílias frequentadoras desta sinagoga, até então situada na Rua Bela Cintra, e hoje presente nos dois endereços, como divulgado na última publicação do blog. 

A mudança de muitas das famílias frequentadoras desta Congregação para a região de Higienópolis motivou a escolha do bairro para a construção da nova sinagoga. Em setembro de 1993 foi lançada a Pedra Fundamental e, em 1995 o edifício da Congregação foi inaugurado à Rua Veiga Filho. A construção foi patrocinada pelos irmãos Moise e Joseph Safra, e o projeto da edificação, em estilo neoclássico, coube ao arquiteto francês, Alain Raynaud. Este projeto incluiu, além da sinagoga em si em um amplo espaço, um salão de festas no subsolo e salas de aula, cursos, estudos, shiurim, espaços para atividades culturais e assistenciais. O edifício da sinagoga, com trabalhos e detalhes em madeira entalhada, tanto nas portas como nas paredes internas, executados por profissionais do Liceu de Artes e Ofícios, tem capacidade para mil pessoas. O setor masculino situa-se no piso térreo, e o setor feminino está situado em uma galeria, acessível por escadas. Hechal (Aron Hakodesh) espaço onde são guardados os Sifrei Torah (alguns antigos, trazidos de Alepo e Beirute), possui parochet (cortina) em veludo. E, no centro do salão há a Tebá (plataforma elevada onde é conduzido o serviço religioso), voltada na direção de Jerusalém.

Desde o falecimento de rabino Diesendruk, o rabino Laniado assumiu o rabinato da Beit Yaacov. Rabino Garzon passou a atuar também nesta sinagoga e, em 1980, Rabino Chahoud Chreim, de Alepo e Beirute, torna-se rabino-chefe da Congregação até 1998, ano em que faleceu. Em 1994, Rabino Y. David Weitman passa a fazer parte da Instituição, e posteriormente, os rabinos Haim Cohen, Avraham Cohen e Isaac Shrem integraram-se à Beit Yaacov.

A Congregação, desde 1993, publica a Revista Morashá, a qual deu origem ao Instituto Morasha de Cultura. Detalhes sobre a Sinagoga Beit Yaacov, Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista, podem ser vistos na Edição 87, de março de 2015, páginas 40 a 43, desta revista, ou acessando o link http://www.morasha.com.br/brasil/50-anos-da-sinagoga-beit-yaacov.html

No Facebook, mais informações foram compartilhadas: Na página “Hasbara&Sionismo” Betty Sahm Diesendruck comentou que o Rabino Diesendruck (Z´L) foi o Rabino dessa Sinagoga por 20 anos, antes do Rabino Laniado. Betty ali se casou lá com o Joe Diesendruck (Z´L) depois que o avô Rabino dele já era falecido. O Rabino Laniado junto com o Rabino Walt e o Rabino Alpern foram os celebrantes. Em “Pletzale”,  Mauro Krasilchik  avisou que se pode também falar com o seu cunhado Igal Levy ,que também se casou lá e fazia parte do coral da Sinagoga, junto com  alguns irmãos dele. Faziam parte também os pais falecidos dele, Rachel Krasilchik Levy e Jafim Levy. E, na página “Comuna Judaica do Facebook”, Leia Hecht escreveu: “Eu também tive a felicidade de celebrar meu casamento nesta sinagoga, casei em 1977, e quem celebrou o casamento foi o Rabino Laniado!!!”

Ariane Cole contou: “Meu avô materno foi vítima do nazismo em Auchwitz. Ele veio do Marrocos, se casou com minha avó no Egito em Alexandria. Com a “Guerra dos Seis Dias”, minha família fugiu de lá com apenas U$200, o que era permitido levar. Deixaram uma fábrica de vidros para automóveis, uma casa própria montada, carro. Foram inicialmente para a Guatemala, não gostaram e depois vieram para o Brasil”.

Você, ou sua família, frequenta ou frequentou a Sinagoga Beit Yaacov, Congregação e Beneficiência Sefaradi Paulista na Rua Bela Cintra ou na Rua Dr. Veiga Filho? E da Congregação Mekor Haim, sinagoga da qual aguardo retorno para pode visitá-la? Possui fotos, documentos, memórias, histórias a compartilhar? Escreva para myrirs@hotmail.com


quarta-feira, 1 de junho de 2022

Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista no bairro da Consolação

Algumas informações relacionadas à Sinagoga Beit Yaakov foram compartilhadas tanto no Facebook, como no Instagram (@sinagogasemsaopaulo). Pode-se citar Sueli Drukier, Boris Ber, assim como Claudia Zemel Klaiman e Michele Rachel Ventura Danciger, que se casaram nesta sinagoga, à Rua Bela Cintra. Rabino Laniado foi quem celebrou o casamento de Claudia e Michele. O Bar-Mitzvah do sobrinho de Michele também aconteceu nesta sinagoga.

Detalhes sobre a Beit Yaakov, Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista, e respectivas famílias fundadoras e frequentadoras também fazem parte do livro Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro, de Rachel Mizrahi (São Paulo, Ateliê Editorial, 2003 - Coleção Brasil Judaico; 1/ dirigida por Maria Luiza Tucci Carneiro, páginas 193 a 196). Rachel Mizrahi cita as famílias Safra, Nasser, Michaan, Chalom, Chalem, Shayo, Jamous, Dayan, que se transferiram do Oriente Médio a São Paulo na década de 1950, além dos Safdié que aqui chegaram em 1965. Estes novos imigrantes, além das famílias Harari, Dwek, Setton, Horn, Shammash, Chammah, propuseram construir uma sinagoga e uma escola religiosa e, em outubro de 1959, nas dependências da Sinagoga da Abolição, como cita Rachel Mizrachi em seu livro, constituíram a Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista, “preocupados com a integração comunitária e formação religiosa de seus filhos”. Assim, em 1959, iniciaram as obras da sinagoga em terreno da Rua Bela Cintra, sendo o lançamento da pedra fundamental presidido por Sr. Jacob E. Safra em dezembro de 1961. A família Safra “assegurou a construção, doando integralmente os recursos necessários”, sendo a sinagoga inaugurada em Rosh Hashana de 1964.

O edifício, além do espaço da sinagoga, conta também com salão de festas, salas de estudo, biblioteca, dependências administrativas. O espaço sinagogal é amplo, sendo a ala masculina, dividida por um corredor central, e situada no piso da Bimah e do Hekhal (Aron Hakodesh), e a ala feminina ocupando o espaço em uma galeria, cercada por uma mureta, no piso superior. Por quatorze anos, Sr. Rahmo Haim Shayo permaneceu como presidente desta congregação, tendo o apoio dos chazanim Kamal Eskinazi e Salomão Bussidin. Em abril de 1964 Rabino Mendel Diesendruck foi contratado, conforme consta no livro de Rachel Mizrachi, conduzindo a congregação até 1974, ano de seu falecimento.

Uma nova sinagoga foi projetada e erguida em Higienópolis, com o aumento númérico das famílias frequentadoras da Congregação e Beneficência Sefaradi Paulista então situada na Rua Bela Cintra, hoje presente nos dois endereços.

Você, ou sua família, frequenta ou frequentou a Sinagoga Beit Yaacov, Congregação e Beneficiência Sefaradi Paulista na Rua Bela Cintra ou na Rua Dr. Veiga Filho? E da Congregação Mekor Haim, sinagoga da qual aguardo retorno para pode visitá-la? Possui fotos, documentos, memórias, histórias a compartilhar? Escreva para myrirs@hotmail.com