Lucila Simões Saidenberg, em junho de 2020, enviou-me por e-mail o texto abaixo, sobre a comunidade judaica de Campinas:
“Pelo que sei,
minha família, os Saidenberg, ajudaram a fundar a Sinagoga Beith Jacob de Campinas.
Eu mesma frequentei a sinagoga com meus pais e meu irmão nos anos 1980, antes
de fazer Aliá...voltei ao Brasil, e quero voltar a Israel...
Os Saidenberg, Abraão Zajdenberg, que era fotógrafo, a
esposa Sora Chana e os filhos Elias e Salomão, fizeram o passaporte em Vilnius
em 1922 e chegaram ao Rio no navio a vapor Andes em 13 de março de 1923. De lá,
foram a Porto Alegre se encontrar com o irmão de Abraão, o cineasta Isaac Saidenberg,
que chegou aos 13 anos em 1905. Acredito que ele veio com o projeto ICA do
Barão Hirsh, mas não tenho certeza.
Quando meu avô Elias fez 18 anos, em 1932, ele pediu
transferência da escola onde estudava em Porto Alegre para uma em Campinas,
onde prestou os exames finais. Em seguida, se matriculou na Esalq, a Faculdade
de Agricultura em Piracicaba. Formou-se engenheiro agrônomo em 1935.
Em 1934, em Porto Alegre, um grupo de imigrantes
alemães fez uma reunião de apoio aos nazistas em um teatro de lá, e penso que
isso foi demais para meu bisavô, que havia passado a Primeira Guerra toda na
Europa. O fato é que, no ano seguinte, ele abriu um estúdio de fotografia em
Campinas. A Foto Saidenberg durou apenas três anos. Ele faleceu em 1938, uma
triste história, mas chegou a ficar muito conhecida e popular na cidade.
Mas antes de falecer, ele e a esposa, que no Brasil
recebeu o nome de "Sonia", juntamente com outras famílias, fundaram a
única Sinagoga de Campinas, a Beith Jacob. Voltando aos anos 1930, enquanto meu
bisavô Abraão fotografava as famílias campinenses, meu avô Elias trabalhou como
engenheiro agrônomo, e, durante a Segunda Guerra, coordenou toda a produção de
seda do Estado de São Paulo. Ele visitava as cidades do interior, falava com os
prefeitos e a população, distribuía mudas de amoreira e estabelecia viveiros do
bicho, principalmente nas escolas. Era tarefa das crianças chegar de manhã
com braçadas e mais braçadas das folhas para alimentar os bichos.
Essa seda gerava renda ao povo do interior do estado, e
era depois vendida aos EUA para fazer os paraquedas dos soldados aliados. Com o
fim da guerra e a libertação, alguns desses paraquedas foram transformados em
vestidos de noiva e, subsequentemente, outras peças de roupa, por moças judias
e gentias.
Outros nomes de famílias judaicas que me lembro são os
Segal e os Zeituni. É uma comunidade pequena, mas unida e harmoniosa. A pessoa
a contatar em Campinas é Andres Segal...
Gostei muito de participar. Lucila Simões Saidenberg”
http://historiascomentadas.wordpress.com
Foto: Vista das oficinas de manutenção da Companhia Mogiana em
Campinas. Decada de 1930. Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (empresa estatal
entre 1952 e 1971). Autor Assessoria de imprensa da Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro. Esta
obra está em domínio
público no Brasil - foi encomendada pelo governo brasileiro
antes de 1983 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Companhia_Mogiana_Oficinas_de_Campinas_(D%C3%A9cada_de_1930).jpg
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