segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A comunidade judaica de Campinas - Lucila Simões Saidenberg

Lucila Simões Saidenberg, em junho de 2020, enviou-me por e-mail o texto abaixo, sobre a comunidade judaica de Campinas:

Pelo que sei, minha família, os Saidenberg, ajudaram a fundar a Sinagoga Beith Jacob de Campinas. Eu mesma frequentei a sinagoga com meus pais e meu irmão nos anos 1980, antes de fazer Aliá...voltei ao Brasil, e quero voltar a Israel...

Os Saidenberg, Abraão Zajdenberg, que era fotógrafo, a esposa Sora Chana e os filhos Elias e Salomão, fizeram o passaporte em Vilnius em 1922 e chegaram ao Rio no navio a vapor Andes em 13 de março de 1923. De lá, foram a Porto Alegre se encontrar com o irmão de Abraão, o cineasta Isaac Saidenberg, que chegou aos 13 anos em 1905. Acredito que ele veio com o projeto ICA do Barão Hirsh, mas não tenho certeza.

Quando meu avô Elias fez 18 anos, em 1932, ele pediu transferência da escola onde estudava em Porto Alegre para uma em Campinas, onde prestou os exames finais. Em seguida, se matriculou na Esalq, a Faculdade de Agricultura em Piracicaba. Formou-se engenheiro agrônomo em 1935.

Em 1934, em Porto Alegre, um grupo de imigrantes alemães fez uma reunião de apoio aos nazistas em um teatro de lá, e penso que isso foi demais para meu bisavô, que havia passado a Primeira Guerra toda na Europa. O fato é que, no ano seguinte, ele abriu um estúdio de fotografia em Campinas. A Foto Saidenberg durou apenas três anos. Ele faleceu em 1938, uma triste história, mas chegou a ficar muito conhecida e popular na cidade.

Mas antes de falecer, ele e a esposa, que no Brasil recebeu o nome de "Sonia", juntamente com outras famílias, fundaram a única Sinagoga de Campinas, a Beith Jacob. Voltando aos anos 1930, enquanto meu bisavô Abraão fotografava as famílias campinenses, meu avô Elias trabalhou como engenheiro agrônomo, e, durante a Segunda Guerra, coordenou toda a produção de seda do Estado de São Paulo. Ele visitava as cidades do interior, falava com os prefeitos e a população, distribuía mudas de amoreira e estabelecia viveiros do bicho, principalmente nas escolas. Era tarefa das crianças chegar de manhã com braçadas e mais braçadas das folhas para alimentar os bichos.

Essa seda gerava renda ao povo do interior do estado, e era depois vendida aos EUA para fazer os paraquedas dos soldados aliados. Com o fim da guerra e a libertação, alguns desses paraquedas foram transformados em vestidos de noiva e, subsequentemente, outras peças de roupa, por moças judias e gentias.

Outros nomes de famílias judaicas que me lembro são os Segal e os Zeituni. É uma comunidade pequena, mas unida e harmoniosa. A pessoa a contatar em Campinas é Andres Segal...

Gostei muito de participar.  Lucila Simões Saidenberg”

http://historiascomentadas.wordpress.com

 

Foto: Vista das oficinas de manutenção da Companhia Mogiana em Campinas. Decada de 1930.  Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (empresa estatal entre 1952 e 1971). Autor Assessoria de imprensa da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Esta obra está em domínio público no Brasil - foi encomendada pelo governo brasileiro antes de 1983 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Companhia_Mogiana_Oficinas_de_Campinas_(D%C3%A9cada_de_1930).jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço o seu comentário. Anote seu nome e e-mail para receber um retorno...