sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Sinagogas na cidade de Santos

Sinagoga Beit Sion - Rua Borges
Foto enviada por Roberto Strauss

Há duas sinagogas em Santos, no litoral paulista. A Sinagoga Beit Sion, situa-se à Rua Borges, no bairro do Macuco, e foi a primeira a ser fundada, por judeus sefaradim. A Sinagoga Beit Jacob, à Rua Campos Sales, na Vila Mathias, foi fundada pelos judeus ashkanazim, procedentes da Europa Oriental. Essa funcionou primeiramente na Campos Mello, mudando-se para outro local, no mesmo endereço, junto à “escola ydish”. Já em 1946, a sinagoga mudou-se para a Rua Campos Sales, endereço atual. “A casa foi comprada, reformada e depois de um ano demolida, para que fosse construída a sinagoga que existe até hoje. A primeira diretoria era presidida por sr. Samuel Ciocler, e tinha, como vice-presidente, sr.Jaime Cymryng, que chegou ao Brasil em 1928, trabalhando na cidade como mascate; o secretário, sr.Isaac Alperovitch; e tesoureiro, sr.Samuei Gandelman”. Estas informações constam do artigo “Histórias e Lendas de santos- Os imigrantes - A colônia judaica” texto de Beth Capelache de Carvalho Equipe de A Tribuna. Mais detalhes no site https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0150.htm . 

Em ambas as sinagogas santistas, no seu espaço interno, a Bimah e o Aron Hakodesh (com as Torót em seu interior) estão situados no piso da entrada, com configuração semelhante às diversas sinagogas da capital paulista. O mesmo ocorre com os bancos de madeira, e a galeria no piso superior, originalmente destinada às mulheres. Na Beit Jacob, acima do Aron Hakodesh, leões ladeiam as Tabuas dos Dez Mandamentos, a Parochet cobre o Aron Hakodesh. Já na Beit Sion, acima do Aron Hakodesh há também as Tabuas dos Dez Mandamentos, sem os leões, mas estão inseridas em madeira trabalhada. Acima, uma Maguen David. Nas duas sinagogas, nas laterais do Aron Hakodesh, colunas que se interligam em arcos. Na Sinagoga Beit Sion, uma placa de 1935, em memória às famílias Homsi, Hazan, Sion, Rosa, Couriel, Eliezer, entre outras, está situada na lateral do Aron Hakodesh.

A Sinagoga Beit Jacob comemorou 90 anos em 2018, como divulgado por Glorinha Cohen, em 24 de agosto de 2018, e já publicado neste blog. Porém verifica-se que se filiou à Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) em outubro de 2011, e foi fundada, como empresa, em 22 de setembro de1970 no segmento de Instituições Religiosas. (https://www.conib.org.br/com-a-filiacao-de-duas-entidades-religiosas-federacao-israelita-de-sp-conta-com-60-filiadas/ e https://www.solutudo.com.br/empresas/sp/santos/instituicoes-religiosas/sinagoga-beit-jacob-1965397 )

Uma Ata da 564ª Reunião Ordinária do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos – CONDEPASA, ocorrida em 17 de agosto de 2017, nas dependências do Centro de Cultura “Patrícia Galvão” apresenta que, em suas “proposições”, tratou-se da correspondência datada de 04 de julho de 2017: “interessado Jaques Zonis, assunto: solicita o tombamento da “Sinagoga Beit Jacob” - local: Av. Campos Sales” e dada ciência ao pleno, encaminhou-se a documentação para a SEOTA, visando a instrução de levantamentos e estudos preliminares, em atendimento aos artigos 34 e 35 do Regimento Interno deste Conselho”. (https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/2017-08-17_ata_564a_r.o._condepasa.pdf  )

Sinagoga Beit Sion - Rua Borges
Foto enviada por Roberto Strauss

A Dissertação de Mestrado “A Arquitetura das Sinagogas – Exemplos relevantes e sua transformação no tempo”, apresentada à FAUUSP por Sergio Rugik Gomes em 2011, apresenta texto com informações obtidas em contatos e encontros com membros da comunidade judaica de Santos, além de diversas fotos das duas sinagogas da cidade, a partir de visitas realizadas pelo autor.

As fotos da Sinagoga Beit Sion, na Rua Borges foram enviadas por Roberto Strauss.

Em relação às sinagogas santistas e à comunidade judaica da cidade, você teria mais informações, histórias, memórias a compartilhar? Você ou sua família frequentavam as sinagogas? Conte um pouco sobre o edifício, a construção, o espaço interno, como comemoravam as festas e o Shabat. Possui fotos, documentos? Encaminhe um e-mail para myrirs@hotmail.com ou deixe um comentário neste blog.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Recordações Santistas Parte II - Boris Dahis e comentários do Facebook

Familiares em Santos,
os meninos são
Pérsio Coifman e Jacques Coifman,
anos 1940
Foto enviada por Sérgio Waissmann

Sr. Boris Dahis encaminhou-me a segunda parte de seu texto, relativo à comunidade judaica de Santos, e aqui compartilho:

"Após uma reunião da diretoria do CCIB, veio a mim uma moça, apresentou-se como Valerie e disse-me que seu filho Arthur, atingira a idade de pré Bar-Mitzvá e que eu fora recomendado a fim de prepará-lo. O Sr. Izaac Alperovitch realizava a cerimônia religiosa na sinagoga, e eu preparava os Bar Mitvandos no hebraico e nas rezas. Era uma grande oportunidade de ensinar a Língua Sagrada, história judaica e falar sobre Israel, e da minha experiência ali vivida. 

Contou-me que era judia, tinha mais dois filhos Albert e uma menina Charlotte mais jovens. Valerie era francesa de nascimento, e recepcionista de um grande hotel em São Paulo, graças às línguas que falava. Valerie e seus pais moravam na França, onde nasceu, estudou e, em sua juventude, viajou para Israel como voluntária e o destino a trouxe ao Brasil. Era mãe dedicada, carinhosa e preocupada com seus filhos, inteligente e atualizada. Arthur iniciou seus estudos em minha residência, era inteligente, captava facilmente o estudo do hebraico e do cerimonial. No início, Valerie o trazia a mim, e após a aula conversávamos e relatou-me parte de sua vida. Criou-se uma bela amizade e convidou-nos a conhecer a sua residência e família

Vou relatar-lhes um fato inédito no judaísmo: neto e avô fazendo Bar Mitzvá no mesmo dia. Arthur estudou comigo alguns meses, estava bem preparado. Aproximava-se a data do Bar Mitzvá e por alguns dias vieram os pais de Valerie da França, sr. e sra. Berkovici, casal de meia idade, muito simpáticos e que nos foram apresentados.  O sr. Berkovici perdera os pais na 2ª. Guerra, teve que refugiar-se dos nazistas em uma aldeia no sul da França e nunca pôde fazer o Bar-Mitzvá.

Arthur fez questão que o avô fizesse o Bar-Mitzvá com ele. Tentei dissuadi-lo, disse-lhe que o tempo não permitiria ensiná-lo, mas Arthur era teimoso. Consultei o Sr. Alperovitch e ele disse-me que o Bar Mitzvá pode ser comemorado em qualquer idade. Chegou o dia. A sinagoga estava lotada. Colocamos sobre o Sr. Berkovic o talit, os tefilim da cabeça e braço, e ele recitou conosco as brachot. Foi chamado junto com Arthur à Torah e acompanhou todo a Parashá que Arthur leu. Foi emocionante. A festa foi memorável, no alto do Morro dos Barbosa. Mais tarde preparei Alberth, seu segundo filho para o Bar Mitzvá, e Valerie veio também estudar hebraico comigo.  Quando o marido de Valerie faleceu, resolveram então vender tudo e emigrar para Israel. Arthur ficou na França e estudou diplomacia, Alberth alistou-se no exército, Charlotte estuda na faculdade em Tel Aviv e é eximia pianista como o pai, e Valerie formou-se em Direito. Hoje estão todos juntos e unidos em Israel. Em minha última visita às minhas filhas e netos em Israel, Valerie encontrou-se comigo. Continua batalhadora como sempre, escreve artigos defendendo as justas causas. Acompanho a vida de todos eles pelo Facebook. São uma parte querida de meu passado".

Mais alguns comentários foram escritos no Facebook, relacionados às publicações sobre a comunidade judaica santista:

Silvio Naslauski:O Ely El Gadeh até hoje é o chazan da comunidade, com a idade de 83 anos. Avraham El Gadeh é filho do Ely, e pode te dar todas as informações. Hoje as sinagogas estão em processo de união, faremos o Rosh Shana na sefaradi e Yom Kipur na askenazi!”

Simone Fridman Assayag:Meus avós tinham uma pensão chamada Leonor. Envio inbox para você o contato da minha mãe, Sarita Steinic Fridman, para que você possa conversar com ela. Frequentei muito a pensão, íamos aos domingos, era no Gonzaga, Av. Ana Costa”. Entrarei em contato com sra. Sarita. E, a partir deste comentário, Fani Masch Simone Fridman Assayag escreveu: “Brinquei muito com sua mãe Sarita e suas tias, lssea e Rute”.

Sergio Goldbaum: “Tenho umas fotos de Santos que eram do meu avô”.

Quanto à pensão Pensão Brickman, seguem também os comentários: 

Rosa Strauss:Era nosso "point" nas férias nos anos 60!!!”

Marisa Roitman:Meus avós paternos”

Eva Litvak Vaie:Que saudades das nossas férias no Hotel Brickman...”

Mauro Zolko:A minha familia quando chegou da Alemanha em 1933, ficou neste hotel

Rosely Zalcberg:Os meus avós frequentavam o hotel e minha mãe sempre falava do jardim com muitas arvores”.

Silvia Solon Wurcelman:Minha familia passava férias no Brickmam. Ficou uma doce lembrança.”

Celia Majtlis:Como chamava a pensão da Dona Eva? A filha chamada Berta?”

Lica Tal:Eu ia nas férias com meu pai ou com meu avô. Minha mãe tirava 15 dias de férias, e íamos para Lindoia, e meu pai tirava uma semana, e íamos para Santos no Brickman”.

Julio Zimerman:Comecei a frequentar quando ainda era Pensão Brickman. Saudades”.

Brenda Lichtenberg:Meu pai era de Santos, família Nolman”.

Eliane Pustilnik Broner “Deixou saudades. D.Rosa, me lembro que íamos para lá, ainda existe o prédio com esse nome”.

Jose Luiz Goldfarb: “Frequentei este hotel na minha infância. Que legal”.

Patricia Golombek: “Adorei a matéria!!! Vi que o pessoal veio de Yedenitz, como a minha família de parte de mãe, os Akermann. Nos anos 1960/70 íamos pra Santos, assim como amigos e familiares. Existia um hotel lá chamado Hotel Paulista e muita gente da colônia ia lá, ficava no José Menino, acabei de descobrir que a casa ainda está lá:

Sérgio Waissmann:Familiares em Santos, os meninos são Pérsio Coifman e Jacques Coifman, anos 1940”. E aqui divulgo a foto encaminhada por Sérgio.

Roberto Strauss:Cabe mencionar que a Diva, filha da Beila, casou-se com o arquiteto Abrāo Sanovicz, tambem de Santos, importante arquiteto moderno paulista, fui aluno dele na FAUUSP. Marcia Kagan Amselem respondeu: “Roberto Strauss, Abrāo Sanovicz, meu tio, e sou filha da Rivka (Regina) Diva Sanovicz”.

Maria Aparecida Duek:Os pais de meu esposo, família Duek vieram da Síria pelos anos de 1920 e se estabeleceram na cidade de Santos. Minha Sogra chegou no Brasil com seu primeiro filho e aqui nasceram mais dez filhos nove homens família Duek, maravilha, Shana Tova Umetuka”.

Flavia Szafir Zvi: Boris Dahis me ensinou hebraico. E mantenho a amizade com ele e sua esposa Aliza”.

Você faz parte da comunidade judaica santista? Frequenta ou frequentava as sinagogas? Compartilhe suas fotos, documentos, histórias. Vamos preservar nossas raízes, resgatando nossas memórias...Escreva paar myrirs@hotmail.com

domingo, 5 de setembro de 2021

Recordações santistas - Boris Dahis

Cartão Postal de Santos
arquivo pessoal da autora do Blog

Recebi o texto abaixo de sr. Boris Dahis sobre Santos, comunidade judaica e recordações santistas, e aqui compartilho: 

Vivi durante 15 anos na Baixada Santista, 05 dos quais dedicados à coletividade. Após minha aposentadoria lecionei a língua hebraica, e preparei alunos para o Bar Mitzvá. Não só ensinava a língua como pregava o amor à Israel, onde vivi por 22 anos. 

Tenho ex-alunos em Israel com os quais ainda mantenho contato e me sinto recompensado. 

Lembro-me com imensa saudade do Sr. Izaak Alperovitch Z”L, a quem o ishuv santista tanto deve, deveria lembrá-lo e homenagear a sua lembrança. Homem integro, bondoso, culto, com vasto conhecimento bíblico que conjuntamente com o Sr. Eli Elnekave dirigiam as cerimônias religiosas na sinagoga. Como não havia minian na sinagoga sefaradita Beit Zion e na ashkenazita Beit Yakov, juntaram-se as duas coletividades na Beit Yakov, e metade das rezas de shabat eram realizadas pelo Sr. Alperovitch (ashkenazita) e metade realizadas pelo Sr. Eli (sefaradita). O atual presidente da sinagoga Beit Yakov Jacques Zonis e seu atual chazan Beto Barzilay fazem hercúleos esforços para evitar seu fechamento.

Quanto ao CCIB (Centro Cultural Israelita Brasileiro) fiz parte de sua diretoria como diretor cultural. A diretoria era atuante assim como o clube. Ali festejávamos as festas judaicas com público numeroso. Ponto curioso e interessante era nossa barraca de praia no canal 5.

Fundado nos anos de 1940, formaram uma rica biblioteca de livros escritos em idish. Estava numa situação lamentável, abandonada que fora, uma parte comida pelas traças. A língua idish servira os judeus ashkenazitas por 1000 anos, e eu mesmo não sabia que havia uma literatura tão vasta. A biblioteca continha dicionários, enciclopédias, poesias, biografias, história judaica, contos e muita literatura comunista: Marx, Engels etc. Livros editados antes da 2ª. Guerra mundial na Polônia passando depois para os Estados Unidos e Argentina, jornais e revistas. Parte estava catalogada, parte não. Cataloguei a parte restante. Escrevi para os EUA e tentei doá-la. Recusaram. Numa visita à Israel entrei em contato com uma Associação de Amantes da Língua Idish. Recusaram. No final encaixotaram e remeteram para São Paulo. Deve estar em algum porão da Unibes. Uma pena. Eu tive que mudar para São Paulo minha cidade natal, por problemas de saúde. O Sr. Alperovitch faleceu, o Sr. Eli afastou-se. Outros retornaram à São Paulo. Iniciou-se então a derrocada.

Recordações santistas – Boris Dahis

Anos 1990 – Retornei à Santos. Após minha aposentadoria, e fechamento de minha firma resolvi dedicar-me mais à coletividade judaica. Ao mesmo tempo senti que estava esquecendo a língua hebraica, língua que sempre amei e estudei em meus 22 anos em Israel. Em Santos havia um professor de hebraico, ex companheiro meu de kibutz, que lecionava e preparava alunos para Bar Mitzvá resolvera, porém, se mudar para os EUA. Resolvi substituí-lo.

Naquela época não existiam no Brasil, livros de estudo de Hebraico. Eu trouxera alguns, mas todos na língua Hebraica. Resolvi então lecionar, e escrever um livro didático baseado em métodos israelenses escrito em Hebraico, mas traduzido em português que me ajudasse nas lições. Vieram depois mais 02 livros: um de gramática outro de 200 verbos hebraicos conjugados. Fruto de 15 anos de trabalho, eles estão à venda na Livraria Sefer. Nestas aulas conheci diversas pessoas judias ou não: padres, pastores, emigrantes para Israel, crianças prestes a fazer o Bar- Mitzvá, etc. Dividi meu tempo entre minhas aulas particulares, a sinagoga Beit Yakov e o CCIB (Centro Cultural Israelita Brasilie iro) no qual fiz parte da diretoria como diretor cultural. Sobre este período vou lhes relatar. Nada é fictício, tudo verdadeiro.

Tenente Coronel Robson veio a mim para aulas de Hebraico, movido pela admiração que tinha pela força aérea israelense. Após a Guerra dos Seis Dias, os pilotos israelenses e seus aviões franceses Mirage ficaram conhecidos no mundo todo. Robson era piloto de guerra. Pilotava aviões de caça e helicópteros. Formara-se na escola da base aérea de Pirassununga, estudara engenharia e mais tarde medicina. Criou-se no interior de São Paulo, era extremamente inteligente e modesto. Estava sediado na Base Aérea de Santos, na cidade de Vicente de Carvalho próximo ao Guarujá.

Sabia que eu também fora militar, paraquedista nas IDF e entre nós criou-se uma identidade e uma amizade de irmãos. Como diretor cultural do CCIB eu criara um pequeno boletim com o nome de Lapid (tocha) no qual eu relatava notícias do Clube e da comunidade judaica de Santos. Robson aproveitou então e conseguiu-me uma tarjeta de jornalista com a qual eu entrava livremente na Base Aérea. Graças à D´us no Brasil não há guerra. Os pilotos raramente pilotavam aviões. Resumiam-se mais às aulas teóricas e festas. E que festas!!! Festa alemã, francesa, americana, etc. Tudo era motivo para uma festa. Shows, danças, bebidas e muita comida principalmente tainha recheada na brasa especialidade de toda a Baixada Santista. E eu participava de todas elas como convidado “jornalista”.

A Base Aérea era um lugar agradável. Casinhas térreas e chalés de teto vermelho cercado de grama e de jardins, possuía tudo que uma família necessitava fora e dentro de suas casas. Nelas viviam os pilotos que junto aos seus familiares, estavam sempre de prontidão. Ficava à beira do rio Cubatão numa paisagem pastoral, porém infelizmente beira-rio fazia que o local fosse infestado de borrachudos aos quais eu sou alérgico. Frente à casa de Robson sobre o rio havia uma ponte pênsil miniatura da ponte de Londres, que sobre ela passava o trem que fazia ligação entre Santos e o Guarujá e que era levantada cada vez que um barco necessitasse passar. A locomotiva deste trem está exposta numa praça do Guarujá. Lembrei-me de meu pai que me levava neste mesmo trem.

Naquele ano visitei Israel e as minhas 02 filhas e meus cinco netos que ali residem. Robson pediu-me que eu lhe trouxesse o máximo de literatura ligada à aviação israelense, um boné (vermelho) e asa de paraquedista. Queria guardá-las como lembrança minha. Tenho comigo como lembrança inseparável meu boné, asa, a tarjeta de meu batalhão que levava ao ombro e uma medalha da Guerra de Yom Ha’kipurim e não podia dar-lhe. Numa visita à minha cunhada na cidade de Beer Sheva lá existe uma base da Aeronáutica de Hatzerim e um grande museu da Aeronáutica. Tirei muitas fotos e comprei-lhe um livro que relatava os aviões, os pilotos e as façanhas da F orça Aérea Israelense. De um amigo cujo filho servia nas IDF pedi-lhe que comprasse no shekem (cantina do exército) uma boina e asas de paraquedista e presenteei-o. Soube que estava terminando o curso de medicina. Há anos que não o vejo, mas ele permanece em minha lembrança. Sempre fui muito ligado aos meus alunos e às suas histórias.

Aproximavam-se as comemorações do Yom Ha’Hatzmaut. A diretoria do CCIB resolveu comemorar o Dia da Independência de Israel com uma grande celebração. Resolvi complementá-la com algo inédito, e recorri ao meu amigo Ten. Cel. Robson. Pedi-lhe a participação da Banda da Base Aérea, que era conhecidíssima e famosa em Santos, e que tocasse os hinos do Brasil e Israel e músicas israelenses. Pediu-me as partituras. Parte consegui-as pela Internet e parte através de meu primo Boris Blinder Z”L, então diretor do Colégio Israelita I.L. Peretz. O Clube lotou de pessoas, muita alegria e emoção. A Banda veio, tocou com perfeição como sempre, as músicas israelenses e o público os ovacionou.

Mais uma que fiquei devendo ao meu amigo Robson e ao meu primo Boris Blinder Z”L.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

História da família Kauffmann em Santos - texto de Rosa Strauss

Sr. José Kauffmann

Recebi o texto abaixo de sra. Rosa Strauss, que vem acompanhando o estudo que faço das sinagogas na capital e nas pequenas cidades de São Paulo, da imigração judaica e de suas comunidades. Sra. Rosa escreveu:

"Após a boa repercussão, resolvi escrever sobre a Família Kauffmann, minha família materna.

A minha família, tanto paterna quanto materna chegaram e se estabeleceram em Santos no início do século passado. A paterna - Strauss - foi descrita pelo meu primo Roberto Strauss, e publicada há algumas semanas...

Nossos avós maternos José e Laura Kauffmann emigraram para o Brasil em 1911, vindos da Bessarábia (antiga União Soviética) e atual Moldávia, chegando em Santos, onde se estabeleceram e formaram uma grande e linda família.

Chegaram com a primogênita Beila de apenas 10 meses de idade e aqui tiveram mais 5 filhos - 4 mulheres e um homem. 

Fotos diversas da família

Uma curiosidade do nosso avô - ele tinha uma loja de móveis perto do Porto e, quando chegava algum navio com judeus, ele os recebia e os orientavam sobre o que necessitavam e os encaminhavam ao seu destino.  Porém, infelizmente, ele teve uma vida breve, pois faleceu aos 33 anos, em 1919, devido a epidemia de Gripe Espanhola, deixando viúva a Vó Laura com 6 filhos entre 3 meses e 9 anos, o que tornou a vida da família muito difícil, passando muita dificuldade e sacrifício por um bom tempo. 

Beila, a mais velha se casou com José Wassermann e tiveram 4 filhos: Malvina, Geraldo, Diva e Raul. Eles tinham uma loja de móveis na Rua Senador Feijó, reduto dos comerciantes de móveis em Santos. 

Os irmãos já em 1958 
da esquerda para direita:
Beila, Amália, Elisa, Malvina e Boris

Boris se casou com Bertha Padron e tiveram 5 filhos: Boris, Betinha, as gêmeas Beatriz e Berenice, e José Neto. Boris além de ter sido um renomado e prestigiado fotógrafo em Santos, também tinha uma conhecida loja de artigos fotográficos no Centro da cidade e na praia. Elisa se casou com Rubens Guerchenzon e tiveram dois filhos: José Roberto e Silvia. Rubens trabalhava com comércio de tecidos e roupas. Amalia se casou com José Strauss em 1942 e se estabeleceram em São Paulo. Tiveram três filhos: Rosa, Jack e Milton (nós). Papai trabalhava como fabricante e oficina de calçados. Malvina se casou com Max Weitman em 1945, também se estabeleceram em São Paulo e tiveram um filho: José Claudio e tinham uma loja de roupas femininas. 

Os avós José e Laura com os 4 primeiros
filhos: Beila, Boris, Elisae Amália

Ida casou com Laurindo Leal, ficaram um tempo em Santos e logo também se estabeleceram em São Paulo e tiveram dois filhos: Laurindo (Lalo) e Lucio. Tio Leal, como era conhecido, trabalhou na Caixa Econômica Federal até se aposentar. Os três primeiros permaneceram em Santos a vida toda, bem como grande parte dos seus filhos. 

Atualmente já estamos na 4a. geração dos Kauffmann, todos com filhos, netos e alguns até com bisnetos, mas nenhum de nós esqueceu da infância e bons tempos passados em Santos, cidade que ainda vive em nossos corações….

Sra. Rosa anexou as fotos dos Kauffmann's, com a descrição, e autorizou publicar o texto acima.

1. José Kauffmann - meu avô

2.  Fotos diversas da família.

A avó Laura com os seis filhos

3. Os irmãos já em 1958, da esquerda para direita: Beila, Amália (minha mãe), Elisa, Malvina e Boris...

4.  Meus avós José e Laura com os 4 primeiros filhos: Beila, Boris, Elisa e Amália.

5. A avó Laura com os seis filhos..."

Aguardem novos textos encaminhados, que serão compartilhados também.

Você ou sua família fazia parte da comunidade judaica santista? Frequentavam, ou frequentam, qual sinagoga? Teriam histórias, fotos, documentos a compartilhar? Deixe seu comentário ou envie e-mail para myrirs@hotmail.com