quarta-feira, 4 de maio de 2022

Comunidade judaica egípcia e a Mekor Haim

A partir das mensagens recebidas por e-mail e Facebook, pude conversar com Edu Cohen, tanto sobre a Mekor Haim, como em relação à imigração judaica proveniente do Egito. Edu comentou sobre a exposição que acontecerá no Clube A Hebraica, de 11 de junho a 17 de julho de 2022, relacionada aos 70 anos de exílio da comunidade judaica egípcia, e iniciada em 1952, quando mais de 20 mil judeus deixaram o Egito. Esta exposição, que será aberta ao público em geral, apresentará fotos, objetos e documentos não só da Mekor Haim, mas de toda a comunidade egípcia que imigrou para o Brasil, assim como depoimentos e histórias inéditas. Muitos detalhes sobre esta imigração já podem ser acessados no site judeusdoegito.org 

Em relação à Congregação Mekor Haim, Edu Cohen contou que desde o final da década de 1950, além de sinagoga, a Mekor Haim tem importante papel como entidade social, cultural, sionista, e participativa na comunidade sefaradi paulista, brasileira e latino-america. Sua mãe, Becky Cohen, por exemplo, trabalha no Comitê das Damas(criado nos anos 1960), como já divulgado anteriormente. Há, inclusive, nesta sinagoga, mais de 20 Sifrei Tora trazidos das sinagogas do Cairo e Alexandria, um deles por seu avô, Eduardo Cohen, e na qual Edu teve a honra de ler a Parasha Noach em seu Bar-Mitzva, que aconteceu nesta sinagoga em 9 de outubro de 1980. Os avós maternos de Edu, sra. Alegra e Marco Madjar, provenientes do Egito, ao chegarem a São Paulo como apátridas, passaram pela Hospedaria dos Imigrantes. A mãe, na época, com 15 anos, e não teve seus estudos reconhecidos. Formou-se em secretariado no Mackenzie, e conseguiu trabalho no Banco Frances. A bisavó materna, de Edu era originária da Turquia, falava ladino e francês. Os avós paternos, Eduardo e Rachel Cohen, possuíam nacionalidade francesa, e chegaram ao Brasil com carta de recomendação, pelo fato do Sr. Eduardo ter trabalhado na empresa Philips, no Cairo. Como detalhe, em sua maioria, os egípcios provenientes de Alexandria, rumaram para o Rio de Janeiro, e os que chegaram do Cairo, fixaram-se em São Paulo. 

Os que aqui chegaram, nos anos 1956/1957, estabeleceram-se, principalmente em duas regiões: na Bela Vista e nos Campos Elíseos. Os que foram morar na Bela Vista passaram a frequentar a Sinagoga da Abolição. Naquela época, na sinagoga, aconteciam dois minianim: um, da comunidade originária da Turquia, e o outro, da comunidade egípcia. A comunidade que se estabeleceu nos Campos Elíseos formou sua sinagoga na Rua Brigadeiro Galvão, em edifício cedido pela CIP, que ocupara o imóvel anteriormente. Por dois anos, as Grandes Festas ocorreram no Palácio das Indústrias. Ao se estabelecerem à Rua São Vicente de Paula, inicialmente reformaram a área interna da casa que ali existia, inaugurando a nova sede em 1967. Edu comentou que há uma foto desta casa, além de esboços e planta/croqui desta época. A comunidade, muito ativa, estava sempre envolvida com a beneficência da comunidade egípcia e com atividades do centro comunitário. Relembrou a época em que o Grão-Rabino Moche Dayan Z´L, de origem egípcia, falecido em 1979, conduzia os serviços religiosos da sinagoga. A presença da comunidade egípcia foi diminuindo com o tempo. Em 1995, um novo edifício foi inaugurado. Edu Cohen estudou no Beith Chinuch, na Escola Macedo Soares e no Mackenzie Os que aqui chegaram, e que tinham cidadania francesa, matricularam seus filhos no Licee.

David Levy, pelo Facebook, também escreveu que o grupo “Juifs d´Egypte”, hoje possui mais de 1900 membros no Facebook e estará expondo na Hebraica de São Paulo a história desta comunidade, de 12 de junho a 17 de julho, com vários documentos fotos, objetos, além de realizarem palestras e debates.

Aqui compartilho o cartão de visita do Grão-Rabino Moche Dayan Z´L, entregue a mim pelo Rabino Daniel Eskinazi, no momento em que pudemos conversar sobre o meu projeto de Exposição das Sinagogas do Bom Retiro, aprovado no Promac.

Sr. Jacob Pinheiro Goldberg, contou, por telefone, que trabalhou na Instituição Ezra, à época da imigração judaica egípcia para São Paulo, e escreveu artigos para a revista “Aonde Vamos?”, sobre esta imigração e a questão relacionada ao acolhimento da mesma. Ficamos de marcar um novo horário para conversar, assim como aguardo o agendamento e a possibilidade de visitar a Congregação Mekor Haim.

E aqui pergunto novamente: vocês, possuem objetos que contam, de alguma maneira, sua história e de sua família, relacionada à sinagoga Mekor Haim, ou à Hospedaria dos Imigrantes, ao chegarem do Egito? Sua família frequenta ou frequentou a Mekor Haim? Escreva para myrirs@hotmail.com

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