Aqui faço uma pausa para falar um pouquinho sobre a questão relacionada a patrimônio histórico e arquitetônico, que postei há algum tempo...
Gostaria de comentar alguns pontos que estão sendo considerados e pensados no andamento das pesquisas e levantamentos que tenho feito e, também, nas postagens deste blog, durante estes últimos anos.
Podemos
perceber que aprender com o nosso passado, nossas memórias e raízes é
fundamental para respeitamos e resgatarmos a nossa história, e indispensável
para construirmos nosso presente e projetarmos o futuro.
O
resgate destas memórias está relacionado à capacidade de conservarmos o nosso
patrimônio, seja ele material ou imaterial, histórico, cultural, urbano. Não
somente na preservação ou revitalização dos elementos físicos fabricados pelo
homem, mas também na valorização e preservação do conjunto de conhecimentos
produzidos e acumulados por este.
Durante estes anos, tem sido abordado não só os elementos físicos das construções, mas também os seus aspectos históricos, sociais, culturais, formais, técnicos, representativos ou afetivos.
Desta forma, tem feito parte deste trabalho o estudo dos espaços internos e externos das edificações, assim como de seus objetos, fotos e documentos, histórias, memórias, além da percepção de nossa identidade, e do momento e realidade em que vivemos.
Na nossa sociedade e economia, em constante transformação, é fato a mobilidade da população, em suas diversas migrações e deslocamentos, nas mudanças de moradia nos bairros da própria capital de São Paulo, e entre as cidades paulistas.
A
situação citada também se dá dentro da comunidade judaica, tendo, como uma das
consequências, a diminuição da frequência nas sinagogas de diferentes locais, ou
até no desuso, fechamento ou demolição da edificação de muitas destas
sinagogas. A manutenção de uso para a qual foi construída, nem sempre é viável,
ou está de acordo com a realidade do momento. Mas, quando se torna possível, muitas
vezes se faz necessário o restauro, ou a conservação do edifício, revitalização,
a recuperação através de um retrofit, de uma reforma.
Retrofit, revitalização, rearquitetura, restauro, recuperação, conservação de edifícios. Pode ser que você pode esteja pensando e se perguntando...como assim???
Para prosseguirmos e podermos entender mais um pouquinho sobre patrimônio arquitetônico, histórico e artístico, seguem abaixo algumas observações relacionadas a estas questões. E caso queira conhecer um pouco mais detalhadamente sobre o assunto, vale uma consulta a livros especializados, e a entidades e órgãos, públicos ou não, voltados ao tema. De forma resumida, seguem alguns detalhes:
O “Restauro” de um edifício recupera e preserva a estrutura e unidade do edifício, através de intervenções técnicas, de acordo com critérios científicos de conservação, devolvendo ao mesmo as características originais. Geralmente em bens tombados...
A “Revitalização”
de uma edificação significa realizar intervenções em edifícios ou áreas urbanas
a fim de torná-los aptos a terem usos mais intensos, dando nova vida aos
mesmos, tornando-os atrativos para novas atividades, e garantindo nova
vitalidade da área e região onde se localiza.
Já no “Retrofit”, conceito surgido na Europa e Estados Unidos, a proposta é “colocar o antigo em forma”, através de intervenções em estruturas antigas, estendendo a vida útil destas, readequando às exigências atuais, e as reinserindo na área urbana existente. Através da revitalização, é mais do que uma simples reforma, ela envolve uma série de ações de modernização cujo objetivo é preservar “o que há de bom na construção existente”, considerando o compromisso com as características originais do edifício. Estes podem receber adaptações tecnológicas, modernizações na rede de água e esgoto, rede elétrica, elevadores, aquecimento/ refrigeração, soluções telefônicas, respeitando as normas vigentes quanto à acessibilidade e segurança.
Outro termo que vem sendo utilizado é a “Rearquitetura”, com soluções de aproveitamento do edifício existente a um novo uso, com a realização de transformações necessárias, reciclagem, demolições e acréscimos significativos, requalificação dos espaços, adequando e otimizando o uso à nova função do edifício...
Exemplos
destas situações e/ou alterações em sinagogas estão presentes hoje no Museu
Judaico de São Paulo, que sediava a Sinagoga Beth-El; no Memorial do Holocausto
e da Imigração Judaica, que sediava a Sinagoga Kehilat Israel; no TenYad , que
sediava a Sinagoga Centro Israelita de São Paulo (Knesset Israel); no EretzBio,
instalado na antiga Sinagoga Cilly Danemann/“Lar dos Velhos”; na demolição do
edifício da Sinagoga Mordechai Guertzenstein, hoje um edifício residencial; na
demolição da Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob, hoje em atividade em
espaço alugado; no fechamento das sinagogas de São Miguel Paulista e da Penha, e
na mudança de uso da Sinagoga do Ipiranga, até a última verificação funcionando
como uma fábrica de etiquetas. Exemplos estes somente na capital paulista.
Em relação ao Museu Judaico de São Paulo, citado acima, o projeto foi desenvolvido pela Botti Rubin Arquitetura, vencedor do concurso realizado com o tema “Modernidade e Preservação”. O projeto realizado propôs a integração e restauro dos elementos do projeto original de Samuel Roder às novas e modernas instalações necessárias para o pleno funcionamento do Museu.
Acompanhe mais informações nas próximas postagens neste
blog.
Você teria alguma informação relacionada às sinagogas da
capital e das cidades do interior paulista, seu uso atual, reformas realizadas,
novos projetos, restauros, demolições? Possui fotos, memórias, documentos? Escreva
para myrirs@hotmail.com . Vamos
resgatar nossas raízes!
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