quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Um recorte sobre a comunidade judaica de origem mizrahi no bairro da Mooca e suas sinagogas

Apresento aqui um recorte sobre a comunidade judaica de origem mizrahi no bairro da Mooca, e suas sinagogas. Diversas postagens já foram publicadas neste blog sobre este tema. Se você tiver interesse, dê uma olhada nos textos de 2017.

O bairro da Mooca

A região da Mooca desenvolveu-se principalmente a partir do século XIX, com o surgimento de pequenas fábricas, em áreas próximas às ferrovias. Italianos, espanhóis, portugueses, lituanos, húngaros, imigrantes de língua árabe e os mizrahim escolheram o bairro como moradia, tanto pela proximidade à estação das estradas de ferro, à Hospedaria dos Imigrantes, como pelos locais de trabalho. Geralmente, os novos imigrantes estabeleciam-se próximos aos que já haviam chegado. Com o tempo, o bairro teve seu perfil alterado, porém muitas das casas antigas permaneceram como parte da paisagem atual.

A comunidade judaica da Mooca

Duas sinagogas foram construídas nesse bairro, em uma mesma rua: a Sinagoga Israelita Brasileira e a União Israelita Paulista.  Na época da chegada dos imigrantes da comunidade judaica à região, o Parque D. Pedro era uma região arborizada e o rio Tamanduateí, limpo, possibilitava a realização de mikve. As ruas Odorico Mendes, Dom Bosco e seu entorno eram os locais de moradia da maioria das famílias mizrahim. Os mais abastados moravam na Av. D. Pedro, ou próximo ao Largo do Cambuci e Aclimação.  Familiares das duas sinagogas falavam o árabe, eram próximas por amizade ou parentesco, porém frequentavam somente uma das duas sinagogas, que mantinham o seu rito nas rezas, de acordo com o país de procedência.   

Livros da sra. Rachel Mizrahi relativo aos judeus que se estabeleceram no bairro da Mooca: o livro "Do mascate ao empreendedor: uma família da antiga Mooca", em que Rachel relata a história de sua família e o livro “Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro", aonde apresenta tanto depoimentos orais das famílias da comunidade judaica do bairro, quanto documentos, fotos, tabelas, gráficos e mapas que ilustram o estudo. São leituras fundamentais para quem quiser conhecer e entender a história relativa aos judeus deste bairro. Há também um artigo de Rachel Mizrahi no livro Recordações dos Primórdios da Imigraçao Judaica em São Paulo, organizado por Maria Luiza Tucci Carneiro e publicado pela Ed. Maayanot: “Diversidade Cultural dos Imigrantes Sefaraditas e Judeus em São Paulo”. Sobre os judeus orientais em São Paulo, Rachel apresenta que os judeus originários do Oriente Médio fixaram residência na Mooca, identificando-se com a população de fala árabe que já residia no bairro. Cita famílias Nigri, Sayeg, Kibrit, Amar, Hazam, Halali. Leiam os livros e os artigos completos...

Minha mãe, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart nasceu na Mooca, estudou na Escola Estadual do bairro e se lembrava de que eram poucas as famílias ashkenazim que ali moravam. Meus avós Ida Rebeca Rosenblit e José Rosenblit residiram na Rua Dom Bosco, aonde permaneceram até minha mãe completar 9 anos, quando se mudaram para a Vila Mariana.

Postei novamente sobre o bairro ao entrevistar o Sr. Moises Goldflus, que estudou o curso primário na Escola Luiz Fleitlich. Como comentou na época, “a escola era frequentada pela comunidade judaica da região, tanto pelos ashkenazim vindos da Europa, como pela comunidade judaica proveniente da Siria, moradores da Mooca. Eram comunidades que interagiam, e estudavam na mesma classe. Lembrou inclusive das famílias Mizrahi e Amar”. Esta escola atendia aos membros da comunidade judaica do Brás, Belém, Tatuapé, Penha e Mooca...

Conversei com a sra. Habibe Simantob, em 26 de junho de 2017, sobre a Sinagoga da Penha/Tatuapé, cujos pais e avós eram frequentadores assíduos. Lembrou que o avô, sr. Srul Gutman, ao casar mudou-se para a Mooca e que o sr. Moyses Simantob, pai da sra. Habibe, também fazia parte da comunidade judaica da Mooca. Por sua vez, sra. Habibe indicou o irmão, José Simantob Netto.

Podemos ler à pág. 24 do Boletim Informativo n.37, do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro: "... deslocamentos pela cidade podem ser observados em São Paulo entre os judeus orientais que se fixaram inicialmente em bairros operários como a Mooca, Brás ou Ipiranga, enquanto a maioria dos sefaradis buscou regiões como o centro comercial da cidade e o bairro da Bela Vista, dispersando-se mais tarde pelos bairros da Consolação e Jardins.

aqui pergunto: Você ou seus familiares frequentaram as sinagogas da Mooca? Morararam na região, ou em bairros próximos? Gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Vocês teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes... 


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