Apresento aqui um recorte sobre a comunidade
judaica de origem mizrahi no bairro da Mooca, e suas sinagogas.
Diversas postagens já foram publicadas neste blog sobre este tema. Se você
tiver interesse, dê uma olhada nos textos de 2017.
O bairro da Mooca
A região
da Mooca desenvolveu-se principalmente a partir do século XIX, com o surgimento
de pequenas fábricas, em áreas próximas às ferrovias. Italianos,
espanhóis, portugueses, lituanos, húngaros, imigrantes de língua árabe e os mizrahim
escolheram o bairro como moradia, tanto pela proximidade à estação das estradas
de ferro, à Hospedaria dos Imigrantes, como pelos locais de trabalho.
Geralmente, os novos imigrantes estabeleciam-se próximos aos que já haviam
chegado. Com o tempo, o bairro teve seu perfil alterado, porém muitas das casas
antigas permaneceram como parte da paisagem atual.
A comunidade judaica da Mooca
Duas sinagogas foram construídas nesse
bairro, em uma mesma rua: a Sinagoga Israelita Brasileira e a União Israelita
Paulista. Na época da chegada dos
imigrantes da comunidade judaica à região, o Parque D. Pedro era uma região
arborizada e o rio Tamanduateí, limpo, possibilitava a realização de mikve.
As ruas Odorico Mendes, Dom Bosco e seu entorno eram os locais de moradia da maioria
das famílias mizrahim. Os mais abastados moravam na Av. D. Pedro, ou
próximo ao Largo do Cambuci e Aclimação.
Familiares das duas sinagogas falavam o árabe, eram próximas por amizade
ou parentesco, porém frequentavam somente uma das duas sinagogas, que mantinham
o seu rito nas rezas, de acordo com o país de procedência.
Livros da sra. Rachel Mizrahi relativo aos judeus que se
estabeleceram no bairro da Mooca: o livro "Do mascate ao empreendedor: uma família da antiga Mooca", em que Rachel relata
a história de sua família e o livro “Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e
Rio de Janeiro", aonde apresenta
tanto depoimentos orais das famílias da comunidade judaica do bairro, quanto
documentos, fotos, tabelas, gráficos e mapas que ilustram o estudo. São
leituras fundamentais para quem quiser conhecer e entender a história relativa
aos judeus deste bairro. Há também um artigo de Rachel Mizrahi no livro Recordações
dos Primórdios da Imigraçao Judaica em São Paulo, organizado por
Maria Luiza Tucci Carneiro e publicado pela Ed. Maayanot: “Diversidade
Cultural dos Imigrantes Sefaraditas e Judeus em São Paulo”. Sobre os judeus
orientais em São Paulo, Rachel apresenta que os judeus originários do Oriente
Médio fixaram residência na Mooca, identificando-se com a população de fala
árabe que já residia no bairro. Cita famílias Nigri, Sayeg, Kibrit, Amar,
Hazam, Halali. Leiam os livros e os artigos completos...
Minha
mãe, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart nasceu na Mooca, estudou na Escola Estadual
do bairro e se lembrava de que eram poucas as famílias ashkenazim que ali moravam. Meus avós Ida Rebeca Rosenblit e José
Rosenblit residiram na Rua Dom Bosco, aonde permaneceram até minha mãe
completar 9 anos, quando se mudaram para a Vila Mariana.
Postei novamente sobre o bairro ao entrevistar o Sr. Moises
Goldflus, que estudou o curso primário na Escola Luiz Fleitlich. Como comentou
na época, “a escola era frequentada pela comunidade judaica da região, tanto
pelos ashkenazim vindos da Europa,
como pela comunidade judaica proveniente da Siria, moradores da Mooca. Eram
comunidades que interagiam, e estudavam na mesma classe. Lembrou inclusive das
famílias Mizrahi e Amar”. Esta escola atendia aos membros da comunidade judaica
do Brás, Belém, Tatuapé, Penha e Mooca....
Conversei com a sra. Habibe Simantob,
em 26 de junho de 2017, sobre a Sinagoga da Penha/Tatuapé, cujos pais e avós
eram frequentadores assíduos. Lembrou que o avô, sr. Srul Gutman, ao casar
mudou-se para a Mooca e que o sr. Moyses Simantob, pai da sra. Habibe, também
fazia parte da comunidade judaica da Mooca. Por sua vez, sra. Habibe indicou o
irmão, José Simantob Netto.
Podemos ler à pág. 24 do Boletim Informativo n.37, do Arquivo Histórico Judaico
Brasileiro: "... deslocamentos pela cidade podem ser observados em São
Paulo entre os judeus orientais que se fixaram inicialmente em bairros
operários como a Mooca, Brás ou Ipiranga, enquanto a maioria dos sefaradis buscou regiões como o centro
comercial da cidade e o bairro da Bela Vista, dispersando-se mais tarde pelos
bairros da Consolação e Jardins.
E aqui pergunto: Você ou seus familiares frequentaram as sinagogas da Mooca? Morararam na região, ou em bairros próximos? Gostariam
de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog?
Vocês teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da
capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos?
Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade
em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a
comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as
festas?
Escrevam
para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço o seu comentário. Anote seu nome e e-mail para receber um retorno...