A Sinagoga Israelita Brasileira foi
fundada em 1928 por judeus originários de Sidon (Seida) e Beirute, sendo
conhecida como a sinagoga dos siadne. Famílias Sayeg, Kibrit e Nigri,
entre outras, trabalharam para a construção do edifício. Inicialmente situada
na Rua Oscar Horta, transferiu-se para a Rua Odorico Mendes, 174, em agosto de
1930, quando foi inaugurada, em terreno doado pelos Klabin. Como parte da
sinagoga, havia a Sociedade das Damas, destinada à filantropia. Com o
crescimento da comunidade, pretendia-se construir uma nova sinagoga à Rua Barão
do Jaguara. Porém, com a diminuição da frequência à sinagoga nos Shabatot, e
a mudança dos frequentadores para Higienópolis, motivada principalmente por
problemas com inundações e pelo progresso material desta comunidade, parte dos
frequentadores optou pela construção de uma nova sinagoga em Higienópolis, à
Rua Piauí.
Em relação à edificação da Sinagoga
Israelita Brasileira, o acesso a esta se
faz por uma entrada lateral, diferente das demais sinagogas paulistanas. A Bimah,
recoberta por tapete e a uma certa distância do Aron Hakodesh, situa-se
no centro do setor masculino. No primeiro andar, uma ala feminina, limitada
por muretas, possibilita o acompanhamento das rezas. Os bancos desta sinagoga,
originalmente em madeira, foram substituídos por cadeiras de plástico,
dispostas ao redor da Bima e ao redor das mesas utilizadas para estudo.
A Ner Tamid permanece fixa ao teto, próxima ao Aron Hakodesh. Um
salão no subsolo era, antigamente, utilizado como local para festas e
encontros. A sinagoga permanecia ativa antes da pandemia e o edifício estava em
constante manutenção: paredes pintadas, iluminação excelente, piso reformado.
Os chazanim Mauricio Fortes, Benjamin Cohen, Ibrahim Zaitoune, Rahamin
Nigri, Carlos Nigri e Moisés Simantob fizeram parte desta sinagoga.
Ao publicar detalhes sobre a Sinagoga de São Miguel Paulista, no final de 2017, contatei Olga Clara Zeitouni e Haim Zeitoune. Olga Clara havia publicado no Facebook uma foto antiga, de dois rapazes sentados à frente dos portões da Sinagoga Israelita Brasileira, na Rua Odorico Mendes. Linda Zeitoune comentou, a respeito desta foto publicada, que o pai, sr. Youssef Haim Zeitoune, era o Chazan nesta sinagoga. E avisou à Olga Clara Zeitouni que ainda mostrará a casa em que viveram quando chegaram ao Brasil.
Haim Zeitoune, sobrinho de Linda Zeitoune e irmão de Olga
Clara, morou em São Miguel Paulista, e comentou à época, que o pai, Haim Yossif
Zeitoune e o avô paterno Yossef Haim Zeitoune rezavam na Mooca. Haim
frequentou, junto a estes, a sinagoga do bairro. Indicou o Rabino Azulay, da Sinagoga
Monte Sinai, para mais informações... “pois todos que rezavam na Mooca hoje
rezam na R. Piauí”. E contou: “Uma vez o Rabino Azulay passou na sinagoga Monte
Sinai um vídeo, aonde meu avô apareceu. Ele era imigrante do Líbano”.
Rachel
Mizrahi em “Imigrantes Judeus do Oriente
Médio – São Paulo e Rio de Janeiro” (Trabalho de pós-graduação ao Depto. de
História-USP, 1995 e Editado pelo Ateliê Editorial, São Paulo em 2003) estuda
as duas sinagogas da Mooca e a comunidade judaica do bairro. E escreve que “o
crescimento numérico dos judeus da Mooca exigiu a construção de uma sinagoga,
núcleo-básico comunitário. Isaac Sayeg, Gabriel Kibrit e Nassim Nigri, apoiados
pelos Cohen, os Politi, os Zeitune, os Peres e os Adissy decidiram trabalhar
para levantar o templo. Em 1926, Jacob Adissy, Carlos Hadid e Jacob Simantob
procuraram os Klabin que possuíam propriedades na Mooca e com eles conseguiram
um terreno na Odorico Mendes, rua próxima e paralela com o rio Tamanduateí. As
obras do templo iniciaram-se com doações e mensalidades dos participantes
comunitários. Em agosto de 1930 a Sinagoga Israelita Brasileira foi
oficialmente inaugurada. Famílias Sayeg, Hadid, Cohen, Peres, Simantob, Politis
e Nigri, entre outras, estiveram presentes”.
A
respeito da Sinagoga Israelita Brasileira também podemos ler no livro A
História dos Judeus em São Paulo, de
Henrique Veltman (Ed.Expressão e Cultura,1996), no Cap.X, “Sefarditas e
Orientais”: “os orientais construíram,
em terrenos cedidos pela família Klabin, dois templos numa mesma rua, a Odorico
Mendes, no bairro da Mooca. Uma, a dos siadne, reunia os imigrantes de Seida e Beirute, a
outra era a dos safadie, originários
de Safad/Damasco. Nelas não havia rabinos, sendo os serviços conduzidos pelos
indivíduos mais religiosos e pelos mais velhos.”
De acordo com o
site “São Paulo Antiga”, por Douglas Nascimento, “a construção da Sinagoga
Israelita Brasileira da Mooca deu-se em 1930, após a liberação e autorização da
planta do templo religioso, em expediente público do dia 10 de de junho de
1930”. Como comenta, “ainda no mesmo ano, apenas alguns meses depois da
autorização, a sinagoga foi inaugurada” ( http://www.saopauloantiga.com.br/sinagoga-israelita-brasileira/
)
No dia 08 de março de 2023, Selma Savoia encaminhou e-mail e escreveu: “Minha mãe, Lela Savoia, de solteiro Lela Duek, sabe muito sobre a Sinagoga da Mooca! Se quiser entre em contato comigo!” Entrarei em contato com Selma, e iremos conversar...
Pelo Instagram, na página "sinagogasemsaopaulo", em postagem sobre a
Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista, Marcelo Mansur contou: “Minha
família (meus avós) foram fundadores da outra sinagoga na mesma rua, a Sinagoga
Israelita Brasileira!!! Porém quando eu nasci a sinagoga estava fechada, e meu Brit-Milah foi na Sinagoga União Israelita
Paulista, com a chazanut do Sr.Jose Homsi
z'l e o mohel foi o
"egipcio" Sr. David Simhon z'l. Meu avô (David Mansur) chegou
do Líbano com a mãe (Sarah Mansur, sobrenome de solteira Politi) e dois irmãos,
o mais velho (Salim Mansur) e o mais novo (Saad ou Felicio Mansur), minha avó (
Sophia Mansur, sobrenome de solteira Bejarano) também veio do Líbano, porém a
família chegou no Rio de Janeiro. Tenho fotos e documentos de família, os sefarim não tenho ideia de onde vieram!"
E você, ou seus
familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para
divulgar aqui no blog? Frequentaram as sinagogas da Mooca? Moraram na
região, ou em bairros próximos?
Teriam alguma informação
sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista?
Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o
porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade
judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e
onde comemoravam as festas?
Escreva para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...
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