Pós II Guerra e anos 50:
Após a II Guerra na Europa, “embora o conflito já houvesse terminado,
centenas de milhares de sobreviventes judeus não tinham como retornar a seus
países de origem [onde suas casas e propriedades haviam sido destruídas ou
mesmo tomadas pelos antigos vizinhos, que se recusavam a devolvê-las, chegando
mesmo a matar os judeus que insistiam em retomar o que era seu], e assim
permaneceram na Alemanha, Áustria ou Itália em Campos de Deslocados pela Guerra
(DPs) criados pelos Aliados para os sobreviventes. A maioria dos deslocados de
guerra judeus preferiu emigrar para o então vigente Mandato Britânico... Outros
tentaram emigrar principalmente para as
Américas, em especial Argentina, Brasil e Estados Unidos, mas todos tiveram que
permanecer naqueles campos até conseguirem sair da Europa.” https://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007737
Parte destes judeus, que chegaram
ao Brasil, vieram para São Paulo.
A fase mais intensa da imigração
para São Paulo coincidiu com transformações da estrutura social e econômica do
país: a industrialização. De sociedade rural - tradicionalista para urbana-
industrial (ocorrido após a II Guerra), oportunidade de empregos e mão-de-obra
qualificada. Ocorreu a absorção e integração dos judeus em diferentes setores
da sociedade, principalmente nas grandes cidades (pólos de atração), o que
contribuiu também para superar diferenças de origem entre os próprios judeus,
mesclando-se entre eles.
Rachel, Lea, Philippa, Chiel Leib e Maurice, provavelmente na França durante a II Guerra |
Nesta época, mais precisamente em 1947, chegaram ao Brasil Chiel Leib e Lea (Wajsfelner) Szwarcbart, juntamente com Rachel, Maurice (meu pai) e Philippe. Chegaram ao porto do Rio de Janeiro, vindos da Italia, após passarem a II Guerra Mundial, fugindo, encondendo-se e após serem obrigados a abandonar Antuerpia, na Belgica.
Ficaram em quarentena na Ilha das Flores, seguiram para São Paulo, para Santo André, aonde meu avó atuou como "schochet", e retornaram a São Paulo, estabelecendo-se, ao final, no bairro da Vila Mariana.
Com a queda de Vargas e a criação do
Estado de Israel, iniciou-se um período de desenvolvimento de numerosas escolas
e associações culturais.
Para termos uma ideia, “nos anos que se seguiram à criação de Israel, em
1948, cerca de 900 mil judeus que viviam no mundo muçulmano foram forçados a
abandonar os países onde viviam, deixando para trás séculos de história e
bilhões de dólares em patrimônio. Comunidades que existiam por mais de dois
milênios simplesmente desapareceram...” como podemos ler na Ed.87 da revista Morasha de março de 2015 Parte desta população chegou ao Brasil, em especial a São Paulo." http://www.morasha.com.br/historia-judaica-moderna/judeus-dos-paises-arabes-a-historia-nao-contada.html
Assim, as formas organizacionais e atividades
das instituições (educação, serviço social, sinagogas, atividades culturais)
sofreram modificações profundas: tendo sido criadas para atender pequenos
grupos, de mesma origem geográfica, foram obrigadas a adaptar-se às
necessidades das estruturas em mudança. Passaram a corresponder a padrões e
aspirações de uma população judaica heterogênea nascida e educada no novo
ambiente sociocultural. Esta população, embora tivesse os caminhos abertos
na vida profissional e social, preferiu manter
sua identidade cultural e religiosa, conservando suas escolas, clubes,
associações juvenis e esportivas.
Neste período houve uma
diversificação econômico social dos judeus. Muitos tornaram-se industriais
(roupas), surgindo também uma geração de profissionais liberais, por exemplo,
na área da construção civil. Este fato permitiu a ascensão social de parte da
comunidade: donos de pequenas oficinas tornaram-se industriais, Klientelchikes
tornaram-se donos de loja, “pai trabalhador- filho profissional liberal”.
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