quinta-feira, 7 de julho de 2016

Pós II Guerra e anos 1950: a Comunidade Judaica em São paulo

Pós II Guerra e anos 50:


Após a II Guerra na Europa, “embora o conflito já houvesse terminado, centenas de milhares de sobreviventes judeus não tinham como retornar a seus países de origem [onde suas casas e propriedades haviam sido destruídas ou mesmo tomadas pelos antigos vizinhos, que se recusavam a devolvê-las, chegando mesmo a matar os judeus que insistiam em retomar o que era seu], e assim permaneceram na Alemanha, Áustria ou Itália em Campos de Deslocados pela Guerra (DPs) criados pelos Aliados para os sobreviventes. A maioria dos deslocados de guerra judeus preferiu emigrar para o então vigente Mandato Britânico... Outros tentaram emigrar  principalmente para as Américas, em especial Argentina, Brasil e Estados Unidos, mas todos tiveram que permanecer naqueles campos até conseguirem sair da Europa. https://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007737


Parte destes judeus, que chegaram ao Brasil, vieram para São Paulo.

A fase mais intensa da imigração para São Paulo coincidiu com transformações da estrutura social e econômica do país: a industrialização. De sociedade rural - tradicionalista para urbana- industrial (ocorrido após a II Guerra), oportunidade de empregos e mão-de-obra qualificada. Ocorreu a absorção e integração dos judeus em diferentes setores da sociedade, principalmente nas grandes cidades (pólos de atração), o que contribuiu também para superar diferenças de origem entre os próprios judeus, mesclando-se entre eles.

Rachel, Lea, Philippa, Chiel Leib e Maurice,
provavelmente na França durante a II Guerra
Nesta época, mais precisamente em 1947, chegaram ao Brasil Chiel Leib e Lea (Wajsfelner) Szwarcbart, juntamente com Rachel, Maurice (meu pai)  e Philippe. Chegaram ao porto do Rio de Janeiro, vindos da Italia, após passarem a II Guerra Mundial, fugindo, encondendo-se e após serem obrigados a abandonar Antuerpia, na Belgica. 
Ficaram em quarentena na Ilha das Flores, seguiram para São Paulo, para Santo André, aonde meu avó atuou como "schochet", e retornaram a São Paulo, estabelecendo-se, ao final, no bairro da Vila Mariana.

Com a queda de Vargas e a criação do Estado de Israel, iniciou-se um período de desenvolvimento de numerosas escolas e associações culturais.


Para termos uma ideia, “nos anos que se seguiram à criação de Israel, em 1948, cerca de 900 mil judeus que viviam no mundo muçulmano foram forçados a abandonar os países onde viviam, deixando para trás séculos de história e bilhões de dólares em patrimônio. Comunidades que existiam por mais de dois milênios simplesmente desapareceram...” como podemos ler na Ed.87 da revista Morasha de março de 2015 Parte desta população chegou ao Brasil, em especial a São Paulo." http://www.morasha.com.br/historia-judaica-moderna/judeus-dos-paises-arabes-a-historia-nao-contada.html

Assim, as formas organizacionais e atividades das instituições (educação, serviço social, sinagogas, atividades culturais) sofreram modificações profundas: tendo sido criadas para atender pequenos grupos, de mesma origem geográfica, foram obrigadas a adaptar-se às necessidades das estruturas em mudança. Passaram a corresponder a padrões e aspirações de uma população judaica heterogênea nascida e educada no novo ambiente sociocultural. Esta população, embora tivesse os caminhos abertos na vida profissional e social, preferiu manter  sua identidade cultural e religiosa, conservando suas escolas, clubes, associações juvenis e esportivas.


Neste período houve uma diversificação econômico social dos judeus. Muitos tornaram-se industriais (roupas), surgindo também uma geração de profissionais liberais, por exemplo, na área da construção civil. Este fato permitiu a ascensão social de parte da comunidade: donos de pequenas oficinas tornaram-se industriais, Klientelchikes tornaram-se donos de loja, “pai trabalhador- filho profissional liberal”.

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