segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Comunidade Judaica em São Paulo de 1920 ate o final da II Guerra Mundial

Os anos 1920 -1930 :

Jose Rosenblit, meu avo
A comunidade judaica teve seu trabalho voltado para o artesanato (alfaiates, sapateiros, marceneiros), a manufatura de roupas em pequenas oficinas e a “clientela” (mascates) - Klientelchekes, como pode ser visto na foto ao lado, o meu avo, Jose Rosenblit  (Yossef Rafael).

Quando os ashkenazim reuniram condições para tentar um empreendimento de maior vulto, as brechas de entrada no setor cafeeiro haviam se reduzido bastante. Assim, não houve significativa colonização judaica de terras em São Paulo. Além disso, a crise de 1929 afastou-os dessa atividade.
Na foto, Jose Rosenblit e seu irmão,
e alguns locais em S.paulo em 1931
Em 1927 chegaram a São Paulo, vindos da Bessarabia, meu avo materno Jose, os irmãos Jacob, Boris e Sara, e os pais destes DovBer (Berel) e Clara Rosenblit (ou Roizenblit/ Rosenblatt) 

Os imigrantes judeus vindos da Bessarabia (hoje Moldavia), ou bessarabers, começaram a emigrar, primeiro para os EUA, depois para a Argentina e o Brasil. Eles são provenientes, em sua maioria, do distrito de Hotin, de um pequeno espaço geográfico formado pelas aldeias de Iedenitz, Securon, Ataki, Britchon e Soroka, todas bem próximas entre si.

Na epoca eram comuns fotos/cartões de Rosh Hashana (Ano Novo), incluindo familias e os lugares da cidade. 

Ja em 1933, fugindo do nazismo na Alemanha, e com uma "carta-de-chamada" da familia Lafer-Klabin chegaram a São Paulo Ana Berkman Lafer, minha bisavó materna, e 2 dos 4 filhos: Ida Rebeca (minha avó) e Horácio Horst.

Na foto ao lado os irmãos Fany (Lafer) Sosnovick, Ida Rebeca (Lafer) Rosenblit, Horacio Horst Lafer e Rubin Lafer

A história dos sefaradim assemelhava-se e, ao mesmo tempo, diferenciava-se da história dos judeus ashkenazim, e começaram a chegar ao Brasil em meados da década de 20. Nos dois casos, a atividade inicial como mascate parece ter sido relevante como fonte de “acumulação primitiva” de recursos. A partir daí, os caminhos se separaram. Essa separação tem relação com a época em que cada um dos grupos chegou ao Brasil. 

Em São Paulo, distribuídos por diversos bairros, os sefaradim tinham, inicialmente, dificuldade de se reunir para realizar as cerimônias religiosas. Já havia templos ashquenazim, mas os sefaradim não se sentiam atraídos em participar de seus rituais . Dispersos espacialmente, a solução encontrada foi construir uma sinagoga própria. O domínio do francês e dos hábitos ocidentais fez com que este  grupo assumisse profissões e atividades comuns aos brasileiros de média e alta posição social. Os judeus orientais da Mooca, ao contrário, construíram duas sinagogas, em uma mesma rua. O pequeno número de imigrantes procedentes de comunidades diferentes não justificava a existência de duas sinagogas no bairro. Entretanto, o forte regionalismo das famílias libanesas provocou uma certa divisão comunitária.

A situação da comunidade judaica até  final da II Guerra Mundial:

Os judeus ashquenazim até este período não possuíam boa situação econômica. A segunda onda migratória judaica aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, forçada pela perseguição nazista.

Em maio de 1939 nasceu em S. Paulo, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart, minha mãe, filha de Jose Rosenblit e Ida Rebeca (Lafer) Rosenblit (familia na foto ao lado)

Em meados dos anos 40 , ocorreu massiva emigração judaica para fora do Bom Retiro e esvaziamento da vida social e cultural do bairro.

Os destinos escolhidos foram os bairros de Higienópolis, Jardins e V. Mariana. Esta emigração acompanhou o que acontecia na economia e sociedade brasileiras do período: surto industrial, fruto da suspensão do comércio exterior durante a Guerra e da substituição das importações. 


Av. Domingos de Moraes, V.Mariana em 1951

Tais condições favoráveis, encontradas pelos imigrantes após 1940,  facilitaram os passos iniciais, a integração ao sistema econômico do país e o ingresso na sociedade em seus setores mais dinâmicos e desenvolvidos.

Durante a época do Estado Novo, até meados da década de 50, predominando na política a orientação nacionalista contrária à autonomia cultural dos imigrantes, as atividades comunitárias foram bem restritas (relativas, por exemplo , à educação e cultura judaicas).

3 comentários:

  1. Oi Myriam, tudo bem?
    A minha avó Sarah Roizenblit por acaso é parente de vcs???

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    1. Ola, tudo bem?
      Acredito que sim. Meu avo Jose tinha tres irmãos: Boris, Jacob e Sarah. Chegaram em 1928, com os pais Berel e Clara, da Bessarábia. Meu avo casou-se com Ida Rebeca Lafer e tiveram uma filha(minha mãe) Dora Dina. Como tjá faleceram, perdemos contato com a familia Rosenblit(Roizenblit/Rosenblatt)
      Desculpe-me, não perguntei: qual o seu nome?? Quem são os seus pais?
      Passe-me seu e-mail, se possivel...
      Abs,
      Myriam

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  2. Fantástico e emocionante! Ver a foto de meu pai, Boris e de meu tio Jose me dá arrepios e enorme felicidade. Meu nome é Jaime Roizenblatt, e tenho dois irmãos: Isac e Moises (recém falecido). Lembro bem do primo Luis Roizenblit, também falecido. Precisamos juntar todos esses bessarabas! jroizenb@gmail.com

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