Os serviços religiosos ashkenazim, durante
anos foram realizados em domicílios. O primeiro rabino de São Paulo, Dr. Samuel
Edouard da Costa Mesquita, chegara na cidade, em 1860. Somente a partir de
1912, passaram a ter espaço próprio, a Kahalat Israel, na Rua da Graça. Esta previa
o estabelecimento de um cemitério e cooperativa. “Certamente houve serviços
religiosos em São Paulo, no século XIX, pois Dr. Samuel E. da Costa Mesquita
exerceu funções de rabino até seu falecimento, sendo as rezas provavelmente
realizadas em casas particulares.”(Wolff,Egon e Frida: Guia
Histórico da Comunidade Judaica de São Paulo. São Paulo, Editora B’nei Brith S/C,
1988).
Em relação à comunidade sefaradi, no início
do século XX, conflitos armados e falta de perspectiva de trabalho no Império
Otomano colaboraram para a emigração desta para a América., inicialmente não
para o Brasil, mas sim para Argentina e Uruguai, por facilidade da língua.
Foram também atraídos pelo dinamismo comercial do eixo São Paulo- Santos, além
do Rio de Janeiro, e chegaram ao país sem apoio político ou ajuda de qualquer
organização imigratória. A cidade de origem definia os laços básicos entre os
que aqui chegavam. Ocuparam bairros como Consolação, Bela Vista e Jardim
Paulista, integrando-se na cidade.
1901: Rua dos Imigrantes, atual José Paulino, no Bom Retiro. Em destaque, o estábulo destinado aos burros utilizados nos bondes a tração animal. Foto: Guilherme Gaensly – Acervo FES |
Os judeus da Europa Ocidental que chegavam a São Paulo já estavam acostumados com a organização liberal da sociedade. Os do leste europeu, provenientes de Shtetl- aldeias da Polonia, Lituania , Bessarabia... - traziam a estrutura comunitária da Kehilá, tradicional e centralizada, com líderes que cuidavam da manutenção das instituições.
Não havia unicidade, convivendo subgrupos e polarização em relação aos rituais religiosos e culturais. Sinagogas eram formadas segundo a origem nacional e não reunidos em torno de correntes religiosas. De alguma forma, fortaleceu-se a comunidade, descentralizando e possibilitando autonomia a cada grupo.
Durante este período, formaram-se núcleos habitacionais judaicos compactos entre si, em bairros ou subúrbios, fora do Bom Retiro. Muitos eram contra o que chamavam de “espírito do gheto”. Outros mudavam para atender a outra clientela mais pobre, ou para estar mais próximo dos locais de trabalho (apesar de ser mais fácil morar no Bom Retiro- equipamentos sociais e culturais judaicos). Em outros bairros a concorrência era menos volumosa e menos acirrada. Havia núcleos judaicos no Brás, Cambuci, Ipiranga, V. Prudente, Penha, Moóca e Pinheiros. Estes “entrepostos” judaicos gravitaram em torno do Bom Retiro até certa época, quando começaram a organizar suas próprias escolas e sinagogas, mas não clubes recreativos ou sócio-políticos.
Olá Myriam!
ResponderExcluirÉ possível adquirir este Guia Histórico da Comunidade Judaica de São Paulo? Se sim, onde? Se não, há alguma biblioteca que se possa achá-lo para pegar emprestado ou para consulta?
Ola Bea, é possivel encontrar este livro no site Estante Virtual https://www.estantevirtual.com.br/b/egon-e-frieda-wolff/guia-historico-da-comunidade-judaica-de-sao-paulo/3917714437
ResponderExcluirAbs