terça-feira, 28 de junho de 2016

Um pouco sobre a Comunidade Judaica no Basil até o inicio do sec.XX

A manutenção da cultura judaica em terras brasileiras seguiu o caminho de outros países-reconstrução interativa com a sociedade e uma dinâmica variada, condicionada às experiências culturais de cada grupo. Desde o descobrimento do Brasil até a época presente, os judeus, de forma aberta ou disfarçadamente, estiveram integrados nos processos de formação do país.

Do ano de 1578 até 1582 as Atas da Câmara de São Paulo faziam referência à presença de “judeus cristãos” na população da Vila. Com a Visitação do Santo Ofício à Bahia, os judeus migraram, uma parte para São Paulo, parte para Nordeste e parte para o Sul. Neste período, ocorreram perseguições aos "judaizantes", sendo estes julgados pela corte de Lisboa.

Já em 1636, com a chegada à América  dos primeiros judeus não convertidos,  fundou-se as Congregações Tsur Israel e Maguen Abraham, em Pernambuco. Os judeus de Pernambuco  providenciaram a vinda da Holanda do líder espiritual, Isaac Aboab da Fonseca, e do "chazan" Moisés Rafael de Aguiar. 

Os judeus do Brasil, expulsos em 1654 retornam, parte para Holanda, parte para o Caribe, Antilhas  e Nova Amsterdã, participando da fundação de Nova York

A partir de 1770 a vida judaica no Brasil passou a beneficiar-se de um liberalismo crescente, reflexo das mudanças realizadas pelo Marquês de Pombal, em Portugal, onde a Inquisição acabava de entrar em seu último período.

Em 1810, D. João VI , regente português, no Brasil, firma o Tratado de Amizade e Paz, concedendo liberdade religiosa aos não católicos, incentivando o ingresso de judeus ingleses, alemães e da Alsácia- Lorena, e iniciando a imigração judaica ao Brasil.  

Judeus marroquinos chegaram à Amazônia, atraídos pela extração de borracha, tendo alargado com o tempo o seu campo de atividades, no comércio interno, no de exportação e importação, especialmente de tecidos, como tambem no setor da navegação e da exploração de seringais, participação nas atividades públicas e no exercício de cargos oficiais. Em 1828 fundaram a Congregação e Sinagoga Shaar Hashamaim.

Em 1867 chegou a São Paulo e ao Rio de Janeiro a organização Zwi Migdal, permanecendo socialmente isolados pela coletividade judaica nascente, que com eles não queria ser confundida (eram conhecidos como tméim- impuros ou linke - esquerdos).

No começo do século XX, dentro do processo de colonização agrícola, o Barão Hirsch, através da Jewish Colonization Association, fundou no Rio Grande do sul duas colônias agrícolas. Grandes correntes de imigração até a I guerra dirigiram-se para os EUA e Argentina. Poucos até esta época seguiram para o Brasil. Eram os pequenos comerciantes, ambulantes vindos da Europa Oriental, por falta de condições, pessimas condições de vida e enraizados em sua cultura tradicional.

Porém em 1910, já existia no Brasil uma coletividade judaica em potencial, que praticamente abarcava todo o território nacional; uma rica infra-estrutura, sobre a qual viriam em breve apoiar-se as vastas e homogêneas ondas imigratórias do leste europeu - Bessarábia, Ucrânia, Polônia, Lituânia, Romênia- consolidadoras da moderna coletividade israelita do Brasil.

O Bom Retiro, em São Paulo,  primeiramente italiano, passou a receber, no inicio do século XX, contingente judaico da Europa Centro Oriental. Buscou-se, neste período, a reconstrução interativa com a sociedade...

Ida Rebeca Lafer (sentada, à frente, segunda ä direita),
na escola, Alemanha, 1922

Neste cenario chegaram a São Paulo, vindos de Berlim, meus bisavós, Ana Bergman Lafer e Luis Salomão Lafer, juntamente com os 2 filhos, Fany e Rubin. 

Haviam sido chamados pela familia, que aqui ja estava estabelecida. Minha avó, Ida Rebeca Lafer (Rosenblit), nasceu em São Paulo em 1913.

Retornaram a Berlim pouco depois do nascimento de minha avó. 

Ela contava que seus pais sentiam falta da vida religiosa a que estavam habituados, guardavam o Shabat e festas judaicas, comiam comida  Kasher...



2 comentários:

  1. A história da comunidade judaica brasileira é muito rica e pouco conhecida. Contar essa história é muito importante para a construção da identidade judaica brasileira. História e realizações de tantas pessoas, famílias e organizações. História que precisa ser contada para que os brasileiros e judeus de todos os matizes percebam que estamos juntos na construção do nosso país. Parabéns a você por essa iniciativa e continue contando, pois tem muito mais coisa para ser escrita.

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    1. Que lindo comentário! Realmente é importante conhecermos a historia da comunidade judaica no Brasil, e para mim, em especial, aqui em São Paulo, com todas as contribuições e integração com a população como um todo. Pretendo tambem relatar a historia das sinagogas da cidade, que em alguns casos, deixaram de ser frequentadas, mas que relatam, de alguma forma, a nossa imigração e vivencia por aqui... Obrigada!!!

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