terça-feira, 21 de junho de 2016

Continuamos no Periodo Medieval e Pré-Emancipação: Espanha, Paises Orientais, Italia...

Sei que estes textos que tenho postado tem sido um pouco longos e detalhados. Contam, de alguma forma, e resumidamente, a história das sinagogas e a sua arquitetura. Considero, no entanto, que possam ser uteis para entender os projetos, partidos arquitetônicos, construção e história das sinagogas no Brasil e em especial, em São Paulo. Assim, continuarei escrevendo mais alguns tópicos...

Continuamos no Periodo Medieval e Pré-Emancipação.

Sinagogas da Espanha:
A comunidade judaica da Espanha desenvolveu uma tradição própria. 
Suas condições locais permitiram o desenvolvimento de um tipo específico de sinagoga, que contribuiu para o posicionamento dos dois pontos principais do edifício: Bimah e Arca.
Influenciados pelos mouros e combinando elementos góticos, decoravam as paredes com versos bíblicos escritos com caligrafia apurada. As sinagogas de Toledo são exemplos deste período. A sinagoga construída no século XII por Ibn Shushan é modesta em seu lado externo e detalhada no lado interno: arcadas sustentam um teto de madeira, colunas octogonais e adornos. Esta, mais tarde, tornou-se a igreja de Santa Maria la Blanca. A sinagoga de D. Samuel Abulafia, de 1356, possuía paredes decoradas com folhagem e versos dos Salmos, o mesmo ocorrendo na ala feminina. A Bimah (Tevah), ficou posicionada no lado oposto ao do Aron (Hekhal), ao longo do eixo longitudinal.

Sinagogas nos Países Orientais e da Diáspora Espanhola:
Posteriormente à expulsão dos judeus da Espanha, em países como Holanda, Inglaterra e sul da França, não houve alteração do modelo espanhol, porém a Grande Sinagoga da comunidade portuguesa em Amsterdã, de 1671-75 foi influenciada pelas igrejas holandesas. Seguiu-se também um padrão para a ala feminina, em três lados da ala, deixando livre apenas a extremidade destinada à Arca. As sinagogas dos países muçulmanos foram construídas adaptando-se soluções locais ou estrangeiras, de mesquitas.

Scolas Spagnola, Cuneo, Levantina, di Genova
Sinagogas da Itália:
A busca do equilíbrio de posicionamento da Bimah em relação ao Aron Hakodesh prosseguiu. Os judeus preservaram a tradição local, desde o início da Era Comum, mas também absorveram judeus ashkenazim e os sefaradim expulsos da Espanha.Assim, a arquitetura das sinagogas recebeu influências diversas. Manteve-se o traçado interior, aonde a Arca e a Bimah eram colocadas em posições opostas (bipolar). Porém, em termos de construção ou estruturalmente, no lado externo do edifício, nada de novo foi introduzido: abóbadas monásticas ou cilíndricas, ou formas de construção da Renascença ou Barroco. A ornamentação decorativa, preenchendo as paredes ou o teto, era de alto padrão e habilmente executada.
O posicionamento bipolar tomou forma definitiva somente nos séculos XVI e XVII. Na maioria das cidades italianas, colocou-se a plataforma da Bimah na parede oposta, elevando-a. Os degraus de acesso permitiam variações decorativas, no estilo barroco. A sinagoga sefaradi de Veneza, cuja construção iniciou-se no século XVI, marcou o período . Possuía um exterior modesto e um rico interior. A ala feminina, por exemplo ,cercava todo o recinto, em uma galeria elíptica.

Este período, da Idade Média e pós Idade Média, foi marcado por soluções independentes e originais que permaneceram, de certa forma, até os dias de hoje.

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