Sei
que estes textos que tenho postado tem sido um pouco longos e detalhados. Contam,
de alguma forma, e resumidamente, a história das sinagogas e a sua arquitetura.
Considero, no entanto, que possam ser uteis para entender os projetos, partidos
arquitetônicos, construção e história das sinagogas no Brasil e em especial, em
São Paulo. Assim, continuarei escrevendo mais alguns tópicos...
Continuamos
no Periodo Medieval e Pré-Emancipação.
Sinagogas
da Espanha:
A
comunidade judaica da Espanha desenvolveu uma tradição própria.
Suas condições locais permitiram o desenvolvimento de um tipo específico de sinagoga, que contribuiu para o posicionamento dos dois pontos principais do edifício: Bimah e Arca.
Suas condições locais permitiram o desenvolvimento de um tipo específico de sinagoga, que contribuiu para o posicionamento dos dois pontos principais do edifício: Bimah e Arca.
Influenciados
pelos mouros e combinando elementos góticos, decoravam as paredes com versos
bíblicos escritos com caligrafia apurada. As sinagogas de Toledo são exemplos
deste período. A sinagoga construída no século XII por Ibn Shushan é modesta em
seu lado externo e detalhada no lado interno: arcadas sustentam um teto de
madeira, colunas octogonais e adornos. Esta, mais tarde, tornou-se a igreja de
Santa Maria la Blanca. A sinagoga de D. Samuel Abulafia, de 1356, possuía
paredes decoradas com folhagem e versos dos Salmos, o mesmo ocorrendo na ala
feminina. A Bimah (Tevah), ficou posicionada no lado oposto ao do Aron
(Hekhal), ao longo do eixo longitudinal.
Sinagogas
nos Países Orientais e da Diáspora Espanhola:
Posteriormente
à expulsão dos judeus da Espanha, em países como Holanda, Inglaterra e sul da
França, não houve alteração do modelo espanhol, porém a Grande Sinagoga da
comunidade portuguesa em Amsterdã, de 1671-75 foi influenciada pelas igrejas
holandesas. Seguiu-se também um padrão para a ala feminina, em três lados da
ala, deixando livre apenas a extremidade destinada à Arca. As
sinagogas dos países muçulmanos foram construídas adaptando-se soluções locais
ou estrangeiras, de mesquitas.
Sinagogas
da Itália:
Scolas Spagnola, Cuneo, Levantina, di Genova |
A
busca do equilíbrio de posicionamento da Bimah em relação ao Aron Hakodesh
prosseguiu. Os judeus preservaram a tradição local, desde o início da Era
Comum, mas também absorveram judeus ashkenazim e os sefaradim expulsos da
Espanha.Assim, a arquitetura das sinagogas recebeu influências diversas.
Manteve-se o traçado interior, aonde a Arca e a Bimah eram colocadas em
posições opostas (bipolar). Porém, em termos de construção ou estruturalmente,
no lado externo do edifício, nada de novo foi introduzido: abóbadas monásticas
ou cilíndricas, ou formas de construção da Renascença ou Barroco. A
ornamentação decorativa, preenchendo as paredes ou o teto, era de alto padrão e
habilmente executada.
O posicionamento bipolar tomou forma
definitiva somente nos séculos XVI e XVII. Na maioria das cidades italianas,
colocou-se a plataforma da Bimah na parede oposta, elevando-a. Os degraus de
acesso permitiam variações decorativas, no estilo barroco. A sinagoga sefaradi
de Veneza, cuja construção iniciou-se no século XVI, marcou o período . Possuía
um exterior modesto e um rico interior. A ala feminina, por exemplo ,cercava
todo o recinto, em uma galeria elíptica.
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