quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Arquitetura da Sinagoga Contemporânea:

A Arquitetura da Sinagoga Contemporânea:

E aqui completo um pouco da historia das Sinagogas...

Sinagoga d'Avignon, site wikipedia
A maioria das sinagogas do século XIX  e início do século XX caracteriza-se por poucas alterações em relação aos períodos anteriores. Projetados por arquitetos não judeus, os edifícios baseavam-se em concepções religiosas destes, adaptadas às necessidades do rito judaico. Tentativas de alteração no traçado , como a Sinagoga em Viena( 1824), de planta oval, e a Sinagoga em Avignon(1846), circular, surgiram ainda num período que prevalecia o estilo de basílica romana.
A Sinagoga de Londres caracteriza o período da primeira metade do século XIX: disposição basilical, Arca  e Bimah (ao centro) alinhados, galeria feminina de traçado simétrico, estilo formal.A Sinagoga de Paris e de Budapeste são também exemplos da época.
As primeiras sinagogas americanas, no século XVIII, não demonstravam exteriormente o uso a que se destinavam. Passaram, contudo a tomar novas formas exteriores, no final do século XVIII, aonde a simplicidade deu lugar a monumentalidade, proporcionada pela posição de igualdade do colono judeu em relação aos outros colonos. O estilo adotado era o mesmo que estava “em moda” na época, podendo ser o grego, o egípcio, ou georgiano, muitos derivando de construções pagãs. Muitas  sinagogas deste período caracterizaram-se pela miscelânea de padrões ou detalhes.
Sinagoga de Berlim
Na Europa deste período, muitas sinagogas seguiram estilo egípcio, árabe, mourisco, bizantino, românico ou  gótico. A sinagoga de Berlim de 1859-66, um projeto com cúpula em estilo bizantino, comportando 3000 assentos, possuía detalhes mouriscos.
Em relação aos materiais adotados, diversos tipos foram usados na mesma construção.
Houve, no século XIX, a adaptação de algumas igrejas para fins judaicos, inversão da tendência comum nos países onde os judeus eram oprimidos. Tal situação ocorreu como conseqüência da imigração, das relações amistosas entre as comunidades e da falta de recursos de comunidades modestas para construírem suas sinagogas.
Durante este período também ocorreram  mudanças na proposta da planta e traçado das sinagogas. Com a fundação da primeira sinagoga reformista, em 1818, em Hamburgo e a revisão dos serviços religiosos seguidos por estes, o traçado basilical foi posto em questão. A importância do rabino assume outra dimensão, o sermão ganha importância e o coro e órgão são introduzidos, assemelhando-se em parte à prática cristã. A plataforma- Bimah- posição ocupada pelo rabino passa a se situar juntamente com a Arca. Esta disposição acabou por não se limitar às sinagogas reformistas. A concentração em uma das extremidades gerou a necessidade de maior visibilidade, reconfigurando o desenho da parte interna da sinagoga. O traçado em cruz ou abobadado quadrado permitiam a proximidade à plataforma e maior número de pessoas. No século XX, a disposição em forma de auditório, com o piso inclinado, boa acústica e iluminação, a introdução de uma galeria para o coro, a abolição da separação homem/mulher, nas sinagogas reformistas, provocaram transformações do traçado tradicionalmente aceito por mais de dezesseis séculos. Nos EUA, muitas sinagogas, externamente, assumiram a aparência de igrejas e o ritual em parte foi alterado, valorizando-se algumas rezas especiais e músicas. Comunidades com maior poder aquisitivo e o fim de muitas restrições à população judaica permitiram que a parte artística e de ornamentação se desenvolvesse, ressurgindo, em alguns casos antigos estilos-  por exemplo a ornamentação em flores. Sinagogas abobadadas passaram a adotar o concreto armado. A arte figurativa passou a ser aplicada, e em muitos locais abandonou-se a antiga convenção do direcionamento da parte frontal da sinagoga, tradicionalmente voltada para Israel. 
Muitas sinagogas deste período, que seguiram o estilo Clássico, Renascentista ou Barroco, passaram a ser executadas em estruturas de aço ou concreto armado, quando isto representava solução mais econômica ou melhoria na construção. Dificilmente isto ocorria como nova concepção de projeto, apesar de materiais como o ferro oferecerem facilidade na cobertura de espaços.
 http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/fa267/sullivan.html
No final do século XIX e século XX, as construções abandonaram o estilo eclético e os novos materiais, como o concreto armado, foram absorvidos nos novos projetos arquitetônicos, agora fazendo parte do de desenho simplificado. A Sinagoga Kehilat Anshe Maariv, de Chicago, projetada por Adler e Sullivan  em 1890 e que rompeu com o estilo eclético, é um exemplo deste período.
O Modernismo na Alemanha  produziu em Hamburgo uma sinagoga liberal, em 1931, em paredes lisas e sem ornamentação ou adornos, extremo oposto das sinagogas projetadas anteriormente. As sinagogas da Europa do período entre- guerras, assinalam, assim,  o total rompimento com o estilo oriental.
Após a Segunda Guerra Mundial, os projetos ganharam um estilo mais monumental, preocupado também com a beleza natural da região onde se situava, criação de novos desenhos, formas curvas e uso de materiais locais. Exemplos nos EUA, das comunidades mais prósperas e de maior crescimento, na época, revelam uma mudança no planejar da sinagoga. A função de casa de orações, locais de estudos e de reunião, gerou centros comunitários e sinagogais com um novo traçado. Passaram a abrigar saguão, templo de orações, salas de estudo e reunião, bibliotecas, cozinha e escritórios administrativos situados , sempre que possível, em ambientes naturais.

Eric Mendelsohn foi um dos arquitetos de renome na época, nos EUA, tendo planejado uma série de centros judaicos: Sinagoga Park, em Cleveland (um templo abobadado), Centro Judaico de Baltimore, de Saint Paul e Dallas. As sinagogas menores, deste período, mostram-se economicamente planejadas, projetadas por arquitetos da comunidade, tais como H. Meyer, Goodman ou Abramovitz. O uso de vitrais, tecelagem, pinturas, de materiais básicos produz novas soluções. Exemplos ocorreram também na Europa, tais como as sinagogas reconstruídas na Alemanha, ou mesmo em Londres. Estilos universais deixaram de ser impostos artificialmente, passando a considerar-se e refletir-se na aparência e resultado final, o ambiente, clima e entorno da região aonde surgiram. 

Sinagoga Yeshurun, Jerusalem
A Sinagoga Yeshurun, de Jerusalém, com suas diminutas janelas, ajustam-se à forte luz solar do país.
Frank Lloyd Wright, discípulo de Sullivan e Adler, chegou a desenhar uma sinagoga com cúpula de vidro, exemplo seguido por outros arquitetos não judeus, motivados a desenhar também uma sinagoga...


Esta característica, a arquitetura funcional, no entanto, tornou-se presente nos projetos das sinagogas do século XX.

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