quinta-feira, 13 de abril de 2017

O bairro de Pinheiros

A busca por mais informações sobre a Sinagogas da Penha permanece, aguardo o encontro com Regina Igel, Bela Turecki, Zilda Bun Calencautcy e demais frequentadores desta Sinagoga, e também mais informações, através de novos contatos, novas entrevistas, da busca de material, documentos e plantas no local aonde foi construída, ou até em arquivos históricos e órgãos públicos.

E vou prosseguindo na pesquisa, agora focando o bairro de Pinheiros, Sinagoga Israelita de Pinheiros Beth Jacob e a comunidade judaica do bairro.

 Acervo Fotográfico do arquivo Histórico de São paulo



O bairro de Pinheiros está localizado na região oeste da cidade de São Paulo, ao longo do rio Pinheiros. É limitada pelo Rio Pinheiros, Av. Prof. Frederico Herman Júnior, R. Natingui, R. Heitor de Andrade, caminho de pedestres entre a R. Heitor de Andrade e a R. Cristóvão de Burgos, R.Paulistânia, R. Heitor Penteado, Av. Dr. Arnaldo, Av. Paulo VI, R. Henrique Schaumann, Al. Gabriel Monteiro da Silva, R. Groenlândia, Av. Nove de Julho, Av. Cidade Jardim, até chegar novamente ao Rio Pinheiros.

Há divergências sobre a origem do nome de 'Pinheiros'. Geralmente aceita-se que seja às grandes extensões de pinheiros nativos (Araucaria brasilienses) que ali existiam. 

Entretanto, como podemos ler no site da Wikipedia, “João Mendes de Almeida, em seu livro Dicionário Geográfico da Província de S.Paulo discorda dessa versão. Segundo ele, os índios tupi chamavam o rio de Pi-iêrê, que significa "derramado", em alusão ao transbordamento das águas que alagava as margens. Por corruptela, a palavra Pi-iêre teria se transformado em Pinheiros. A existência dos pinheiros, segundo o autor, serviu só para operar mais facilmente a corruptela".

Foto Gazeta de Pinheiros

O bairro é considerado pela grande maioria dos historiadores como o primeiro bairro de São Paulo, tanto por suas origens indígenas quanto portuguesas. Surgiu em meados do século XVI e serviu por muito tempo como passagem dos tropeiros para a Região Sul do Brasil.

Lemos ainda nos sites indicados abaixo que “após a chegada dos jesuítas ao planalto que originaria a cidade de São Paulo, um grupo indígena se instalou, por volta de 1560, às margens do rio Grande, posteriormente conhecido como rio Pinheiros”. Estabeleceram, uma nova aldeia onde atualmente fica o Largo da Batata (assim conhecido desde 1920, quando abrigava um mercado municipal e um entreposto onde imigrantes japoneses vendiam batatas), um local protegido das habituais inundações das margens do rio. Essa região habitada pelos indígenas tornou-se uma vila conhecida como Farrapos, e para a catequese dos índios foi erguida uma igreja.

Vemos também na Wikipédia que “A área de Pinheiros naquela época correspondia ao território que se estende desde o Butantã até parte do Pacaembu. Pertencia a uma sesmaria doada por Martim Afonso de Sousa a Pedro Góes em 1532 e que, a partir de 1584 passou a pertencer a Fernão Dias Paes. Este último foi um dos responsáveis pela expulsão provisória dos jesuítas do local, pois como bandeirante não concordava com a postura jesuíta contra a escravização dos índios...”

“A vila indígena, que passou a ser conhecida como Aldeia dos Pinheiros, ficava isolada da vila paulistana devido à topografia da região, porém era importante por causa do estreitamento das margens do rio Pinheiros, o que facilitava muito sua travessia e acabou tornando-se um trecho obrigatório de diversos caminhos que cruzavam a região, sejam de indígenas ou bandeirantes. Sua importância acentuou-se com a construção de mais vilas ao sul e de uma ponte que atravessa o rio, construída apenas no século XVIII, ligando a região às vilas de Parnaíba, Cotia, Itu e Sorocaba. Essa ponte foi muito utilizada nos séculos seguintes e, por ser destruída regularmente devido às enchentes, foi substituída por uma de metal em 1865... Além da ponte, os moradores custeavam também a manutenção do Caminho de Pinheiros que levava ao centro da vila de Piratininga, passando pela atual rua Butantã, Largo de Pinheiros, rua Cardeal Arcoverde e rua da Consolação...”

Site Estadão-SP antiga
No início do século XVII o Caminho de Pinheiros era um dos mais destacados da Vila de São Paulo, por ser o único acesso à aldeia e a outras terras além do rio. O desenvolvimento econômico e populacional do bairro posteriormente foi causado pelo sítio do Capão, uma propriedade altamente produtiva que se localizava nas terras da sesmaria, principalmente quando esta se encontrava sob comando de Fernão Dias Paes Leme, neto do antigo dono da sesmaria.

A região de Pinheiros possuía também uma boa quantidade de quilombos, os esconderijos e moradas dos escravos que fugiam de seus senhores e lá se instalavam devido às boas condições oferecidas pelo bairro com sua abundância de terrenos baldios e mato muito espesso.

Em 1786 iniciou-se a construção de estrada ligando Pinheiros aos campos de Santo Amaro, o que hoje corresponde à Av. Faria Lima. Posteriormente, a estrada foi estendida até a Lapa, e este novo trecho recebeu o nome de Estrada da Boiada, hoje Av. Diógenes Ribeiro de Lima. Esta região foi pouco habitada ao longo do século XIX, chegando ao seu final com 200 casas.  A primeira padaria foi inaugurada em 1890 e a segunda em 1900.

Havia um pouso para tropeiros e a economia era baseada em agricultura, carvoarias e, devido à excelente argila, olarias. Nestas eram fabricados tijolos e telhas que aos poucos foram substituindo o pau a pique nas construções de toda a cidade de São Paulo. A linha de bonde ligando Pinheiros ao centro da cidade foi iniciada em 1904 e chegava até o cruzamento da rua Teodoro Sampaio com a Capote Valente. Como não havia um pátio de manobras, os bancos do bonde eram virados. O Largo de Pinheiros foi alcançado apenas em 1909, após drenagem e aterro em toda a área entre os dois pontos. O Mercado de Pinheiros foi inaugurado em 1910 onde agricultores locais e de Cotia,  Itapecerica da Serra,  Carapicuíba,  Piedade, MBoy, comercializavam seus produtos.

A urbanização, o progresso e desenvolvimento econômico da região tiveram seu início apenas na época do ciclo do café no Brasil, principalmente em São Paulo, entre o final do século XIX e o começo do século XX, e foi constituído com o dinheiro proveniente das exportações do produto. Ao final do século XIX a região recebeu um bom número de imigrantes italianos e, posteriormente, já no século XX, de japoneses. O bairro começou a se firmar como uma região de classe média, com grande presença de comércio e indústrias.

Por volta de 1920 foi fundada a Sociedade Hípica Paulista, em 1915, foi firmado um acordo entre o governo do Estado de São Paulo e a Fundação Rockefeller para a construção da sede da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Acordo que previa a criação de um hospital para ser utilizado no aprimoramento dos estudantes e ao mesmo tempo no atendimento da população mais carente da capital paulista e até do interior do estado. Este hospital, o Hospital das Clínicas foi inaugurado oficialmente em 19 de abril de 1944. O hospital ainda é um dos principais da cidade e é considerado o maior complexo hospitalar da América Latina.

Pinheiros possui uma grande e diversificada rede comercial (roupas, sapatos, móveis, comidas e bebidas, bancos, etc) e uma intensa vida cultural (bibliotecas, livrarias, casas noturnas e bares, feira de artes e antiguidades, academias de dança, etc).

Segundo o site da prefeitura de São Paulo, “o bairro de Pinheiros possui duas bibliotecas municipais, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima, que possui um acervo da memória do bairro para consulta e a Biblioteca Álvaro Guerra, que reúne depoimentos de moradores sobre suas histórias de vida e do bairro em sua Estação Memória.”

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