Aron Hakodesh e Bimah |
O edifício da Sinagoga Beth-El, projetado e
construído pelo arquiteto Samuel Roder, caracterizava-se, segundo o autor do
projeto, como “arquitetura em estilo bizantino”. Este projeto prevaleceu sobre
o projeto proposto por Gregory Warchavchik. Uma construção de sete lados na
base da edificação, repetindo-se tal detalhe em todas as torres, foi erguida em
um terreno adquirido da então Cia. Cty, como já descrito.
Escolhido pela Congregação, o projeto de Roder previa
um edifício mais elaborado do que o que foi efetivamente construído, fato este,
provavelmente, fruto da dificuldade em arrecadar verbas àquela época, como
podemos ler em material disponível.
Sra. Eva Blay, em seu livro livro “O Brasil
como destino - Raízes da imigração judaica contemporânea para São Paulo” (2013-Ed.Unesp)
descreve detalhes sobre a sinagoga e sua construção, ao citar que “O Templo
Beth-El uniu em sua construção judeus de duas extremidades sócioeconômicas”... de
um lado a mão-de-obra de um operário, imigrante judeu proveniente da Polonia, e
do outro, o arquiteto que projetou o edifício. A autora cita entrevista
realizada por Roberta A. Sundfeld em outubro de 1982 com sr. Samuel Roder,
comentando que este conhecia sr. Salomão Klabin, pois já havia trabalhado para
ele: “Eu conhecia Salomão Klabin, fiz um pavilhão para a fábrica de papel
dele. O Salomão Klabin comprou o terreno da Cia. City e pagou em dez anos..."
Sr. Samuel complementa: "Eu
construí aquele prédio (da sinagoga) com 55 contos-de-reis. Foi uma obra muito
difícil, naquela época passava bonde, e onde está a ponte eu precisei fazer um
aterro de 10 metros de altura para segurar a terra, senão invadiria a sinagoga...
Geralmente as mulheres, em todas as sinagogas da Europa, eram colocadas num
mezanino. Os homens ficavam embaixo. E mais embaixo, existe um grande salão... Ela
é tradicional, oriental, estilo bizantino. Fiz o arco onde está a Torá, o altar
voltado para o leste, para Jerusalém. As cadeiras são bancos... A sinagoga, de
acordo com meu projeto, nunca foi concluída. Ninguém quer dar dinheiro para
terminar... Se fosse terminada, como vi no Templo de Kiev, que era uma
maravilha, tinha ornatos, pinturas, mas aqui está tudo nú, branco, não tem
decoração...”
Beth-El e obras Museu Judaico de São Paulo - maio 2018 |
De acordo com o Memorial Descritivo, datado de
1928, a fachada principal do Templo voltava-se para a Rua Martinho Prado, e estava
recuado 4 metros do alinhamento. Como o Memorial aponta, as plantas foram
elaboradas em conformidade às leis da época, tanto da Prefeitura, como o Código
Sanitário e da Rep. de Águas e Esgotos, do Estado. O edifício é descrito em detalhes:
alicerces em sapatas de concreto armado, armaduras de vergalhões de ferro,
paredes de tijolos assentados com argamassa de cal e areia, paredes internas
com ua barra de dois metros de altura revestidas em mármore, salas de aula com paredes
em pintura à óleo e pisos em linoleum, janelas instaladas a permitir ventilação
adequada e iluminação abudante... este Memorial Descritivo é apresentado no
Processo de Tombamento, de 2013 (Processo 2013-0.139.549-4), pelo Departamento
do Patrimônio Histórico - Secretaria Municipal de Cultura - Prefeitura do
Município de São Paulo.
Acompanhem nas próximas postagens a
participação da comunidade judaica, relatando sobre casamentos, Bar-Mitzvót e
participação no Templo Beth-El... E você, gostaria de colaborar com
informações? Alguma foto, documento, histórias?? Participe você também!!!
Afinal, até o momento, este Blog já contabiliza
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