sexta-feira, 17 de abril de 2020

Uma conversa com Vanderlei Martinez sobre a comunidade judaica de Sorocaba

A Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) institucionalizada
  em 2014 é composta por 27 municípios
https://emplasa.sp.gov.br/RMS
Tive a oportunidade de conversar com Vanderlei (Lemle) Martinez em 14 de abril de 2020, e aqui compartilho a história que relatou:

Vanderlei, que contou ter feito parte do Departamento de Pequenas Comunidades da Fisesp, está atualmente como o presidente do Centro Cultural Brasil-Israel em Sorocaba, entidade não religiosa, mas com espaço sinagogal. A avó de Vanderlei nasceu na Itália, morou na Holanda e veio ao Brasil. A mãe nasceu em Votorantin, porém nos anos de 1940 foram para Sorocaba, onde Vanderlei nasceu.

Vanderlei comentou sobre os laços judaicos na história da cidade desde o seu início, os “Fernandes Povoadores”, definição dos irmãos Fernandes, cujo um deles, Baltazar Fernandes, foi o fundador da vila de Sorocaba em 1654.  Citou não só a feira de muares que ali ocorria, com a presença judaica de mascates, relojoeiros, ourives, mas também o mas também o Maylasky, fundador e construtor da Estrada de Ferro Sorocabana (e que recebeu de Portugal o título nobiliárquico de Visconde de Sapucahy). 

Enfatizou que o Censo Imperial de 1872/76 identificou 18 judeus na cidade, os quais eram tributados com valores superiores aos  valores cobrados dos cristãos. Porém as primeiras “levas” ocorreram a partir de 1895/97, com a chegada das famílias Crochik, Goldman, entre outras. Reuniram-se inicialmente em uma casa, à Rua José Bonifácio, no centro de Sorocaba,  da família Steinberg, onde havia um espaço para rezas, escola, abate para carne kasher, biblioteca. No entanto não chegaram a estabelecer um cemitério judaico.

Por volta dos anos de 1940 reuniam-se em um salão da loja de moveis da família Crochiki. Em 1950 a Sociedade Israelita Brasileira de Sorocaba foi fundada, e em 1951 estabeleceu-se a sinagoga, como parte desta sociedade. Para tanto um amplo terreno foi adquirido com recursos de toda a comunidade judaica de Sorocaba. Optou-se por designar os senhores Bernardo Goldmam e Abrão Kann para representar esta comunidade na intermediação da compra e legalização do terreno, situado à Rua D. Pedro II, sendo subdividido em duas partes. Uma das partes foi vendida, gerando recursos para a construção do edifício sinagogal. O declíneo das atividades nesta sinagoga, se assim pode ser dito, iniciou-se no final da década de 1960, com a saída de jovens para outras cidades e o falecimento de muitos que faziam parte desta, entre outras razões. O edifício chegou a passar por reforma, mas atualmente está ruinas, como contou Vanderlei. A localização, por outro lado, é um dos pontos vulneráveis atualmente por estar dentro da área central degradada, fator que desestimula  a reconstrução ou retorno das atividades comunitarias neste antigo local. 
Fazem parte da história da comunidade local as famílias Goldman, Mittelman, Kaplan, Pinski, Kann, Crochik, Pavlovsky, Kanas, Epelman, Pasternik, Hackel, Shoer, Nigri, Gun, Simis, Messas, Zaedeman, Hirsch, Azar, Rotschild, Mitelpukt, Ben David, Ben Sion, Setton, Adler, Abramovich, Rosemberg, Rozman, Jankovitch, Rosenthu, Korn, Cuckier, Billet, Toporovsky, Aisenberg, entre tantos outros. Sr. Sami Mittelman é o atual presidente da sinagoga.

As atividades da comunidade como eventos, jantares e festividades ocorreram em outros espaços, tanto em salões alugados como em salões de festas de edifícios. Realizaram sedarim de Pessach, as Grandes Festas, comemoraram Purim. Por 2 vezes o Sefer Torah foi emprestado pelo Chabad. No entanto, como comenta Vanderlei, um Sefer Torah da Sociedade Israelita de Sorocaba está emprestado atualmente ao Centro Cultural Bnei Chalutzim. E afirma haver outro Sefer Torah.

A partir de 2005 Vanderlei contou que passaram a se reunir em um salão no bairro de Trujilo, onde ocorrem atividades para crianças e aulas de Krav-Magá. Como Vanderlei comentou há atualmente, por volta de 75 judeus na cidade, e 180 se considerarmos também o entorno.

Em uma homenagem à coletividade, o então prefeito Flávio Chaves em 1983 estabeleceu convênio de coirmandade internacional com a região do Conselho Regional de Sha"ar Haneguev, possibilitando visitas entre os  respectivos prefeitos da cidade de Sorocaba e da região Israelense.

Exposições culturais, workshops, palestras, lançamentos de livros com autores judeus, rabinos, sessões solenes na Câmara Municipal da cidade têm sido realizados.

Aqui pergunto novamente: você faz parte da história da comunidade judaica de Sorocaba? Frequentou a sinagoga situada à Rua D. Pedro II? Possui fotos, documentos, memórias histórias? Escreva para myrirs@hotmail.com  

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