“Segue aqui meu relato mais detalhado
sobre a Sinagoga de Moema. Sou morador de Moema desde 1986. Uns
anos depois meus queridos pais Abram Brick (Z'L)
e Selka Meszberg Brick (Z'L) também
se mudaram pra o bairro. Foi em meados dos anos 1990, talvez 1997 ou 1998, não
sei precisar, eu já casado e duas filhas ouvimos falar que o bairro ganharia
uma Sinagoga”. Desta forma Marcelo Brick iniciou seu relato a respeito da
Sinagoga de Moema, em uma mensagem enviada a mim pelo Facebook. E continuou: “Apesar
de ter sido criado no Bom Retiro, e conhecedor das sinagogas daquele bairro, eu
não era um frequentador, apenas em ocasiões especiais e festivas, além das
festas religiosas tradicionais. Meus pais foram convidados para a inauguração da
sinagoga em Moema, e me lembro de terem relatado que o evento estava bem cheio,
com bastante gente prestigiando. Já, um pouco depois, não sei precisar quando,
decidi levar minhas duas filhas, com aproximadamente um e cinco anos, para uma
festa judaica, provavelmente Purim,
para celebrar e conhecer a ainda recente Sinagoga da Rua Pavão, que foi onde
ela funcionou em seus primeiros anos. Encontramos alguns vizinhos de bairro e
pessoas queridas (até de outros bairros) por lá. O Rabino Nathan e sua querida
família (ainda em crescimento), nos 'abraçaram' com carinho e afeto, emanando
uma energia muito boa. Deixamos nosso contato com ele e pouco tempo depois ele
veio com a Chani, sua esposa, nos fazer uma visita, conhecer nossa casa. Apesar
de certo receio, já que não seguíamos os preceitos kasher, minha esposa Ester Aizenstein Brick (Z'L) muito prática, providenciou alguns petiscos kasher, pratos, copos e talheres
descartáveis. B'H tudo correu bem e ele deixou uma benção pra nós, que guardo
até hoje. A partir de então, comecei a frequentar a sinagoga no Cabalat Shabat sempre que possível, mas,
em pouco tempo, passei a ir todas as sextas. Isso me aproximou da comunidade do
bairro (e arredores) e me reaproximou do Shabat.
Acabei ficando bem próximo, participando de mais festas e algumas atividades do
Rabino Nathan e sua família, vi seus filhos nascendo e crescendo. As
celebrações de Sucot, com a Sucá montada no quintal da frente, eram
uma maravilha. Mesmo quando caía aquela chuva torrencial, típica da época e que
fazia alguns estragos, e a Sucá
permanecia de pé e operante. Algum tempo depois, a Sinagoga mudou-se para uma
casa na Rua Inhambu onde não ficou por muito tempo, talvez um ano ou dois, e
continuei a frequentar da mesma forma. Foi só depois da Rua Inhambu que a
Sinagoga ganhou sua sede própria (doada por beneméritos da comunidade). Um belo
prédio de tijolo aparente numa esquina da Av. Ibirapuera com a Rua Prestes
João, lado a lado com um dos muros que delimitam o Clube Monte Líbano. Um
verdadeiro Oriente Médio, só que a convivência era pacífica e tranquila. O
prédio tinha o subsolo com algumas garagens, o andar térreo onde estava a sala
de orações, um jardim com alguns brinquedos e outro terraço na parte de trás
onde era instalada a Sucá. No
primeiro andar ficava um grande salão onde era realizado o kidush, preparado e providenciado pela Chani. Também eram
realizadas ali outras celebrações, como jantares de Pessach, Rosh Hashanah, Purim e outras festas. Além dos kidushim mais festivos, patrocinados por
algum frequentador, para celebrar algum evento familiar. Eu mesmo tive a
felicidade e o privilégio de oferecer o kidush
em diversas ocasiões, seja para agradecer a recuperação ou só para celebrar
alguma ocasião festiva como os Bat-Mitzvót
das minhas filhas. O Rabino Nathan, sempre muito atencioso, fazia questão de me
avisar sempre que tinha vereniques,
porque descobriu que eu gostava. E ainda avisava que fez, ou comprou, por minha
causa. Ainda antes da pandemia, o Rabino assumiu outra sinagoga na Av. Angélica
e colocou seu filho Mendy, que chegara já com família constituída de seus
estudos de uma Yeshivá em Israel,
para tocar a Sinagoga. Mas a frequência de pessoas havia baixado muito e, pouco
depois, chegou a pandemia que decretou seu fechamento definitivo. E eu me lembro
bem do primeiro Bar-Mitzvah que aconteceu
lá na Sinagoga de Moema, na Rua Pavão, só não lembrava que era o do seu filho.
Sempre vale um Mazal Tov”.
Assim como Marcelo Brick, vocês gostariam de escrever um
texto para ser publicado neste blog, compartilhando histórias e lembranças sobre
a Sinagoga de Moema? Teriam fotos, documentos? E sobre as diversas comunidades
judaicas de São Paulo e suas respectivas sinagogas?
Vamos resgatar as
nossas histórias e preservar o nosso rico patrimônio cultural material e
imaterial! Escrevam para mim: myrirs@hotmail.com