quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A comunidade judaica de São Caetano do Sul e sua sinagoga - sr. Isac Gafanovic

Ilustração de Myriam R. Szwarcbart

Sr. Isac Gafanovic entrou em contato por através de e-mails, relatando sua história, relacionada à comunidade judaica de São Caetano do Sul e respectiva sinagoga. Aqui compartilho os e-mails recebidos, com autorização de sr. Isac:

Meu nome é Isac Gafanovic, fui citado como amigo de Júlio Zimermann, e gostaria de anexar algumas histórias de nossa grande amizade.

Quando o pai dele vendeu a loja de móveis, provavelmente ele não sabia pra quem, e eu digo que ele vendeu para o meu pai, David Gafanovic, e nossa história (com Júlio) se mistura, pois nossos amigos eram todos em comum.

Formamos, junto com Bernardo Beer, Carlos Guershtel, Sima Skinovski, Spitz, Moisés Karolinski, Adelina (Eide) e muitos outros, um clubinho de jovens quase todos da mesma idade, perto de 14 anos, e usávamos o salão da sinagoga de São Caetano do Sul como sede, nós conseguimos agregar jovens da Vila Zelina, Ipiranga, Cambuci, Santo André.

Todos os sábados nos reuníamos e tínhamos bailinhos com discos e vitrola, jogávamos pingpong, xadrez e, em um dos anos da época, participamos de um campeonato com 5 jogadores, não lembro todos mas o Bernardo e eu fizemos parte! Fazíamos baile com conjunto musical, teatro com nosso pessoal e a sinagoga ficava lotada com o ishuv!

Fazíamos piquenique na chácara do Lauro Gomes que nos cedia para nosso lazer e fazíamos aos domingos quando podíamos. Normalmente saíamos em dois ônibus lotados e lá íamos com os nossos pais. Com mais idade, 15 a 17 anos, tínhamos um time de basquete e com a chegada da nova geração tivemos um time de futebol de salão que era fantástico de bom, o 1o. e o 2o. time de basquete. Fomos jogar em Sorocaba, Santos e Santo André, já futebol de salão começou com Naum Goldberg (Zinho Gold), que era engenheiro, ajudando a construir uma quadra de basquete e futebol de salão no terreno que foi comprado pela diretoria dá sinagoga.

Com a chegada da nova geração, Naum Kogan (Zinho Kogan) Naum Kagan (Tuta), Luiz e Nathan Schwartz, Ezra Antebi, formávamos um time quase imbatível. Quanto às festas de Simcha Torá, elas eram muito concorridas, tínhamos muitas crianças que recebiam uma bandeirinha com maçã e velinha na ponta, e um pacote de balas para seguir atrás da Torá! E depois, seguia um jantar com hering com cebola, tomate e pão de centeio, o chamado pão preto, tudo com muita alegria. Em Rosh Hashana e Yom Kipur a sinagoga ficava lotada, às vezes alguém ficava de pé, pois não havia assentos para todos.

Na placa da inauguração da sinagoga tem o nome de meu pai David Gafanovic e seu irmão Rubens Gafanovic. Só posso acrescentar que foi uma vida linda, onde o ishuv de São Caetano era uma família, e onde nos visitamos sempre. Quando casei com A Julieta que veio de Erechim, ela foi recebida por todos como da família fosse! Existe uma história muito grande no ishuv e, se cada um contasse algo, daria um livro muito lindo.

Tenho um milhão de histórias da comunidade de São Caetano do Sul. Sou nascido aqui nesta cidade, e apesar dos meus 84 anos, me lembro perfeitamente da formação desta comunidade, da construção do Shil,l da escola de idish, de nosso clube, Grêmio Israelita de São Caetano do Sul (GISCS, para os íntimos) e tenho algumas fotos que posso mandar por whatsap ou e-mail!

Vamos começar por partes, com a chegada dos meus avós paternos, Isac Gafanovic e Tauba Gafanovic, de meu pai e seus irmãos. Meus avós paternos e Rubens, irmão de meu pai, e a irmã Sofia, vieram por volta de 1926 junto com os que vieram pela Jewish Colonization Association criado pelo Barão Hirch, que comprou muitas terras na Argentina, Uruguai e Brasil para salvar os judeus dos progroms e da perseguição na Rússia!

Este grupo de judeus chegou ao Brasil e se estabeleceu em uma região chamada de “4 Irmãos”, sede da ICA, no Rio Grande do Sul. A ICA vendeu pra cada família um pedaço de terra com uma casa, um galpão, uma junta de bois, ferramentas agrícolas e um prazo longo para pagar o valor estabelecido. Eu já era casado quando meu sogro terminou de pagar. Esta história é outra longa história, que vai ser lançada em filme e em documentário, bem em breve. Meu pai, David, veio uns três anos depois. 

Nisso, como meus avós e meus tios não receberam terras pra comprar eles trabalhavam como empregados dos que vieram e tinham terras, quando meu pai chegou foi trabalhar na manutenção da estrada de ferro, linha que vinha de Erebango para 4 Irmãos, construída pela ICA.  Meu tio Rubens mudou-se para São Caetano, e, um tempo depois, chamou a família para se mudar também! E aqui chegaram, como também chegou a família Kagan, ambas vieram com a ICA. 

Meu pai foi trabalhar como mascate, vendendo colchas, cobertores, coisas que poderia carregar nas costas. Como não falava o português ele ia para a Vila Zelina, bairro de lituanos, russos e outros que falavam a língua eslava. 

Era muito longe e meu pai ia a pé até o local, pois não havia condução na época e só mais tarde ele comprou uma charrete e um cavalo. 

Hoje fico por aqui, amanhã ou depois continuo, pois a história é muito boa e longa!Espero que dê para entender um pouco!

Pergunto novamente: vocês teriam mais detalhes sobre as sinagogas e diversas comunidades judaicas paulistas? Fotos, histórias, lembranças, documentos que queiram compartilhar? Gostariam de escrever um texto, para ser publicado neste blog? Vamos resgatar as nossas histórias e preservar o nosso rico patrimônio cultural material e imaterial! Escrevam para mim: myrirs@hotmail.com

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A Congregação Religiosa Judaica Kiruv Achim

A Sinagoga da Congregação Religiosa Judaica Kiruv Achim também faz parte de minha história.

Comecei a frequentar a Congregação Religiosa Judaica Kiruv Achim, conhecida como Sinagoga de Moema, e hoje situada à Avenida Angélica, em Higienópolis, ambos endereços em São Paulo, no final da década de 1990, quando ainda morávamos na Vila Olímpia. Situada naquela época em um anexo de uma casa à Rua Pavão, era frequentada pela comunidade judaica que morava na região de Moema e adjacências. O espaço interno desta sinagoga era dividido por uma Mechitzah (divisória) em madeira de treliças, delimitando a ala masculina e a feminina. O Aron Hakodesh, coberto por uma paróchet(capa) vermelha, encostado em uma das paredes e a Bimah voltada a este, situavam-se no setor masculino. 

Durante os Shabatot, Chaguim, e nas diversas atividades que ocorriam nesta sinagoga, as crianças se reuniam para brincar no espaço aberto da casa. As cerimônias das “Grandes Festas” eram, geralmente, realizadas em salões alugados, no entorno da sinagoga, tendo, por diversas vezes a presença de Jairo Fridlin e Rabino Yehuda Iddel Stein, como chazanim. A sinagoga era conduzida, e ainda o é até os dias de hoje, pelo Rabino Nathan Ruben Silberstein, acompanhado de sua esposa Chani.

O kidush, que sempre se seguia após o Cabalat Shabat, era realizado inicialmente no espaço aberto da casa, passando, posteriormente, a ocorrer em um salão no andar acima do espaço da sinagoga.

Naquela sinagoga, à Rua Pavão, ocorreu o Bar-Mitzvah de meu filho, Dany, no ano 2000. Mais detalhes, sobre este fato, sobre a Sinagoga de Moema, as mudanças de endereço desta, e comentários de seus frequentadores, veremos nos próximos posts.

Abaixo, compartilho o e-mail que recebi de Waldir Rotband Marchtein, relacionado à Comunidade Judaica do Vale do Paraíba: “Em 1984 procurei o Sr:Boris Resnincenco com a preocupação da assimilação dos jovens da comunidade judaica da região, e juntos começamos a procurar por pessoas com sobrenomes judaicos e passarmos a ligar para elas, e as convidando a participar de um encontro, o que foi recebido com muito entusiasmo. Foi marcado um primeiro encontro, que contou com 250 pessoas. Procurei a Federação Israelita, pedindo ajuda, e que nos enviasse comunicações sobre as Comunidades. O jornal “Resenha Judaica” passou a ser enviado de graça para os membros da comunidade da região a “Bnai Brith” forneceu livros, o “Beit Chabad” providenciou um rabino, na época o Rabino David Azulay. Esteve presente nas reuniões o Rabino Henry Sobel, e os encontros de Taubaté passaram a ser realizados em São José dos Campos, na Casa da Familia Roissman, e, em Jacarei, no Sitio dos Waissman. Encontrei judeus morando em Cachoeira Paulista, como a familia Ostrosky. Tudo isso caminhou para a fundação da ASSIBRAVE (Associação Israelita Brasileira do Vale do Paraíba), com a participação de Eliezer Zac, Frederico Grinspum, familias Roissman, Waissman, Crispim, Schaffer,e muitos outros. Quem ajudou muito na época foram Henry Diamante, Faleck, Samuel Gilead, Julio Henrique Rozenfeld, Eugen Meister, Ricardo Schmitman, Plinio Roismann, Francisco Oiring, Artur Zaltsman, Raquel Fabbri, Arie Yaari, aos poucos vou me lembrando e colocando os nomes e sobrenomes de pessoas da época que nos ajudaram e participaram da comunidade. Nos últimos tempos, as reuniões eram realizadas na casa da Bertha Guinsburg, e dirigida pelo Rabino Gloiber, enviado pelo Beit Chabad". 

Vocês teriam mais detalhes sobre a Sinagoga de Moema, ou Congregação Religiosa Judaica Kiruv Achim, em seus diversos espaços? Fotos, histórias, lembranças, documentos que queiram compartilhar? Ou sobre a comunidade judaica do Vale do Paraíba, ou sobre as diversas comunidades judaicas de São Paulo e suas respectivas sinagogas? Gostariam de escrever um texto, para ser publicado neste blog?

Vamos resgatar as nossas histórias e preservar o nosso rico patrimônio cultural material e imaterial! Escrevam para mim: myrirs@hotmail.com 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Sinagoga Israelita Paulista e a busca por mais informações

Casamento do bisavô de João Buk,
Lipot Buk (Leopold Buk)
com Erzebét Herman (Elizabeth Buk)

A busca por informações relacionadas às comunidades judaicas paulistas e suas respectivas sinagogas permanece. Neste sentido, em 26 de setembro de 2022 recebi, através do formulário de contato do blog, um comentário da sra. Edith Lucia Miklos Vogel, com o seguinte texto: “Sou filha de húngaros e frequentei a sinagoga, com minha mãe e demais familiares. Tenho fotos e posso contribuir com lembranças e dados sobre húngaros que frequentavam a sinagoga, A festa de meu casamento foi realizada no salão da sinagoga. Atenciosamente, Edith Lucia Miklos Vogel”.   

Conversei com sra. Edith Lucia Miklos Vogel, advogada aposentada, no final do mês de setembro de 2022, a respeito do comentário recebido. Sra. Edith contou que o pai, sr. Miklos, nasceu em 1902 e saiu da Hungria em 1919 rumo à Áustria, tendo chegado ao Brasil em1925. Não frequentava a sinagoga dos húngaros, em São Paulo. Já a mãe, sra. Iolanda Hermann chegou ao Brasil em 1935, frequentando tal sinagoga, juntamente com as duas irmãs e o cunhado. 

Erwin Tomy Buk, 
avô de João Buk

Sra. Edith, que ia com a mãe a esta sinagoga, lembra-se do salão da Rua General Osório, acessível por uma escadaria. Àquela época a sinagoga não possuía um rabino, somente um uma pessoa praticante, que conduzia as rezas. Quanto ao espaço, o salão era dividido por uma tela, sendo que as mulheres se sentavam na parte de trás. As mulheres eram muito ativas, realizando diversos eventos, arrecadavam fundos, inclusive destinados à Europa do pós-II Guerra. A imigração judaica húngara, como comentou, ocorreu em diversos momentos, tanto no pré-Guerra, como nos períodos pós-Guerra, e pós-Revolução. E, esta comunidade, que aqui chegou, ou era muito religiosa, ou muito liberal. E muitos dos jovens frequentadores da sinagoga húngara acabaram por se dirigir à CIP. 

Erwin Tomy Buk à esquerda,
 com a mãe de João
em cima dos ombros dele

Comentou sobre diversas famílias, entre elas do tio materno, sr. Américo Fischer, do primo sr. Roberto Scherer, de sr. Tomaz Orban, sra. Judith Breuer, sras. Marion e Suzanne, os irmãos da família Weiner.   

Sra. Edith comentou sobre o neto de um primo, o qual busca mais detalhes da história da família e da comunidade judaica húngara. Este primo fez seu Bar-Mitzvah na sinagoga húngara, em São Paulo, em 1948. 

Após meu contato com sra. Edith, o neto de seu primo, João Buk de Araújo, entrou em contato por e-mail após ver o Blog que público, e o post sobre a Sinagoga Húngara. João contou: “Estou tentando realizar um documentário sobre a imigração dos judeus húngaros, durante o período do Holocausto, e ao mesmo tempo entrar mais em contato com minha cultura ancestral judaica, da qual, infelizmente, não tive muito acesso. Gostaria de realizar entrevistas com famílias judaicas que imigraram para o Brasil, e contar essa importante história da luta de muitos judeus que tiveram que vir e fugir para cá. E, como neto de uma família judia, estou na busca da documentação de Bar-Mitzvah de meu avô de origem judaica húngara, além de interessado em visitar Israel e a Hungria, para também captar imagens para o documentário.” 

Elizabeth,Yolanda e Irene

Sra. Edith Lucia Miklos Vogel está colaborando na busca de João Buk por essa documentação. João acrescentou: “Foi minha tia quem me confirmou sobre o Bar-Mitzvah de meu avô na sinagoga húngara do Brasil. Inclusive ela estava presente e tem fotos da festa”. 

Como João comenta, infelizmente não tem a documentação que comprove o Bar-Mitzvah, e está tentando entrar em contato com o responsável pela “Sinagoga Húngara”, ou com alguém que possa vir a ter esses registros e ajudá-lo com esta documentação. E complementa: “Se souber de alguém para recomendar, agradeço se puder passar o contato. Além disso, se tiver interesse de me ajudar a compor esse documentário, tenho certeza que você com seus conhecimentos seria de grande ajuda!”

O nome do avô era Erwin Tomy Buk, e podemos vê-lo na foto (o homem dos três à esquerda) com a mãe de João em cima dos ombros dele. A foto foi tirada em SP, com um primo e amigo do avô.

João compartilhou a foto do casamento do bisavô, Lipot Buk (Leopold Buk) com Erzebét Herman (Elizabeth Buk) em 1929, e a fotografia de casamento com a família inteira, onde, infelizmente, poucos deles sobreviveram. Encaminhou também a foto do casamento dos bisavós paternos, da bisavó Ezter Goldstein.  


Casamento  na Hungria

Como João escreveu, infelizmente eles foram assassinados em Auschwitz, em 1944.

Em relação à foto da bisavó Elizabeth, cujo diminutivo e apelido era Bozsi, e suas irmãs Yolanda e Irene, contou que conseguiram imigrar para o Brasil, junto com outro irmão delas, o Alexandre. Porém outros dois irmãos, os quais João não sabe o nome, foram assassinados a beira do Danubio. As irmãs sobreviveram. Há também a foto da família húngara no Brasil, onde a sra. Edith Vogel aparece. 

Vale ressaltar que atualmente a Sinagoga da Rua Augusta segue a linha Chabad.  

Família no Brasil

Você teria alguma informação relacionada à Sinagoga Israelita Paulista, ou sinagoga da comunidade judaica húngara em São Paulo? Conhece alguém que eventualmente esteve presente, ou possui fotos do Bar-Mitzvah acima citado, ocorrido em 1948? João solicitou que compartilhasse o e-mail dele: joaobuk.cinema@gmail.com .

Pergunto também se você teria alguma informação sobre a comunidade judaica da capital e das cidades do interior paulista. Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando chegaram e o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

Ezter Goldstein

Escreva para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes... 

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Quais sinagogas vocês frequentam ou frequentaram em São Paulo?

Interior da Sinagoga do Centro Israelita do Cambuci

Aqui compartilho diversos comentários relacionados às sinagogas que cada um frequenta, ou que seus respectivos familiares frequentavam, em São Paulo.

Na postagem "A Associação Beneficente Israelita Brasileira Bessarabia - Bessarabia Farain - no Bom Retiro”, há o registro: “Sei que meu avô Daniel veio no mesmo navio dos Teperman (eram irmãos de navio), deu aulas de idishe no Renascença, e era membro da associação. Seu nome era Daniel Nimtzovich, mas seus primos assinavam Nimcowicz”.

Por e-mail, Hugo Kiper contou: “Meu nome é Hugo Kiper. Estudei no Talmud Tora nos anos 1960, e quase todos os dias rezávamos na escola, na sinagoga pequena em Rosh Hashana e Kipur. Lembro-me da sinagoga lotada. Meu Bar Mitzva foi lá. Hoje eu moro em Israel” 

Na página minha página do Facebook Gilda Wajnsztejn contou: ”Não vi antes opost, mas minha familia frequentava a sinagoga da Escola Israelita do Cambuci. Vivíamos nos bairros Lavapés/ Cambuci, meus pais, irmãos, tios e primos. Os filhos estudaram na Escola do Cambuci. Os pais frequentavam a sinagoga em Rosh Hashana/ Yom Kipur, e outras festas. Meu irmão fez Bar-Mitzva lá. Pequena, mulheres em cima, homens embaixo, não tenho fotos infelizmente”.

Agradeço muito o apoio e incentivo de Walter Catarino Antunes, que comentou: “Seu trabalho, de valor inestimável, feito não apenas com a curiosidade acadêmica, mas com muito amor pelas kehilot. Continuo (e certamente muita gente sensível) torcendo para que patrocinadores espertos promovam a publicação de sua obra”.

Já na página da Turma do Bomra, Sophia Sofi contou que frequentou,  desde nenê, o finado Rebe Beer na Rua Mamoré no Bom Retiro. E após ter os filhos, a Sinagoga do Rabino Begun, na Rua Correio dos Santos . Também ia, às vezes, na Sinagoga dos Húngaros, na Rua Tocantins. E completou: “Eu, por sinal adorava o kiguel da Rebetsen z"l esposa do Rebe Beer z"l. Velhos tempos, velhos dias”. Artur Wasserfirer frequenta a Knesset Israel, rabino Malovani e Avram Stifelman, à Rua Basílio Machado. E lembrou-se: “Temos ainda do rabino Belinov, Natan, Bait, do Ruv Horovitz, Mizachi, Binian Olam e Netivot”. Sra. Amalia Knoploch escreveu que não frequentavam a Bessarabia Farain: “Os meus pais eram da Polônia, da cidade de Opole, mas tinham amigos próximos, como os sogros de meu irmão, que eram da Berssarabia. Eles frequentavam a Polish Farban, eu conhecia a sinagoga da Rua Joaquim Murtinho, estive lá, porém não sabia que ela tinha o nome como aparece, os meus familiares e muitas outras pessoas também de Opole. Quando. se referiam à sinagoga, mencionavam o nome do Leib Knoploch. Vi o texto que o Boris Ber relatou sobre a fundação da referida sinagoga, Machzikei Hadas, são notas que não ficam na memória, já passei dos 80 anos gostei de relembrar. Obrigada por me fazer relembrar a existência desta sinagoga, cujo um dos fundadores foi um parente, Leib Knoploch  z"l, de minha família”.

Em Guia Judaico, Liora Denise avisou que frequentava o Shil da Vila”. E em Net Shuk, os comentários sobre as sinagogas que frequentaram foram feitos por Jimmy Benabou: “Sinagoga Sefaradi do Talmud Thora”, por Maria Elisa Goes Fernandes: “Sinagoga Masorti Shalom”, Marcos Gil: “Sinagoga Talmud Tora na rua Tocantins, acho que hoje mudou o nome da rua, Rosane GL: “Onde hoje é o Ten Yad.” Em Guisheft: Vânia Ejzenberg contou: “Frequentei a sinagoga do Colégio Peretz na Vila Mariana”. E em Jewish Brasil os comentários foram de Boris Ber: “Frequento a Sinagoga Bait” e de Luiz Fernando Chimanovitch: “Meus avós e tios avós que frequentavam o Bessarabe também eram de Brichon /Britchve”

Ressalto também que no Blog, diversos comentários foram publicados, a partir das postagens relacionadas tanto com a crônica do sr. David Milstein quanto com o Bessaraber Fairband. Seguem os textos:

Prof. Walter Catarino: Tocante. Esperamos que a pequena Marina tenha aprendido chamar esse avô de zeide, mantendo seu velho coração yidish aquecido, radiante”. Artur Wasserfirer : “Conheço muito bem o Davi, foi meu madrich no Dror Habonim e meu vizinho na rua Vitorino Carmilo, minha mãe tem era da Bessarabia de Britchon, donde vieram meus avós maternos e também meus tios”. Leila Chnaiderman Aquilino: “Conheci David Roysen, conheci Zisse era meu avô José, que morava na Paraíba , depois vieram para São Paulo, me emocionei muito agora, só que meu sobrenome é sem S , algum erro na chegada ao Brasil, vieram com meu avô minha tia avó Otília , irmã do meu avô. Me emocionei muito obrigada”. Selma Royzen Fisch: “Estou confusa sem saber quem é o autor do texto. Se o autor é sobrinho do tio Moishe, como ele é neto do David Roysen (já que o David era filho do tio Moishe)? Eu sou neta do Jacob Royzen (que era irmão do tio Moishe, e da tia Rachel) ”. Resposta ao comentário: “Selma, eu peço perdão pela confusão. O David Roysen Z"L" era meu primo irmão, e carregamos o nome de nosso avô paterno: David. Ashkenazim somente dão o nome às crianças de pessoas já falecidas. Dos Schnaiderman que viveram no Brasil, somente sei dos três, Zisse (José), Eti (Otilia ) e Shifra (Zina), minha mãe, que descansa em Israel, num campo santo com vista para o Mediterrâneo.) Meus pais fizeram aliá em 1972. Para fechar a historia: Teu tio Moishe Roisen era casado com minha tia Otilia”. E uma pessoa que não se identificou deixou registrado: “Emocionei-me com esse lindo texto. Nossa tradição deve ser mantida pelos zeides e bobes”.

No Facebook, comentários também foram registrados, relacionados às postagens citadas.

Por exemplo, na página Guisheft podemos ver: Eva S. Zellerkraut: “Quantas lembranças das cidades citadas dos meus avós”. Marcia Cytman: “Que bonito, e saudades dos meus avós z"l ao ouvir falar das cidades deles na Bessarabia”. Mauro Bilman: “Show, parabéns! Zeide é bom demais da conta”. Sulami Wanievski: “Legal gostei muito”. Thais Soltanovitch Druker: “Que lindo!” Reinaldo Klass: “Minha avó era de Britshon. Também frequentávamos o Bessarabe Farbanat”. O tio do meu pai, Obe (Alfredo) Vainer, foi presidente de lá”. Na página Jewish Brasil: Betti Epelbaum: “Maravilhoso”. Em Hasbara&Sionismo: Sara Liba Korn: “Meus netos nos chamam de Babe e Zeide.Tenho muito orgulho disso”. Na Turma do Bomra: “Lea Lam:David! Há poucos dias eu e o Henrique Lam  lembrarmos de você e da Esther, muito querida, e das suas filhas. A Dani, Lara, e a Susi. Realmente bateu as saudades dos bons tempo, que você e o Henrique eram tão achegados. O tempo passou e cadê?!” Frida Czarny:Linda crônica, retrata muito bem nosso momeligue, bobe tote azoi chem! Parabéns pela einekle Marina”. Leila Chnaiderman Aquilino: “Conheci David Roysen, conheci Zisse, era meu avô José, que morava na Paraíba, depois vieram para São Paulo, me emocionei muito agora, só que meu sobrenome é sem S, algum erro na chegada ao Brasil, vieram com meu avô minha tia avó Otília , irmã do meu avô. Me emocionei muito obrigada”. Miriam Sapir Siag Landa Landa: “Adorei a crônica, o fato é que a língua idiche praticamente morreu, poucos falam alguns ainda entendem alguns vocábulos, lamentável. Marina vai sim te chamar de zeide, pois a família vai ajudar e insistir. Parabéns pela Marina e pala crônica, muita sensibilidade!!!!!!” Abrão Hleap: “Conheci Moishe Roisen, bem como seu filho David Roisen. Lembro-me do Moishe, Chazan do Bessaraber Farbant. Também fui eleitor do filho, David Roisen, quando foi candidato a vereador em São Paulo”.  Bela Goldstajn Figer: “Que amor de crônica. Certamente ela terá orgulho de chama-lo zeide. Riry Botelho: “Crônica muito bonita, lembrei dos meus avós zeide e babe, adorei”. Paulina Janete Ber: Quando meus netos nasceram, fizemos questão que eles chamassem meu marido de zeide. Alguns anos atrás, no dia dos pais, ele ganhou uma camiseta com os dizeres: Alguns me chamam pelo nome mas as pessoas mais importantes me chaman de zeide”. Eli Szpektor: “O David tem um irmão que se chama Noe e vive em Israel?” Lea Szyflinger: “A sinagoga da Joaquim Murtinho ainda funciona. Quem é o responsável?” Lea Lam: “Bons tempos!” Robinson Rodrigo Canavezzi: “Linda crônica”. Joice Miszputen: “E a pergunta que não quer calar, após alguns anos da publicação desse texto: Marina lhe chama de Zeide?” Em Jews: Lea Weil: “David Milstein, da Barra Funda. Irmao do Noé? Companheiro de tnua’? Sou Raquel Lea, de Porto Alegre”.

Vocês teriam alguma informação relacionada à comunidade judaica da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de suas famílias, quando chegaram e o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Será que ela vai me chamar de Zeide? - Por David Milstein

Publicação do Jornal d'O Shil

A busca por informações sobre o Bom Retiro, a comunidade judaica bessarabe, a sinagoga Bessaraber Farband, e demais sinagogas do bairro, da capital e do interior paulista permanece.  Neste sentido, sr. David Milstein por e-mail escreveu: “Meu tio, sr. Moishe Roysen, foi, durante toda a minha infância, o Chazan dos bessarabe.  Seu filho, David (meu zeide)  foi líder político na zona norte e vereador por São Paulo. A Avenida que corta o Center Norte leva o nome de meu tio. Momeligh, tote mome. Minha mãe era de Iedenitz, cujos descendentes publicaram um livro. Ela era   Schnaiderman. As cidades vizinhas eram  Sucarohn e Britshon , todas margeavam o Rio Dniester.” 

Sr. David encaminhou também a crônica Marina, minha neta. Será que ela vai me chamar de Zeide?”, com o seguinte comentário: “Virou best-seller na internet judaica, e até traduziram para o espanhol e inglês. Minha neta é a beleza do avô, a inteligência do avô, mas o branco dos olhos é sefaradí. Vários avós me cercaram dizendo: "Eu é que deveria ter escrito essa crônica". Daí, virei cronista”. Esta crônica foi publicada no jornal da sinagoga O Shil (Jornal d’O SHIL) em 2011/ 5772. Sr. David acrescentou: “Roberto Strauss fazia comigo o jornal interno do Shil do Itaim, onde colocava minhas crônicas.”

Aqui compartilho a crônica, com a autorização do sr. David Milstein:

Será que ela vai me chamar de Zeide?

"Sei muito pouco. Na verdade, quase nada a respeito de meus avós.

O nome David que carrego comigo é de meu avô materno; e o Noah de meu irmão é do nosso avô paterno. Minha memória tem guardado meu tio Abraham Z”L” descrevendo a saída repentina de meu pai, e mais 10 irmãos, da casa de meu avô, quando a revolução bolchevique bateu às portas deles, e cada um tomando seu caminho. Brasil, Israel e Estados Unidos foram os destinos e ninguém sequer olhou pra traz.

No pequeno shtetl de Yaruga, às margens do rio Dniester, permaneceu o casal de velhos, meus avós, e a espera paciente dos poucos invernos que ainda lhes restava. De Yedenitz, na Bessarabia, saiu minha mãe, que desembarcou em Olinda e foi ao encontro de seu irmão Zisse, residente na capital da Paraíba, João Pessoa. Tudo aconteceu na década de 1930 e, com certeza, o peso maior da bagagem era composto pela dor da separação, pela dúvida com um futuro incerto e uma grande dose de yidishkeit. Não conheci meus avós.

Não tive nunca, ninguém pra chamar de zeide.

Há 4 meses veio ao mundo Marina, minha primeira neta, com seus cristalinos olhos azuis para iluminar nossas vidas.

Será que ela vai me chamar de Zeide? Eta preocupação mais imbecil, a minha. Pois todo mundo corre atrás de outros títulos. Daniela, minha filha mais velha se assina PhD. Alexandre, meu genro é advogado, doutor. No nosso Shil estou rodeado de CEO’s, assessores, professores, doutores, aspones de todos os tipos e extrações, rabinos, bacharéis e mestres .. Mas, Ribonó shel haOlam, eu não quero nenhum desses diplomas, ninguém precisa me chamar de doutor. Cá entre nós eu só queria agora no finalzinho do segundo tempo que alguém me chamasse de Zeide. Motivo? Não Tenho. Eu só queria fazer parte do universo das palavras,

que nesse tresloucado século 21 ainda insisto em falar. Palavras que ouvi em meus primeiros dias de vida e que hoje ninguém sequer balbucia: Naches, Mechaie, Tote, Mome, Bobe, Momeligues e Puikale. Vocês, Paulos, Brunos, Sérgios e Ricardos, acompanhados de Cláudias,

Stephanies e Mônicas que tão rapidamente absorveram o download, delete, page down, facebook, milkshake e notebook, será que não teriam um pequeno espaço para o intraduzível vocabulário de nossos avós?

Terei falhado na minha missão de vida se minha neta não me chamar de Zeide. Terei ajudado a colocar mais uma pá de cal naquilo que já foi uma pujante obra de literatura, cinema e canção. Lembro como se fosse ontem, quando aos domingos visitávamos meu tio Moysés Royzen no Tucuruvi, e naquele preguiçoso ônibus Anhangabaú- Tucuruvi, da linha 042, meus pais evitavam conversar em ídiche. Medo. A Segunda Guerra havia recém terminado e não tínhamos ainda Medinat Israel.

Medo, nunca mais. Passados quase 70 anos e levamos para o campo santo nossas Chaikes, Mindels, Sures, Yankels, Moishes e Shloimes.

Será que os que ficaram não devem carregar nada desse delicioso fardo cultural que ainda pode terminar num banquete de guefilte fish, vareneques, qnichiklech mit abissale shmaltz?

Marina, minha querida primeira neta, nossa mais recente razão de viver, teu velho avô não tem muito a pedir para você. 

Eu tenho sim é que falar com o Patrão, lá em cima, e pedir por você saúde, felicidade e que esta vida te traga somente alegrias. E se, no meio de toda essa parafernália em que vivemos, entre as aulas que você certamente terá de inglês, francês, bat mitzvá, karatê, judô, natação, rikudei am, yoga e aquele namoradinho que não para de telefonar, se der um tempinho:

Será que você poderia me chamar de ZEIDE???”