domingo, 29 de maio de 2016

As sinagogas...separação homens/mulheres,a fachada, ornamentos: Segundo Templo ao sec.VI

Para entendermos um pouco a configuração, projetos e características das sinagogas dos últimos séculos, e em especial, aqui em São Paulo, é interessante continuarmos verificando um pouco da historia destas.

A separação de homens e mulheres provém do período do Segundo Templo: o Pátio das Mulheres era usado inicialmente por ambos os sexos, até os rabinos determinarem a criação de uma galeria acima da sala, especialmente para as mulheres.

A parte frontal da fachada de dois pavimentos, neste período consistia no encurvamento do triangulo em um arco, uma variante do frontão grego comum, o que permitia uma melhor iluminação do interior.

As três portas na fachada, sendo a central mais alta, sofreu influência de templos sírios.

Os ornamentos em relevo das sinagogas dos primeiros séculos da Era Comum não excluíam o uso de imagens de vegetais e animais, aplicados em caixilhos de portas, janelas e arcos.

O interior simples das sinagogas pavimentado com lajes de pedra contrastava com a fachada ornamentada: uma vez no interior do edifício, a atenção dever-se-ia concentrar nas rezas.

Um único detalhe se sobressai a esta simplicidade. Uma cadeira decorada e ornamentada, em pedra, chamada “Cadeira de Moisés”.

Do terceiro ao sexto século, inicia-se uma fase de transição, buscando a solução de “inconveniências” do período anterior: por exemplo, a posição da Arca para a Torah, uma vez que dever-se-ia rezar voltado para Jerusalém e a fachada principal também voltava-se para tal direção.

Neste período, surgem novos princípios: santuário fixo na parede orientada para Jerusalém; entradas da sinagoga passam a se localizar na parede oposta; as sinagogas passam a ser decoradas com esculturas figurativas, com mosaicos e afrescos substituindo as esculturas em relevo.

Exemplos deste período são as sinagogas de Beth Shearim, Chulda, Hamat e Eshtemoa, em Israel e fora deste, a sinagoga de Dura-Europos, no Eufrates (séc. III). Esta sinagoga, pelo que parece, já não possuía compartimento separado para as mulheres, talvez uma atitude mais liberal, também atestada pelas pinturas murais.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Um pouco de historia...as sinagogas ate o seculo VIII

As sinagogas continuaram a ser construídas, em Israel – Galiléia - até o século VIII.

O culto era baseado em sacrifícios e num ritual concebido para o Templo de Jerusalém, com as funções de centro religioso único e de símbolo da soberania nacional. 

Na época do Templo, somente os Cohanim – sacerdotes – e os Leviim podiam exercer funções religiosas, ao passo que na sinagoga, qualquer judeu, pode exercer as funções religiosas, aproximando-se, sem intermediários, de D’us.

As sinagogas pertenciam, naquela época, às comunidades organizadas ou então, a quem as tivesse construído. 

No segundo e terceiro séculos, as sinagogas foram construídas em lugares altos, segundo prescrição talmúdica, tornado-se necessária, muitas vezes, a construção de uma plataforma ou escadarias de acesso para o edifício. Visíveis à distância, as fachadas ornamentadas eram direcionadas para Jerusalém.

As plataformas estiveram presentes inclusive em sinagogas que não foram construídas em encostas, pelo desejo de obter um conjunto arquitetônico imponente. 

Permitiu-se também a construção de sinagogas nas margens de rios e lagos. 

O traçado dos edifícios neste período era uniforme, quase quadrado. Ficavam condicionadas, no caso das sinagogas da Galiléia, aos doadores e conselheiros espirituais, aos arquitetos e aos talhadores de pedra (o basalto), que executavam o trabalho. 

No interior do edifício a existência de uma galeria sustentada por colunas pode ser comprovada em Capernaum.

domingo, 15 de maio de 2016

Sinagogas, origem, história...


Para entender as sinagogas hoje em dia, e as sinagogas aqui em São Paulo, é interessante conhecer um pouco sobre a origem destas, história, arquitetura, a tipologia dos edifícios, partido arquitetura...   

Segundo a tradição, as sinagogas existem desde o tempo do patriarca Jacob.

Como instituição, surgiram após a destruição do Primeiro Templo, durante o cativeiro da Babilônia, aproximadamente no século 6 a.e.c  

Tendo desaparecido o Santuário, onde ofereciam sacrifícios, e não sendo permitido construir outro, em nenhum outro lugar, a sinagoga tomou forma e evoluiu a partir de uma necessidade prática.

Exilados na Babilonia, e espalhados por todo o Imperio, o povo de Israel, a fim de dar continuidade à sua vida religiosa, estabeleceram um modelo de organização para todas as comunidades judaicas que viviam na diáspora, afastadas de sua terra: a sinagoga, o Beth Haknesset, o Beit Midrash

As sinagogas espalharam-se, na diáspora no período do Império Persa e Helenístico. 

No Egito do século 3 a.e.c., cita-se o “direito de asilo” na sinagoga. A sinagoga de Alexandria, por exemplo, com suas divisões e salões suportados por colunas, era famosa na época de Roma.

Também estiveram presentes na Terra de Israel antes da destruição do Segundo Templo: “Mesmo com a volta dos judeus para Jerusalém e a reconstrução do Segundo Templo, as sinagogas continuaram a existir e a ser construídas. Segundo o Talmud, havia 394 sinagogas em funcionamento, em Jerusalém, durante a época do Segundo Templo. Com a sua destruição, em 70 a.e.c., a instituição sinagoga se tornou primordial para a sobrevivência do judaísmo. Representava o ponto de convergência da vida judaica, o local onde os judeus se reuniam para, através do culto, exercer a sua relação direta com D’s.” (Revista Morasha ed. 37 pag.2).

Assim, as sinagogas passaram a ter maior importância: lugares de prece, estudo e reunião pública, algumas possuíram também acomodações para viajantes. Passaram a refletir também as mudanças provocadas pela queda do Segundo Templo no judaísmo, pois uma série de obrigações e mandamentos não mais poderia ser cumprida.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Sinagoga...Casa de Oração e Casa de Estudos



A expressão Beit Hamidrash foi traduzida nas várias línguas dos países onde viviam os judeus. Por exemplo, os da Itália chamavam suas sinagogas às vezes de “scuola”; já os judeus alemães, de “schul” e os que falavam iídiche, na Europa Oriental, rezavam no “schil”.

Todos estes nomes eram lembretes de que a Casa de Oração tinha relação com a de Estudos, sendo adjacente à mesma ou no mesmo local.

Muitas das sinagogas mais antigas de Israel eram adaptações de basílicas, isto é, de edifícios públicos, constituídos de um salão de assembléia e uma área externa ou um pátio aberto.

Sua origem situa-se entre os exilados babilônicos que, separados do centro tradicional- Israel- estabeleceram casas de culto voltadas para Jerusalém.

Exerceu, na diáspora, o papel de coesão cultural, procurando facilitar a adaptação a terras e costumes estranhos, em diferentes períodos.

Criadas para abrigar a todos e não somente sacerdotes, voltavam-se para a parte interior do edifício, ao centro da prece. Eram construções sólidas de pedras revestidas, dotadas de galerias decoradas e suas portas situavam-se na extremidade maior da edificação.


domingo, 1 de maio de 2016

Sinagoga, em hebraico “Beth Haknesset”


Voce pode estar se perguntando...e, Sinagoga, o que quer dizer???

Bem, em hebraico, significa “Beth Haknesset” ou sala de reuniões. Vem do termo grego para “Assembléia” ou “Congregação”. Significa também:  edifício para orações, estudo, reuniões, centro comunitário e social.

Podemos considerar que a história da arquitetura de um povo ou grupo étnico-cultural abrange, geralmente, desde a moradia até seus santuários, influenciados pelo clima, posição geográfica, política, economia e condições específicas do local que se desenvolve.

Durante sua longa história, os judeus defrontaram-se com um mundo externo ao qual tiveram de se adaptar. Porém mantiveram sua integridade e propósito interior na transmissão da própria cultura e religião, assegurando, assim, as suas origens e tradições.

Organizados entre si, erigiram habitações e edifícios públicos para seu próprio uso, tendo sido influenciados pelo entorno em que viveram, adotando, dependendo do período, linguagem grega, árabe, bizantina, medieval ou moderna.

Neste contexto, a sinagoga, arte construtiva judaica, cercou-se de características próprias, não criando, porém, um estilo de “arquitetura sinagogal” que pudesse ser chamado de “tradicionalmente judaico”.

Cada sinagoga ao redor do mundo, desta maneira, evoca o espírito e ambiente cultural da comunidade onde se situa e o momento histórico que esta atravessa. 

Sua diversidade arquitetônica reflete a história e a trajetória do povo que construiu o Beit Haknesset, o Beit Hamidrash, a sua Casa de Orações...e continua a usá-las.