quarta-feira, 28 de março de 2018

Histórias são contadas, leituras sugeridas...a Sinagoga Israelita Paulista

Conversando com Paulo Valadares, fiquei sabendo que os húngaros tinham uma seção na Chevra Kadisha (geral): “Eles compravam uma quadra e sepultavam os seus mortos...muitos eram muito ortdoxos e outros, mais laicos.  Os ortodoxos eram em sua maioria, provenientes do interior da Hungria, mais à nordeste. Os de Budapeste se autodenominavam neológos, de linha conservadora...

Paulo sugeriu algumas leituras. Uma delas, “Alma Estrangeira”, de Judith Vero, apresenta uma radiografia dos húngaros em S. Paulo. Este livro aborda, inclusive a delicada questão de alguns judeus que são documentalmente "católicos" ou "evangélicos" por três ou quatro gerações, mas que em casa permanecem judeus. Muito se descobriram judeus já na adolescência ou até quando adultos... E comento que alguns dos que aqui chegaram, depois de 1956, além de terem passado pela Segunda Guerra, foram impedidos de continuarem judeus na Hungria do pós-guerra... e buscaram uma forma de sobreviver.

Paulo também sugere o documentário “Um Passaporte Húngaro”, de Sandra Kogut, neta de imigrantes húngaros que vieram para o Brasil, e que decide tornar-se cidadã húngara. Apresenta temas como o que significa ser húngaro, e para que ter um passaporte húngaro, e a dificuldade para conseguir este passaporte. Questões como nacionalidade, herança e identidade, são apresentadas e permitem entender um pouco desta mentalidade destes imigrantes...

Ortodoxos de origem húngara também vieram para o Brasil... O Rebbe de Munkach, na Hungria, por exemplo, morou no Brasil nos anos 1950/60...  No site do Yad Vashem e também do Geni.com podemos ler que, no final de fevereiro de 1944, antes da invasão alemã da Hungria, o rabino Rabinowitz, o Munkatcher Rebbe, partiu de Budapeste para Eretz Israel com sua família. Em 1947, o rabino Rabinowitz foi nomeado rabino-chefe de São Paulo no Brasil. Em 1963, ele retornou com a família para Israel, como Rabino Chefe de Holon, até 1978, e depois mudou-se para Petach Tikva, onde estabeleceu seu Beit Midrash. Ele escreveu os livros Divrei Nevonim, um comentário sobre a Torá, e Binat Nevonim, um tratado filosófico do Holocausto. Ao falecer, no dia 27 de Kislev, 5758 (26 de dezembro de 1997), seu filho Yair assumiu a sinagoga e a administra até o dia de hoje.

Fotos dos documentos de ingresso no Brasil
meu avô Yechiel Leib, meu pai Maurice Szwarcbart e minha tia Rachel Szwarcbart Dzialowski
Contei ao Paulo Valadares que meu avô paterno e meu bisavô materno eram amigos do Munkatcher Rebbe, na época em que morou em São Paulo, tendo inclusive feito o noivado de meus pais. Paulo encontrou a documentação de ingresso ao Brasil, e respectivas fotos, de meu pai, meus avós e minha tia, no Arquivo Nacional.  Comentei que o nome do navio em que chegaram da Itália, após a Segunda Guerra era “Andrea Gritti”, e que desembarcaram na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, aonde permaneceram em quarentena, antes de se mudarem para São Paulo. Paulo, assim, escreveu: “Eles desceram no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1947 - só há um manifesto de passageiros dois dias depois, com o desembarque em Santos - quando eles já tinham desembarcado..“Você conheceu a Anna Rosa Campagnano? Ela fez uma tese sobre judeus italianos (ou que migraram de lá). A tese da Ana defendida na USP relaciona a "Colonia Mussulini" em S. Paulo”. Que excelente!!! Vou ler...

E assim...histórias são contadas, são registradas e muitas vezes documentadas... Resgate de Memórias, Muitas Histórias...

O post de hoje é dedicado à elevação da alma de meu pai Maurice Szwarcbart, Moshe Tzvi ben Yechiel Leib Hacohen Z’L, na semana de seu Yurtzait, em 14 de Nissan, Erev Pessach...

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