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Site do AHJB - atual Centro de Memória Museu Judaico de São Paulo |
Questionei, em
alguns momentos, se a sua família, ao chegar ao Estado de São Paulo, morou nas
colônias agrícolas de Nova Odessa, Jorge Tibiriça ou Campos Sales.
Podemos
verificar no antigo site do AHJB, atual Centro de Memória do Museu Judaico de
São Paulo, informações relativas à cronologia da imigração judaica no Brasil,
onde lemos: “A periodização aqui adotada foi extraída do livro “Estudos sobre a Comunidade Judaica no Brasil”,
de Nachman Falbel. A divisão é baseada em três grandes períodos: colonial,
imperial e republicano”. No período republicano, de 1889 até nossos dias, vemos
o detalhe: “1904-1914 - compreendendo os inícios da
colonização J.C.A., em 1904, em Philippson; a colonização agrícola no interior
promovida pelo governo do Estado de São Paulo em Nova Odessa, Jorge Tibiriçá e
Campos Salles em 1905, e a imigração da Europa Oriental.”
No livro “Judeus
no Brasil: estudos e notas”, o Prof. Dr. Nachman Falbel (Humanitas, Edusp,
2008) cita tais núcleos, e o estabelecimento de imigrantes judeus nestes locais,
como vemos à página 196, com o título “Uma colonização judaica no interior
paulista”.
Este trecho do livro inicia-se com a informação de que a sra. Cecilia e o sr.
Jorge Karacik, foram os primeiros colonos judeus contratados pelo governo para a
colonização do interior do paulista, morando no núcleo de Nova Odessa. E relata
que os imigrantes chegaram ao interior, desde o ano de 1905, não somente à Nova
Odessa, mas também a Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá, na região de Rio
Claro, (fundação – 1905) e Funil - Colônia Campos Salles, na região de Campinas,
(fundação – 1897). Esta leva imigratória teve como pano de fundo a onda de
pogroms promovida pelo governo russo, época em que imigrantes chegaram ao
Brasil e dirigiram-se à colônia da Estação Vila Americana - Núcleo Nova Odessa,
criada pelo decreto do Presidente do Estado de São Paulo, em 1900, na fazenda
“Pombal”, de propriedade do Estado. Era formada por terras adquiridas de particulares,
da fazenda Pombal, situada à margem da Estrada de Ferro Paulista, e de terras pertencentes
à fazenda Velha.
Prof. Dr. Nachman Falbel escreve que um levantamento dos nomes
das famílias que chegaram, “mostra que as primeiras levas de colonos, em sua
quase totalidade, eram formadas por judeus e que somente à partir do final de
1905, isto é, dos últimos dias de dezembro daquele ano, começaram a chegar
alemães, austríacos, russos-letos, que professavam outras religiões”. E
continua: “em 1905, Corumbatahy - Colônia Jorge Tibiriçá (criado em 1905, em
contrato estabelecido com a Companhia Pequena Propriedade) e Nova Odessa recebem
os imigrantes judeus que chegam nos navios da Royal Mail Steam Packet Company,
especialmente contratada, em 3 de abril de 1905, pelo Governo do Estado para
trazer da Rússia, via Inglaterra, tais colonos. O fretamento dos navios, que
saem em sua absoluta maioria de Southampton e excepcionalmente de Cherbourg,
com um grande número de imigrantes que serão posteriormente levados às
colônias, e também à Capital, nos leva a crer que o governo do Estado, através
de seus agentes, tinha ciência da precária situação em que se encontravam os
judeus da Rússia...”
A partir de maio de 1905, os imigrantes puderam
optar em se estabelecerem em um dos três núcleos coloniais ou na capital paulista.
O livro observa que parte dos filhos dos imigrantes vieram com a cidadania
inglesa, “indicando que muitas dessas famílias já se encontravam na Inglaterra
há vários anos, isto é, desde o século passado” (século XIX). Muitas famílias
de imigrantes abandonaram tais colônias, e os lotes que adquiriram, em curto
espaço de tempo, por não se adaptarem ao trabalho agrícola, ou às condições e
clima locais. Rumaram, assim, para os centros urbanos daquela região, ou para
São Paulo, ou para outros Estados do país.
Este foi o questionamento que fiz no
início deste texto, em que pergunto se sua família morou em um destes núcleos.
Como vemos, o autor enfatiza: “Os núcleos populacionais judaicos de Rio Claro,
de Limeira, Campinas, São Paulo, receberiam imigrantes egressos daquelas
colônias, como podemos verificar pela trajetória particular da família de
Benjamim Golovaty, que de Corumbatahy - Jorge Tibiriçá acabaria por se estabelecer
em Rio Claro, vindo, mais tarde, seus descendentes à viver em São Paulo”. Sr.
Benjamim Golovaty, citado por sr. Blima Asnis, aportou em Santos no decorrer do
ano 1905, vindos da Rússia, via Inglaterra. Prof. Dr. Nachman Falbel nos conta:
“Ele chegou com sua família no navio Danube, que saíra de Cherbourg, e entrou
em Santos em 30 de agosto de 1905, ficando hospedado na Hospedaria dos Imigrantes
de São Paulo, para ser encaminhado à colônia Jorge Tibiriçá. Pelo processo de 9
de agosto de 1906, no qual ele pede permutar seu lote 68 por outro, de número
54, que pertencera a Jacob Viener , sabemos que ele fora diretamente àquele
Núcleo. Sua solicitação é justificada pela dificuldade de ir ao local de
trabalho naquele lote, por se encontrar muito afastado, o que dificulta aos
seus filhos, que são pequenos, chegarem até lá e ajudarem-no no trabalho. Além
do mais, ele pedia para morar ainda mais um ano na casa do Governo...”
Muitos, ainda hoje, na comunidade judaica,
desconhecem esta leva imigratória significativa e numerosa, no ano de 1905, proveniente
da Rússia, e destinada à colonização agrícola do estado de São Paulo. Desta
forma, podemos afirmar que uma parte dos imigrantes da comunidade judaica que
chegaram à capital paulista rumou inicialmente às colônias agrícolas acima
citadas. A partir destas colônias mudaram-se para cidades do interior de São
Paulo, e muitos, posteriormente chegaram à capital. Você gostaria de conhecer a
listagem destes imigrantes? Consulte o Apêndice 1: “Lista dos imigrantes judeus
nas colônias do interior de São Paulo e na cidade de São Paulo”, no livro acima
citado.
Como venho divulgando nos posts deste blog, compartilho
as mensagens escritas nas páginas do Facebook, relacionadas às comunidades
judaicas do interior paulista. Na página da FAUUSP, Deborah
Matt contou: “Sou de Rio Claro. Lembro desta casa (a
Loja Golovaty). Não sei se ainda existe. Compartilhei no grupo de Rio Claro, para
ver se alguém pode agregar alguma informação. Achei
sobre a casa Golovaty, no grupo de Rio Claro: Segunda loja de moveis Golovaty,
na rua 4 esquina com avenida 2, centro de Rio Claro. Funcionou até 1945 neste
local quando se mudou para o local atual na rua 4, entre avenidas 6 e 8. A
primeira funcionou na avenida 5 com rua 9.” E inseriu o link https://www.facebook.com/.../a.6810875719.../681087581974941
Em Jewish Brasil, Sami Raicher escreveu:
“Tenho uma tia que morou lá ... deve saber! Chama-se Ilda
Zaideman Azar, ela morou em Araraquara salvo engano!!!”
Na página Pletzale, Jayme
Brener comentou: “Rio Claro. Família
Sadcovsky, da minha tia Anna Sara. E tem Novo Horizonte, família do José Luiz
Godlfarb. Minha tia Anna Sarah Brener, née Sadcovski, é de Rio Claro.
Mas ela mora no Rio de Janeiro desde pequena. Acho que não se lembra de nada, mas
pode dar dicas. Você pode dizer a ambos que eu passei os telefones. A família
de Gizelda Katz, que é médica, era de Tatuí.”
Já em Guisheft, Nicola
Nisim Pelosof contou que o sr. Carlos Graicer é
de São José do Rio Pardo, ao lado de Araraquara. Israel
Flank escreveu: “Sou Araraquarense e posso
passar algumas informações.” Conversei com dr. Israel Flank, pediatra, em 15 de
julho de 2020, que contou que o pai, sr. Mauricio Flank, chegou ao Brasil, no
Rio de Janeiro, em 1925, proveniente da Galícia. Mudou-se mais tarde para São Paulo,
trabalhou em São Carlos, e, em cidades como Pinhal, trabalhou com klientelchik.
A mãe do dr. Israel, sra. Sheva(Julia), chegou ao Brasil, proveniente da Rússia.
Casaram-se em São Paulo, estabelecendo-se em Araraquara. Dr. Israel e as 3
irmãs nasceram em Araraquara e estudaram no Grupo Escolar. A família residia na
Rua 9 de julho, como a maioria dos que faziam parte da comunidade, tinham um
comércio, uma loja de móveis e armarinhos. Comentou que na cidade não havia
sinagoga. Como estavam próximos de São Carlos(40km), reuniam-se, para comemorar
as Grandes Festas, uma vez em cada cidade, a estrada, de terra batida, tornava
a viagem difícil. Geralmente alugavam um salão para Rosh Hashanah e
Yom Kipur, alojando-se nas casas das famílias da comunidade. Pelo que
lembra, a Torah que possuíam foi para o Shil da Rua da Graça. A
família mudou-se para a capital em 1952, para evitar a assimilação, e
possibilitar a continuidade dos estudos.
Sua família, ou
você, fez ou faz parte ads comuniaddes judaicas do interior paulista??? Compartilhe
e resgate as suas histórias, memórias, fotos e documentos! Escreva para mim... myrirs@hotmail.com