Foto: Sinagoga de Piracicaba
Centro de Memória - MJSP
(não autorizado compartilhar)
Venho buscando informações sobre as sinagogas de São Paulo,
tanto da capital, como do interior paulista. Na última postagem do Blog que
escrevo, relativo às Sinagogas em São Paulo, Arte e Arquitetura Judaica,
questionei se você fez ou faz parte da comunidade judaica de Piracicaba, se possui
fotos, documentos, memórias ou histórias a compartilhar. Também perguntei se
você conheceu, ou frequentou, a sinagoga desta cidade, o “Círculo Israelita
Piracicabano, CIP, fundado em 5 de junho de 1927, e que estava situado em uma
casa térrea à Rua Ipiranga, edifício já demolido.
Com a colaboração da comunidade judaica que morou, e dos que
ainda moram, em Piracicaba, de muitos moradores da cidade, de informações
disponíveis em publicações e em sites, como o do Instituto Histórico e
Geográfico de Piracicaba, e de álbuns de fotos disponíveis para consulta no
Centro de Memórias do Museu Judaico de São Paulo, vem sendo possível reunir
detalhes sobre a comunidade e sua sinagoga.
No Facebook, na
página “Sinagogas em São Paulo”, por exemplo, Marcelo Rosenthal encaminhou uma
foto, de Laurisa Cortellazzi,
em frente à sinagoga. Na época em que foi vereadora propôs o tombamento do edifício.
Marcelo comentou: “Infelizmente o prédio onde funcionou a sinagoga foi demolido
pelo proprietário, que foi acionado pelo Ministério Público. Na época que a sinagoga funcionava, não sei dizer se o
prédio era próprio, mas pelo que lembro meu pai contar, creio que não.
Posteriormente, nos anos 90, foi iniciado um processo de tombamento, o edifício
foi demolido repentinamente e, por isso, o Ministério Público entrou com uma
ação judicial, cujo desfecho desconheço. O Sefer Torah da
sinagoga de Piracicaba não foi para São Paulo. Foi para o Kibutz Bror Chail em
Israel. Eu tenho mais fotos da sinagoga, nos
arquivos do meu pai e vou procurar.” Busco detalhes sobre
este edifício, assim como a quem pertencia o mesmo, quando este foi demolido.
Em 18 de setembro de 2019 estive no Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo e, como sempre, fui muito bem atendida pela Maria Theodora C. F. barbosa. Enquanto verificava a listagem do acervo, encontrei um item relacionado à minha pesquisa, que resolvi olhar: Sinagoga de Piracicaba. Há 2 álbuns com "fotos de contato", de Elias Rosenthal e 1 foto ampliada (CI0005-FOT-SIN/0247 - RT\G32\J560), que aqui compartilho, da fachada da sinagoga, que pode ser comparada à enviada pelo Marcelo Rosenthal, e às disponíveis nos links apontados abaixo. O compartilhamento da foto não está autorizado. Para tanto, entrar em contato com o Centro de Memória do Museu Judaico
Sobre a Sinagoga de Piracicaba, ou melhor, “Círculo Israelita de
Piracicaba” há informações publicadas na “Série Patrimônio Cultural de
Piracicaba - Volume 2 - Igrejas” (Piracicaba DPH – IPPLAP 2012). O texto desta publicação descreve que “com
a finalidade de exercerem de forma mais adequada seus ritos religiosos, o
Círculo Israelita de Piracicaba fundou sua primeira sinagoga, inaugurada em 05
de junho de 1927. A Sinagoga de Piracicaba tem sua história ligada à da imigração
de famílias judias que, desde o final do século XIX, inseriram-se à sociedade
local. Na primeira metade do século XX, somavam-se cerca de 40 famílias judias,
residentes em Piracicaba e região...” Durante 43 anos, a Sinagoga exerceu “suas
funções cultural, social e religiosa, atuando na sociedade piracicabana por
meio de seus atos caridosos”. Consta, nesta publicação, que a partir da década
de 1960, muitas famílias deixaram a cidade e a comunidade foi diminuindo.
Decidiram-se pela venda da casa, em cuja fachada estava representada a Estrela
de David, “doando os recursos obtidos com a venda para a construção de um pavilhão
para abrigar crianças órfãs em Israel”. Porém o local “continuou sendo um ponto
de referência histórico e cultural para as famílias judias que continuaram
morando na cidade de Piracicaba...e antiga sinagoga, ainda que em desuso,
representava uma série de experiências comuns a uma sociedade que compartilhou
de uma mesma história e de um mesmo processo... e a possibilidade, ainda que
por mera apreciação externa do local, de manter vivos seus laços de continuidade
com o passado, representados em sua fachada...” O prédio, ativo até 1070, e “demolido
sem autorização em agosto de 2001, encontrava-se em processo de Tombamento
municipal desde maio do mesmo ano, e apesar de um auto de embargo encaminhado
pela Secretaria de Obras de Piracicaba, a demolição deu-se até o final, lesando
assim o direito à memória de toda uma comunidade...” Em 2012, época da
publicação do texto, a comunidade judaica de Piracicaba e região contava com 70
pessoas, que se reuniam frequentemente, para comemorar as festas judaicas, em
espaços alugados pelas famílias.
Há uma foto, em preto-e-branco, da fachada do antigo Círculo
Israelita de Piracicaba, na página 39 desta série. Foto semelhante à disponível
no Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo. Veja o texto completo e a
foto nos sites https://docplayer.com.br/8914264-Serie-patrimonio-cultural-de-piracicaba-volume-2-igrejas-piracicaba-dph-ipplap.html
e http://ipplap.com.br/site/wp-content/uploads/2013/03/igrejas-3.pdf
No livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Nettto (IHGP - Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba - 1ª edição - São Paulo. Piracicaba 2), à página 82, há também uma foto da fachada, em preto e branco, e um pequeno texto relativo a esta sinagoga: “Círculo Israelita de Piracicaba - Inaugurada em 5 de junho de 1927, a Sinagoga de Piracicaba tem sua história ligada à da imigração de famílias judias. Prédio demolido em 2001”. Veja o link: https://www.aprovincia.com.br/core/wp-content/uploads/antigo/2016/11/c7dd363fdb3fcba96eaf0b9c71c624ab.pdf
Relacionado a este Tombamento, há informações, na internet,
sobre imóveis em processo de tombamento pelo CODEPAC (Conselho de Defesa do Patrimônio
Cultural – Conselho Municipal de Piracicaba). Dentre estes imóveis,
podemos verificar detalhes sobre a Sinagoga de Piracicaba: “Antiga Sinagoga
(demolida). Localização: Rua Ipiranga, 826 - Centro. Aberto Processo de
Tombamento em 04 de maio de 2001”. Mais detalhes podem ser consultados no site:
https://www3.faac.unesp.br/patrimonio/Leis/Municipais/piracicaba/Imoveis%20em%20processo%20de%20tombamento%20pelo%20CODEPAC.pdf
Ainda sobre este processo de Tombamento, mais detalhes
estão disponíveis na internet. Pode-se ler “Edital de convocação de reunião
ordinária, de abril de 2018, pela Secretaria Municipal da Ação Cultural e
Turismo da Prefeitura do Município de Piracicaba – SP... o Conselho de Defesa
do Patrimônio Cultural do Município de Piracicaba(CODEPAC) se reúne com seus
Conselheiros e Conselheiras para a reunião ordinária no dia 13 de abril a fim
de se analisar os documentos e assuntos constantes na seguinte pauta...Expediente
Item 3...Assunto: comunicado Localização: Rua Ipiranga, 826 (Antiga Sinagoga)”.
http://conselhos.piracicaba.sp.gov.br/codepac/files/2018/04/Ord.-n%C2%BA-04-de-13.04.18-Ed.-Convoca%C3%A7%C3%A3o-FINAL.pdf
A Sinagoga de Piracicaba foi registrada como Círculo
Israelita Piracicabano, uma associação privada, e situava-se à Rua Ipiranga,
826, Centro de Piracicaba.
Vários comentários
foram feitos no Facebook a partir da publicação das histórias de sr. Mauro
Krasilchik e sr. Bernardo Blumen.
Sr. Helio Pilnik indicou Marcos Rosenthal,
Horácio Rosenthal, Sueli Utchitel, Marta Benatti
e Ana Maria Benatti Marta Benatti escreveu: “Eu conheci onde era a sinagoga
da Rua Ipiranga. Não sabia que foi demolida. Uma casa amarelinha. Renato teve aula
com o Guilherme, na faculdade. Com o Jaime ele comprou
e vendeu carros. Não tenho fotos e, também, não sei
quem eram os proprietários. Sei apenas do processo. Na última venda do prédio,
foi oferecido ao meu marido, mas já estava em processo de tombamento. Isso há
mais de 30 anos atrás. E assim estava, até eu saber, por aqui, que foi
demolida. Era uma casa simples, com porta e janela para a rua e uma enorme
Estrela de David na fachada, feita de cimento, acredito...” Sr. Helio Pilnik comentou : “Marta Benatti,
que legal, você mostrou a história para o Renato? Tem
um dentista na história, tem o Jaime Rosenthal que ele me disse que conheceu...”
Bernardo Blumen agradeceu, em
relação à postagem que fiz, relativa à sua família em Piracicaba: “Myriam, mais uma vez parabéns pelo trabalho. Ele reproduziu a realidade do período em que
morei em Piracicaba, de 1945 a 1960. Foram 15 anos convivendo com aquela
comunidade...” E Estephani Blumen escreveu: “Está é a história da minha família. Parabéns pelo trabalho!”
Frida Gasko Spiewak deixou
também um comentário: “Parabéns à Myriam por resgatar
a história da comunidade judaica de Piracicaba Agradeço ao Bernardo Blumen por
lembrar o nome do meu saudoso avô materno Salomão Salzstein z"l. Tenho
relatos de Piracicaba que brevemente enviarei a MYriam. Minha mãe, Mina Gasko,
se formou professora na escola Normal de Piracicaba. Salomão
Becker z"l e família (pais e irmãos) também são de Piracicaba. Salomão
Becker foi diretor do Iavne. Bernardo, excelente seu texto sobre a vida judaica em
Piracicaba.”
Ester Pintchovski escreveu: “Muitos destes nomes ouvi do meu pai Isaac Krasilchik, até estivemos
em Piracicaba...”
Silvio Ary
Priszkulnik elogiou: “Que trabalho!”
Sr. Mauro Krasilchik comentou, também
no Facebook: “Arrasou Dutche, maravilhoso
relembrar as estórias da família Bernardo Blumen. Orgulho de ser
Krasilchik, obrigado pela homenagem Myriam Szwarcbart. André Levy, Saulo Levy, Daniel Levy e Igal Levy, Corinne Brick Marian , Marcelo Brick, Myriam Krasilchik, Miriam Brick, David Krasilchik, Ana Cândida
Krasilchik, estória maravilhosa da nossa família”. Após seu
comentário inicial, escreveu também: “Marcelo Brick, lindas
palavras primo, nada paga a emoção de revivermos a nossa estória que com
certeza ficará marcada para o resto de nossas vidas... Nessa publicação que
emocionou à todos da família, posso ter deixado de mencionar algumas pessoas
que também foram importantes em nossas vidas, mas infelizmente a nossa
convivência diminuiu com o passar do tempo. Quero
aqui pedir desculpas se isso realmente aconteceu, mas não foi a minha intenção...
muito importante para o nosso dia a dia. Um grande
abraço primo e obrigado mais uma vez em compartilhar esses ótimos bons momentos
que passamos na nossa infância e em nossas vidas.”
Marcelo Brick comentou
também no Facebook: “Mauro Krasilchik e
Myriam Szwarcbart, muito obrigado, muito emocionante essa homenagem e essas
lembranças. O Mauro contou tudo, passávamos nossas férias nas casas dos nossos
respectivos avós. Os meus, Clara Krascilchik Brick Z'l e Germano Brick Z'l La
encontrávamos outros tios e primos. As irmãs de meu pai, Elisa Lerner Z'l,
casada com Chepsel Lerner (grande músico que fez história e carreira no Rio,
tocando no Cassino e em cerimônias no palácio presidencial, pais da minha
querida prima que se foi cedo Silvia Lerner Z'l e Gustavo Lerner, hoje morando
na Itália. E minha outra tia Miriam Brick Sterenkratz,
casada com Marcos Sterenkratz Z'l, pais do primo Gilberto Brick,
pai da doce Evinha, todos morando no Rio. Lá na casa dos meus avós também
moravam meu tio Anchel Z'l e minha bisavó Hana Z'l, que carinhosamente
chamávamos de Bobbi velhinha, faleceu com 98 anos lúcida. Anos incríveis.
Lembro que corríamos ladeira abaixo até a linha férrea quando o trem passava
apitando. Tempos que não voltam, mas nunca saíram das nossas memórias. Quem
pode ajudar também é o Roberto Weiser,
nativo da terrinha e da já citada família Rosenthal por parte de sua mãe Stela
Z'l...Lembrando sempre da queridíssima, e já citada
cientista brilhante da USP, Myriam Krasilchik e
sua mãe Regina Z'l (pra mim tia Regina) da já citada família Werdeshein...” E
mencionou Mauro Krasilchik ao continuar,
relacionado ao afastamento dos dois: “Verdade, nem a minha,
foram rumos que a vida toma independente da nossa vontade, mas aqui estamos
resgatando essas memórias...grande abraço, primo...”
Questionei sr. Mauro Krasilchik e Marcelo Brick se
eles se lembravam de como era a fachada da sinagoga e como era o edíficio
internamente. Mauro Krasilchik comentou que foi poucas vezes à sinagoga, era uma casa normal “e o tipo de
construção era idêntica das sinagogas do Cambuci, Lapa ou Brás...antigamente as
sinagogas tinham o mesmo estilo de construção. Fazem muitos anos com certeza, mas acredito que seja sim
porque a entrada era de uma casa normal, a estrela de David que está na parte
superior da casa eu não me recordo dela
Marcia Landen
Burkinski e Alberto Kessel indicaram, também, Roberto Weiser:
“Ele deve saber de tudo por lá...”
Você fez
ou faz parte da comunidade judaica de Piracicaba? Conheceu ou frequentou sua
sinagoga, o “Círculo Israelita Piracicabano, CIP, fundado em 5 de junho de
1927, e que estava situado em uma casa térrea à Rua Ipiranga, edifício já
demolido? Possui fotos desta sinagoga, documentos, memórias ou histórias a
compartilhar? Escreva para myrirs@hotmail.com