segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Círculo Israelita de Piracicaba e a comunidade judaica da cidade.

Foto: Sinagoga de Piracicaba
Centro de Memória - MJSP
(não autorizado compartilhar)

Venho buscando informações sobre as sinagogas de São Paulo, tanto da capital, como do interior paulista. Na última postagem do Blog que escrevo, relativo às Sinagogas em São Paulo, Arte e Arquitetura Judaica, questionei se você fez ou faz parte da comunidade judaica de Piracicaba, se possui fotos, documentos, memórias ou histórias a compartilhar. Também perguntei se você conheceu, ou frequentou, a sinagoga desta cidade, o “Círculo Israelita Piracicabano, CIP, fundado em 5 de junho de 1927, e que estava situado em uma casa térrea à Rua Ipiranga, edifício já demolido. 

Com a colaboração da comunidade judaica que morou, e dos que ainda moram, em Piracicaba, de muitos moradores da cidade, de informações disponíveis em publicações e em sites, como o do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, e de álbuns de fotos disponíveis para consulta no Centro de Memórias do Museu Judaico de São Paulo, vem sendo possível reunir detalhes sobre a comunidade e sua sinagoga.

No Facebook, na página “Sinagogas em São Paulo”, por exemplo, Marcelo Rosenthal encaminhou uma foto, de Laurisa Cortellazzi, em frente à sinagoga. Na época em que foi vereadora propôs o tombamento do edifício. Marcelo comentou: “Infelizmente o prédio onde funcionou a sinagoga foi demolido pelo proprietário, que foi acionado pelo Ministério Público. Na época que a sinagoga funcionava, não sei dizer se o prédio era próprio, mas pelo que lembro meu pai contar, creio que não. Posteriormente, nos anos 90, foi iniciado um processo de tombamento, o edifício foi demolido repentinamente e, por isso, o Ministério Público entrou com uma ação judicial, cujo desfecho desconheço. O Sefer Torah da sinagoga de Piracicaba não foi para São Paulo. Foi para o Kibutz Bror Chail em Israel. Eu tenho mais fotos da sinagoga, nos arquivos do meu pai e vou procurar.” Busco detalhes sobre este edifício, assim como a quem pertencia o mesmo, quando este foi demolido.

Em 18 de setembro de 2019 estive no Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo e, como sempre, fui muito bem atendida pela Maria Theodora C. F. barbosaEnquanto verificava a listagem do acervo, encontrei um item relacionado à minha pesquisa, que resolvi olhar: Sinagoga de Piracicaba. Há 2 álbuns com "fotos de contato", de Elias Rosenthal e 1 foto ampliada (CI0005-FOT-SIN/0247 - RT\G32\J560), que aqui compartilho, da fachada da sinagoga, que pode ser comparada à enviada pelo Marcelo Rosenthal, e às disponíveis nos links apontados abaixo. O compartilhamento da foto não está autorizado. Para tanto, entrar em contato com o Centro de Memória do Museu Judaico

Sobre a Sinagoga de Piracicaba, ou melhor, “Círculo Israelita de Piracicaba” há informações publicadas na “Série Patrimônio Cultural de Piracicaba - Volume 2 - Igrejas” (Piracicaba DPH – IPPLAP 2012). O texto desta publicação descreve que “com a finalidade de exercerem de forma mais adequada seus ritos religiosos, o Círculo Israelita de Piracicaba fundou sua primeira sinagoga, inaugurada em 05 de junho de 1927. A Sinagoga de Piracicaba tem sua história ligada à da imigração de famílias judias que, desde o final do século XIX, inseriram-se à sociedade local. Na primeira metade do século XX, somavam-se cerca de 40 famílias judias, residentes em Piracicaba e região...” Durante 43 anos, a Sinagoga exerceu “suas funções cultural, social e religiosa, atuando na sociedade piracicabana por meio de seus atos caridosos”. Consta, nesta publicação, que a partir da década de 1960, muitas famílias deixaram a cidade e a comunidade foi diminuindo. Decidiram-se pela venda da casa, em cuja fachada estava representada a Estrela de David, “doando os recursos obtidos com a venda para a construção de um pavilhão para abrigar crianças órfãs em Israel”. Porém o local “continuou sendo um ponto de referência histórico e cultural para as famílias judias que continuaram morando na cidade de Piracicaba...e antiga sinagoga, ainda que em desuso, representava uma série de experiências comuns a uma sociedade que compartilhou de uma mesma história e de um mesmo processo... e a possibilidade, ainda que por mera apreciação externa do local, de manter vivos seus laços de continuidade com o passado, representados em sua fachada...” O prédio, ativo até 1070, e “demolido sem autorização em agosto de 2001, encontrava-se em processo de Tombamento municipal desde maio do mesmo ano, e apesar de um auto de embargo encaminhado pela Secretaria de Obras de Piracicaba, a demolição deu-se até o final, lesando assim o direito à memória de toda uma comunidade...” Em 2012, época da publicação do texto, a comunidade judaica de Piracicaba e região contava com 70 pessoas, que se reuniam frequentemente, para comemorar as festas judaicas, em espaços alugados pelas famílias.

Há uma foto, em preto-e-branco, da fachada do antigo Círculo Israelita de Piracicaba, na página 39 desta série. Foto semelhante à disponível no Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo. Veja o texto completo e a foto nos sites https://docplayer.com.br/8914264-Serie-patrimonio-cultural-de-piracicaba-volume-2-igrejas-piracicaba-dph-ipplap.html e http://ipplap.com.br/site/wp-content/uploads/2013/03/igrejas-3.pdf

No livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Nettto (IHGP - Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba - 1ª edição - São Paulo. Piracicaba 2), à página 82, há também uma foto da fachada, em preto e branco, e um pequeno texto relativo a esta sinagoga: “Círculo Israelita de Piracicaba - Inaugurada em 5 de junho de 1927, a Sinagoga de Piracicaba tem sua história ligada à da imigração de famílias judias. Prédio demolido em 2001”. Veja o link: https://www.aprovincia.com.br/core/wp-content/uploads/antigo/2016/11/c7dd363fdb3fcba96eaf0b9c71c624ab.pdf

Relacionado a este Tombamento, há informações, na internet, sobre imóveis em processo de tombamento pelo CODEPAC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural – Conselho Municipal de Piracicaba). Dentre estes imóveis, podemos verificar detalhes sobre a Sinagoga de Piracicaba: “Antiga Sinagoga (demolida). Localização: Rua Ipiranga, 826 - Centro. Aberto Processo de Tombamento em 04 de maio de 2001”. Mais detalhes podem ser consultados no site: https://www3.faac.unesp.br/patrimonio/Leis/Municipais/piracicaba/Imoveis%20em%20processo%20de%20tombamento%20pelo%20CODEPAC.pdf  

Ainda sobre este processo de Tombamento, mais detalhes estão disponíveis na internet. Pode-se ler “Edital de convocação de reunião ordinária, de abril de 2018, pela Secretaria Municipal da Ação Cultural e Turismo da Prefeitura do Município de Piracicaba – SP... o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Município de Piracicaba(CODEPAC) se reúne com seus Conselheiros e Conselheiras para a reunião ordinária no dia 13 de abril a fim de se analisar os documentos e assuntos constantes na seguinte pauta...Expediente Item 3...Assunto: comunicado Localização: Rua Ipiranga, 826 (Antiga Sinagoga)”.  http://conselhos.piracicaba.sp.gov.br/codepac/files/2018/04/Ord.-n%C2%BA-04-de-13.04.18-Ed.-Convoca%C3%A7%C3%A3o-FINAL.pdf

A Sinagoga de Piracicaba foi registrada como Círculo Israelita Piracicabano, uma associação privada, e situava-se à Rua Ipiranga, 826, Centro de Piracicaba.

Vários comentários foram feitos no Facebook a partir da publicação das histórias de sr. Mauro Krasilchik e sr. Bernardo Blumen.

Sr. Helio Pilnik indicou Marcos Rosenthal, Horácio Rosenthal, Sueli Utchitel, Marta Benatti e Ana Maria Benatti Marta Benatti escreveu: “Eu conheci onde era a sinagoga da Rua Ipiranga. Não sabia que foi demolida. Uma casa amarelinha. Renato teve aula com o Guilherme, na faculdade. Com o Jaime ele comprou e vendeu carros. Não tenho fotos e, também, não sei quem eram os proprietários. Sei apenas do processo. Na última venda do prédio, foi oferecido ao meu marido, mas já estava em processo de tombamento. Isso há mais de 30 anos atrás. E assim estava, até eu saber, por aqui, que foi demolida. Era uma casa simples, com porta e janela para a rua e uma enorme Estrela de David na fachada, feita de cimento, acredito...” Sr. Helio Pilnik comentou : “Marta Benatti, que legal, você mostrou a história para o Renato? Tem um dentista na história, tem o Jaime Rosenthal que ele me disse que conheceu...”

Bernardo Blumen agradeceu, em relação à postagem que fiz, relativa à sua família em Piracicaba: “Myriam, mais uma vez parabéns pelo trabalho. Ele reproduziu a realidade do período em que morei em Piracicaba, de 1945 a 1960. Foram 15 anos convivendo com aquela comunidade...” E Estephani Blumen escreveu: “Está é a história da minha família. Parabéns pelo trabalho!”

Frida Gasko Spiewak deixou também um comentário: “Parabéns à Myriam por resgatar a história da comunidade judaica de Piracicaba Agradeço ao Bernardo Blumen por lembrar o nome do meu saudoso avô materno Salomão Salzstein z"l. Tenho relatos de Piracicaba que brevemente enviarei a MYriam. Minha mãe, Mina Gasko, se formou professora na escola Normal de Piracicaba. Salomão Becker z"l e família (pais e irmãos) também são de Piracicaba. Salomão Becker foi diretor do Iavne. Bernardo, excelente seu texto sobre a vida judaica em Piracicaba.”

Ester Pintchovski escreveu: “Muitos destes nomes ouvi do meu pai Isaac Krasilchik, até estivemos em Piracicaba...”

Silvio Ary Priszkulnik elogiou: “Que trabalho!”

Sr. Mauro Krasilchik comentou, também no Facebook:  “Arrasou Dutche, maravilhoso relembrar as estórias da família Bernardo Blumen. Orgulho de ser Krasilchik, obrigado pela homenagem Myriam Szwarcbart. André LevySaulo LevyDaniel Levy e Igal LevyCorinne Brick Marian , Marcelo BrickMyriam KrasilchikMiriam BrickDavid KrasilchikAna Cândida Krasilchik, estória maravilhosa da nossa família”. Após seu comentário inicial, escreveu também: “Marcelo Brick, lindas palavras primo, nada paga a emoção de revivermos a nossa estória que com certeza ficará marcada para o resto de nossas vidas... Nessa publicação que emocionou à todos da família, posso ter deixado de mencionar algumas pessoas que também foram importantes em nossas vidas, mas infelizmente a nossa convivência diminuiu com o passar do tempo. Quero aqui pedir desculpas se isso realmente aconteceu, mas não foi a minha intenção... muito importante para o nosso dia a dia. Um grande abraço primo e obrigado mais uma vez em compartilhar esses ótimos bons momentos que passamos na nossa infância e em nossas vidas.”

Marcelo Brick comentou também no Facebook: “Mauro Krasilchik e Myriam Szwarcbart, muito obrigado, muito emocionante essa homenagem e essas lembranças. O Mauro contou tudo, passávamos nossas férias nas casas dos nossos respectivos avós. Os meus, Clara Krascilchik Brick Z'l e Germano Brick Z'l La encontrávamos outros tios e primos. As irmãs de meu pai, Elisa Lerner Z'l, casada com Chepsel Lerner (grande músico que fez história e carreira no Rio, tocando no Cassino e em cerimônias no palácio presidencial, pais da minha querida prima que se foi cedo Silvia Lerner Z'l e Gustavo Lerner, hoje morando na Itália. E minha outra tia Miriam Brick Sterenkratz, casada com Marcos Sterenkratz Z'l, pais do primo Gilberto Brick, pai da doce Evinha, todos morando no Rio. Lá na casa dos meus avós também moravam meu tio Anchel Z'l e minha bisavó Hana Z'l, que carinhosamente chamávamos de Bobbi velhinha, faleceu com 98 anos lúcida. Anos incríveis. Lembro que corríamos ladeira abaixo até a linha férrea quando o trem passava apitando. Tempos que não voltam, mas nunca saíram das nossas memórias. Quem pode ajudar também é o Roberto Weiser, nativo da terrinha e da já citada família Rosenthal por parte de sua mãe Stela Z'l...Lembrando sempre da queridíssima, e já citada cientista brilhante da USP, Myriam Krasilchik e sua mãe Regina Z'l (pra mim tia Regina) da já citada família Werdeshein...” E mencionou Mauro Krasilchik ao continuar, relacionado ao afastamento dos dois: “Verdade, nem a minha, foram rumos que a vida toma independente da nossa vontade, mas aqui estamos resgatando essas memórias...grande abraço, primo...”

Questionei sr. Mauro Krasilchik e Marcelo Brick se eles se lembravam de como era a fachada da sinagoga e como era o edíficio internamente. Mauro Krasilchik comentou que foi poucas vezes à sinagoga, era uma casa normal “e o tipo de construção era idêntica das sinagogas do Cambuci, Lapa ou Brás...antigamente as sinagogas tinham o mesmo estilo de construção. Fazem muitos anos com certeza, mas acredito que seja sim porque a entrada era de uma casa normal, a estrela de David que está na parte superior da casa eu não me recordo dela

Marcia Landen Burkinski e Alberto Kessel  indicaram, também, Roberto Weiser: “Ele deve saber de tudo por lá...”

Você fez ou faz parte da comunidade judaica de Piracicaba? Conheceu ou frequentou sua sinagoga, o “Círculo Israelita Piracicabano, CIP, fundado em 5 de junho de 1927, e que estava situado em uma casa térrea à Rua Ipiranga, edifício já demolido? Possui fotos desta sinagoga, documentos, memórias ou histórias a compartilhar? Escreva para myrirs@hotmail.com

4 comentários:

  1. quando estudante em Piracicaba morei na rua Ipiranga 664 , bem próximo do 826. Infelizmente não conheci a casa

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  2. Muito obrigada pelo comentário, sr. Tobias Kogan. Infelizmente a casa foi demolida...

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