sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O livro “Isaac Alperowitch - A vida de um filho de Israel”, de Fernando Frochtengarten e a comunidade judaica santista

No post “Detalhes sobre a comunidade judaica santista e suas sinagogas”, publicado neste blog, sra. Miriam Schames escreveu: “Saudades do meu pai Isaac Alperovitch, e dos bons tempos”

Silvio Naslauski encaminhou-me o livro “Isaac Alperowitch - A vida de um filho de Israel”, de autoria de Fernando Frochtengarten. O livro relata a trajetória de sr. Isaac, nascido em Kurenets, um shtetl, atualmente parte do distrito de Minsk, na Bielo-Russia, sua chegada a Santos, recebido pelo tio Schmel Svirskie (no Brasil, Leon Levinson), sua vida em São Paulo, Bauru, casamento, o comércio em Santos, vida familiar, liderança e envolvimento comunitário. 

Sr.Isaac Alperowitch, ao chegar ao Brasil, foi recebido e acolhido pelo tio Schmel Svirskie, irmão da mãe, na cidade de Santos. Morou nos primeiros tempos com a família do tio em São Paulo, no Bom Retiro, trabalhando como mascate, e frequentando o Ciirculo Macabi, na Rua Ribeiro de Lima. A convite de trabalho de sr. Abraão Milstein, de mudança para Bauru, sr. Isaac para lá se transferiu, em 1930. Retornou a São Paulo e tempos depois, seguiu a Santos a trabalho, divulgando e vendendo a produção de seu tio. Como o livro informa, nos anos de 1930, em Santos viviam cerca de quinhentas famílias judias, reuniam-se tanto na Sinagoga Beit Jacob, desde 1928, na Beit Sion, no Centro Israelita Brasileiro, na barraca da praia, na instituição de ensino judaico, como em festividades e eventos. E sr. Isaac, permanecendo na cidade, passou a participar dos ambientes que a comunidade judaica frequentava e a se integrar a ela, casou-se com Lea Vinograd, mudaram-se para São Paulo, tiveram a primeira filha, retornaram a Santos.

Mais detalhes sobre a história e a vida zde sr.Isaac Alperowitch, leia o livro citado acima.

Mais detalhes sobre a comunidade judaica santista também podem ser encontrados no link http://conic-semesp.org.br/anais/files/2016/trabalho-1000022021.pdf , relacionado ao 16° Congresso Nacional de Iniciação Científica - Conic - Semesp: Instituições judaicas de ensino em Santos (Instituição Universidade Católica de Santos, autor Daniel Otavio Ruas Amado, orientadora Maria Apparecida Franco Pereira): “A comunidade judaica na Baixada Santista estabelece um constante diálogo com a cidade que a acolheu ao mesmo tempo em que procura manter e preservar sua cultura e suas tradições. A maior sinagoga santista é a “Beit Jacob”, situada na Rua Campos Sales, nº 143 na qual frequenta a maior parte da comunidade judaica, com sede inicial na Rua Campos Melo, nº 258, depois, mudou-se para o nº 156, junto à Escola Hebraica, onde estudavam os filhos dos imigrantes...Os judeus que vieram para a Baixada Santista e que ainda vivem na cidade, em sua maioria, são descendentes ou imigrantes de países como a Polônia, Ucrânia e Rússia. Eles não se concentram mais na Vila Mathias, espalharam-se por bairros nobres da cidade, onde vivem, aproximadamente, 150 famílias...”

Marcelo Rabinovitch, pelo Facebook havia comentado que possui fotos antigas do clube, na sinagoga, e eventos. E contará, assim que possível a história da família.

Você, ou sua família também faz, ou fez, parte da comunidade judaica santista? Frequentavam as sinagogas, o clube, a escola? Quais suas memórias, e histórias? Possui fotos ou documentos? Escreva para myrirs@hotmail.com

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Você já ouviu falar do "Guia das Sinagogas de São Paulo" ?

Muitas pessoas me questionam onde comprar, onde encontrar o livro.

Conto para você que este guia ainda não foi publicado. 

Sim, permanece sem patrocínio e apoio. E o prazo para captação de recursos para este projeto se encerra em 2021.

Como já divulgado em 09 de novembro de 2018, quando o projeto foi aprovado na Lei Rouanet, Pronac 184242, Art.18, este projeto propõe a edição de um livro de referência que apresenta, de forma sucinta, anos de estudos sobre as sinagogas localizadas na região metropolitana da capital paulista. 

A publicação abrange origem, documentação, e fotos retratando a realidade sociocultural e a preservação do patrimônio histórico da comunidade judaica paulistana sob uma perspectiva viva e de grande valor memorialístico.

Visa contribuir para a preservação da memória, do patrimônio e das raízes da comunidade judaica de São Paulo, através da história de cerca de 70 sinagogas nos bairros onde se estabeleceram e, assim, descrever parte do próprio desenvolvimento da cidade, naquilo que tem de mais característico e valioso: sua diversidade étnica, religiosa e cultural. 

Propõe também estimular o interesse da população de São Paulo e do Brasil pela história e valores universais de uma comunidade que contribuiu – e continua contribuindo – para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do país, tornando-se parte importante da sua construção como uma nação plural. 

Esta publicação é uma forma de difundir a arte e a cultura judaicas na sociedade brasileira, constituindo um guia de localização e visitação para os cidadãos paulistanos e para turistas de outras partes do Brasil e do mundo. E assim valorizar esse patrimônio como legado importante para as futuras gerações. O Guia será distribuído para dezenas de bibliotecas e instituições públicas brasileiras.

Parceiros do projeto:

Myriam Szwarcbart – Arquiteta, autora da pesquisa.

Alberto Guedes – Jornalista, editor de texto. 

Roberto Strauss – Arquiteto, designer gráfico.

Você encontra mais detalhes sobre esta proposta também na página do Instagram @sinagogasemsaopaulo e também no LinkedIn.

Enquanto o Guia não é publicado, acompanhe as publicações sobre as sinagogas neste Blog.

Permanecemos, até o final de 2021 buscando parceiros financeiros entre empresas e pessoas físicas que lidam com Responsabilidade Social.  Se considerar que há interesse da sua instituição em participar, ou caso conheça alguma empresa que está buscando projetos para alocar recursos através desta Lei, ficaremos muito gratos! 

Podemos marcar um encontro. Para conversarmos escreva para mim: myrirs@hotmail.com

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Museu Judaico de São Paulo no espaço da antiga sinagoga Beth-El

Você já foi conhecer o Museu Judaico de São Paulo? Não? Então vá! Há muito a ver, muito a aprender!!

O Museu Judaico de São Paulo, MUJsp, recém-inaugurado, está localizado à Rua Martinho Prado, 128, no edifício da antiga sinagoga da Congregação Israelita de São Paulo Beth-El.

O Museu Judaico de São Paulo visa resgatar a memória da comunidade judaica de São Paulo, resgatando histórias e unindo a tradição aos novos usos, e conceitos, para o espaço construído e para o patrimônio imaterial.

Junto ao antigo edifício foi anexada uma estrutura moderna, composta por uma estrutura metálica e fachada de vidro, a qual, pela transparência, permite a integração exterior/interior. Em seu interior, o atual Museu Judaico abriga exposições temporárias e de longa duração, biblioteca, reserva técnica, educativo e até um café e uma lojinha, promovendo e permitindo um diálogo com toda a população que o visita. Uma possibilidade para desconstruir preconceitos, estereótipos e combater a violência. 

Em seu acervo, reunido durante um longo período, pode-se encontrar objetos, fotos e documentos doados por famílias e instituições, que contam histórias pessoais, criando e resgatando raízes de diversas épocas, até a atualidade.

Em relação à sinagoga que funcionou neste edifício até 2011, a Congregação Israelita Askenazi, ou Congregação Israelita de São Paulo Templo Beth-El, pode-se ler o artigo de Tatiane de Assis e publicado na VejaSP em 03 de dezembro de 2021. Um trecho deste artigo apresenta:

“O templo, que não terá atividades religiosas, foi erguido a pedido das tradicionais famílias Lafer/ Klabin e Teperman, e integra um conjunto de sinagogas que no fim dos anos 20 foi erguido além das fronteiras dos bairros que acolheram essa comunidade no início da imigração. “A Sinagoga Beth-El (Sinagoga Israelita Askenazi) foi a primeira sinagoga a ser fundada fora do Bom Retiro, mas não a primeira a ter seu edifício concluído. Sua pedra fundamental foi lançada em 1928, mas suas instalações somente foram finalizadas em 1932. Três anos antes, em 1929, era concluído o edifício da comunidade sefardita, o qual funcionava na Rua da Abolição, no bairro da Bela Vista”, assinala Myriam Szwarcbart, pesquisadora que busca financiamento para um guia com a história de setenta sinagogas da capital paulista. Leia mais em https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/museu-judaico-inauguracao-centro-sp/

Para conhecer mais detalhes sobre a Beth-El, sua história, memórias e fotos veja as publicações deste blog, e também os sites https://museujudaicosp.org.br/ https://www.congregacaobethelsp.com.br/

Você faz parte da história da Beth-El? E de outras sinagogas da capital e do interior paulista? Gostaria de compartilhar suas histórias, ou escrever um texto destas memórias? Então escreva para mim no email myrirs@hotmail.com

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Aconteceu: palestra “Beth-El e as Sinagogas de São Paulo” - Tradição e novos usos

No dia 2 de dezembro de 2021, como evento da festa de Chanukah, realizamos uma palestra na Congregação Beth-El.

Adriana Abuhab Bialski e eu, apresentamos o estudo sobre a Beth-El, sobre o Museu Judaico de São Paulo, recém-inaugurado, e sobre diversas sinagogas da capital paulista, tendo como foco imigração, memória, patrimônio e identidade judaicos, preservação, resgate de raízes, arte e arquitetura, história oral.

Adriana Abuhab Bialski é Mestre em estudos judaicos pela FFLCH/USP, com a dissertação “Museu Judaico de São Paulo: a criação de um diálogo entre comunidade e sociedade”, pós-graduanda em Museologia, Cultura e Educação pela PUC/SP; e eu, Myriam R. Szwarcbart, além de artista visual e ceramista, sou arquiteta formada pela FAUUSP e pesquisadora do patrimônio histórico e cultural relacionado às sinagogas de São Paulo, tanto da capital como do interior paulista.

Gostaria de conhecer o nosso trabalho? Então escreva um e-mail para myrirs@hotmail.com

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Congresso Internacional de Estudos Sefarditas

Como já divulguei, no dia 22 de novembro de 2021, participei do Congresso Internacional de Estudos Sefarditas, a convite do prof. Elias Salgado, uma experiência excelente, onde pudemos aprender e debater diversos assuntos relacionados ao tema.

A mesa da qual fiz parte, “Museus, memoriais, memórias e patrimônio histórico sefardita no Brasil”, que ocorreu das 14:00 às 15h30, foi coordenada por Adriana Abuhab Bialski.

Os assuntos abordados nesta mesa foram:

“A comunidade sefardita contemporânea no Pará, Amazonas e Amapá: Testemunhos do Núcleo de História Oral Gaby Becker – Museu Judaico de São Paulo.” -  Adriana Abuhab Bialski - USP/Museu Judaico de São Paulo

“Um possível elo familiar entre um imigrante marroquino do século XIX e um importante político israelense do século XX.” - Dr. Luiz Benyossef - FIERJ/Memorial de Vassouras

“As Sinagogas no Estado de São Paulo: um recorte sobre as sinagogas de origem Sefardi e Mizrahi.” - Myriam Szwarcbart - Independent Scholar

“Wadi Abu Jamil - A Cartografia Afetiva do Antigo Quarteirão Judaico de Beirute.” - João Luís Koifman - Independent Scholar

 “A imigração judaica libanesa para o Brasil: O caso das famílias Chattah e Nigri.” - Shirley Nigri - CEJA 

Para assistir as palestras deste dia, acessem o link do YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=My9ZMCcodfY&t=19957s

Conheçam o Portal Amazônia Judaica: https://www.amazoniajudaica.com.br/

domingo, 24 de outubro de 2021

Mazalot na Sinagoga Beit Jacob em Santos

Mazalót, ou signos do zodíaco, estão presentes nas pinturas da Sinagoga Beit Jacob, em Santos, assim como diversas pinturas com temática judaica, acima do Aron Hakodesh, detalhes que podem ser vistos nas fotos encaminhadas por Silvio Naslauski. 

A sinagoga Beit Jacob, internamente, possui piso de madeira, e a Bimah ao centro, situa-se em um patamar elevado, cercado por divisória em madeira, e formando o desenho de “Estrelas de David”. O Aron Hakodesh está situado à frente da Bimah, com as “Tábuas da Lei” acima deste, ladeados por leões, e arcos em relevo destacam-se na parede. A galeria para as mulheres, no piso superior é cercada por uma mureta, onde pode-se ver os Mazalót pintados, citados no início deste texto.  

Como já publicado anteriormente, a representação do zodíaco era um tema artístico e motivo decorativo comum a várias sinagogas da Polônia e do leste europeu como um todo. Este tema também estava presente em algumas sinagogas em Israel e realizados em mosaicos, a exemplo de Beith Alfa, próximo a Beith Shean.

O site https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/618358/jewish/Zodaco-ou-Mazalot.htm informa que  "o zodíaco é um cinturão imaginário no firmamento celeste, representando doze grupos de estrelas (constelações), através do qual o sol e os planetas principais se movem no decurso do ano. Cada constelação é representada por um signo. Quase todos os signos do zodíaco são chamados pelo nome de um animal, daí o nome "zodíaco", do grego "zoon", uma criatura viva... em lashón hakódesh eles não são chamados de zodíaco, mas simplesmente mazalot”.

Diversas sinagogas em São Paulo apresentam, ou apresentavam, o tema dos Mazalot em suas pinturas internas, seja na mureta da galeria das mulheres, no teto da sinagoga, ou acima do Aron HakodeshEm 3 de novembro de 2016Em 3 de novembro de 2016neste blog, publiquei que na Sinagoga do Cambuci, ou Centro Israelita do Cambuci, as pinturas dos Mazalot, ou dos signos do zodíaco, nos chamam a atenção. Nesta sinagoga, estes signos estão inseridos em pinturas murais, delimitadas por molduras, ao longo de toda a mureta, azul, que serve de proteção ao piso superior, ou melhor, ao lugar das mulheres. Cada símbolo corresponde a um mês do calendário judaico...”

Já em 6 de fevereiro de 2017, divulguei também que “na Sinagoga Israelita do Brás, as paredes, brancas, possuem pinturas de Mazalót/zodíaco nas muretas superiores. Estes foram preservados e mantidos. Apesar do mesmo tema, a arte não é semelhante à Sinagoga do Cambuci. Como comentou na ocasião Silvio Ary Priskulnik, não foi possível conservar as pinturas que adornavam o teto”.

Quanto às sinagogas santistas, em relação à presença de frequentadores e atividades, Silvio Naslauski comentou que, hoje em dia, Santos não consegue fazer um minian no Shabat.  

Marcelo Rabinovitch contou que o pai, Henrique José Rabinovitch, é de Santos: “Nós moramos em Santos até 1970. Minha mãe se chamava Anna Bluma Rabinovitch, ambos foram muito ativos no Canaã e depois no Centro Cultural Israelita Brasileiro. Nos mudamos para São Paulo no final de 1970. Tenho muitas lembranças dessa época, embora fosse ainda bem pequeno”.

Já Cynthia Schein pediu para divulgar que trabalha ajudando, no Brasil, os sobreviventes do Holocausto a conseguirem uma indenização. Caso queiram o contato dela, deixem um comentário...

Você, ou seus familiares, fizeram parte da comunidade judaica santista? Possuem fotos, documentos, histórias a contar? Vamos compartilhar e divulgar estas memórias e informações, resgatando nossas raízes? Deixe um comentário ou envie um e-mail para myrirs@hotmail.com

domingo, 17 de outubro de 2021

Resgate de memórias da comunidade judaica de Santos

Casamento sra. Rachel e sr. Jankiel Szafir
Realizado em São Paulo - Sinagoga da CIP
Acervo pessoal da autora do blog

Entrei em contato com sr. Jankiel Szafir no dia 12 de outubro de 2021. Sr. Jankiel nasceu na Polônia, em Zolkiewka, próximo a Lublin, em 1932. O pai, sr. Aron David, trabalhava na Polônia com confecção de roupas e “sofria de asma”. Sr. Jankiel contou que, após o pai se consultar com um médico em Varsóvia, recebeu a indicação para se mudar para um país tropical, para se curar. Os cunhados, da família Wagon, já moravam no Brasil. Sendo assim, o pai do sr. Jankiel mudou-se para o país, chegando na cidade de Santos em 1936, e ali se estabeleceu. Após conseguir uma quantia para custear a vinda de esposa e filhos, enviou o dinheiro para a família. Sr. Jankiel chegou ao Brasil com cinco anos e meio, com a mãe, sra. Sura Doba e irmãos, um pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial. Conseguiram somente vistos de turista, por um período de seis meses, mas acabaram permanecendo no país.

Sra. Rachel e sr. Jankiel
Reveillon 1979/1980
Acervo pessoal da autora do blog

Sr. Jankiel esteve casado com sra. Rachel Lea Sosnovick Szafir durante sessenta anos. O casamento, que ocorreu na CIP, em São Paulo, foi celebrado pelo Rabino Diesendruck, porém, após casados, estabeleceram-se em Santos, onde sr. Jankiel já morava. Sra. Rachel era prima de minha mãe, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart. Mina avó Ida Rebeca (Lafer) Rosenblit era irmã de sra. Fanny, mãe de Rachel. Sr. Jankiel tinha três irmãos: Sra. Nena, hoje com 95 anos, sr. Marcos Szafir Z’L, e sr. Rubin, que mora em São Paulo. Como relatou, a comunidade judaica santista chegou a ser formada por 200 famílias, sendo que hoje em dia, este número reduziu-se de forma expressiva, permanecendo, principalmente, os mais velhos. Ao questioná-lo sobre um dos motivos que levou ao encolhimento da comunidade judaica local, considerando todo o período em que a comunidade esteve, e está, presente na cidade, apontou as dificuldades da época da Segunda Guerra, com o desemprego. Foi o período em que a economia santista estagnou, considerando que a atividade principal, à época, era a portuária.  Sr. Jankiel comentou sobre o texto escrito por Roberto Strauss, e a casa da Rua Paraguassú, 19, publicado no blog que escrevo, e contou que era amigo do sr. Eugenio Strauss. Como enfatizou, a comunidade judaica, assim como a Sinagoga Beit Jacob, da qual também foi presidente, concentrava-se no bairro da Vila Mathias. As filhas de sr. Jankiel e sra. Rachel, Berenice, Anette e Flavia, cresceram e Santos, e Flavia hoje mora em Israel.

A avó de sra. Sarita, mãe do pai

Pude conversar também com a sra. Sarita Steinic Fridman, por indicação de sua filha Simone Fridman Assayag. Já havíamos conversado, quando buscava detalhes e informações sobre a comunidade judaica de Botucatu. Sra. Sarita, caçula de três irmãs, contou que, ao nascer, a família mudou-se para Santos. A família possuiu uma pensão, a Pensão Leonor, uma casa grande, frequentada pela comunidade judaica, e, também, por jogadores de futebol na cidade. Em 1951, a pensão situava-se na Av. Presidente Wilson, em frente ao “Posto 2”. Ficaram 8 anos na cidade, frequentaram a escola yidish e a escola laica, porém não eram frequentadores das sinagogas. Posteriormente retornaram a São Paulo. Sra. Sarita enviou fotos, que aqui compartilho. Escreveu: "foto com minha avó mãe do meu pai que morava com a gente, e da escola israelita".


Escola yidish
Foto enviada por sra. Sarita e por Silvio Naslauski

Sr. Nathan Catache, por e-mail, escreveu que ficou muito emocionado com o artigo escrito na postagem anterior, “pois quando chegamos no Brasil, em 1957, emigrantes do Egito, fomos recepcionados pela família Sarraf. O pai já era assíduo frequentador da Sinagoga da Mooca. A família Sarraf tinha parte da família morando em Santos. Também trabalhei muito tempo com a Elisa e sua irmã Raquel!!”Adriana Abuhab Bialski, com quem conversei para escrever o post anterior, agradeceu a publicação, e comentou que, revendo a foto e as informações de que dispõe, acredita que mencionou a data errada: “Ao que tudo indica, a foto é de 1922, porque Olga, a bebê, nasceu nesse ano.”

Já Ilan Kruglianskas deixou um comentário no Fcaebook: “Oi Myriam e Adriana, que legal essas informações. Eu estou escrevendo uma ficção, baseada na história verdadeira de meu avô, um Litvak que chegou em Santos em 1928, com 18 anos, com destino a Buenos Aires. Só que ficou. Vamos conversar alguma hora? Talvez essas histórias me ajudem a criar causos baseados em histórias verdadeiras, que não tenho quase nenhuma. Vou mandar mensagens inbox.Valeu.”

Escola yidish
Foto enviada por sra. Sarita
Moshe Singal, como já publicado, havia relatado que Ricardo Werthein foi o primeiro judeu que foi a Santos “bater uma bola” com Pelé na praia na década de 1960.

Em relação aos imigrantes que “aqui chegaram, através do porto de santos e nesta cidade se estabeleceram”, pode-se consultar “Gênero, resistência e identidade: imigrantes judeus no Brasil” (Blay, E.A. (2009). Gênero, resistência e identidade: imigrantes judeus no Brasil. Tempo Social21(2), 235-258. https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12600  ). A socióloga e pós-doutora Eva Alterman Blay escreve:   e pós-doutora Eva Alterman Blay escreve:  "Vim para ficar: esta afirmação sintetiza o projeto dos imigrantes judeus que vieram para o Brasil”. E relata que “Os judeus, sobretudo os homens que em geral chegavam aqui solteiros, enfrentaram o mesmo problema. Ao desembarcarem no porto de Santos ou do Rio de Janeiro, um funcionário eventualmente ia procurar um morador já estabelecido, judeu também, para ajudar na comunicação por meio da língua "desconhecida" por eles falada.” Também pode-se ler no texto que “Sra. Fanny Rubinstein nasceu em 1898 em Santos. Foi a judia brasileira mais idosa entrevistada para nossa pesquisa. Tinha na época 82 anos. Seu pai, José Tabacow Hidal, chegou ao Brasil em 1888, solteiro e sozinho”. E no mesmo artigo Sra. Anna Lifchitz escreveu sobre o pai: “Abrão Kauffmann deve ter vindo para o Brasil em 1905. Queria ir para a África do Sul, onde viviam parentes, mas passando por Santos desceu e ficou... Uns três anos depois, já conseguiu mandar passagem para a vinda de minha mãe, comigo.”

Aqui pergunto novamente: você faz parte da comunidade judaica santista? Sua família morou, ou ainda mora, em Santos? Frequentavam uma das duas sinagogas da cidade? Quais suas lembranças e memórias? Frequentava a escola yidish? Poderia compartilhar suas histórias, fotos, documentos? Saberia dizer quem pintou os Mazalot (signos do Zodiaco) na Sinagoga Beit Jacob? De quem é o projeto dos edifícios? Escreva para mim: myrirs@hotmail.com .

Obs: Não compartilhem as fotos sem autorização.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Detalhes sobre a comunidade judaica santista e suas sinagogas

Família Abuhab
Foto enviada por Adriana Abuhab Bialski

Na cidade de Santos, “antes das sinagogas, as rezas eram feitas na casa do Sr. Isaac Abuhab. Era ele quem acolhia os judeus que chegavam no porto de Santos”. Esta informação foi escrita pelo sr. Alberto Tofic Simantob. A partir deste detalhe, conversei com Adriana Abuhab Bialski. Adriana escreveu, ao encaminhar por e-mail, as fotos que aqui compartilho: Na foto da família, em Santos, 1922, à direita, em pé, vemos meu avô, sr. Salomão. Na verdade, essa imagem se transformou em um banner que está no CDM (Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo), junto aos arquivos deslizantes. O sr. Simão Abuhab, outro primo do meu pai, já falecido, foi o responsável pela confecção do banner. Com seu falecimento, foi doado pela viúva, a Denise. Na outra foto, o sr. Isaac Abuhab, que era o avô do meu pai”. 

Rachel Mizrahi, em seu livro “Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro” (Ateliê Editorial, 2003- Coleção Brasil Judaico, I/ dirigida por Maria Luiza Tucci Carneiro) escreve: “Isaac Abuhab chegou do Líbano, no começo do século XX. Instalou-se em Santos, embora seu destino fosse Buenos Aires, e passou a trabalhar com a importação de tecidos e outros artigos. Trouxe do Oriente um Sefer Torá e realizava cerimônias judaicas em sua residência, frequentada por sefaradis e orientais, provenientes de diversas cidades do Oriente Médio, entre eles os Kibudi e os Gamal, da Antióquia, os Couriel e os Sion, de Esmirna. Em São Paulo, os Abuhab dividiram-se entre as sinagogas da Mooca e da Abolição”. (pg.112). 

Sr. Isaac Abuhab
Foto enviada por Adriana Abuhab Bialski

No mesmo livro, também podemos ler que “Até a primeira metade do século XX, a maior parte dos judeus sírios buscava, na América do Sul, a Argentina. Poucos se instalaram no Brasil. Originários de Antióquia, 20 km de Alepo, os irmãos Homsi, Samuel e Felipe, e o primo Aron Gamal, emigraram em 1923 para o Brasil. Em Santos, Aron firmou-se em uma grande loja de móveis...Em 1935, Isaac Kibudi chegou da Antióquia, era casado com Vitória Homsi. No Oriente, a família fornecia calçados de sua fabricação aos otomanos. Em Santos, participaram da sinagoga, onde Elias Mizrahi, sob contrato, oficiava as cerimônias das Grandes Festas”. (pg.154 e 155). Como já publicado no Blog, uma das famílias fundadoras da sinagoga sefaradi Beit Sion, à Rua Borges, foi a família Homsi. Há uma placa de 1935, nesta sinagoga, em memória às famílias Homsi, Hazan, Sion, Rosa, Couriel, Eliezer, entre outras, situada na lateral do Aron Hakodesh.

Em relação aos comentários no Facebook, Rivka Zalmon contou: “Santos é minha cidade natal! Obrigada por compartilhar! Vou tentar pesquisar fotos, infelizmente saí de Santos muito jovem e não tive muito conhecimento em detalhes da comunidade judaica”. Já Stela Pinto indicou Rony Simeliovich, e Ester Fisberg escreveu: “Saudades. Comecei a namorar meu marido na sinagoga da Rua Campos Sales!” Mechel Lenz comentou: “Muito interessante, desconhecia!” Leandro Schames indicou Miriam Schames, Ilson Schames, Mauro Schames, Fernando Alperowitch, Rogerio Alperovitch e Eduardo Alperovitch. A partir desta indicação, Eduardo Alperovitch respondeu: “Leandro Schames, sensacional primo”. E Miriam Schames também: “Saudades do meu pai Isaac Alperovitch  e dos bons tempos”. Rosana Britva indicou David Britva Beraha, e Edith Silberstein Zakhejm questionou: “Silvio Naslauski, qual é o endereço dessas sinagogas? Gostaria de conhecer. Vim morar em Santos há 3 anos e não conheço nenhum(a) judeu”. Silvio respondeu com os endereços.

Você teria detalhes das sinagogas santistas? Saberia dizer de quem são os projetos destas sinagogas, e quem pintou os mazalót(signos do zodíaco) da Sinagoga Beit Jacob, da Rua Campos Sales?

Escreva para myrirs@hotmail.com , e conte sua história, relacionada à comunidade judaica santista,  e, também, de outras cidades do interior paulista.