No interior da Sinagoga de Piracicaba Foto enviada por Marcelo Rosenthal |
Em maio
de 2001, o Conselho de Defesa do patrimônio Cultural de Piracicaba - CODEPAC,
em reunião ordinária decidiu abrir Processo de Tombamento de imóvel localizado à
Rua Ipiranga, 826, local em que esteve situada a Sinagoga de Piracicaba, com o
objetivo de preservar a memória histórica da cidade. O texto deixa claro que o
imóvel “não poderá ser alterado, removido, demolido, destruído, mutilado, sem
prévia autorização”.
O texto “A Antiga Sinagoga de Piracicaba e sua importância para a memória local”, de Carla Viviane Paulino e Marcelo Cachioni, para o Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba – IPPLAP, e compartilhado por Marcelo Rosenthal, apresenta detalhes sobre a história desta sinagoga, como o fato de que o Círculo Israelita de Piracicaba fundou, com recursos próprios, sua primeira sinagoga em 05 de junho de 1927, tendo sua história ligada à da imigração de famílias judias desde o final do século XIX. Estas famílias inseriram-se na sociedade local, estabeleceram atividades comerciais, com vendas à prazo, contribuindo para o desenvolvimento da cidade. Na primeira metade do século XX, somavam-se 40 famílias, e por quarenta e três anos a sinagoga da cidade esteve em atividade, tanto cultural, como social e religiosa, seja funcionando nos Shabatot, nas festividades, ou dando abrigo a viajantes e prestando auxílio a quem necessitasse.
Fachada da Sinagoga de Piracicaba Foto enviada por Marcelo Rosenthal |
Segundo o
texto, a partir de 1960 muitas famílias deixaram a cidade, a comunidade foi diminuindo,
e tomou-se a decisão de se vender o prédio, doando o valor da negociação para a
construção de pavilhão para crianças órfãs em Israel. Mesmo em desuso, “representava
uma série de experiências comuns a uma sociedade que compartilhou de uma mesma
história e de um mesmo processo...a possibilidade de manter vivos seus laços de
continuidade com o passado...a preservação do prédio da rua Ipiranga está
relacionada à preservação da identidade de um povo, pois a sinagoga...um
patrimônio carregado simbolicamente de elementos que representavam a herança de
gerações passadas, além de proporcionar a possibilidade de continuidade, expressos
pelo projeto de implantação de um memorial...novos usos...novas significações
culturais para a atual geração”.
O
edifício, que fora instalado em um imóvel residencial, “compunha um conjunto
harmonioso com as edificações vizinhas. Com relação às características estilísticas,
a edificação está inserida no Ecletismo...”, como informam os autores. Era uma
casa de “meia morada sobre porão não utilizável, com acesso por uma escada
interna. Quanto a detalhes da fachada, “se compunha em dois corpos”, com ornamentações
e pilastras com Maguen David, estando presente também na parte superior
da fachada, “na platibanda, composta por rocalhas típicas da arquitetura
barroca...com uma inscrição em hebraico”. Uma “porta de folha dupla”, com a
inscrição C.I.P. “com bandeira
envidraçada e postigo” na entrada no bloco lateral, e uma janela “em arco
abatido com bandeira envidraçada, de quatro partes de abrir, com quatro folhas
envidraçadas e quatro folhas cegas. As folhas envidraçadas eram também
ornamentadas com a Estrela de David”... e a data Fund 5.6.1927. Internamente,
um grande salão, como já publicado, era usado para as rezas e reuniões. “Ao fundo
cômodos de serviços que davam acesso para o quintal”.
O edifício demolido Foto enviada por Marcelo Rosenthal |
Esta
descrição também relata que o prédio foi demolido ilegalmente em 2001, quando
em Processo de Tombamento e “apesar de um auto de embargo pela Secretaria de
Obras de Piracicaba em 14 de maio de 2001, a demolição deu-se até o final, lesando
assim o direito a memória de toda uma comunidade. O pedido de Tombamento encaminhado
ao CODEPAC por Laurisa Cortelazzi, veio com a finalidade de tornar possível a
instalação de um memorial neste prédio...” Há, também, no texto, informações fornecidas
por sr. Jayme Rosenthal, em que compartilha que a demolição atingiu não somente
a comunidade judaica, mas toda a comunidade piracicabana...
As fotos deste texto foram enviadas por Marcelo
Rosenthal. Em relação à foto com o senhor o interior da sinagoga, no Facebook, Mauro Krasilchik perguntou ao Marcelo Brick, à Corinne Brick Marian
e à Miriam Brick: “Não é o Tio
Antchale? Que foto maravilhosa, resgatada do nosso tio rezando na Sinagoga de
Piracicaba. É uma emoção muito grande!!!! Agradeço de coração a quem conseguiu
essa foto”. Marcelo Brick comentou: “Eu acho que é sim, eu era muito criança ainda quando ele se foi, mas
lembro dele assim mesmo, inclusive nas fotos da família. Que resgate incrível! Emocionante,
simplesmente!!!! Acredito ser ele mesmo.” Corinne Brick Marian, também no Facebook comentou: “Oi Myriam, este senhor na foto
rezando na sinagoga é o meu tio-avô Anshel Krasilchik Z’L, irmão da minha avó
Clara (Krasilchik) Brick Z’L, mãe do meu pai Abram Brick Z’L. Nunca tinha visto
esta foto, fiquei emocionada, ele foi uma pessoa muito especial e querida para
mim. O meu filho, Alex Marian, tem o nome dele em hebraico.
Acompanhem
mais informações sobre a comunidade judaica de Piracicaba e sua sinagoga nas
próximas postagens, além de mais detalhes sobre as sinagogas e suas comunidades
judaicas da capital e do interior paulista. E se puderem contem suas histórias
e memórias de família, fotos e documentos. Escrevam para myrirs@hotmail.com , deixem um comentário,
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